Isolamento de Anos Quebrado: Mulher Nua em Pânico Bate à Cerca e Traz Uma Guerra Pela Lei e a Morte Para o Rancheiro.

Thaddius estendeu a mão, ignorando a voz da cautela que o acompanhara por doze anos. A súplica dela era um som que ele não conseguia afastar.

“Qual é o seu nome?” ele perguntou, a voz grave.

“Magnolia,” ela sussurrou, a palavra soando quase quebrada.

Ele assentiu uma vez. “Eu sou Thaddius. Venha para dentro. Vamos descobrir como resolver isso.”

Enquanto ele a ajudava a se levantar, envolvendo seu casaco em volta dos ombros trêmulos dela, Marcus viu nuvens de poeira na crista distante. Três cavaleiros se moviam rapidamente em sua direção.

Seu sangue gelou. A escolha que acabara de fazer poderia custar a vida de ambos.

Os cavaleiros estavam se aproximando rápido, e o passado de Magnolia estava prestes a alcançá-los.

Thaddius bateu a porta atrás deles e imediatamente se moveu para a janela, espiando pela fresta da cortina. Os homens ainda estavam a uma milha de distância, mas diminuíam a distância rapidamente.

Magnolia estava parada no centro de sua pequena cabana, agarrada ao casaco, os olhos correndo pelas paredes como um animal encurralado.

“Eles estão vindo, não estão?” ela sussurrou.

“Três deles,” Thaddius confirmou, sua mente acelerando. “Quem são eles?”

O rosto de Magnolia se desfez. “Os homens de Colt Devlin. Ele é o dono do saloon em Copper Ridge. É dono de metade da cidade, na verdade.”

Sua voz falhou. “Ele… Ele me comprou das dívidas do meu marido. Disse que eu pertencia a ele agora.”

A palavra enviou uma fúria fria pelas veias de Thaddius. Ele tinha ouvido histórias sobre homens como Devlin, predadores que usavam dívidas e desespero para aprisionar mulheres em situações piores que a escravidão. Mas ouvir isso de Magnolia, vendo a vergonha em seus olhos, tornava a realidade algo que queimava.

“Você escapou,” ele observou.

Ela assentiu. “Ontem à noite, Colt… ele ia me ‘compartilhar’ com seus sócios para fechar algum negócio. As palavras saíram como um veneno que ela precisava cuspir. “Quebrei uma janela e corri. Corri a noite toda.”

Thaddius pegou seu rifle sobre a lareira e verificou o tambor. Seis tiros contra três pistoleiros profissionais. Pode não ser o suficiente, mas teria que servir. Ele não havia sobrevivido a doze anos de isolamento recuando de uma briga.

“Há um porão de raízes debaixo da cozinha,” ele disse, apontando para um alçapão escondido sob um tapete. “Entre lá e não saia, não importa o que você ouça.”

Magnolia agarrou seu braço. “Eles vão te matar. Colt não deixa testemunhas.”

“Talvez,” Thaddius respondeu, surpreso com a calma que sentia. “Mas eles não vão levar você de volta.”

O som dos cascos cresceu, ribombando em sua propriedade como uma tempestade.

Thaddius se posicionou junto à janela, rifle pronto. Ele pensou em Martha, na promessa que fizera em seu túmulo de nunca mais se envolver nos problemas dos outros. Mas ao ver Magnolia desaparecer no porão, ele percebeu que algumas promessas nasceram para serem quebradas.

Os cavaleiros pararam abruptamente em frente à sua cabana. Seus cavalos bufavam e sapateavam. O homem na frente vestia um colete preto e tinha olhos frios que pareciam catalogar tudo o que viam. Thaddius reconheceu o tipo: o executor de Devlin, o tipo de homem que tinha prazer em causar dor.

“Bom dia,” o executor gritou. “Meu nome é Pike. Estamos procurando por algo que pertence ao nosso patrão. Você viu alguma mulher passar por aqui?”

Thaddius saiu para a varanda, o rifle seguro, mas pronto para disparar. “Há muitas mulheres por essas bandas. Você terá que ser mais específico.”

O sorriso de Pike era afiado como uma lâmina. “Uma coisinha bonita. Cabelos escuros. Pode não estar vestindo muita roupa.” Os olhos dele varreram a cabana, notando a segunda xícara de café no parapeito da varanda. “O engraçado é que os rastros dela vêm direto até sua porta.”

