Na manhã de 23 de março de 1986, 14 pescadores deixaram o pequeno vilarejo de Vila Sossego, às margens do rio Xingu, no interior do Pará. Iam em duas canoas grandes, rumo a uma área de pesca conhecida como Poço do Jacaré, onde os peixes eram abundantes e o trabalho rendia bem. Nenhum deles voltou.

O que aconteceu naquele dia permaneceu um mistério por anos, até que uma descoberta perturbadora trouxe à tona uma verdade que abalou toda a região. Se você faz parte do pequeno grupo de pessoas que gosta de ir até o fim em histórias antigas e esquecidas, este canal é o seu lugar. Ajude o canal a crescer se inscrevendo e curtindo o vídeo. Muito obrigado.
O ano de 1986 marcava um período de intensa atividade pesqueira na Amazônia paraense. Vila Sossego era um desses lugares que existem aos montes pelo interior do Brasil. Casas simples de madeira, ruas de terra batida, uma igreja pequena e um comércio que vendia de tudo um pouco. A vida girava em torno do rio. O Xingu era tudo para aquelas pessoas: transporte, alimento, trabalho e lazer. As famílias conheciam cada curva do rio, cada banco de areia, cada área onde os peixes se concentravam conforme a época do ano. A pesca não era apenas uma profissão, era um modo de vida transmitido de pai para filho. Naquele março de 1986, a temporada estava boa. Os tambaques estavam subindo o rio e os pescadores sabiam que os próximos meses seriam de fartura.
Os 14 homens que partiram naquela manhã eram todos conhecidos na vila. Mané da Rede tinha 42 anos e era considerado o melhor pescador da região. Conhecia o rio como ninguém e já havia salvado mais de um companheiro de afogamento ao longo dos anos. Seu filho, Toinho, de apenas 17 anos, ia pela primeira vez para uma pescaria longa, aquela que duraria pelo menos 5 dias.
O menino estava ansioso para provar que podia ser útil. Zé Preto, um homem calmo de 50 anos, era o mais velho do grupo e costumava contar histórias que mantinham todos acordados ao redor da fogueira nas noites na mata. Havia também os irmãos Almeida, Raimundo, Sebastião e João, três homens fortes que trabalhavam sempre juntos e dividiam tudo que pescavam.
Chico Curió era conhecido pelo apelido por causa de seu canto alegre enquanto trabalhava. Nego Velho, apesar do apelido, tinha apenas 35 anos. Mas os cabelos já embranqueciam. Completavam o grupo Dico Malhadinho, Bento da Curva, Zeca Tambaque, Seu Moacir, Gilmar e o jovem Pedrinho, de 19 anos, que sonhava juntar dinheiro para se casar.
Nas semanas anteriores ao desaparecimento, alguns detalhes estranhos começaram a aparecer, mas ninguém deu muita importância na época. Pescadores de outras vilas haviam comentado sobre canoas desconhecidas navegando rio acima durante a noite, sem luzes, o que era incomum e perigoso. Alguns falavam de homens armados vistos nas margens, em áreas onde normalmente não havia movimento.
Mané da Rede tinha comentado com a esposa, Dona Sebastiana, que achava estranho o movimento de barcos a motor na região do Poço do Jacaré, onde eles pretendiam pescar. Normalmente aquela área era frequentada apenas por pescadores artesanais em canoas. Mas Mané não era homem de desistir de uma pescaria por causa de rumores. Ele havia pescado ali dezenas de vezes e conhecia cada pedra daquele trecho do rio.
Na véspera da partida, os homens se reuniram na casa de Zé Preto para acertar os últimos detalhes. Levariam redes, tarrafas, anzóis, linha e mantimentos para cinco dias. O plano era montar acampamento numa praia próxima ao Poço do Jacaré e pescar durante o dia e parte da noite, quando os peixes também ficavam ativos.
Se tudo corresse bem, voltariam com as canoas cheias de tambaque, tucunaré e pirarara. O dinheiro seria dividido igualmente entre todos, como sempre faziam. As esposas prepararam farinha, feijão, café, açúcar e algumas latas de sardinha. Também empacotaram fumo de rolo e querosene para os lampiões. As crianças ajudaram a carregar as redes até as canoas.
