Estou te implorando… Vai logo!” – “O Fazendeiro deu um passo mais perto… E fez o impensável

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Não consegues imaginar o que ele lhe fez. Ninguém conseguia. Não a menos que a tivessem visto naquela manhã. Não a menos que tivessem visto o sangue seco na sua pele, os hematomas a engolir-lhe os braços, a vergonha nos seus olhos que nenhum pó conseguia esconder. Evelyn tinha apenas 23 anos, demasiado jovem para carregar o peso do horror.

Demasiado velha para ainda ser chamada de criança. E desde que a mãe morreu, ela estava presa numa casa que nunca pareceu um lar. Ele era o padrasto dela. Os vizinhos deixaram de perguntar sobre ela há muito tempo. Cada vez que ouviam gritos daquela casa, apenas baixavam a luz dos candeeiros. Numa pequena cidade, o silêncio é por vezes a coisa mais cruel de todas.

Um homem cujo hálito fedia a uísque e cuja alma fedia a podridão. Ele não a criou. Ele manteve-a como um animal atrás de paredes e portas trancadas. Começou com palavras, depois punhos, depois noites que duravam demasiado tempo. E naquela noite, a noite em que o deserto reteve a respiração, ele chegou a casa pior do que o costume.

Garrafas a balançar numa mão, loucura a arder atrás dos olhos. Ela tentou fugir. Ele apanhou-a. Ela suplicou. Ele não ouviu. A luta foi brutal. O chão tremeu. O ar foi rasgado com sons que ninguém deveria ouvir. Madeira estalou. Tecido rasgou. A respiração dela desapareceu. Quando acabou, Evelyn não se conseguia mexer. Olhou fixamente para o teto como se este a pudesse engolir.

Mas não chorou. Já tinha chorado demais. Em vez disso, rastejou até à porta, depois até à beira do alpendre, depois para o selvagem. Sem sapatos, sem plano, apenas dor. A terra seca arranhou-lhe os joelhos. Agulhas de cato picaram-lhe as coxas. As suas roupas rasgadas pendiam dos ombros como pó. Ela não sabia há quanto tempo estava a caminhar.

As estrelas lá em cima desfocaram-se num longo risco de luz. Cada som a fazia estremecer. Um coiote, o vento, o seu próprio batimento cardíaco. Mas ainda assim caminhava, porque parar significava lembrar. A certa altura, caíram completamente. O seu corpo era agora todo cortes e hematomas. Feridas abertas sobre velhas cicatrizes. Até a lua parecia desviar o olhar.

Vagueou pela noite, sozinha e quebrada. Ao nascer do sol, colapsou perto da beira de um trilho poeirento. A respiração era superficial. A pele ardia com o sol nascente. Foi então que ouviu cascos, uma sombra, um homem, um cavalo. Ele era alto, mais velho, construído como uma parede de pedra. O rosto estava desgastado pelo tempo e pela guerra. As roupas empoeiradas como a terra de onde vinha.

Um lenço vermelho ao pescoço, a mão a descansar gentilmente no coldre ao seu lado. Ele não era apenas um rancheiro. Era outra coisa, algo mais frio, algo mais silencioso. Evelyn arfou. Agarrou a coisa mais próxima que conseguiu encontrar: folhas de palmeira secas. Envolveu-as à volta do corpo o melhor que pôde, deixou-se cair atrás de um arbusto. A tremer, os seus olhos encontraram os dele.

Não falou no início. Não sabia como. Mas então as palavras libertaram-se.

“Estou a implorar-lhe. Apresse-se.”

Ela nem tinha a certeza do que estava a pedir. Apresse-se e vá-se embora. Apresse-se e esqueça que ela alguma vez existiu. Apresse-se antes que ela se desmoronasse novamente. Mas ele não se virou. Não disse uma palavra. Deu um passo em frente. E o coração dela parou.

Quem era este homem? Iria magoá-la também? Ou seria ele a primeira alma em anos que faria o impensável — não com violência, mas com bondade? Num lugar onde monstros usavam rostos familiares? Poderia um estranho tornar-se a única coisa segura que restava? Ou era apenas outra mentira à espera de acontecer? Quando a viu pela primeira vez, Thomas não pensou.