O silêncio se estendeu entre eles como um fio tenso, prestes a se romper. Thaddius sabia que as próximas palavras que saíssem de sua boca determinariam se todos sairiam vivos.

“Rastros podem ser enganosos,” Thaddius disse, o dedo pousado no gatilho do rifle. “Especialmente depois da chuva forte da noite passada.”

Os olhos de Pike se estreitaram. Ele sabia que não tinha chovido. Todos sabiam, mas o jogo tinha que ser jogado, pelo menos por enquanto.

“Se importa se dermos uma olhada por aí? Apenas para ser minucioso.”

“Eu me importo,” Thaddius respondeu. “Esta é propriedade privada.”

Os dois homens flanqueando Pike se mexeram em suas selas, as mãos flutuando em direção às armas. Thaddius reconheceu a tática. Eles já haviam feito isso antes. Pike continuaria falando enquanto seus homens se posicionavam. Depois, pegariam o que queriam e não deixariam testemunhas.

“Olha, é aí que você se engana,” Pike disse, desmontando lentamente. “Colt Devlin tem um acordo com o xerife. Isso aqui é negócio oficial.” Ele tirou um papel amassado do colete. “Mandado para buscar propriedade roubada.”

Thaddius não precisava ler para saber que era falso. Em cidades como Copper Ridge, homens como Devlin escreviam suas próprias leis. Mas o papel dava aos homens de Pike a desculpa de que precisavam para sacar suas armas.

“Propriedade roubada?” Thaddius perguntou, ganhando tempo. “O que exatamente você está alegando que foi roubado?”

“Alguns milhares em serviços,” Pike sorriu. “Além disso, ela agrediu o Sr. Devlin quando quebrou a janela dele. Isso é destruição de propriedade e agressão.”

A raiva que fervilhava no peito de Thaddius finalmente explodiu. Esses homens falavam de Magnolia como se ela fosse gado, como se seu sofrimento fosse apenas uma transação comercial. Ele pensou no terror nos olhos dela, no sangue em seus joelhos por causa da fuga desesperada.

“Serviços,” ele repetiu, inexpressivo.

O sorriso de Pike se alargou. “Agora você está entendendo. Então, por que você não sai da frente e nos deixa recolher o que é nosso? Tornar as coisas mais fáceis para todos.”

Thaddius ergueu o rifle. “É o seguinte. Vocês vão montar em seus cavalos e vão sair daqui. Não voltem.”

Os dois homens montados sacaram suas armas simultaneamente, mas Thaddius já estava se movendo.

Seu primeiro tiro derrubou o homem da esquerda, antes que o pistoleiro pudesse sequer sacar o revólver. O segundo tiro estilhaçou o ombro do outro cavaleiro, girando-o e fazendo sua pistola voar.

Pike mergulhou atrás de seu cavalo, puxando sua própria arma. “Você acabou de cometer o maior erro da sua vida, velho.”

Balas estilhaçaram os postes da varanda ao redor de Thaddius enquanto ele rolava atrás de um bebedouro de água. Restavam quatro tiros em seu rifle. Pike ainda estava móvel e furioso, e não havia como saber se esses três tinham reforços a caminho.

Mas ao ouvir o choro abafado de Magnolia vindo do porão, Thaddius soube que tinha feito a escolha certa. A guerra pela liberdade dela havia começado, e de um jeito ou de outro, ela terminaria hoje.

O cavalo de Pike empinou e disparou, deixando o executor exposto no meio do pátio. Ele correu em direção à carroça tombada perto do celeiro, balas do rifle de Thaddius perseguindo seus calcanhares.

O cavaleiro ferido gemia na terra, segurando o ombro estilhaçado, enquanto seu companheiro morto olhava sem vida para o céu da manhã.

“Isso não acabou!” Pike gritou de trás da carroça. “Devlin tem vinte homens! Você não pode lutar contra todos eles!”

Thaddius sabia que Pike estava certo. Mesmo que vencesse este tiroteio, mais viriam. Devlin não permitiria a afronta, especialmente por causa de uma mulher que considerava sua propriedade. Mas, ao olhar para o alçapão que escondia Magnolia, ele percebeu que já havia passado do ponto de recuar.

“Então é melhor ele trazer todos os vinte!” Thaddius gritou de volta.

Pike disparou três tiros rápidos, estilhaçando a madeira a centímetros da cabeça de Thaddius. Mas o executor estava encurralado agora, e ambos sabiam disso. A questão era: quem ficaria sem munição primeiro?

