EXCLUSIVO: O Xeque-Mate na Presidência de Hugo Mota – Os Bastidores Sombrios da Queda Articulada por Lira, PT e PL
A derrocada de um poder frágil: como a inabilidade política e as traições internas transformaram o Presidente da Câmara em um “zumbi” burocrático, pavimentando o caminho para um cenário de caos e redefinição de forças no Congresso Nacional. A aliança insólita que vai depor Hugo Mota e a vingança fria de Arthur Lira.

O Fio da Navalha do Poder: A Improbabilidade de Concluir o Mandato
Nos corredores abafados da Câmara dos Deputados, onde o poder se negocia em sussurros e os destinos são selados com apertos de mão silenciosos, uma certeza ecoa: Hugo Mota vai cair. É, na avaliação de analistas políticos e de fontes internas de altíssimo escalão, pouquíssimo provável que o atual Presidente da Câmara dos Deputados consiga terminar seu mandato. Sua autoridade se dissolveu, seu capital político evaporou e sua permanência se tornou um estorvo para as principais forças que governam (ou desgovernam) o Congresso.
A razão para o iminente colapso de Mota reside em uma articulação explosiva e inédita nos bastidores: o Partido dos Trabalhadores (PT), legenda que comanda o Executivo, e o Partido Liberal (PL), a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, uniram forças em um pacto surpreendente. O objetivo é único e direto: retirar Hugo Mota da presidência da Casa.
Esta coalizão improvável é o sintoma mais claro de que Mota rompeu com as lideranças dos dois partidos mais influentes do país. Em Brasília, romper com a base e a oposição ao mesmo tempo é o equivalente a uma sentença de morte política. Mas se a aliança PT-PL é a arma, a pressão exercida por Arthur Lira é o gatilho, a força motriz que transformou a instabilidade de Mota em uma crise terminal.
A Vingança Fria de Arthur Lira: Críticas, Descontrole e a Pá de Cal
Arthur Lira, o antecessor e padrinho político de Mota, transformou-se em seu algoz mais implacável. Nos bastidores, as críticas de Lira a Hugo Mota são descritas como “pesadas”. O tom é de escárnio e desprezo pela inabilidade do sucessor: Mota, diz Lira, “não tem pulso”, “não controla a Câmara dos Deputados”.
O ponto de inflexão, a derrota mais simbólica e mais dolorosa, que serviu como a “pá de cal” no destino de Hugo Mota, foi a votação para a cassação do mandato do deputado Glauber Braga. Na opinião de Lira e de aliados, a derrota expôs ao país a verdade nua e crua: Mota não tem controle sobre a Câmara, não tem controle sobre absolutamente nada. Ele se tornou uma figura decorativa sem capacidade de entregar resultados, nem mesmo para seus próprios aliados.
Curiosamente, Lira não é imune à pressão. Ele próprio está acuado devido à operação da Polícia Federal sobre o escândalo do orçamento secreto, que alcançou sua ex-assessora, MariaÂela Fialec. Esta pressão externa sobre Lira, contudo, não amoleceu sua posição; pelo contrário, reverberou em Mota. Para Lira, um presidente fraco como Mota representa um risco, não uma solução, diante da crise institucional que se desenha.
Hugo Mota, em um ato de desespero e tentativa de aceno, chegou a marcar uma reunião de emergência com as lideranças e soltar uma nota pública de apoio à ex-assessora de Lira. Esforços tardios e fúteis. Na linguagem ríspida dos bastidores, para Hugo Mota, “a vaca já foi pro brejo”.
Lira, que já teve um “bate-boca público” com Mota, agora articula silenciosamente para derrubá-lo. Aliados de Mota têm a percepção clara, trazida por fontes como Thiago Prado, do O Globo, de que Lira quer o posto de presidente da Câmara de volta. Diante de uma situação delicada no Senado, onde suas pesquisas são “muito incertas” sobre uma das vagas, Lira pode estar reconsiderando a estratégia. O caminho pode ser desistir do Senado e disputar a Câmara de novo em 2026, visando ser presidente da Casa em 2027. Para isso, precisa que Mota saia do caminho.
A Aliança Improvável e a Derrota de Eduardo Bolsonaro
O plano para a deposição de Mota não é um ato isolado, mas uma “sequência de eventos” meticulosamente orquestrada, conforme revelado por Andreza Matais, do Metrópoles. E o primeiro ato dessa sequência foi, ironicamente, salvar Eduardo Bolsonaro.
A derrota de Mota começou com sua tentativa de cassar o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro. Hugo Mota, não querendo arcar com o ônus político de uma cassação direta, tentou adotar uma “manobra regimental”: cassar Eduardo por faltas, alegando sua ausência no Brasil enquanto estava nos Estados Unidos.
Contudo, para que o mandato fosse cassado por faltas, a assinatura de toda a Mesa Diretora da Câmara era necessária. De seus sete membros, dois se recusaram a assinar: Elmar Nascimento e Altineu Côrtes. O recuo foi imediato e humilhante. A recusa em assinar não apenas salvou Eduardo Bolsonaro, mas serviu como o primeiro sinal público, indiscutível, de que Hugo Mota não controla a Câmara dos Deputados.