Havia uma alegria no ar, aquela expectativa de uma boa pescaria que traria dinheiro para as famílias. Na manhã de 23 de março, um domingo, os 14 homens subiram nas duas canoas. A maior levava nove homens e era comandada por Mané da Rede. A menor, com cinco pescadores, tinha Zé Preto na proa.
O sol nascia alaranjado sobre o rio quando eles partiram. Dona Sebastiana acenou da margem junto com outras esposas e mães. Toinho, o filho de Mané, gritou que voltaria com o maior tucunaré que o rio já havia visto. As crianças correram pela margem, acompanhando as canoas até onde conseguiam. Depois, as embarcações dobraram a curva do rio e desapareceram de vista.
Aquela foi a última vez que alguém de Vila Sossego viu os 14 pescadores vivos. Mas o que eles não sabiam era que naquele exato momento, há várias horas rio acima, outros homens também faziam preparativos. Homens que não pescavam, homens que tinham outros interesses naquela região remota do Xingu. O Poço do Jacaré, que sempre fora apenas um lugar de pesca abundante, havia se tornado outra coisa nas últimas semanas.
Algo que não deveria ser visto, algo que não deveria ser descoberto. E 14 pescadores estavam remando diretamente para lá, sem fazer ideia do que os esperava. Os cinco dias planejados se passaram, depois seis, depois sete. No oitavo dia, quando as canoas não apareceram na curva do rio, Dona Sebastiana sentiu o coração apertar. Mané nunca atrasava.
Se dissesse que voltaria em cinco dias, voltava em cinco dias, no máximo seis, se o tempo virasse. Ela conversou com as outras esposas e todas concordaram que algo estava errado. No nono dia, um grupo de seis homens da vila decidiu subir o rio para procurar os companheiros. Levaram mantimentos e combustível para um motor de que tinham conseguido emprestado.
A viagem até o Poço do Jacaré levaria um dia inteiro de subida. Deixe seu like agora se você está acompanhando cada detalhe. Quando o grupo de busca chegou ao Poço do Jacaré na tarde do dia seguinte, o que encontraram foi perturbador. Havia sinais claros de acampamento na praia, cinzas de fogueira, alguns restos de comida, marcas de canoas na areia, mas nenhum pescador, nenhuma canoa, nenhum equipamento de pesca.
Era como se tivessem simplesmente evaporado. O líder do grupo de busca, um homem chamado Raimundo Baré, achou aquilo muito estranho. Se tivessem tido um acidente no rio, haveria destroços, equipamentos boiando, alguma coisa, mas não havia nada. Eles procuraram rio acima e rio abaixo por vários quilômetros. Nada. Voltaram para a praia do acampamento e examinaram tudo com mais cuidado.
Foi então que Raimundo Baré notou algo que fez seu sangue gelar. No chão arenoso, parcialmente coberta por folhas, havia uma marca que ele reconheceu imediatamente: rastro de bota militar. Pescadores da região usavam sandálias de borracha ou andavam descalços. Ninguém usava botas. Ele chamou os outros e todos examinaram a marca.
Depois encontraram mais rastros, vários de botas pesadas. Também havia marcas de algo sendo arrastado na areia. Raimundo sentiu que estavam diante de algo muito maior e mais perigoso do que um simples acidente de pesca. Decidiu que precisavam voltar e avisar as autoridades o mais rápido possível. Mas voltar para a Vila Sossego significava enfrentar as famílias sem respostas.
Dona Sebastiana desabou quando soube que tinham encontrado o acampamento vazio. Toinho tinha apenas 17 anos, era seu caçula. As outras mulheres choraram abraçadas. Os homens da vila ficaram revoltados e confusos. O que poderia ter acontecido com 14 pescadores experientes? A notícia se espalhou rapidamente pela região.

Outras vilas enviaram homens para ajudar nas buscas. Durante três semanas, grupos percorreram quilômetros e quilômetros do rio Xingu, examinando margens, ilhas, praias e igarapés. Nada foi encontrado, nem corpos, nem equipamentos, nem as canoas. Era como se 14 homens tivessem sido apagados da existência. A polícia de Altamira, a cidade mais próxima, demorou quase duas semanas para enviar alguém.