Foi então que Thaddius ouviu o ranger da porta do porão atrás dele.

“Não,” ele avisou, sem se virar. “Fique escondida.”

Mas a voz de Magnolia estava firme agora, mais forte do que antes. “O ferido. Eu o conheço. É Ezra Cain.”

Thaddius arriscou uma olhada. Magnolia havia vestido uma de suas camisas, e seu rosto havia endurecido com algo além do medo: reconhecimento e ódio.

“Ele estava lá na noite em que eles… na noite em que Colt… ” Ela não conseguiu terminar a frase. “Ele me segurou enquanto Colt explicava o que eu devia.”

O homem ferido, Ezra, tentava rastejar em direção à sua pistola caída. Sangue escorria por entre seus dedos, mas ele ainda era perigoso. Thaddius não podia vigiar Pike e Ezra ao mesmo tempo.

Thaddius tomou sua decisão. Ele deslizou sua pistola reserva pelo chão até Magnolia. “Você sabe usar isso?”

As mãos dela tremeram ao pegar a arma, mas sua voz era gelo. “Colt fez questão que eu aprendesse. Disse que uma mulher deveria saber proteger o investimento dele.”

Pike escolheu esse momento para fazer seu movimento, correndo da carroça em direção à cabana. Thaddius girou o rifle, mas Pike era rápido e desesperado.

O tiro do executor errou o alvo, mas foi perto o suficiente para fazer Thaddius se abaixar.

Atrás dele, ele ouviu o clique seco de uma pistola e a voz em pânico de Ezra. “Espere, Magnolia, por favor.”

O tiro foi ensurdecedor no pequeno espaço.

Quando Thaddius olhou para trás, Ezra estava imóvel. Magnolia estava de pé sobre ele, lágrimas escorrendo pelo rosto.

“Isso é por Sarah,” ela sussurrou para o morto. “E por Mary, e por todas as outras.”

A voz de Pike estalou de raiva. “Você matou Ezra! Devlin vai esfolar vocês dois vivos!”

Mas algo havia mudado no ar. O desespero se fora, substituído por uma fria determinação. Magnolia não era mais apenas uma vítima. Ela era uma sobrevivente que havia encontrado seus dentes.

O desespero de Pike o tornou imprudente. Ele avançou contra a cabana, atirando descontroladamente enquanto corria. Thaddius o derrubou com um único tiro no peito, mas não antes que a última bala de Pike encontrasse seu alvo.

O fogo irrompeu no braço esquerdo de Thaddius quando a bala raspou o osso.

O silêncio repentino era ensurdecedor. Três homens jaziam mortos em seu pátio, o sangue encharcando a terra que ele mantivera em paz por doze anos.

Thaddius pressionou a mão contra o ferimento, sentindo a umidade quente escorrer por entre seus dedos.

“Você está ferido,” Magnolia disse, correndo para o lado dele.

“Não é nada,” Thaddius mentiu, embora sua visão estivesse começando a embaçar. “Precisamos nos mover.” Pike não estava mentindo sobre os homens de Devlin.

Magnolia rasgou tiras da camisa dele, enfaixando o ferimento com uma eficiência prática. “Eu já fiz isso antes,” ela disse, baixinho. “As garotas do Colt. Cuidávamos umas das outras quando podíamos.”

Enquanto ela trabalhava, Thaddius estudou o rosto dela. A mulher aterrorizada que havia se agarrado à sua cerca havia sumido, substituída por alguém mais dura, alguém que havia sobrevivido ao inferno e aprendido a revidar. Deveria tê-lo preocupado. Mas, em vez disso, ele sentiu algo que não experimentava há anos: respeito por outro ser humano.

“Tem mais uma coisa,” Magnolia disse, sua mão parando na bandagem. “Pike mencionou vinte homens. Mas essa não é a pior parte. Devlin não é apenas dono do saloon. Ele tem um acordo com a companhia ferroviária.”

“Eles estão comprando todas as terras neste vale para uma nova linha.”

As palavras atingiram Thaddius como um golpe físico. “Esta terra?”

Ela assentiu. “Seu rancho fica bem no meio da rota planejada deles. Eles tentam forçar as pessoas a sair há meses, mas ninguém queria vender. Então Devlin começou a aplicar pressão. Os outros rancheiros foram mortos ou expulsos. Você é o último, Thaddius. Eles provavelmente viriam atrás de você de qualquer maneira.”

