Na história viking, existe um castigo desconhecido, raramente evocado, mas bem atestado nos textos nórdicos: o Skepum, uma humilhação sexual simbólica imposta aos cativos e, em particular, às mulheres guerreiras que caíam nas mãos de seus inimigos. Contrariamente aos fantasmas modernos, este ritual não se baseava em um estupro ou uma agressão física explícita, mas sim em uma encenação pública da nudez e da vergonha, destinada a quebrar a honra, destruir o estatuto social e apagar simbolicamente a identidade guerreira da cativa.

Nas sociedades nórdicas, a honra não era uma abstração, era a base mesma da pessoa. Perdê-la era perder seu lugar no mundo. O Skepum era, portanto, uma arma social aterrorizante. As fontes medievais são claras. Na Grétis Saga (capítulos 18-19), está escrito que os cativos podiam ser expostos nus, amarrados para que não pudessem esconder sua vergonha. A Orkneyinga Saga relata a mesma prática, descrevendo a maneira pela qual inimigos vencidos eram despidos diante de todos para mostrar sua decadência. Essas descrições são analisadas de maneira detalhada nos trabalhos de Preben Møllengracht Sørensen, especialista do Nid, o insulto ritual nórdico (North Nid and Cultural Meaning, 1983) e de Jesse Byock (Viking Age Iceland, 2001). Ambos confirmam que a nudez forçada constituía uma forte humilhação sexual na cultura viking, pois retirava da pessoa sua posição social ao mesmo tempo que a rejeitava para fora da comunidade.
Por que este ritual atingia com tanta violência as mulheres que portavam armas? Porque essas mulheres representavam, aos olhos dos escandinavos da época, uma inversão perigosa dos papéis. Elas desafiavam a fronteira entre feminino e masculino. Encontramos essas figuras em numerosas sagas: Hervor na Hervarar Saga, Brynhild na Völsunga Saga, Freydís Eiríksdóttir nas Sagas do Vinland. Essas heroínas, quer sejam históricas ou lendárias, encarnam uma perturbação da ordem estabelecida. Quando uma mulher guerreira era capturada, os homens procuravam corrigir essa transgressão, provar que sua identidade guerreira não passava de uma ilusão indigna. O Skepum era a ferramenta perfeita para isso.
O ritual se desenrolava em três etapas essenciais, descritas indiretamente nas sagas, mas explicitamente analisadas por Else Roesdahl (The Vikings, 1991) e Jenny Jochens (Women in Old Norse Society, 1995).
Primeira etapa, o atamento público: A cativa era amarrada a um poste, com os braços erguidos, incapaz de se cobrir. O poste era instalado no centro do acampamento ou da aldeia, diante dos guerreiros e, às vezes, diante das mulheres do clã. Isso transformava a punição em um espetáculo comunitário.
Segunda etapa, a nudez parcial ou total: As roupas eram rasgadas ou cortadas, frequentemente até a cintura, às vezes totalmente. A nudez não era destinada a provocar, mas a humilhar. Nesta cultura, o corpo nu exposto simbolizava a fraqueza e a perda de todo estatuto. Jochens explica que a nudez imposta significava retirar da pessoa sua identidade social, reduzindo-a a um corpo vulnerável, uma espécie de morte simbólica.
Terceira etapa, o Nid, o insulto sexual ritualizado: O Nid não era um simples insulto, era uma condenação pública. As palavras proferidas tinham um papel mágico e jurídico. Elas acusavam a cativa de ser fora do padrão, contra a natureza, nem mulher nem guerreira. Na Egils Saga, lemos que o Nid podia tornar uma pessoa desonrada para toda a sua vida. Aplicado a uma mulher guerreira, significava que sua identidade combatente estava quebrada, ridicularizada, anulada.
Em certas sagas, cativas submetidas a este ritual desaparecem em seguida totalmente do relato. Jenny Jochens sugere que elas podiam ser banidas, vendidas como escravas ou escolher o suicídio, sendo a vergonha socialmente pior que a morte. A sociedade escandinava valorizava a reputação acima de tudo. Uma humilhação sexual pública equivalia a um apagamento social. Neil Price, em sua obra magistral The Viking Way (2002), recorda que os Vikings utilizavam a vergonha como uma arma, assim como a violência física. Para eles, destruir a honra de uma mulher guerreira equivalia a vencer seu clã, a restaurar a ordem cósmica quebrada por uma mulher que havia ousado pegar em armas. Price insiste: nenhuma fonte medieval crível descreve um estupro ritual coletivo como castigo viking. O Skepum se inscrevia na lógica da humilhação sexualmente simbólica, nunca no ato sexual físico.
