O CORONEL QUE ARRANCAVA A PELE DA ESCRAVA ALBINA PARA ROUBAR SUA JUVENTUDE

No coração sombrio do Brasil imperial, um coronel obsecado pela juventude mutilava ritualisticamente sua escrava albina, acreditando que raspas da pele dela poderiam parar o tempo. O desfecho dessa obsessão foi sua própria morte, vinda das mãos da mulher que ele desumanizou.


Mas o que levou a esse ato extremo e qual foi o destino final dessa pessoa? O que aconteceu nos detalhes desse caso? É o que você vai descobrir hoje. Eu sou Carlos Mota, historiador e pesquisador das origens esquecidas do Brasil. Hoje você vai conhecer mais uma história real que marcou o país e que quase foi apagada dos registros oficiais.
Antes de começarmos, inscreva-se no canal e conte nos comentários de onde você está nos ouvindo. Assim, mais pessoas poderão descobrir essas histórias que o tempo tentou calar. Prepare-se, porque a emoção começa agora. Estamos no ano de 1838. A região é Campos dos Goitacazes, na província do Rio de Janeiro, uma terra encharcada pelo sol e pelo suor, onde os vastos campos de cana de açúcar alimentavam engenhos que nunca paravam.
A riqueza brotava do solo fértil, mas era irrigada com o sangue e a vida de milhares de escravizados. Nossa história se desenrola nos limites da imponente fazenda Monte Alegre, propriedade do coronel Inácio Torres. Inácio era um homem temido. Sua fortuna era antiga, sua influência política vasta a ele e era um déspota em seu domínio.
Um homem que frequentava missa aos domingos, mas cuja alma estava longe da salvação. O coronel Inácio tinha um terror secreto, uma fraqueza que corroía sua arrogância dia após dia. Ele temia o envelhecimento. Cada nova ruga em seu rosto, vista no espelho de cristal trazido da Europa, era uma afronta pessoal. A passagem do tempo era um inimigo que seu dinheiro e seu poder não podiam derrotar.
Na cenzala da Montealegre, entre centenas de outros cativos, vivia Rosa. Rosa era diferente. Nascida na fazenda, filha de pais negros, ela havia nascido albina. Sua pele era de uma brancura leitosa e seus cabelos finos e quase transparentes. Seus olhos, de um vermelho pálido, eram sensíveis à luz brutal do sol. Essa condição a tornava um alvo.
Para os outros escravos, ela era um mistério, por vezes vista com superstição. Um sinal talvez. Para os feitores, era uma peça defeituosa, inapta para o trabalho mais duro da lavoura sob o sol escaldante. Rosa era mantida em trabalhos internos, na casa grande ou em serviços mais leves, sempre a sombra. Ela era casada com Benedito, um escravo do campo, um homem forte e silencioso, que a protegia como podia.
Mas a proteção de um escravo tinha limites trágicos. A esposa do coronel, dona Ana Rosa, uma mulher amarga e submissa, via Rosa com uma mistura de desprezo e inveja. A obsessão do coronel Inácio, por sua própria decadência física, o levou a caminhos desesperados.
As superstições da época eram uma força poderosa, misturando crenças africanas, indígenas e o catolicismo distorcido. Em seu desespero, Inácio buscou conselho, não com os médicos do Rio, mas com um curandeiro local, um homem chamado Domingos, que vivia isolado na mata e tinha fama de lidar com forças obscuras. O coronel foi até ele secretamente à noite.
Ofereceu ouro em troca de uma solução. Domingos, um charlatão astuto viu a loucura nos olhos do homem rico. Ele ouviu a queixa sobre o envelhecimento e então ele se lembrou dos boatos sobre a fazenda Montealegre. O curandeiro falou da escrava branca. Ele disse ao coronel que a pele de rosa não era uma marca de doença, mas um dom da lua.