Os olhos verdes dela encontraram os dele. “Eu só lhes dei uma desculpa para fazer isso hoje.”

O quadro completo se cristalizou na mente de Thaddius. Não se tratava apenas de recuperar “propriedade roubada”. Devlin estava planejando tomar sua terra, e a fuga de Magnolia havia lhe dado a justificativa perfeita para a violência. Agora Thaddius entendia o mandado falso, o porquê de Pike estar tão confiante.

“Quanto tempo até Devlin chegar aqui com o resto dos homens?” ele perguntou.

Magnolia olhou para o sol, calculando. “Duas, talvez três horas. Pike deveria sinalizar quando me encontrasse.”

Thaddius olhou ao redor de sua cabana, para a vida que havia construído do nada. Cada tábua, cada prego, cada poste de cerca representava anos de trabalho extenuante. Esta terra era tudo o que lhe restava de Martha. A única coisa que dava sentido à sua existência.

Mas agora ele tinha uma escolha. Correr e perder tudo o que havia construído. Ou ficar e enfrentar vinte assassinos profissionais com um braço ferido e uma mulher que já havia sofrido o suficiente.

O som de cascos distantes ecoou pelo vale, e Thaddius percebeu que a escolha poderia já ter sido feita por eles.

Os cascos não vinham da direção de Copper Ridge.

Thaddius apertou os olhos através da mira do rifle e sentiu seu coração afundar. Oito cavaleiros se aproximavam do leste, movendo-se rápido e determinados. Mas estes não eram os homens de Devlin.

“Cavalaria,” ele respirou.

O rosto de Magnolia ficou branco. “Oh, Deus. Colt deve ter enviado um aviso para Forte Henderson. Disse a eles que eu era uma criminosa fugitiva ou simpatizante indígena ou algo assim.”

Thaddius baixou o rifle. Lutar contra empresários corruptos era uma coisa, mas atirar em soldados federais era traição. Mesmo que esses homens estivessem agindo sob falsa informação, eles vestiam o uniforme do Exército dos Estados Unidos.

“O que nós fazemos?” Magnolia sussurrou.

Antes que Thaddius pudesse responder, os soldados se espalharam em semicírculo ao redor de sua propriedade. Seu líder, um jovem tenente com olhos duros, cavalgou sozinho para a frente. Sua mão repousava casualmente sobre seu sabre, mas Thaddius notou as carabinas que os outros homens carregavam.

“Sou o Tenente Morrison,” o oficial chamou. “Recebemos relatórios de uma criminosa fugitiva escondida nestas instalações. Fugitiva federal procurada por roubo e agressão.”

“Qual o nome da fugitiva?” Thaddius perguntou, saindo para a varanda.

“Magnolia Hayes. Também usa o nome de Magnolia Devlin.”

A mentira foi tão bem entregue que Thaddius quase acreditou nela. Devlin havia se prevenido, transformando a corrupção local em autoridade federal. Agora, Magnolia não estava fugindo apenas de criminosos. Ela estava fugindo da própria Lei.

“Não vi ninguém com esse nome,” Thaddius disse.

Os olhos do Tenente Morrison varreram os três corpos no pátio. “Parece que você teve problemas aqui, Sr. Crane. Thaddius Crane.”

“Esses homens tentaram me roubar. Eu defendi minha propriedade.”

“Três contra um. Isso é um tiro impressionante, Sr. Crane.” Morrison desmontou, sua mão agora apertando o cabo do sabre. “Se importa se revistarmos as instalações? É rotina ao investigar fugitivos federais.”

Thaddius sabia que não podia recusar sem confirmar as suspeitas deles, mas também sabia que no momento em que encontrassem Magnolia, ela desapareceria sob custódia militar e acabaria de volta nas mãos de Devlin por canais legais.

“Claro,” ele disse. “Embora eu deva avisá-lo, eu moro sozinho. Há anos.”

Morrison acenou para seus homens. Quatro soldados desmontaram e começaram a revistar o celeiro e os anexos. Seriam apenas minutos antes que encontrassem a entrada do porão.

Dentro da cabana, Magnolia se pressionou contra a parede ao lado da porta, agarrando a pistola. Thaddius podia vê-la pela janela, encurralada como um animal. Se os soldados a encontrassem armada, atirariam primeiro e fariam perguntas depois.

“Conte-me sobre esses homens,” Morrison disse, empurrando o corpo de Pike com a bota. “Você os reconhece?”