Segundo a articulação, depois de mostrarem a Mota que ele não detém o controle sequer para punir um membro da oposição, a Câmara se organizaria para derrubá-lo, reforçando a união entre PT e PL. O motivo é claro: Hugo Mota rompeu com a liderança de ambos, tornando sua situação “completamente insustentável”. Ele não tem base de apoio.
O Motim de Glauber Braga: Violência e Desmoralização Completa
A situação de Mota já era frágil por conta de “seguidos motins” – tanto o da oposição no início dos trabalhos quanto o de Glauber Braga. O episódio de Glauber, contudo, foi o pior.
Diante do confronto, Hugo Mota não demonstrou “pulso” com a oposição. Sua reação foi descrita como “horrível”: em vez de negociar e conversar com um único deputado, ele encerrou a transmissão da TV Câmara e colocou a Polícia Legislativa contra Glauber. Foi uma situação de “extrema violência”, que acabou atingindo jornalistas e desgastando ainda mais sua imagem.
O que era um problema de disciplina interna, transformou-se em uma desmoralização estratégica. Fontes como Caio Junqueira, da CNN Brasil, revelaram que Mota atuou diretamente com Lira para a cassação de Glauber. Mas ele foi fragorosamente derrotado pelo próprio Governo, que se articulou “de última hora”. A derrota teve um significado profundo: o Governo (Executivo) descobriu que não precisa negociar os votos diretamente com Mota; há uma possibilidade de negociar “no varejo”, individualmente, com cada deputado.
A mensagem é cristalina: o Governo pode simplesmente passar por cima do Hugo Mota. A vitória de Glauber contra Mota na votação foi simbólica e provou que Mota “já não tem mais controle de absolutamente nada e não pode mais ajudar o governo.”
Amadorismo ou Traição? O Plano Desastroso de Mota

O ápice da inabilidade política de Mota ocorreu na mesma sessão em que pautou a votação de Glauber. Ele só o fez porque, segundo informações de bastidores, tentava acenar simultaneamente para todas as forças em conflito, numa espécie de “master plan” que deu catastróficamente errado.
Mota teria tido uma conversa com ministros do STF onde se comprometeu a pautar a cassação de Carla Zambelli, visando agradar a Corte e a esquerda. Em troca, pautaria a cassação de Glauber (para Lira e a oposição) e o PL da Dosimetria (o “preço do Flávio”, buscando o apoio do Centrão, PP e União Brasil para promover Tarcísio como candidato).
Os resultados do seu triplo movimento foram um desastre completo:
Carla Zambelli não foi cassada: Desagradou o STF.
Glauber Braga não foi cassado: Desagradou a oposição e, principalmente, Arthur Lira.
O PL da Dosimetria foi pautado sem articulação suficiente: Não diminuiu a pressão sobre a candidatura de Bolsonaro e não melhorou a situação de Tarcísio.
A tragédia política é que ele foi derrotado em todas as frentes. Ele foi para a votação do Glauber sem a garantia dos votos ou foi traiçoeiramente abandonado por quem lhe prometeu apoio. Não importa se foi amadorismo ou traição, o resultado é o mesmo: ele é fraco e não tem controle.
O quadro é aterrador: Mota não tem mais apoio no Legislativo (traído pelas lideranças), no Executivo (que agora negocia no varejo) e nem no Judiciário (que não viu seu aceno ser cumprido).
O Zumbi da Presidência: O Desespero Final
Diante do cerco de Lira, que nos bastidores o critica por ser “fraco” e “sem pulso” (segundo Igor Gadeira e Andréia Sadi), Mota tentou desesperadamente reagir. Após o bate-boca com Lira, ele veio a público e fez um ataque indireto: “A presidência da Câmara dos Deputados não pode ser usada para conveniências pessoais”, e muito menos como “mecanismo de revanchismo”. Uma crítica direta a Lira, cujo interesse era pessoalmente caçar o desafeto Glauber Braga.
Mas o desespero logo o fez recuar. Depois da operação da Polícia Federal atingir a ex-assessora de Lira, Mota tentou “distensionar” as relações. Emitiu a nota de apoio a Maria Fialec e marcou a reunião de emergência. A intenção era tentar criar uma “resposta conjunta e institucional contra o judiciário”, numa leitura de que a operação deflagrada por Flávio Dino atuou em conjunto com o Executivo para retaliar o Congresso.
Tudo isso, contudo, é visto como a agonia de um poder em extinção. Mota já não é presidente. “Ele é um ex-presidente da Câmara em atividade”, um “zumbi”, um “cadáver político”. Ele pode, sim, permanecer simbolicamente ou burocraticamente na cadeira, abrindo e encerrando sessões, assinando papelada, mas de fato, ele já não é nada.
A desmoralização é completa. O Governo, ciente de sua fragilidade, continuará a negociar “no varejo” ao longo de 2026, ignorando o comando formal da Casa. O destino de Hugo Mota é o de uma figura política que perdeu sua estrutura, sua bagagem e seu tamanho para aguentar tamanha pressão.
Hugo Mota não vai cair. A verdade, como se diz nos corredores que o assistem, é que Mota já caiu como presidente da Câmara. Resta saber a data final em que o cadáver político será removido do plenário.