Quando finalmente chegou um delegado com dois investigadores, já havia pouca coisa para examinar. A chuva tinha apagado rastros, o vento tinha espalhado as cinzas. A praia onde ficava o acampamento estava novamente lisa e vazia. O delegado ouviu os relatos de Raimundo Baré sobre as marcas de botas, mas disse que isso não provava nada.
Poderia ter sido qualquer pessoa passando por ali. Poderia ter sido depois do desaparecimento. As teorias oficiais começaram a surgir. Os pescadores poderiam ter se afogado numa tempestade repentina. Poderiam ter sido atacados por jacarés. Embora isso fosse extremamente raro. Poderiam ter se perdido em algum igarapé e estar vagando pela mata.
O delegado disse que continuaria investigando, mas todos sabiam que aquilo significava que o caso seria arquivado. As famílias não aceitaram. Dona Sebastiana vendeu duas galinhas e um porco para juntar dinheiro e foi até Belém tentar falar com autoridades maiores. Ela passou três dias dormindo na Praça da República porque não tinha dinheiro para hotel.
Conseguiu ser recebida por um promotor que ouviu sua história com atenção, mas disse que sem provas não havia o que fazer. Ele aconselhou que ela procurasse a imprensa, que às vezes a pressão pública ajudava a movimentar as investigações. Dona Sebastiana foi a dois jornais e uma rádio. A rádio fez uma pequena matéria que foi ao ar num programa matinal.
Um jornal publicou uma nota de três parágrafos na página 8. E só o desaparecimento de 14 pescadores no interior do Pará não era exatamente uma grande notícia na capital. Ninguém poderia imaginar o que aconteceria nas próximas semanas. De volta à Vila Sossego, Dona Sebastiana estava devastada, mas não derrotada. Ela conversou com as outras esposas e decidiram que fariam suas próprias buscas.
Contrataram um barqueiro que conhecia muito bem aquela região do Xingu e pediram para ele levá-las rio acima, além do Poço do Jacaré, para áreas que os grupos de busca não tinham alcançado. O barqueiro, Seu Dico, aceitou fazer a viagem sem cobrar por respeito às famílias. Ele também estava intrigado com o desaparecimento e queria entender o que havia acontecido.
Foi durante essa viagem, aproximadamente dois meses após o desaparecimento, que a primeira pista real apareceu. Seu Dico estava navegando devagar por um braço secundário do rio, uma área de águas mais calmas cercada de floresta densa quando viu algo brilhando preso num galho na margem. Aproximou o barco com cuidado. Era uma tarrafa.
Ele a puxou e examinou. A rede estava rasgada em vários pontos, como se tivesse sido arrancada com força de algo ou alguém. Mas o mais importante, Seu Dico reconheceu aquela tarrafa. Era de Chico Curió. Ele tinha certeza porque Chico usava um tipo específico de corda vermelha para fazer os reparos na rede. E aquelas cordas vermelhas estavam lá.
As mulheres se entreolharam. Estavam na direção certa. Seu Dico continuou navegando devagar, agora examinando cada centímetro das margens. Três horas depois encontraram algo ainda mais perturbador, uma das canoas. Ela estava virada, meio submersa, presa entre pedras numa área de corredeira fraca. A canoa estava vazia, mas havia marcas estranhas no casco.
Marcas que pareciam ter sido feitas por algo ponteagudo. Seu Dico as examinou e ficou quieto por um longo tempo. Depois disse baixinho: “Isso aqui não foi acidente. Isso foi feito de propósito.” As mulheres começaram a chorar. Se a canoa tinha sido intencionalmente danificada, significava que alguém tinha feito mal aos seus maridos, filhos e irmãos.
A verdade era muito mais perturbadora do que qualquer um poderia imaginar. Seu Dico voltou para a Vila Sossego e relatou o que tinham encontrado. Desta vez, a polícia não pôde ignorar. Enviaram uma equipe maior, com mais investigadores e até um perito de Belém. Também vieram jornalistas, pois a história tinha começado a ganhar atenção regional.