Ele apenas se moveu. Anos de instinto de soldado disseram-lhe que ela precisava de ajuda. Então tirou o casaco e envolveu-o à volta dela, cuidadoso para não a assustar mais. Ela tremia como uma folha ao vento. A pele estava fria, os olhos vazios, os lábios gretados. Ele não fez perguntas. Não disse uma palavra.

Apenas a levantou gentilmente, levou-a até ao cavalo e cavalgou em direção ao rancho. A viagem foi silenciosa. Apenas o vento falava. A cabeça dela descansava contra o peito dele. E pela primeira vez em anos, Thomas sentiu algo vivo no seu coração novamente. Já tinha carregado homens feridos antes, mas isto parecia diferente. Isto já não era dever.

Isto era algo para o qual ele não tinha nome. Quando chegaram ao rancho, deitou-a num velho sofá junto à lareira. Acendeu o fogo, ferveu água e trouxe panos limpos. Ela observou-o com olhos cansados, sem saber se devia confiar nele. Ele não olhava para ela da maneira que outros homens olhavam. Apenas continuava a trabalhar, mãos firmes, respiração calma.

Mais tarde, quando acordou, encontrou-se embrulhada num cobertor que cheirava a cedro e fumo. Thomas estava sentado do outro lado da sala, a olhar para o fogo. Não se mexia, não falava, apenas estava lá sentado como uma estátua de silêncio. Ela sussurrou, mal audível:

“Porque é que me está a ajudar?”

Ele olhou para cima, encontrou os olhos dela por um segundo, depois disse:

“Porque alguém me ajudou uma vez.”

Ela não sabia o que dizer. Por um momento, houve paz. O tipo que se sente frágil como vidro prestes a partir. Dias passaram. Thomas cozinhava refeições simples, tratava das feridas dela e falava pouco. Ela começou a perguntar sobre ele, sobre as medalhas na parede, sobre as cicatrizes nos braços dele. Ele contou-lhe pedaços, como tinha lutado guerras que lhe tiraram tudo, como saiu vivo mas perdeu a vontade de ficar entre as pessoas.

O rancho era o seu exílio. Até ela aparecer. Evelyn começou a ajudar no lugar, a limpar, a cozinhar, a tentar retribuir algo. Às vezes sorria apenas por um segundo, e Thomas notava. Fingia que não, mas notava. À noite, ela ainda acordava a gritar. Ele nunca ia ao quarto dela, mas ela sabia que ele estava sentado acordado junto ao fogo, à espera que ela se calasse novamente.

Duas pessoas quebradas a aprender a respirar no mesmo espaço. Nenhum a pedir demasiado, nenhum a fugir. Mas a paz nunca dura muito no selvagem. Porque algures lá fora, um homem estava a fazer perguntas. Queria saber para onde a rapariga tinha ido e estava disposto a matar para a encontrar. O que acontece quando o passado volta a cavalgar para a cidade? Irá Thomas protegê-la novamente ou perder tudo duas vezes?

Durante algumas semanas, a vida no rancho pareceu quase normal. Evelyn riu novamente, embora nunca por muito tempo. Thomas arranjou a cerca, alimentou os cavalos e fingiu que o mundo fora do portão não existia. Mas a paz no selvagem é como fumo. Parecia sólida até o vento mudar. Numa tarde, o céu ficou cinzento e o vento carregou poeira pelas colinas.

Thomas estava a empilhar feno quando viu uma figura a caminhar pela estrada de terra. Passos lentos, botas pesadas. Algo na maneira como o homem se movia disse-lhe que não eram boas notícias. Evelyn olhou pela janela e congelou. A cor drenou do seu rosto. Não precisou de dizer o nome dele. Thomas já sabia. O homem aproximou-se.

As roupas estavam rasgadas, olhos vermelhos, boca torcida de ódio. Parou junto à cerca, agarrou o poste e disse num rosnado baixo:

“Estás a escondê-la aqui, velho?”

Thomas não respondeu. Pousou a forquilha, limpou as mãos e caminhou em direção ao portão. O vento apanhou-lhe o chapéu, mas ele não piscou.

“Ela está segura aqui”, disse ele. “É melhor dares meia volta.”

O homem riu, um som seco e quebrado. “Achas que consegues mantê-la longe de mim?”

Evelyn saiu para o alpendre. As mãos tremiam, mas os olhos estavam claros.

“Vai-te embora”, disse ela. “Já fizeste o suficiente.”

