O mundo conhece-o como Mickey Madden, o baixista que, durante duas décadas, forneceu a base rítmica para os Maroon 5, uma das bandas pop-rock de maior sucesso do planeta. A sua imagem era a de um músico discreto, parte de uma engrenagem que produziu êxitos globais e encheu estádios. No entanto, uma série de alegações chocantes, apresentadas pela sua ex-mulher, Angelique Saldivar Madden, ameaça destruir permanentemente essa perceção pública, revelando um padrão de comportamento alegadamente violento e predatório que se desenrolava longe dos holofotes.
Num processo de divórcio que se tornou público, Angelique pintou um retrato aterrador do homem com quem casou. As acusações são graves e multifacetadas, indo muito além de um simples desentendimento conjugal. Ela alega ter sido vítima de uma violenta agressão física em fevereiro de 2024, um incidente que, segundo ela, resultou numa fratura do nariz. Este episódio de violência doméstica é descrito como o ponto de viragem que a levou a procurar a separação e a proteção da lei.
Mas as revelações não se ficam por aqui. Talvez a acusação mais perturbadora seja a de que Mickey Madden se envolvia em “sexting” — troca de mensagens de cariz sexual — com múltiplas adolescentes. Angelique afirma ter descoberto provas irrefutáveis desta conduta nos dispositivos eletrónicos do músico, uma descoberta que a deixou horrorizada e que adiciona uma dimensão profundamente sinistra ao caso. A alegação sugere um abuso de poder e fama, explorando a vulnerabilidade de jovens fãs, um comportamento que, se provado, lança uma nódoa indelével na sua reputação.
Para quem tem acompanhado a carreira de Madden, estas notícias, embora chocantes, podem não ser uma surpresa total. Este não é o primeiro encontro do músico com a lei por questões de violência. Em junho de 2020, Madden foi detido em Los Angeles sob a acusação de violência doméstica, um crime grave na Califórnia. O incidente, que na altura não envolveu Angelique, foi suficiente para abalar a sua posição na banda. Pouco tempo depois da sua detenção, Madden anunciou que iria tirar uma “licença de ausência por tempo indeterminado” dos Maroon 5.
Na sua declaração de 2020, ele disse: “Tenho algumas coisas com que preciso de lidar e resolver neste momento e, por isso, decidi tirar uma licença de ausência dos Maroon 5. Durante este tempo, não quero ser uma distração para os meus colegas de banda. Desejo-lhes o melhor.” A declaração foi vaga, mas a implicação era clara: os seus problemas pessoais tinham-se tornado demasiado grandes para serem ignorados. Embora as acusações de 2020 tenham sido eventualmente retiradas, o dano na sua imagem e carreira já estava feito. Ele nunca mais regressou à banda, sendo discretamente substituído por Sam Farrar, que já era um membro de digressão.
As novas alegações de Angelique Madden contextualizam e agravam o incidente de 2020, sugerindo que não se tratou de um caso isolado, mas sim de um padrão de comportamento. No seu pedido de uma ordem de restrição, ela detalha um historial de abuso, não só físico mas também emocional, alimentado por um alegado abuso de substâncias. Este historial remonta ainda mais atrás, a 2016, quando Madden foi detido por posse de cocaína, um caso que resultou num acordo judicial e serviço comunitário.
A narrativa que emerge dos documentos legais é a de uma vida dupla. Por um lado, o músico de sucesso, membro de uma banda conhecida pelas suas canções de amor e relacionamentos. Por outro, um homem alegadamente atormentado por demónios, propenso a violência e a comportamentos predatórios. A justaposição é gritante e levanta questões difíceis sobre a cultura de celebridade e a facilidade com que os comportamentos problemáticos podem ser escondidos por detrás de uma fachada de sucesso e fama.
Os Maroon 5, liderados por Adam Levine, mantiveram-se em silêncio sobre estas novas e graves acusações, distanciando-se do seu antigo colega. A banda continuou a sua carreira de sucesso sem Madden, e parece improvável que alguma vez comentem o assunto diretamente, preferindo deixar que o sistema judicial siga o seu curso. Para os fãs, a notícia é um golpe. É difícil conciliar a música que amam com as ações perturbadoras alegadamente cometidas por um dos seus criadores.
O caso de Mickey Madden serve como um forte lembrete de que a imagem pública de uma celebridade raramente conta a história toda. Por trás do glamour, das digressões mundiais e dos discos de platina, podem esconder-se verdades sombrias e dolorosas. As alegações de Angelique Saldivar Madden são mais do que apenas os detalhes sensacionalistas de um divórcio de Hollywood; são o testemunho corajoso de uma mulher que decidiu quebrar o silêncio. Agora, cabe ao sistema legal determinar a veracidade das suas afirmações e a Mickey Madden enfrentar as consequências das suas ações, longe dos palcos que um dia o tornaram famoso. O seu legado, outrora definido pelos acordes de baixo de canções como “This Love” e “Moves Like Jagger”, será para sempre assombrado por estas acusações devastadoras.