O que foi descoberto depois chocou a todos. Durante as investigações intensificadas, a polícia recebeu uma denúncia anônima. A ligação foi feita para a delegacia de Altamira de um orelhão na rodoviária. A voz era de um homem falando baixo e rápido. Ele disse que os pescadores tinham visto algo que não deveriam ter visto.
Disse que havia uma operação de extração ilegal de madeira na região do Poço do Jacaré. Disse que os madeireiros não queriam testemunhas e desligou. Foi então que a verdade começou a surgir. Investigadores descobriram que nas semanas anteriores ao desaparecimento, uma empresa madeireira de outro estado havia montado uma operação clandestina naquela área remota do Xingu.
Eles estavam extraindo mogno e cedro, madeiras nobres, sem qualquer autorização ambiental. A operação era completamente ilegal. Havia pelo menos 20 homens trabalhando lá, alguns armados para garantir que ninguém se aproximasse. Eles tinham balsas escondidas em igarapés, onde acumulavam as toras antes de transportá-las rio abaixo durante a noite.
Era uma operação grande, bem organizada e extremamente lucrativa. Quando os 14 pescadores chegaram ao Poço do Jacaré naquele domingo de março, eles não sabiam de nada disso. Montaram o acampamento e começaram a pescar normalmente. Mas no segundo dia, enquanto exploravam um braço do rio em busca de melhores pontos de pesca, acabaram se aproximando demais da área onde os madeireiros operavam.
Viram as balsas, viram os homens armados, viram centenas de toras de madeira nobre empilhadas. Mané da Rede imediatamente entendeu que tinham tropeçado em algo perigoso. Tentou recuar com a canoa silenciosamente, mas já tinham sido vistos. O que aconteceu nas horas seguintes foi reconstruído através de depoimentos que surgiriam apenas meses depois, quando um dos madeireiros, atormentado pelo remorso, decidiu confessar.
Os pescadores foram cercados por homens armados em lanchas motorizadas. Foram levados até um acampamento dos madeireiros. Ali, o chefe da operação, um homem conhecido apenas como coronel, tomou uma decisão fria e calculada. 14 testemunhas eram 14 bocas que poderiam falar, 14 pessoas que poderiam denunciar a operação inteira.
Ele não podia permitir que voltassem. O que foi feito com os 14 pescadores é difícil de narrar. Eles foram mantidos prisioneiros por dois dias. Foram interrogados sobre o que tinham visto e para quem poderiam ter contado. Mané da Rede tentou argumentar que eram apenas pescadores, que não tinham interesse em denunciar ninguém, que só queriam voltar para suas famílias.
Toinho, o garoto de 17 anos, chorou e implorou para ser solto. Os irmãos Almeida tentaram resistir e foram espancados. No terceiro dia, o coronel deu a ordem final. Os 14 homens foram colocados nas próprias canoas com as mãos amarradas. As canoas foram rebocadas rio acima para uma área de corredeiras perigosas conhecida como Garganta do Diabo.
Ali, longe de qualquer testemunha, as cordas que prendiam as canoas foram cortadas e elas foram empurradas corredeira abaixo. As canoas viraram imediatamente na água violenta. Com as mãos amarradas, nenhum dos pescadores teve chance de nadar. Os corpos foram levados pela correnteza e nunca foram encontrados.
O rio Xingu, naquela época do ano, é caudaloso e profundo. Jacarés, piranhas e a própria decomposição fizeram o resto. As canoas viraram destroços que se espalharam rio abaixo por quilômetros. Os equipamentos de pesca foram jogados na mata ou afundados com pedras amarradas. Os madeireiros voltaram as suas operações como se nada tivesse acontecido, e por semanas pareceu que tinham conseguido.
Os 14 homens simplesmente desapareceram sem deixar rastro, até que o remorso começou a consumir um dos homens que participou da operação. Esse homem, identificado apenas como J nos documentos policiais, procurou um padre numa cidade distante, no Maranhão, quase 4 meses depois dos fatos, fez uma confissão detalhada.
O padre o convenceu a procurar a polícia. J tinha medo de ser morto pelos comparsas se falasse, mas o peso na consciência era insuportável. Ele disse que não conseguia dormir, que via os rostos dos pescadores toda a noite, especialmente o menino Toinho, que implorava pela vida. Com a confissão de J e investigação mais aprofundada, a polícia conseguiu identificar o coronel e outros cinco envolvidos diretos.