Isso só o deixou mais zangado. Empurrou o portão, avançou em direção a ela. Thomas moveu-se mais rápido do que um homem da sua idade deveria. Agarrou o homem pelo colarinho, empurrou-o para trás com força. Por um segundo, olharam-se fixamente, ambos a respirar pesadamente. Ambos a lembrar guerras diferentes. Então o homem atacou primeiro. Thomas bloqueou, depois ripostou.

Uma luta curta e dura. O tipo que termina antes de se perceber que começou. Quando acabou, o homem jazia no pó, sangue no lábio, orgulho despedaçado. Thomas apontou para a estrada.

“Volta aqui outra vez, e não sais a andar da próxima vez.”

O homem cuspiu, rastejou até ficar de pé e recuou. Mas antes de partir, olhou para Evelyn com olhos que ardiam.

“Isto não acabou”, disse ele.

Então virou-se e desapareceu na tempestade.

“Para dentro.”

Evelyn sentou-se junto ao fogo, a tremer, mas viva. Thomas serviu-lhe um copo de água, as mãos ainda a tremer.

“Ele vai voltar”, sussurrou ela.

Thomas assentiu. “Deixa-o tentar.”

Nessa noite, o vento nunca parou de soprar. Cada ranger do celeiro fazia Thomas alcançar a arma. Não dormiu. Nem o deserto. Lá fora, o trovão rolava sobre as colinas, a calma antes da próxima tempestade tinha começado.

Se ainda estás aqui, bebe um gole do teu chá. Diz-me que horas são, onde estás e de onde estás a ouvir. E se queres saber o que acontece quando ele regressa, clica em subscrever, fica perto e não pisques. O vento trazia o cheiro a chuva naquela manhã. Thomas sentiu-o antes de ver as nuvens. As tempestades vinham sempre duas vezes no deserto.

Uma vez do céu, uma vez do passado. Evelyn estava a estender roupa atrás do celeiro quando ouviu o som. Batidas de cascos novamente. Não um cavalo desta vez. Dois. Rápidos, determinados. Thomas saiu da oficina, caçadeira na mão, rosto tenso. Não precisou de perguntar quem era. Alguns homens ouvem-se antes de se ver. Os cavaleiros pararam no portão.

Um era o homem que ele já tinha derrotado. O outro era mais alto, mais limpo e muito mais perigoso. Um rosto que sorria sem calor. Evelyn sussurrou:

“É ele. Ele compra pessoas.”

Thomas sentiu algo escuro torcer-se no peito. Não medo, raiva. O homem do chapéu inclinou a cabeça, chamando:

“Entrega-a, velho. Estaremos fora antes do pôr do sol.”

Thomas levantou a caçadeira. “Nem pensar.”

O homem riu suavemente. “Pensei que não.”

Então tudo explodiu. O primeiro tiro rasgou o ar. Lascas voaram da parede do celeiro. Evelyn baixou-se atrás do cocho, agarrou a pequena espingarda que Thomas a tinha ensinado a usar. A mão tremia, mas a pontaria era firme. Thomas moveu-se como o soldado que costumava ser. Disparou uma vez, depois outra. Um dos cavalos disparou. O homem mais alto mergulhou para se cobrir. O padrasto rastejou em direção à cerca, praguejando entre dentes. Era o caos.

Fumo, gritos, o cheiro penetrante a pólvora. Evelyn gritou:

“Thomas, à tua direita!”

Ele virou-se mesmo a tempo. O homem mais alto estava a correr para ele com uma faca. Thomas bloqueou com a coronha da arma e bateu com força. O homem caiu para trás, atordoado. O padrasto congelou, mãos no ar, a tremer. Evelyn avançou, olhos frios agora, voz firme.

“Acabou.”

Manteve a espingarda apontada até Thomas alcançar a corda, amarrar as mãos deles e levá-los para a cerca. Quando o xerife chegou, a tempestade tinha rebentado. A chuva lavou o sangue e o pó para o chão. Dois homens algemados, cabeças baixas, silenciosos por uma vez. O xerife olhou para Thomas.

“Fez a coisa certa.”

Thomas assentiu, olhos em Evelyn. Ela estava encharcada da chuva, o cabelo colado ao rosto. Mas havia uma força tranquila nela agora. Algo tinha mudado. Algo que não se quebraria novamente.