“Vagabundos,” Thaddius mentiu. “Disseram que procuravam trabalho, mas estavam avaliando meu lugar para um roubo.”

“Engraçado,” Morrison disse, casualmente. “Recebemos notícias de Copper Ridge de que três dos homens de Colt Devlin saíram por esta área esta manhã. E não voltaram.”

A armadilha estava se fechando. Morrison sabia exatamente quem eram os mortos, o que significava que ele sabia exatamente por que tinham vindo. O mandado federal era apenas uma ficção conveniente para dar à vingança de Devlin a cor da lei.

Um grito veio de dentro da cabana. “Tenente, encontrei algo!”

Morrison sorriu friamente. “Parece que sua história desmoronou, Sr. Crane.”

O soldado saiu da cabana segurando uma das camisas de Thaddius, a que Magnolia estava usando. Havia sangue manchando o tecido onde ela havia enfaixado seu ferimento.

Morrison examinou-o com a satisfação de um homem que acabara de vencer uma mão difícil de pôquer. “Sangue ainda fresco,” o soldado relatou. “E há um alçapão no chão da cozinha. Parece que alguém estava se escondendo lá recentemente.”

Os olhos de Morrison nunca deixaram o rosto de Thaddius. “Então, onde ela está agora, Sr. Crane?”

A mente de Thaddius acelerou. O porão estava vazio, o que significava que Magnolia havia de alguma forma escapado durante a busca. Mas para onde ela poderia ir? Sua propriedade estava cercada por quilômetros de pastagem aberta.

A não ser que… o velho túnel de mina. Martha havia lhe mostrado anos atrás, um túnel de prata desativado escondido no afloramento rochoso atrás do celeiro. Era perigoso, semi-desmoronado e infestado de cobras, mas ofereceria cobertura.

“Eu já lhe disse,” Thaddius disse. “Eu moro sozinho.”

Morrison o atingiu com um tapa na cara. O golpe foi agudo e inesperado. “Não torne isso mais difícil do que precisa ser. Abrigando um fugitivo federal é motivo para enforcamento.”

Sangue escorreu do lábio fendido de Thaddius, mas ele sustentou o olhar do tenente. “Então, acho que é melhor você encontrar seu fugitivo primeiro.”

Foi então que o tiroteio começou.

O estalo de um rifle ecoou das rochas atrás do celeiro. Um dos homens de Morrison girou e caiu, agarrando a perna. Os outros soldados mergulharam em busca de cobertura, examinando o afloramento em busca do atirador.

“Ela está nas rochas!” alguém gritou.

Morrison sacou o sabre e o pressionou contra a garganta de Thaddius. “Chame-a para fora, ou eu o abro aqui mesmo!”

Mas Thaddius estava sorrindo agora, apesar da lâmina em seu pescoço. Magnolia não estava apenas sobrevivendo. Ela estava lutando de forma inteligente. Do túnel da mina, ela tinha uma excelente cobertura e um campo de tiro livre. Os soldados teriam que se expor para desalojá-la.

Outro tiro ecoou, este mais próximo. Um soldado gritou e se escondeu atrás de um bebedouro. Magnolia estava se movendo, usando as múltiplas entradas da mina para ficar à frente do fogo de retorno deles.

“Ela tem a vantagem,” Thaddius disse calmamente. “E ela conhece essas rochas melhor do que seus homens. Quantos soldados você está disposto a perder pelo dinheiro de Colt Devlin?”

O rosto de Morrison ficou vermelho. “Isto é sobre lei e ordem!”

“Isto é sobre uma rota de trem e um empresário corrupto que é seu dono,” Thaddius respondeu. “Quanto Devlin está pagando para você usar esse uniforme enquanto faz o trabalho sujo dele?”

O sabre pressionou mais fundo, fazendo sangue, mas a mão de Morrison estava tremendo agora, e ambos sabiam disso. A fachada cuidadosa estava desmoronando, revelando o mercenário sob a autoridade federal.

Das rochas veio a voz de Magnolia, clara e forte. “Tenho mais seis tiros e o dia todo para usá-los. O quanto você me quer, Tenente?”

A mão de Morrison tremia no sabre. Ao redor dele, seus homens se agachavam atrás de qualquer cobertura que pudessem encontrar, presos por uma mulher que não conseguiam ver. A cuidadosa operação militar havia se transformado em um cerco, e eles estavam perdendo.

“Parem!” Morrison gritou em direção às rochas. “Vocês só estão piorando as coisas para si mesmos!”