Disse que aquela pele continha propriedades que poderiam estancar o tempo. A cura, segundo Domingos, era profana. O coronel deveria colher ele mesmo fragmentos da pele de rosa. Essas raspas misturadas com olhos de sementes raras e rezadas numa sexta-feira deveriam ser aplicadas em seu rosto.
A mente de Inácio Torres, já fértil para o desespero, aceitou a ideia grotesca imediatamente. Ele não via mais Rosa como uma pessoa, se é que algum dia viu ela. Era agora seu elixir particular, sua fonte da juventude. O coronel retornou à fazenda com uma nova e terrível resolução. Ele não contou a ninguém, nem mesmo à esposa. Apenas ordenou que Rosa fosse levada a um quarto nos fundos da Casagre.
Era um depósito raramente usado, longe dos ouvidos da Senzala. Rosa foi levada por dois capangas. Ela não sabia o que esperar. Talvez um castigo. O medo era uma constante em sua vida. Mas o que ela viu naquele quarto era diferente. O coronel Inácio estava lá sozinho.
Sobre uma mesa havia uma pequena tigela de prata, alguns frascos de óleo e uma lâmina afiada. Ele ordenou que os capangas a segurassem. O terror de Rosa era mudo. Ela tremia sem entender o que estava para acontecer. Inácio se aproximou. Ele parecia um sacerdote em um ritual profano. Ele explicou com uma calma assustadora o que o curandeiro havia dito.
Ele disse que ela deveria se sentir honrada em servir seu mestre dessa maneira. Então ele pegou a lâmina. A primeira extração foi hesitante. O coronel não estava acostumado ao ato, mas sua obsessão era maior que seu nojo. Ele raspou a pele do braço de Rosa. A dor foi aguda. Rosa gritou. Um grito abafado pela mão de um dos capangas, o sangue brotou.
Inácio recolheu os minúsculos fragmentos de pele e os colocou na tigela de prata. Ele repetiu o processo nas costas e nos ombros dela. Cada corte era uma nova onda de agonia. Quando terminou, Inácio parecia exausto, mas seus olhos brilhavam com uma esperança maníaca. Ele dispensou os capangas, ordenando que levassem Rosa de volta à Senzá-la e a mantivessem em silêncio.
“Se uma palavra for dita, o tronco será o menor de seus problemas.” Ele ameaçou. Rosa foi jogada em sua esteira de palha, sangrando, traumatizada, em choque. Benedito a encontrou. Um horror no rosto dele se transformou em um ódio profundo e impotente. Ele limpou as feridas dela com água salgada e ervas que conhecia. Ele perguntou quem tinha feito aquilo.
Rosa, tremendo, apenas sussurrou o nome do coronel. Benedito socou a parede de barro da senzala. Ele não podia fazer nada. Uma reação significaria a morte para ambos. Ele apenas abraçou a esposa enquanto ela chorava em silêncio absoluto. Enquanto isso, na Casagrande, Inácio Torres realizava seu ritual.
Ele misturou os fragmentos de pele de rosa com os olhos, criando uma pasta grotesca. Ele se trancou em seus aposentos e, em frente ao seu grande espelho, aplicou a mistura no rosto. Ele se deitou, convencido de que, ao acordar estaria mais jovem. Ele acreditava que estava absorvendo a vitalidade de Rosa.
Na manhã seguinte, ele se olhou no espelho. Ele se sentiu revigorado. Claro, era apenas a sugestão. A loucura se autoalimentando, mas para Inácio havia funcionado. Ele havia encontrado sua cura. Mal sabia ele que havia apenas iniciado sua própria descida à perdição. O ritual, que deveria ser único, tornou-se uma necessidade.
A obsessão do coronel Inácio havia apenas começado e o sofrimento de Rosa estava longe de terminar. O que foi um ato isolado de loucura, logo se tornou uma rotina macabra. A cada semana, o coronel Inácio Torres exigia seu tributo de pele. Rosa era levada ao mesmo depósito escuro. O ritual se repetia. A lâmina, agora familiar, rasgava sua pele sensível. As feridas mal tinham tempo de cicatrizar antes que novas fossem abertas.