Assim, o Skepum era uma encenação complexa, um ritual codificado visando a transformar uma guerreira em um nidingr, uma pessoa sem honra e, portanto, socialmente morta. Esta punição aterrorizava mais do que a própria morte, pois destruía o que os Vikings consideravam o coração do humano: seu nome, sua posição, sua reputação. O ritual proibido, do qual poucos historiadores ousam falar, não era um desvio sexual, mas um ato político e social usado para quebrar mulheres que haviam desafiado as normas mais sagradas de sua cultura.
Após ter compreendido os fundamentos culturais do Skepum, é preciso agora entrar nos casos concretos relatados nos textos medievais e pelos historiadores modernos. Mesmo que as sagas misturem realidades históricas e elementos literários, elas constituem fontes antropológicas essenciais para compreender as mentalidades nórdicas. E quando as colocamos em paralelo com as leis escandinavas, os anais germânicos e os trabalhos arqueológicos modernos, um quadro coerente emerge. A exposição sexual simbólica das cativas era um rito codificado, utilizado tanto na guerra, na vingança privada quanto em certas formas de justiça clânica.
Um dos exemplos mais explícitos aparece na Grétis Saga, quando inimigos capturados são postos nus diante de todos, amarrados como animais para mostrar sua vergonha (Grétis Saga, cap. 19). O texto não indica diretamente que as vítimas são mulheres, mas os medievalistas, notadamente Jenny Jochens e Neil Price, lembram que este tipo de punição visava a todo indivíduo que violasse as normas sociais, o que incluía plenamente as mulheres guerreiras.
Na Orkneyinga Saga, a exposição de cativos nus é descrita como uma estratégia para aniquilar sua reputação. Esta prática não tinha nada de excepcional. Estava profundamente enraizada na compreensão escandinava da honra e da vergonha.
Os casos concernentes explicitamente a mulheres combatentes se encontram em vários relatos semi-históricos. Na Hervarar Saga, quando mulheres pegam em armas, seus inimigos evocam a necessidade de tornar visível seu erro, o que, segundo a análise de Preben Møllengracht Sørensen, remete diretamente aos ritos de vergonha pública, incluindo a nudez forçada. O texto não descreve a cena em detalhe, mas no corpus escandinavo, a nudez imposta é a punição habitual para aqueles que transgridem as fronteiras sociais. Da mesma forma, nos relatos concernentes a Freydís Eiríksdóttir (Sagas do Vinland), observamos uma tensão permanente entre seu papel guerreiro e a reação social que ele provoca, o que demonstra que as mulheres armadas eram percebidas como anomalias culturais que deveriam ser corrigidas ou humilhadas se falhassem.
Onde os textos se tornam mais explícitos é nas leis nórdicas. A Grágás (lei islandesa) e a Frostating Law (lei norueguesa) mencionam práticas de exposição pública e de nudez forçada para aqueles que cometiam um Nid, ou seja, um ato considerado vergonhoso ou contrário à ordem natural. Essas leis especificam que a pessoa humilhada perde a honra, o nome e a proteção do clã. Ora, uma mulher guerreira capturada após ter pegado em armas era, no espírito viking, alguém que havia cometido um Nid por definição. Ela havia invertido a fronteira dos gêneros. A exposição sexual simbólica servia, portanto, para anular essa transgressão.
Os anais germânicos fornecem igualmente testemunhos preciosos. Nos Anais de Fulda (século IX), é relatado que mulheres capturadas durante revoltas saxãs são expostas diante da comunidade, às vezes despidas parcialmente. Embora os Vikings não sejam diretamente mencionados nesta passagem, a prática corresponde exatamente aos usos escandinavos descritos nas sagas e na análise de Jenny Jochens (Old Norse Image of Women, 1986). A continuidade entre as culturas germânicas é evidente. A nudez imposta não era um ato de violência sexual bruta, mas uma arma psicológica utilizada para quebrar a identidade e o estatuto.

