Fui Escolhido Pelas Gigantes de Seis Metros de Avar Kalan: Apenas Eu Poderia Salvar Sua Raça da Corrupção.

Fui Escolhido Pelas Gigantes de Seis Metros de Avar Kalan: Apenas Eu Poderia Salvar Sua Raça da Corrupção.

Eu me lembro do som antes de me lembrar do medo. Era um ritmo trovejante que não pertencia a nenhuma criatura que eu conhecesse, sacudindo o chão sob meus pés e chacoalhando o vidro da minha pequena cabana no vale. A tempestade lá fora havia morrido há horas, mas a noite permanecia pesada e elétrica.

Eu estava meio adormecido em minha escrivaninha quando o impacto final veio. Uma batida – não na porta, mas ao redor dela, como se uma mão enorme envolvesse todo o batente.

Fiquei paralisado. Outra batida veio, mais suave desta vez, mas incrivelmente alta. O lampião balançou em seu gancho, e em algum lugar na cozinha, um pote de metal caiu no chão.

Não sei por que me levantei. O instinto deveria ter me colado à cadeira, mas algo mais profundo me impulsionou. Caminhei em direção à porta, e um arrepio me atingiu.

Então, uma voz suave, feminina e ressonante, chamou meu nome. “Elias,” ela sussurrou, seu tom atravessando a madeira como se estivesse falando diretamente em minha mente. “Abra a porta.”

Meus dedos tremeram no trinco. Engoli em seco, respirei fundo e abri.


Uma parede verde-esmeralda me cumprimentou, não de tecido, mas de folhas entrelaçadas, cintilando levemente sob a luz enevoada da lua.

Meu olhar subiu, seguindo a curva de uma figura imponente até alcançar seu rosto. Humano, de beleza estonteante, emoldurado por cabelos longos que caíam como cascatas de bronze. Seus olhos brilhavam com uma suave tonalidade dourada. Ela tinha pelo menos seis metros de altura.

Atrás dela, outras quatro emergiram da linha das árvores. Figuras de beleza igualmente enorme, vestidas com as mesmas vestes naturais: tops verdes feitos de largas folhas sobrepostas e saias do mesmo material caindo até a metade da coxa. Pareciam espíritos da floresta esculpidos em mito e luar.

A que estava na porta se abaixou, ajoelhando-se até que seu rosto se alinhasse com o meu. Seu hálito aqueceu minha pele.

“Você é Elias,” ela disse. Não era uma pergunta.

“Sim,” eu sussurrei.

Seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso aliviado. “Eu sou Sarai.”

Os outros gigantes se aproximaram. Eles formaram um círculo ao redor da minha cabana.

Sarai continuou: “Nós viemos da tribo de Avar Kalan, uma tribo proibida para o seu povo. Embora nunca tenhamos desejado ser.”

Eu tinha ouvido as lendas sussurradas pelos aldeões: contos de uma raça oculta de mulheres gigantes que protegiam as florestas antigas. Eu sempre pensei que eram histórias para assustar crianças.

“Eu não entendo,” murmurei. “Por que vocês estão aqui? Por que eu?”


A expressão de Sarai se suavizou, mas a tristeza tremulava por baixo. “Nossa tribo está morrendo,” ela disse. “Uma doença se espalhou entre nós, tirando nossa força, diminuindo o brilho de nossos espíritos.”

Outra gigante, mais alta e com cabelos como seda da meia-noite, avançou. “Buscamos visões, e nossos xamãs viram você. Um pequeno humano com a marca do eleito.”

Meu pulso acelerou. “Que marca? Eu não tenho nada.”

Sarai estendeu um dedo enorme e roçou o lado do meu pescoço.

“Você nasceu sob o cometa de Uldren,” ela disse calmamente. “A luz dele tocou seu espírito. Essa conexão faz de você o único capaz de despertar o que perdemos.”

Minhas pernas vacilaram. Eu recuei para dentro da cabana, mas a ternura em seu olhar me impediu de fugir.

“Eu sou apenas eu,” sussurrei. “Não sou um herói. Não sou um curandeiro. Eu nem sei por onde começar.”

Sarai murmurou: “Você não precisa saber. Você só precisa vir conosco. O caminho se revelará.”

A mais alta entre elas falou: “Se você recusar, nossa tribo irá desaparecer. A floresta cairá conosco.”

Um arrepio me percorreu. Eu não estava com medo delas. Eu estava oprimido, sim, mas não apavorado. Sua presença era antiga e protetora.

Sarai estendeu a mão, a palma aberta. “Elias,” ela disse suavemente, “você foi escolhido não para ser um fardo, mas porque seu coração carrega uma luz que nosso mundo esqueceu.”

Coloquei minha mão na palma de Sarai. O calor de sua pele me envolveu instantaneamente. “Então me leve,” sussurrei. “Me mostre por que eu sou quem vocês precisam.”

Sarai tremeu de alívio. Ela me levantou com o máximo cuidado, e o mundo à frente cintilou com mistério e perigo.