Seu corpo, antes marcado apenas pela sua condição, tornou-se um mapa de cicatrizes. Listras de dor em seus braços, ombros e costas. O sol, seu inimigo natural, agora era uma tortura inimaginável. A dor física era constante, mas o trauma psicológico era mais profundo. Rosa se tornou uma sombra, ela parou de falar, exceto em sussurros para Benedito.
Seus olhos, antes apenas sensíveis, agora carregavam um terror perpétuo. Qualquer movimento brusco ou qualquer voz alta a fazia encolher-se. Ela vivia no epicentro de um pesadelo acordado. Benedito assistia a tudo, roído por uma raiva impotente. Cada nova cicatriz em sua esposa era um golpe em sua própria alma.
Ele tentou implorar ao feitor um homem chamado Joaquim por misericórdia. Joaquim apenas riu. Ordens do coronel. A Albina tem um propósito agora. Benedito sabia que qualquer ato de rebelião seria sua sentença de morte. Ele era um homem forte, mas o sistema era mais forte. Ele apenas podia à noite cuidar das feridas de rosa.
Suas mãos calejadas do facão de cana tornavam-se gentis ao aplicar os unguentos de ervas. Era um gesto fútil de cuidado em um oceano de brutalidade. Na Casa Grande, dona Ana Rosa notava na ausência do marido nas noites de ritual. Ela via os frascos de óleo. Ela via o estado deplorável de Rosa, ela entendia e em silêncio consentia, talvez por medo de Inácio, talvez por um desprezo cruel pela escrava. O coronel, por sua vez, estava cada vez mais imerso em sua ilusão.
Ele passava horas se admirando no espelho. Ele via sua pele mais firme, seus olhos mais brilhantes. A loucura o convencia de que a juventude estava voltando. Quanto mais ele acreditava, mas ele precisava do ritual. A frequência aumentou de semanal passou a ser a cada três dias. Rosa estava definhando o sangue que ela perdia. O terror constante estavam minando sua vida. Ela mal conseguia se manter de pé.
Os outros escravizados na Monte Alegre viam o que estava acontecendo. Eles se afastavam de Rosa, não por maldade, mas por medo. Ela era a prova viva da loucura de seu mestre, um lembrete de que suas vidas não valiam nada além da utilidade que o coronel lhes desce. O inverno de 1838 foi rigoroso em Campos Penhuma noite fria de julho.
O coronel estava impaciente. Ele não via os resultados que desejava. A velícia ainda o assombrava. Ele culpou rosa. A qualidade do material estava caindo. Ele ordenou que ela fosse levada. Desta vez ele estava bêbado. Sua mão, normalmente precisa, estava trêmula e violenta. Ele não queria mais raspas. Ele queria mais.
Ele usou a lâmina com mais força, abrindo um corte profundo no ombro de Rosa. O grito dela foi agudo. Mesmo abafado, ela desmaiou de dor e perda de sangue. Inácio, frustrado, jogou a lâmina no chão e saiu amaldiçoando a escrava. Os capangas a jogaram de volta na cenzala. inconsciente e sangrando muito, Benedito a encontrou. Ele pensou que ela estivesse morta. O pânico deu lugar a uma clareza gelada.
Ele passou a noite estancando o sangue, rezando para os orixás e para o deus cristão. Rosa acordou no meio da madrugada, febril e delirante. Foi naquele momento que algo em Benedito se quebrou. A impotência deu lugar à decisão. Não havia mais o que esperar. Ficar era a morte certa. Fugir era uma chance, por menor que fosse. Ele segurou o rosto de Rosa. “Nós vamos embora”, ele sussurrou.
Hoje, Rosa, em seu estado de semiconsciência, apenas assentiu. Qualquer coisa era melhor que a fazenda. Uma decisão como essa mudaria tudo. Eles sabiam que seriam caçados. A punição para escravos fugitivos era terrível, mas a tortura que viviam era pior. Pausa do narrador.