A dimensão ritual do Skepum é mais bem compreendida graças aos trabalhos do arqueólogo Neil Price (The Viking Way, 2002). Price mostra que a guerra viking repousava não apenas sobre a força bruta, mas também sobre rituais mágico-simbólicos destinados a manipular a reputação do inimigo. Amarrar uma mulher guerreira a um poste, despi-la parcialmente, depois expô-la à comunidade ao mesmo tempo que a cobria de Nid, equivalia a apagar sua identidade guerreira e a recolocá-la à força em um papel de fraqueza e dependência. Este gesto tinha um forte alcance performativo. Ao humilhar a cativa diante de todos, os guerreiros reafirmavam seu poder ao mesmo tempo que restauravam o equilíbrio social que a mulher armada havia perturbado.
Em várias sagas, as guerreiras capturadas sofrem humilhações indiretas, evocando o Skepum. Na Laxdæla Saga, uma mulher que se comporta como um guerreiro é publicamente ridicularizada e reconduzida à sua natureza. Na Jal Saga, as mulheres que saem do papel imposto pela sociedade são ameaçadas de humilhação pública. Mesmo que esses textos não descrevam explicitamente uma nudez forçada, as análises comparadas de Sørensen e de Jochens mostram que as ameaças de humilhação pública incluem na cultura nórdica a possibilidade de um Skepum.
Existe igualmente referências indiretas a esta punição em artefatos arqueológicos. Certas estelas rúnicas mencionam acusações de Nid associadas à ideia de reduzir alguém à vergonha diante da comunidade. Nestes contextos, o corpo exposto se torna uma ferramenta de comunicação social, uma linguagem do poder. A humilhação sexual simbólica é, portanto, uma construção cultural, não um ato de violência instintiva. O objetivo do Skepum nunca foi ferir fisicamente, mas destruir socialmente. Uma mulher guerreira humilhada desta maneira se tornava inaptável para o casamento, inintegrável e despojada de toda proteção legal. Para os Vikings, tal pessoa não era mais um ser moral. Ela era um nidingr, um ser sem honra. Essa transformação simbólica era mais aterrorizante que a morte, pois cortava o indivíduo de toda possibilidade de integração futura. Neil Price o sublinha: nas sociedades escandinavas, a honra não era negociável. Perdê-la equivalia a perder a humanidade. Assim, a punição sexual simbólica das guerreiras capturadas não era um deslize isolado, mas uma prática enraizada no sistema mental escandinavo. Um rito brutal, mas coerente, uma maneira de restaurar uma ordem que a simples existência de uma mulher armada ameaçava.
Para compreender plenamente o alcance do Skepum nas sociedades escandinavas, é preciso analisar o que acontecia após a humilhação. Pois este ritual não era um simples ato pontual. Ele tinha consequências sociais, jurídicas e psicológicas profundas. No universo viking, onde a honra constituía a base da pessoa, a humilhação sexual simbólica equivalia a uma morte social, e as mulheres guerreiras expostas desta maneira carregavam a marca para o resto de sua existência. Os resultados são visíveis em várias sagas. Na Laxdæla Saga, quando as mulheres saem do papel imposto pela sociedade, a ameaça de humilhação pública basta para reduzi-las ao silêncio. Na Jal Saga, a ideia de reduzir alguém à vergonha diante de todos é apresentada como uma punição pior que o banimento. Jenny Jochens, especialista em mulheres na sociedade nórdica (Women in Old Norse Society, 1995), explica que essas ameaças não são metafóricas. Elas remetem diretamente às práticas de exposição pública e de nudez forçada classificadas nos registros do Nid. Para as mulheres guerreiras capturadas, esta marca de infâmia era quase impossível de apagar. Elas perdiam imediatamente seu estatuto legal. As leis islandesas (Grágás) e as leis norueguesas (Frostating) são claras: uma pessoa reconhecida culpada de Nid ou submetida a um rito que o simboliza perde o apoio de seu clã e se torna um indivíduo sem proteção, equivalente a um proscrito. O historiador William Ian Miller, em Bloodtaking and Peacemaking (1990), recorda que, em uma sociedade onde a vingança privada estruturava a justiça, estar sem clã equivalia a ser vulnerável a todos. O Skepum transformava, portanto, a cativa em um alvo permanente, sem defesa social. Vemos também as consequências psicológicas nos textos. Na Hervarar Saga, quando uma mulher guerreira é humilhada publicamente, mesmo