Sarai me carregou pela floresta, embalado em sua mão, seu passo longo e fluído. Quanto mais fundo avançávamos, mais parecia que estávamos entrando em um mundo que os humanos nunca deveriam ver.

“Para onde exatamente estamos indo?”

“Para o nosso santuário,” respondeu Sarai. “É onde nossos curandeiros esperam. Onde o coração de nossa tribo dorme. Onde você deve começar o despertar.”

Outra gigante disse: “Compreensão não é o primeiro passo. Aceitação é.”

A floresta mudou. Os troncos ficaram mais grossos, sua casca gravada com linhas azuis luminosas. Flores estranhas, do tamanho do meu peito, se abriam, liberando plumas perfumadas de pólen que flutuavam no ar como poeira de estrelas.

“O que é tudo isso?”

“O limite do nosso reino,” Sarai disse. “Você, Elias, é o primeiro humano em gerações.”

Atravessamos um rio raso que brilhava com uma aura turquesa.

Mas então, a beleza mudou. O ar esfriou. O cheiro de flores deu lugar a algo metálico e levemente amargo. Mais à frente, as árvores ficaram esparsas. Uma névoa baixa rastejava.

Sarai diminuiu o passo. Uma gigante de cabelo curto cor de cobre murmurou: “Está pior esta noite.”

“O que está pior?”

“A doença,” disse Sarai. “Começou a alcançar os limites externos do nosso santuário.”

Entramos na clareira e vi manchas de plantas mortas e quebradiças, espalhadas pelo chão como hematomas na terra. As veias brilhantes das árvores diminuíram, lutando para respirar.


De repente, a floresta se abriu em um vasto vale iluminado por suaves esferas douradas penduradas nos galhos de enormes árvores cristalinas. Abaixo delas, centenas de mulheres gigantes se reuniam em torno de uma plataforma central de pedra. Muitas estavam prostradas ou sentadas em esteiras de folhas, com as expressões pesadas de exaustão.

Sarai me levou até a plataforma, e a multidão se abriu. No centro, estava uma Anciã Gigante, quase oito metros de altura, com longos cabelos prateados.

“Grande Mãe Ayra,” disse Sarai. “Trouxemos o eleito.”

Ayra estudou-me. “Traga-o para perto.”

Eu estava sozinho no centro, anão diante da Anciã, que se ajoelhou até pairar a poucos metros acima de mim.

“Você carrega a marca,” ela sussurrou. “O toque do cometa repousa em seu espírito.”

“O quê? O que você precisa que eu faça?”

Ela estendeu a palma da mão, plana e firme. “Coloque sua mão aqui.”

Meu coração martelava. Lentamente, avancei e coloquei minha mão na palma dela.

Instantaneamente, o calor subiu pelo meu braço. Mas então, o chão tremeu. Uma onda de choque de vento frio explodiu pelo vale, extinguindo metade das esferas luminosas.

Sarai gritou: “Mãe Ayra, a corrupção se espalha!”

A Anciã Gigante estremeceu de dor. “O Coração está enfraquecendo.”

Eu cambaleei para trás. “O que está acontecendo?”

Ayra disse com urgência: “Elias, é hora de você ver do que realmente é capaz.”

O chão tremeu mais forte. Sarai se colocou protetoramente na minha frente. “Mãe, o Coração não pode ser despertado com segurança. Não esta noite.”

“Não temos escolha,” a voz de Ayra ressoou. “Se o Coração morrer, nossa tribo morre.”


Um profundo som de rachadura rasgou o vale, dividindo a plataforma de pedra sob meus pés. Uma luz dourada e ofuscante irrompeu da fratura, girando ao meu redor como um ciclone.

Meu nome foi sussurrado em uma voz elemental: “Elias, desperte.

Uma onda de energia bruta invadiu meu peito. Eu caí de joelhos. O calor radiante queimou sob minha pele. A luz irrompeu de mim em uma explosão maciça de ouro.

A escuridão engoliu tudo.

Quando a consciência retornou, era como emergir violentamente de águas profundas. Eu estava deitado em uma pedra lisa e fresca que pulsava.

“Elias,” a voz de Sarai tremeu. “Abra os olhos.”

Seu rosto enorme pairava sobre mim, emoldurado pelo brilho dourado que ainda irradiava do meu corpo.

“Você está aqui,” ela sussurrou, alívio inundando sua voz.

O mundo ao meu redor se tornou nítido. Não estávamos mais na plataforma rachada. Estávamos em uma caverna colossal, esculpida por mãos antigas. Sons de energia ressoavam como um batimento cardíaco distante.

A gigante de cabelo da meia-noite disse: “Você liberou o Fulgor do Coração, uma explosão de energia espiritual pura. Não esperávamos isso.”

Sarai assentiu. “A Pedra do Coração nos chamou. A luz se conectou com o toque do cometa dentro de você. A energia nos trouxe para cá.”

O Coração era um cristal titânico, meio enterrado na terra, pulsando fracamente. A Anciã Ayra se aproximou. “Você sobreviveu ao Fulgor. O cometa o escolheu muito antes de você nascer.”