Houve mandados de prisão, três foram capturados, dois fugiram para a Bolívia. O coronel resistiu à prisão e morreu em confronto com a polícia em Santarém, no Pará. 7 meses após o desaparecimento dos pescadores, o julgamento dos três capturados aconteceu em 1988, 2 anos depois dos fatos. Foram condenados a penas que variaram de 15 a 25 anos de prisão por homicídio qualificado.
A empresa madeireira, que operava a partir de Mato Grosso, negou qualquer envolvimento e seus donos nunca foram formalmente acusados, embora evidências sugerissem que sabiam da operação ilegal. A madeira extraída ilegalmente, estimada em mais de 500 árvores de mogno e cedro, simplesmente desapareceu no mercado negro e, provavelmente, foi exportada para Europa ou Ásia, onde a madeira amazônica era muito valorizada.
Para as famílias de Vila Sossego, a confirmação do que aconteceu trouxe um misto de alívio e dor renovada. Alívio porque finalmente sabiam a verdade, dor porque essa verdade era brutal. Dona Sebastiana nunca se recuperou completamente da perda do marido e do filho. Ela viveu mais 18 anos, sempre vestindo preto, sempre acendendo velas na igreja toda semana pelos dois.
As outras famílias também carregaram essa dor. Vila Sossego nunca mais foi a mesma. Muitos pescadores passaram a ter medo de se aventurar rio acima. A confiança foi quebrada. A sensação de segurança que aquela comunidade ribeirinha tinha, a ideia de que o rio era deles e que podiam navegar livremente foi destruída. O caso dos 14 pescadores do Xingu se tornou um símbolo da violência que operações ilegais na Amazônia podiam perpetrar contra comunidades tradicionais.
Era 1986, mas essa história se repetiria de várias formas nas décadas seguintes. Madeireiros ilegais, garimpeiros, grileiros, todos dispostos a matar para proteger operações que destruíam a floresta e enriqueciam poucos à custa de muitos. Os 14 homens que saíram numa manhã de domingo para pescar no rio que conheciam desde crianças, pagaram com a vida por terem visto o que não deveriam.
Suas famílias pagaram com décadas de dor e ausência e Vila Sossego pagou com a perda de sua inocência. Hoje o Poço do Jacaré ainda existe. A pesca ainda acontece lá, mas poucos pescadores de Vila Sossego se aventuram naquela direção. Há uma cruz de madeira fincada numa praia próxima, colocada pelas famílias em memória dos 14.
Todo ano, no dia 23 de março, alguns parentes sobreviventes ainda fazem a viagem rio acima para colocar flores na cruz e rezar. Dona Sebastiana faleceu em 2004, mas pediu para ser enterrada com uma foto de Mané e Toinho no caixão. A foto que estava na parede da casa, aquela em que os dois estavam sorrindo, segurando um tambaque grande que tinham pescado juntos anos antes.
A história dos 14 pescadores do Xingu é uma lembrança sombria de que muitos mistérios da Amazônia não envolvem criaturas lendárias ou fenômenos inexplicáveis; envolvem ganância humana, descaso das autoridades e o silêncio imposto pelo medo. 14 homens desapareceram não por causa do rio, mas por causa de homens que achavam que podiam fazer o que quisessem numa região remota sem enfrentar consequências.
Demoraram meses para essas consequências chegarem. E quando chegaram, já era tarde demais. Os 14 já estavam mortos. Suas famílias já estavam destruídas e o rio continuava correndo, indiferente, guardando segredos que só vieram à tona, porque um homem não conseguiu viver com o peso da culpa.
Se esse caso chamou sua atenção, você precisa ver o vídeo que está aparecendo aqui na tela agora. Ele se conecta diretamente com este mistério. E se você gosta desse tipo de investigação, se inscreva aqui no canal para acompanhar todos os próximos casos. Eu te vejo no próximo episódio, porque no fim o maior crime não foi apenas tirar a vida daqueles 14 pescadores, foi tentar apagar sua existência como se nunca tivessem importado.
Mas eles importaram e continuam importando, e por isso suas histórias precisam ser contadas para que nunca sejam esquecidos.