parcialmente, ela em seguida abandona a comunidade e desaparece do relato. Jochens sublinha que este desaparecimento literário corresponde provavelmente a um banimento, um suicídio ou uma escravização. Ela nota que, nas mentalidades nórdicas, a vergonha pública não podia ser nem perdoada nem esquecida. Este caráter indelével explica por que o Skepum era temido. Ele quebrava toda possibilidade de reabilitação. Para os Vikings, a humilhação sexual simbólica não era uma manifestação de crueldade gratuita. Ela repousava sobre fundamentos culturais precisos. O antropólogo Preben Møllengracht Sørensen recorda que o Nid, insulto ritual associado ao Skepum, tinha um valor quase mágico. O Nid transformava simbolicamente a identidade da pessoa humilhada. Dizer a uma guerreira que ela não era uma mulher, nem um homem, nem humana, não era um insulto banal. Era uma aniquilação ritual. Esta palavra performativa, associada à nudez forçada, destruía o lugar social da cativa. Em seu estudo North Nid and Cultural Meaning (1983), Sørensen conclui que a vergonha pública era uma sanção mais grave que os golpes, mais grave que a mutilação física e, às vezes, pior que a morte. As guerreiras capturadas não eram as únicas vítimas do Skepum, mas elas eram aquelas para quem a punição tomava a forma mais marcante. Nos Anais de Fulda, mulheres rebeldes são expostas nuas para prevenir o contágio da desordem. Em certos relatos germânicos, mulheres que tentam governar ou participar da guerra sofrem publicamente a degradação sexual simbólica. Raspam-lhes a cabeça, despem-nas, mostram-nas ao povo. Os paralelos culturais entre escandinavos e germanos mostram que esta prática não era nem acidental nem marginal, mas profundamente enraizada nas tradições do norte da Europa. O arqueólogo Neil Price traz um esclarecimento essencial. Em The Viking Way (2002), ele mostra que a guerra viking não era apenas uma questão de músculos e armas, mas um sistema simbólico complexo que misturava magia, ritual e manipulação social. O Skepum se insere perfeitamente nesta lógica. Humilhar uma guerreira capturada permitia restaurar a ordem cósmica, pois uma mulher armada era percebida como uma anomalia, uma transgressão da divisão sagrada entre masculino e feminino. Price insiste no fato de que a nudez forçada tinha uma função estritamente simbólica: recordar que a cativa não era mais uma guerreira, mas um ser reduzido à vulnerabilidade. É preciso também compreender que o Skepum tinha uma dimensão política. Nas sociedades de clãs, humilhar publicamente uma mulher guerreira enviava uma mensagem a toda sua comunidade: nós quebramos sua protetora, logo quebramos seu poder. Esta lógica aparece nas Sagas das Órcades, onde chefes expõem seus inimigos para firmar sua autoridade. O corpo desnudo se tornava uma ferramenta de comunicação política destinada a reforçar a imagem do vencedor. Em certos casos, a humilhação podia ir ainda mais longe. Os textos lendários, como aqueles relatados por Saxo Grammaticus em Gesta Danorum, descrevem cenas onde as mulheres guerreiras capturadas são despidas, acorrentadas e mostradas publicamente para serem recolocadas em seu lugar. Mesmo que Saxo misture mitos e histórias, os medievalistas sabem que essas descrições repousam sobre um núcleo de prática real adaptado em um contexto literário cristão. Além do ritual em si, a verdadeira violência do Skepum reside em seu impacto social. Uma mulher guerreira, humilhada desta maneira, não podia mais pretender a um casamento honroso, não podia mais herdar, não podia mais exercer autoridade. Ela era reduzida a uma existência marginal, frequentemente destinada à escravidão. No Laws of the Northmen, compilado por Guðmundur Magnússon, é especificado que uma mulher reconhecida culpada de Nid podia ser vendida sem compensação, um estatuto próximo da morte civil. Em definitivo, o Skepum não era uma simples punição. Era um ritual de apagamento, um meio de quebrar uma identidade, uma ferramenta política e social que combinava simbolismo sexual, humilhação pública e destruição da honra. Os Vikings sabiam que a vergonha matava mais seguramente que a espada. E para as mulheres que haviam ousado desafiar seu código tornando-se guerreiras, o Skepum era a sentença derradeira. Uma condenação a viver sem nome, sem clã, sem lugar. Uma morte que ainda caminhava.