Se você está chocado com o rumo desta história, já deixe seu like e se inscreva no canal. O que eles fizeram a seguir foi um ato de desespero absoluto. Benedito sabia que não podiam ir de mãos vazias. Enquanto o rosa descansava, ele se moveu pela cenzala na escuridão.
Ele pegou um pouco de farinha seca, um cantil de água e da oficina do engenho ele roubou um facão afiado. Não era apenas uma ferramenta de trabalho, era agora sua única arma. Eles esperaram. A fazenda precisava estar no silêncio mais profundo. A lua estava minguante, uma aliada na escuridão. Pouco antes do primeiro canto do galo, Benedito colocou rosa fraca em suas costas. Ele abriu a porta da cenzala que rangia.
O som pareceu um trovão na noite. Eles pararam ouvindo nada, apenas o som dos grilos e o vento na cana. Eles saíram para essa escuridão. O primeiro passo para fora da fazenda Montealre. O primeiro passo em direção a uma liberdade improvável ou a uma morte rápida. Eles se moveram como fantasmas através dos canaviais.
Cada folha seca que estalava sobedito soava como um tiro rosa. Em suas costas tremia de febre e medo. A dor de seus ferimentos era uma brasa viva. Ao amanhecer, eles alcançaram a borda da mata densa. Atrás deles, a fazenda Montealegre começava a despertar. O primeiro grito de alarme veio da Senzala, quando a ausência de Rosa e Benedito foi notada. O feitor Joaquim correu para a Casagre.
A notícia da fuga chegou ao coronel Inácio Torres como um golpe físico. Ele estava em seus aposentos se preparando para o dia. Sua primeira reação não foi de perda financeira, foi a fúria de um viciado privado de sua droga. Sua fonte da juventude havia desaparecido. Ele quebrou o espelho com um soco. Sangue de sua mão se misturou aos cacos de vidro. Eles não vão longe. Ele rosnou.
Sua obsessão se transformou em uma raiva assassina. Ele desceu ao pátio gritando ordens. Os cães de caça foram soltos. Os capangas montados, mas Inácio sabia que seus homens não eram suficientes. Ele precisava de especialistas. Naquele mesmo dia, ele cavalgou até a vila de Campos.
Ele foi direto à cadeia local, onde os capitães do mato faziam seus negócios. Ele contratou os mais notórios da região. Homens que caçavam escravos fugitivos por profissão. Eram criaturas brutais que viviam da miséria alheia. O coronel Inácio fez uma oferta que eles não podiam recusar. Uma recompensa exorbitante, o suficiente para comprar uma pequena terra. Mas a ordem era específica.
Eu quero o homem benedito morto. Tragam-me a cabeça dele. E a mulher, ele disse, seus olhos brilhando de loucura. Eu a quero viva ou morta. A notícia da recompensa se espalhou como fogo. Não eram apenas os capitães do mato. Qualquer homem livre e pobre. Qualquer um com uma arma poderia tentar a sorte. A caçada por Rosa e Benedito havia começado oficialmente. Na mata.
O casal lutava pela sobrevivência. Rosa estava cada vez mais fraca. A infecção tomava conta de suas feridas. Benedito sabia que ela não aguentaria muito tempo daquela forma. Ele encontrou uma pequena gruta escondida atrás de uma cachoeira. Era úmido e escuro, mas era um refúgio. Ele a deitou sobre um leito de folhas secas.
Ele saiu para procurar comida e ervas medicinais que conhecia. Ele caçava pequenos animais com armadilhas improvisadas. Cada saída era um risco. Ele ouvia os sons dos cães ao longe. Os latidos ecoavam pela mata, um lembrete constante de que estavam sendo perseguidos. Eles viveram assim por semanas, escondidos, famintos, sempre alertas.
Benedito cuidava de rosa com uma dedicação desesperada. A febre dela começou a ceder, mas sua força não voltava. O trauma a mantinha em um estado de quase torpor. Uma tarde, Benedito estava verificando suas armadilhas quando ouviu vozes. Eram três homens, capitães do mato, seguindo um rastro que ele havia deixado. Eles estavam perto. Perto demais.
