A escrava salvou o filho do barão e descobriu um segredo que abalou toda a família!

Você acredita que uma simples escrava poderia mudar o destino do filho de um poderoso barão? Essa história vai mexer com você. Prepare-se para conhecer uma mulher esquecida pela sociedade, mas lembrada por Deus. Se inscreva no canal Histórias que Restauram e diga nos comentários de onde você está nos assistindo.


Na fazenda Santa Veridiana, no interior das Gerais, o galo ainda nem tinha cantado e os escravos já se encontravam em fila. Trapos no corpo, pés descalços, olhos fundos de cansaço. Mais um dia começava como todos os outros, sem voz, sem nome, sem escolha. Mas entre eles havia uma mulher de olhar forte, Zamira, negra, alta, mãos largas, cicatrizes nos braços.
Trazia uma serenidade que incomodava os brancos e inspirava os seus. Enquanto os demais iam pro cafezal, ela subia para a casa grande. Era escrava de dentro. Assim, a dona Beatriz não a amava, mas confiava nela. Desde que o filho Vicente adoecera com febres que nenhum doutor resolvia, foi Zamira quem conseguira fazer o menino dormir.
Bastava encostar os dedos em sua testa e cantar bem baixinho, numa língua antiga que ninguém compreendia. O Barão não gostava. Homem severo, cisudo, sempre de botina engrachada e palitó justo. Negro não cura ninguém. Isso é crendice”, rosnava ele, mas não tinha coragem de tirá-la de lá, pois quando o menino piorava, era Zamira que o acalmava. Vicente era francino, olhos tristes e pele sempre quente.
Desde o nascimento adoecia com frequência. Os doutores vinham, cobravam caro e iam embora sem dar resposta. Mas a mira sabia. O menino não precisava de poções caras, precisava de amor, precisava de presença. E isso ela dava, mesmo sem ter. Ela que perdera seus três filhos no navio negreiro, encontrou na fragilidade do pequeno uma forma de continuar viva.
Certa noite, Vicente entrou em delírio. Gritava o nome da mãe, doía-lhe o peito e sua respiração era curta. Beatriz, desesperada, mandou chamar Zamira. A escrava entrou no quarto com passos firmes, se ajoelhou ao lado da cama, colocou a mão sobre o coração do menino e começou a cantar. Não era ladaainha nem reza católica.
Era uma canção dos seus. vinda da terra que o cativeiro lhe roubara, mas a memória ainda guardava. O menino adormeceu. O barão, parado na porta, não disse uma palavra. Assim a chorou baixinho. Zamira ficou ali sentada no chão até o sol nascer. Na manhã seguinte, Vicente acordou sem febre, pediu mingal e quis descer para ver os patos. A notícia correu. Na cenzala diziam que Zamira tinha dons de curar.
Na casa grande coxavam que ela fazia feitiço. Mas a verdade, a verdade estava apenas começando a ser revelada naquela manhã. O sol mal tocava o terreiro e já se comentava pelos cantos que o menino doente sarou. Os escravos se entreolhavam em silêncio, mas no fundo do olhar havia respeito. Samira, como sempre, não dizia nada, só voltava pra cozinha.
Mãos calejadas, cabeça erguida. Beatriz observa tudo da varanda, o rosto cansado, os olhos vermelhos da noite sem dormir. A voz de Zamira ainda euava dentro dela, como se limpasse alguma sujeira antiga. Quis agradecer, mas não teve coragem. criada para mandar, não sabia lidar com gratidão. Na Casa Grande, o Barão estava furioso. Acordara com a voz dos criados, murmurando pelos corredores.
Falavam da negra como se fosse santa, e isso ele não podia permitir. Aqui não é terreiro, nem é cenzala que manda! Gritou, arremessando a caneca de café contra a parede. Beatriz se calou. sabia que quando o marido se irritava, o melhor era sumir. Mas naquele dia, pela primeira vez, sentiu algo estranho. Medo, não do barão, mas do que ele poderia fazer com Zamira, porque mesmo que não admitisse, sabia.
Sem a presença dela, o filho não teria sobrevivido à aquela febre. Enquanto isso, Zamira lavava as roupas no tanque de pedra, mãos mergulhadas na água fria, quando escutou passos atrás de si. É, foi feitiço o que você fez com o menino?”, perguntou Iolanda, a mucama nova desconfiada. Zamira não virou o rosto, continuou lavando, tranquila.