Finas rachaduras de energia escura tremeluziram nas pétalas da Pedra do Coração antes de desaparecerem. “A doença chegou até aqui.”

Ayra fechou os olhos. “A corrupção se espalha mais rápido agora. A vida da Pedra do Coração está escorrendo. Sem ela, nosso mundo entrará em colapso.”


“O que vocês precisam que eu faça agora?”

Sarai me levantou até seu ombro. Ayra explicou: “A Pedra do Coração é viva. Mas algo busca drenar sua luz. Chamamos de O Vazio.”

“E só você pode despertar totalmente a Pedra do Coração. Só você pode restaurar seu poder.”

Nesse momento, uma rachadura violenta dividiu o ar. O brilho da Pedra do Coração oscilou violentamente, depois diminuiu. Sem aviso, a superfície do cristal se abriu.

Um jato de fumaça preta irrompeu, formando uma serpente de sombra que se expandiu, torceu e se transformou em algo vagamente parecido com um rosto: vazio, sem olhos, vivo de malícia.

A Anciã ofegou. “Ele despertou.”

O rosto de sombra se virou para mim. Um sussurro frio deslizou pela minha mente: “Eleito. Eu estava esperando.

A escuridão avançou. Sarai cambaleou sob o impacto do ataque, mas me segurou protetoramente. As outras gigantes formaram um círculo defensivo. A de cabelo cor de cobre lançou uma onda de energia esmeralda; a de cabelo da meia-noite ergueu uma barreira de aura dourada, mas a escuridão se alimentava da luz delas.

“Elias, a Pedra do Coração reage a você,” disse Sarai. “Apenas seu espírito pode empurrar o Vazio para trás.”

Corri para a Pedra do Coração. Assim que minhas pontas dos dedos tocaram sua superfície, um fulgor de fogo dourado atravessou meu braço.

O Vazio notou, virou-se lentamente e gritou: “Você será o primeiro a cair.

A sombra atacou. Sarai se colocou entre nós, seu corpo enorme absorvendo o impacto. Ela gritou de dor. A escuridão se agarrou a ela como piche, alimentando-se de sua força.

Algo dentro de mim se quebrou. A raiva, o luto e uma determinação cega e feroz tomaram o lugar do medo.

Corri os últimos metros até a Pedra do Coração.

A voz de Ayra ressoou como um trovão: “Elias, deixe entrar! Deixe a Pedra do Coração e o cometa se tornarem um!

O cristal pulsou. Meu peito queimou.

Tudo explodiu em ouro. A luz, pura e viva, irrompeu do meu corpo em uma onda maciça. O Vazio recuou com um som de metal se rasgando.

A voz da Anciã ecoou: “Desperte, eleito.

A energia dourada irrompeu para fora em uma explosão colossal final. O Vazio gritou, desintegrando-se em farrapos de fumaça que foram sugados para o nada.


Quando abri os olhos, o mundo estava quieto, envolvido em uma suave névoa dourada. Sarai pairava sobre mim, alívio inundando seu rosto.

“O que aconteceu? O Coração? O Vazio? Eu…?”

“Você nos salvou,” disse Ayra. A Pedra do Coração não mais pulsava com luz moribunda. Brilhava, inteira, viva, banhando a caverna em um suave clarão.

“Funcionou,” eu disse.

Sarai se ajoelhou. “Seu espírito se fundiu com a Pedra do Coração no momento final. O Fulgor que você liberou despedaçou completamente O Vazio.”

Ayra assentiu. “A escuridão se foi. Nosso lar vive. E nós também.”

A caverna tremeu suavemente, e uma luz emanou da Pedra do Coração, banhando as gigantes. Seus corpos cintilaram, sua postura se endireitou. A tribo estava sendo restaurada diante dos meus olhos.

“A Pedra do Coração agora o chama de parente,” disse uma gigante. “Você está tecido em sua luz.”

“Você é parte de nossa tribo, pequeno,” acrescentou outra. “Parte de nossa história.”

Sarai se inclinou. “Elias, você não apenas nos salvou. Você nos mudou.”

Ayra fez um gesto. “Há um ritual final. Uma bênção que nossa tribo não pronuncia há séculos.”

Sarai me levantou, segurando-me contra o peito. A tribo formou um vasto círculo. O canto era melódico, poderoso, antigo.

Um feixe de radiação suave se estendeu da Pedra do Coração em direção a mim. O calor percorreu meu braço, assentando-se em meu peito como uma brasa suave.

“O Coração escolheu você,” Ayra disse. “De hoje em diante, Elias da Chama do Cometa, a luz de Avar Kalan flui em você. Onde quer que você ande, nossa tribo caminha com você.”

Eu me inclinei, emocionado pela honra.

Quando Sarai me levantou novamente, sua voz estava quase num sussurro: “Você sempre terá um lar conosco.”

“E vocês sempre terão a mim,” murmurei.

O brilho dourado da caverna encheu o ambiente. Essa não era o fim da minha história. Era o começo.

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