Ele correu de volta para a gruta. Temos que ir agora. Ele a pegou nos braços. Ela mal conseguia se mover. Eles saíram pela cachoeira, a água gelada mascarando o seu cheiro. Eles ouviram os homens gritando quando encontraram a gruta vazia. A perseguição era agora, imediata. Eles corriam pela mata fechada.
Benedito, carregando rosa, abria caminho com o facão. Os perseguidores estavam logo atrás. Um tiro de bacamarte ecoou. A bala passou-os unindo, arrancando lascas de uma árvore ao lado deles. Benedito não parou. A adrenalina e o terror o impulsionavam. Eles chegaram à beira de um pequeno rio. Não havia tempo para procurar uma ponte ou um lugar raso.
Ele mergulhou na água barrenta, segurando rosa com força. A correnteza era forte, mas os ajudou a ganhar distância. Eles alcançaram a outra margem. Exaustos, encharcados, os caçadores pararam na margem oposta, xingando. Eles haviam despistado os cães por enquanto, mas o rio não os pararia por muito tempo. Pausa do narrador.
Estamos falando de seres humanos caçados como animais. Um sistema inteiro montado para negar sua humanidade em troca de lucro. Deixe nos comentários o que você pensa sobre essa mentalidade brutal. A fuga continuou por meses. O casal se movia apenas à noite. Eles atravessaram o Vale do Paraíba, sempre se escondendo.
Evitavam vilarejos, dormiam em pântanos, comiam o que a mata oferecia. A recompensa pela cabeça de Benedito e pela pele de Rosa o seguia. Em cada vila, em cada venda, havia um cartaz com suas descrições. Eles eram os fugitivos mais procurados da província. Rosa, lentamente começou a recuperar parte de sua força física, mas sua mente estava marcada.
A brutalidade do coronel Inácio havia deixado cicatrizes que nunca desapareceriam. Benedito também estava mudando. O homem silencioso e resignado da cenzala havia morrido. Em seu lugar havia um guerreiro, um homem movido por um único propósito, manter Rosa viva. Seu facão não era mais uma ferramenta, era uma extensão de seu ódio. Eles sabiam que não poderiam fugir para sempre.
A obsessão do coronel Inácio não diminuiria. Ele nunca pararia de caçá-los. Enquanto Inácio Torres estivesse vivo, eles nunca estariam livres. A fuga havia se tornado insustentável. Eles estavam encurralados. Uma nova decisão precisava ser tomada. Não era mais sobre fugir, era sobre lutar.
Eles estavam escondidos nos morros que cercam São João del Rei em Minas Gerais. A fuga os levara a centenas de quilômetros ao norte, através de rios e serras, mas a perseguição fora implacável. Em cada vilarejo, em cada capela, o nome do coronel Inácio Torres era uma sombra. Os cartazes de Procura-se estavam pregados ao lado de avisos da igreja.
A recompensa era alta demais. A cobiça era um inimigo invisível. Eles estavam exaustos. O frio das montanhas de Minas era cortante, a comida era escassa. O inverno se aproximava rápido. Uma noite, em um casebre abandonado, cujas paredes de pau a pique mal barravam o vento, Benedito afiava seu facão.
O som da pedra de Amolar era o único som constante em suas vidas. Rosa, que mal falara por meses, sentou-se ao seu lado. Ela olhava as brasas fracas da fogueira. Seus olhos não tinham mais o torpor do medo. Havia algo novo, algo gelado. Eles não vão parar, ela sussurrou. Sua voz estava rouca pelo desuso, arranhada.
Benedito assentiu sem parar o movimento da pedra. O aço brilhava na luz fraca. Eu sei para onde iremos. O Brasil é grande, mas o braço do coronel é longo. Seu ouro alcança longe, continuaremos para o norte. Talvez um quilombo no sertão. Rosa balançou a cabeça. Uma decisão lenta e definitiva. Não. Benedito parou. O silêncio repentino da pedra foi ensurdecedor.