O riso de Magnolia ecoou nas paredes de pedra. “Piorando? Quer dizer que há algo pior do que ser propriedade de Colt Devlin?”

Outro tiro estalou, e o soldado atrás do bebedouro praguejou enquanto estilhaços de madeira voavam perto de sua cabeça. Magnolia não estava tentando matá-los. Ela estava enfatizando um ponto. Ela poderia ter derrubado metade dos homens de Morrison se quisesse.

“Ela está brincando conosco,” um dos soldados murmurou.

Morrison pressionou o sabre mais fundo no pescoço de Thaddius. “Chame-a para baixo, ou juro por Deus…”

“Tenente Morrison!”

A voz veio de trás deles. Morrison girou para ver um homem mais velho com um uniforme de coronel cavalgando rapidamente em direção ao rancho. O rosto do tenente empalideceu ao reconhecer seu oficial comandante.

“Coronel Hartwell,” Morrison gaguejou, baixando a arma.

O Coronel Hartwell desmontou. Seus olhos percorreram a cena: civis mortos, soldados presos por tiros de franco-atirador e um tenente segurando uma lâmina no pescoço de um rancheiro desarmado. Sua expressão escureceu a cada detalhe.

“Pelo amor de Deus, o que está acontecendo aqui, Tenente?”

“Senhor, estamos perseguindo um fugitivo federal. A inteligência de Copper Ridge indicou…”

“Inteligência de Colt Devlin, você quer dizer?” A voz de Hartwell era gelo puro. “Você pensou que eu não descobriria sobre seu pequeno acordo com aquela víbora?”

A boca de Morrison abriu e fechou como a de um peixe. “Senhor, eu não sei o que você quer dizer.”

“Quero dizer os dois mil dólares em dinheiro da ferrovia encontrados em seus aposentos ontem à noite. Quero dizer os mandados federais falsificados. Quero dizer o abuso sistemático da autoridade militar para lucro corporativo.” Hartwell se aproximou. “Você realmente pensou que poderia usar meus soldados como mercenários particulares sem consequências?”

Das rochas, Magnolia chamou. “Coronel, você está aqui para me prender também?”

Hartwell olhou em direção ao afloramento. “Não, senhorita. Estou aqui para prender os homens que têm usado distintivos federais para cometer crimes em seu território.”

O alívio que inundou Thaddius foi quase avassalador, mas não era nada comparado ao som que veio do túnel da mina. Algo entre um soluço e uma risada. O som de uma mulher que estava fugindo há tanto tempo que havia esquecido a sensação de segurança.

Morrison fez uma última jogada desesperada, avançando para pegar sua pistola caída. Thaddius a chutou para longe e enfiou o punho no rosto do tenente, derrubando-o no chão. Doze anos de isolamento e raiva se derramaram naquele soco.

“Isso é por Martha,” ele rosnou. “E por toda mulher que Devlin feriu.”

Magnolia emergiu das rochas vinte minutos depois, o rifle pendurado no ombro e lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela caminhou diretamente até Thaddius e desabou em seus braços, permitindo-se finalmente acreditar que estava livre.

“Acabou,” ele sussurrou em seu cabelo. “Você está segura agora.”

O Coronel Hartwell prendeu Morrison e três de seus homens sob acusações de corrupção e abuso de autoridade. Os outros soldados, que acreditavam estar seguindo ordens legítimas, foram realocados. O próprio Devlin foi detido quando delegados federais invadiram Copper Ridge no dia seguinte.

Seis meses depois, Thaddius e Magnolia estavam na varanda de sua cabana reconstruída, observando o pôr do sol pintar o vale de ouro. Ela vestia um vestido branco simples. Ele vestia sua melhor camisa. O pastor do condado vizinho acabara de declará-los marido e mulher.

“Chega de fugir,” ela disse, pegando sua mão.

“Chega de se esconder,” ele concordou.

A ferrovia nunca construiu sua linha através do vale. Descobriu-se que os relatórios de seus topógrafos haviam sido falsificados para inflacionar o valor da terra. Mas Thaddius e Magnolia não se importaram. Eles encontraram algo que valia mais do que todo o dinheiro da ferrovia no mundo. Eles se encontraram.

A vida deles começou ali. Não mais marcada pelo dever solitário de Thaddius ou pelo terror de Magnolia, mas pela força silenciosa de dois corações que escolheram lutar juntos, garantindo que aquela terra, manchada de sangue, floresceria em paz.

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