Enquanto as carroças se afastavam, Thomas ficou ao lado dela sob o céu cinzento.

“Podes respirar agora”, disse ele.

Ela sorriu fracamente. “Talvez pela primeira vez.”

O vento acalmou, a chuva abrandou, e pela primeira vez em anos, o rancho sentiu-se como um lar novamente, mas a paz nunca fica muito tempo numa terra como esta. Porque às vezes, mesmo quando a justiça é feita, os fantasmas ainda encontram um caminho de volta.

A chuva parou, mas o vento trazia um som. Um cavalo algures longe. Talvez não fosse nada. Ou talvez fosse o início de algo pior. A tempestade tinha passado. A terra cheirava a terra molhada e fumo. O sol empurrou através do céu cinzento, derramando luz sobre o rancho. Tudo parecia novo outra vez, até o ar.

Thomas ficou junto à cerca, a observar o horizonte. As carroças do xerife tinham ido. Os homens que tinham trazido escuridão para as vidas deles estavam trancados, longe dali. Pela primeira vez em anos, Thomas sentiu uma paz que não o assustava. Lá dentro, Evelyn estava a fazer café. As mãos ainda tremiam às vezes, mas os olhos estavam mais brilhantes.

Tinha começado a trautear novamente. Pequenas melodias que flutuavam pela velha casa de madeira. Thomas ouvia, fingindo que não. Aquele som era melhor do que o silêncio. Dias transformaram-se em semanas. As feridas sararam, embora as cicatrizes ficassem. Às vezes ela falava em partir, recomeçar noutro lugar. Thomas nunca a impediu.

Apenas dizia: “Onde quer que vás, torna-o melhor do que de onde vieste.”

Ela sorria com isso. Era o tipo de sorriso que vem da dor e gratidão misturadas. O tipo que diz: “Eu consegui passar por isto.” Thomas começou a arranjar o telhado, uma tábua de cada vez. Evelyn plantou flores perto do celeiro. Pequenas brancas. Ele provocou-a por causa disso. Disse que o deserto as comeria numa semana. Ela disse: “Talvez, mas plantarei mais.”

Tornou-se a maneira de viverem. Ele construía coisas que podiam partir. Ela cultivava coisas que podiam morrer. Ambos sabendo que tentar era o que os mantinha humanos. Numa noite, sentaram-se no alpendre a ver o pôr do sol. Evelyn olhou para os campos, quieta por um momento, depois perguntou:

“Achas que as pessoas podem realmente recomeçar?”

Thomas pensou sobre isso, sobre a guerra, sobre os anos que passou a fugir do seu próprio fantasma. Depois disse:

“Acho que recomeçar não é sobre esquecer. É sobre lembrar sem deixar que isso te mate.”

Ela assentiu lentamente. A luz laranja bateu no rosto dela suave e quente. Talvez isso fosse resposta suficiente. O mundo seguiu em frente, mas a história ficou, porque aqui fora, cada cicatriz conta uma. E cada história como a deles fazia a mesma pergunta. Quão longe podes correr antes de finalmente decidires parar de correr? O que perdoarias se isso significasse que podias respirar novamente? Talvez a lição seja simples.

Que não importa quão quebrada a vida se torne, alguém ainda pode caminhar ao teu lado através dos destroços. Não para consertar. Apenas para garantir que continuas a caminhar. À medida que a última luz desaparecia, Evelyn sussurrou:

“Obrigada, Thomas.”

Ele não respondeu, apenas sorriu, inclinando o chapéu para o céu.

“Algumas palavras não precisam de ser ditas quando ambos os corações já sabem.”

E talvez fosse isso que esta história realmente era. Não sobre dor, mas sobre encontrar paz quando menos se espera. Se ficaste comigo através do pó e da tempestade, respira fundo. Talvez a paz não seja algo que encontras. Talvez seja algo que constróis um dia de cada vez. Com mãos calejadas e um coração cansado aqui fora sob o céu vasto, até as coisas quebradas podem florescer novamente.

Olha à tua volta. Talvez a tua história também não tenha acabado. E se este conto tocou algo em ti, diz-me. Deixa um comentário, clica no botão de gosto e subscreve para poderes cavalgar connosco na próxima história do Velho Oeste. Porque às vezes o próximo nascer do sol traz mais do que apenas luz. Traz outro…

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