Ele olhou para ela. “Ele nunca vai parar de me caçar”, disse Rosa. Ele não quer a escrava. Ele quer o que ele acha que eu sou. Ele quer o elixir dele. A loucura dele. Ela tocou as cicatrizes em seu braço. Elas estavam endurecidas. Queoides visíveis sob a pele pálida. Enquanto ele viver, seremos caçados. Cada dia será como este. Pior. O silêncio no Casebre era pesado.
Apenas o assubio do vento nas frestas. O que você está dizendo, Rosa? Falei: “Claro, estou dizendo que fugir acabou. A fuga não nos dará liberdade. Agora nós caçamos.” Benedito viu a mulher que ele amava se transformar. O trauma não a havia apenas quebrado. Havia forjado nela uma dureza que nem ele possuía.
Era a clareza desesperada de quem não tem mais nada a perder. “Voltar?” S. Ele perguntou incrédulo. O pensamento era absurdo. Voltar para Campos é o único lugar onde ele estará vulnerável, respondeu ela. Onde ele se sente seguro é o único jeito. Era um plano suicida, voltar para a fazenda de onde fugiram.
O centro do poder de Inácio, mas paradoxalmente era a única lógica que restava. A caça só terminaria quando o caçador principal estivesse morto. A jornada de volta foi diferente. Eles não eram mais presas assustadas. Eles eram vingadores. Eles viajaram rápido, usando as rotas que os próprios caçadores usavam. Evitavam as estradas principais, mas se moviam com um propósito sombrio.
Roubaram comida quando necessário. Dormiram em turnos. Benedito ensinou Rosa a usar uma faca pequena que ele também havia roubado. Enquanto isso, na fazenda Montealegre, o coronel Inácio Torres definhava: “A ausência de Rosa havia quebrado sua ilusão de juventude. Ele se olhava no espelho e via a velice avançando como uma praga.
Cada nova mancha na pele, cada ruga era uma prova de seu fracasso. Sua obsessão por rosa se tornara puramente destrutiva. Não era mais sobre rejuvenecer, era sobre punir a fonte de sua frustração. Ele gastara uma fortuna com os capitães do mato. As notícias eram poucas. O casal era habilidoso ou estava morto. Inácio se tornou um recluso na casa grande.
Bebia mais do que nunca da cachaça mais forte do engenho. Sua crueldade com os outros escravos aumentou de forma exponencial. O tronco, antes usado para punições exemplares, agora era usado diariamente. A fazenda vivia sob uma nuvem de terror silencioso.
Dona Ana Rosa mal saía de seus aposentos, rezando o terço com medo do próprio marido. O ar na Montealegre estava pesado, esperando o fim. Demorou semanas, mas Rosa e Benedito chegaram. Eles retornaram a campos dos goitacazes. A paisagem dos canaviais, alta e densa, que antes fora sua prisão, agora era seu esconderijo. Eles se esconderam na mata que cercava a propriedade.
Observaram por três longos dias a rotina da casa grande. As patrulhas dos capangas, tudo estava mais tenso. Havia mais guardas, mas Rosa conhecia cada canto daquela casa. Ela sabia onde o coronel dormia. Ela sabia quais portas rangiam. Benedito tinha seu facão afiado como uma navalha.


Rosa tinha algo mais forte, o conhecimento íntimo de seu torturador. Eles esperaram pela noite perfeita, uma tempestade. O céu de outubro se abriu, o tipo de tempestade tropical que abafa todos os sons do mundo. Vento uivando, chuva forte caindo em cortinas, trovões que faziam a terra tremer. A natureza estava dando a eles a cobertura de que precisavam. Eles deixaram a mata.
Correram pelo pátio encharcado, a lama sugando seus pés. A cinzala estava trancada. Os cães recolhidos em seus canis, ganindo com medo da tempestade. Rosa levou Benedito até uma porta dos fundos, a cozinha. Ela sabia que a cozinheira, Maria sempre deixava destrancada para os serviços da madrugada.
A mão de rosa não tremeu ao girar a maçaneta de ferro. Estava aberta. Eles estavam dentro. A casa grande estava escura como breu. Apenas a luz pálida dos relâmpagos iluminava brevemente os corredores. O ar estava abafado. Cheirava amofo, tabaco velho e cachaça derramada. Benedito segurava o facão com tanta força que seus nós dos dedos estavam brancos.
Rosa liderava o caminho, descalça, silenciosa. Ela não sentia medo. Sentia apenas uma calma fria, um propósito. Eles subiram à escada principal de madeira. Cada degrau era um risco. O açoalho gemia sob o peso deles, mas o trovão seguinte cobria o som. Eles chegaram ao corredor dos quartos. A porta do coronel Inácio estava no final.
Eles se aproximaram passando pelo quarto de dona Ana Rosa, de onde vinha o som de uma reza sussurrada. De dentro do quarto de Inácio, ouviram um som, um ressonar pesado, alcoólico, gultural. Ele estava dormindo, bêbado. Rosa olhou para Benedito. Foi um olhar de confirmação. Era agora. Benedito estendeu a mão para a porta, pronto para arrombá-la, mas Rosa o parou. Ela balançou a cabeça, ela colocou a mão na maçaneta. Era dela.
A vingança era dela. Benedito entendeu. Ele daria cobertura. Ele vigiaria a porta. Rosa girou a maçaneta lentamente. A porta se abriu com um leve rangido. Perdido no uivo do vento, eles entraram no quarto. O cheiro de álcool era insuportável, azedo. Um relâmpago iluminou a cena. O coronel Inácio Torres estava largado na cama.
Ele estava vasto, desleixado, o rosto inchado pela bebida. A figura temível que a aterrorizava era apenas um homem patético em seu sono bêbado. Ao lado da cama, sobre o criado mudo, estava a tigela de prata e ao lado dela a lâmina, a mesma lâmina que ele usara nela tantas vezes. Rosa se moveu em direção à mesa.
Seus movimentos eram fluidos, como uma sombra se descolando da parede. Ela pegou a lâmina, o cabo de metal estava frio em sua mão. Parecia uma extensão de sua própria dor. Ela se virou para a cama. Benedito guardava a porta. Facão em punho, observando o corredor escuro. Rosa se aproximou do homem que a havia destruído. Ela ergueu a lâmina, à luz de outro relâmpago correndo pelo metal.
Nesse exato momento, o coronel Inácio se mexeu. Seus olhos se abriram. Ele não estava totalmente bêbado, estava sonolento, confuso. Ele piscou tentando focar na escuridão. Ele viu uma silhueta e então outro relâmpago. A luz iluminou o rosto dela, a pele branca, os olhos claros, agora cheios de um ódio calmo. “Rosa”, ele sussurrou a voz pastosa.
Ele pensou que era um fantasma, uma alucinação da bebida. “Você” voltou. Ele tentou se sentar, sua voz misturando surpresa e uma alegria doentia. Ele achou que ela tinha voltado para ele, que sua obsessão a havia trazido de volta. Você voltou para mim?” Ele tentou alcançá-la, a mão gorda se movendo no ar.
A resposta de Rosa foi o silêncio e a descida rápida e brutal da lâmina. O golpe foi certeiro, não foi um arranhão, foi uma punhalada movida por meses de dor acumulada. A lâmina entrou fundo em seu peito. Os olhos de Inácio Torre se arregalaram. A confusão deu lugar ao choque. “Depois, a dor”, ele tentou gritar. O que saiu foi um som gultural, um engasgo de sangue.
Ele agarrou o braço de Rosa, mas sua força já o abandonava. Rosa puxou a lâmina para fora com uma força que ela não sabia que tinha e golpeou de novo. E de novo, cada golpe era por uma cicatriz. Cada corte era por uma noite de terror. Benedito, na porta ouviu um som vindo do corredor. O grito abafado de dona Ana Rosa. Inácio, o que foi isso? Rosa agora.
Ele gritou. Rosa largou a lâmina ensanguentada no peito morto do coronel. Ela estava coberta pelo sangue de seu algóço Benedito. A agarrou pelo braço e a puxou para fora do quarto. Eles correram pelo corredor. A porta do quarto de dona Ana Rosa se abriu.
Ela apareceu uma figura fantasmagórica em sua camisola branca segurando um castiçal. A vela iluminou o corredor por um instante. Ela viu Benedito e viu Rosa, o rosto pálido manchado de vermelho vivo. Dona Ana Rosa soltou um grito agudo, ensurdecedor. O castiçal caiu de sua mão, mergulhando o corredor na escuridão. O grito dela foi o alarme que acordou a casa. Luzes começaram a acender. Gritos de pega, pega soaram lá debaixo.
Os capangas, acordados pelo tumulto, estavam se mobilizando. Benedito não hesitou. Ele empurrou Rosa em direção à escada de serviço. Eles desceram, pulando os degraus de três em três. A cozinha estava um caos. Escravos da casa corriam sem saber o que fazer. Benedito usou o facão para abrir caminho, mais como uma ameaça do que como uma arma.
Eles arrebentaram a porta dos fundos. A tempestade ainda rugia. Eles mergulharam de volta na noite, na chuva, na lama, correram para os canaviais. O único refúgio que conheciam atrás deles. A fazenda Montealegre era um pandemônio de luzes e gritos. O déspota estava morto. Ninguém os perseguiu naquela noite. A confusão na casa grande era total.
Quando o dia amanheceu, o corpo do coronel Inácio Torres foi oficialmente encontrado. A cena era de um matadouro. A notícia da morte do coronel se espalhou por Campos dos Goitacazes. Dona Ana Rosa em estado de choque, foi a única testemunha. Ela descreveu Rosa não como uma mulher, mas como um demônio vingativo.
A história se tornou uma lenda local quase instantaneamente. A caçada por Rosa e Benedito foi oficialmente encerrada. Sem a fortuna e a obsessão de Inácio para financiá-la, os capitães do mato perderam o interesse. Recompensa evaporou com o último suspiro do coronel Tom. Ninguém mais procurou o casal seu destino final se perdeu nas brumas da história.
Alguns dizem que conseguiram chegar a 1 quilombo distante no sertão de Minas. Outros que viveram escondidos como libertos em alguma cidade grande, talvez Salvador ou Rio de Janeiro. O que se sabe é que nunca mais foram vistos. A fuga deles, selada com sangue, finalmente lhes deu a paz que buscavam.
A fazenda Montealegre não sobreviveu ao seu mestre. Sem a mão de ferro de Inácio e com dona Ana Rosa perdida em sua dor e medo, a propriedade faliu. Foi vendida em partes e a memória da brutalidade foi engolida pelo mato. Esta história, um recorte brutal do Brasil escravocrata, expõe a que ponto a desumanização pode chegar. Mostra como a superstição e o poder absoluto corrompem a alma humana.
Rosa, a escrava albina, foi tratada como um objeto místico, um ingrediente. Sua humanidade foi negada. Sua pele roubada em nome de uma vaidade doentia. Assassinato do coronel Inácio não foi apenas um ato de vingança, foi um ato desesperado de sobrevivência, um grito final de uma pessoa levada ao seu limite absoluto, que reivindicou sua própria vida da única maneira que lhe restava.
Lembrar desses casos não é apenas reviver o horror, é entender as fundações sobre as quais nossa sociedade foi construída. É dar voz às vítimas, cujas tragédias foram por muito tempo apagadas dos livros. Bloco de CTA final. Histórias como a de Rosa e Benedito precisam ser contadas. Se este documentário chocou você e o fez refletir, ajude este canal a continuar nossa investigação.
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