“Fácil foi amor”, respondeu simples. A outra bufou e se foi. Zamira sabia que o preço do amor naquele lugar era alto demais. Mais tarde, Beatriz a chamou à sala. “Zamira, quero lhe pedir uma coisa.” Disse com a voz tremida. Sim. Quero que fique com ele toda a noite. O doutor diz que a febre pode voltar. Zamira a sentiu com um leve mover de cabeça.
Sabia que o menino precisava mais que médicos. Precisava de presença constante, de talk, de música, de alguém que o visse, mesmo quando ninguém mais via. E assim foi. Por noites e noites. Zamira sentou ao lado da cama cantando baixinho. Às vezes só ficava ali em silêncio, de mãos dadas com o menino. Outras falava-lhe de coisas que nem ela sabia se eram reais ou sonhos antigos.
Falava de uma terra onde o sol nascia com cheiro de cana e o vento sussurrava nomes esquecidos. O menino sorria, dormia melhor, tinha menos dores, mas quanto mais o menino melhorava, mais crescia a raiva do barão. Certa noite, ele entrou no quarto e a encontrou com Vicente dormindo em seu colo. A cena o perturbou. Traia, agora Bradou.
Zamira se levantou com calma, deitou o menino devagar e se retirou, sem dizer palavra. Do lado de fora, Beatriz a esperava. Me perdoe, eu eu não consigo impedir ele”, disse com lágrimas nos olhos. Samira tocou-lhe o ombro com suavidade. Sim, quem ama protege. Só isso já basta. Na cenzala, os rumores se espalhavam.
Alguns diziam que o barão queria vendê-la, outros que planejava puni-la diante de todos para calar os coxichos. Mas naquela mesma noite, Zamira sonhou. Um sonho diferente. O menino Vicente estava em pé diante dela e dizia algo que mudaria tudo. Naquela noite abafada, Zamira mal pregou os olhos. A imagem do menino Vicente em pé, falando com ela num idioma que não ouvia desde o porão do navio negreiro, não lhe saía da mente.
No sonho, o pequeno estendia as mãos para ela e dizia: “Zamira, não vá embora. Eu preciso da senhora. Eu quero viver.” Ela acordou com o coração apertado, como se algo grave estivesse para acontecer. Do lado de fora, o galo ainda nem pensava em cantar. O céu estava escuro, mas os seus pensamentos, claros como nunca. Ao amanhecer, quando foi buscar água no poço, um dos escravos mais velhos, Tobias a chamou num canto.
Ouvi dizer que o barão falou com o feitor. Quer te mandar embora, mulher? Disse que você tá enfeitiçando a casa. Samira apenas assentiu com um meio sorriso triste. Quem cura assusta mais do que quem fere, Tobias. E se ele te vende? Que me venda. Ora, já roubaram tudo o que eu tinha. Corpo, filhos, terra. Agora só me resta a coragem. Tobias abaixou os olhos respeitoso.
Ninguém ousava discutir com Zamira. A mulher tinha um tipo de força que vinha de dentro e isso nenhum senhor entendia. Enquanto isso, na Casa Grande, Vicente piorava. A febre voltou, as bochechas estavam vermelhas e os olhos fundos assombrados. “Chama ara, triste.” Gritou Beatriz ao feitor. O homem hesitou. O barão proibiu. Proibiu.
Mas não é ele quem escuta o menino chorando, nem quem vê o filho definhar, vá. E se ele reclamar, eu mesma dou conta. Zamira foi chamada às pressas, entrou no quarto e, ao ver o menino debatendo-se de dor, sentiu as pernas fraquejarem, mas se manteve firme, colocou as mãos sobre seu peito e começou a entoar o mesmo canto do sonho.
Vicente, como se reconhecesse a melodia, acalmou-se. Beatriz ficou ao lado, segurando as lágrimas. “É como mágica”, murmurou. Zamira olhou nos olhos dela e disse com firmeza: “Não é mágica, é amor, a amor de verdade, sem venda, sem preço. Do lado de fora da porta, o barão ouvia tudo. O coração dele, seco como pau de cerca, bateu estranho naquele instante, mas não disse nada.
Voltou para seu escritório e trancou-se ali com um copo de cachaça. Dias se passaram. Vicente voltou a se alimentar. que ia novamente, quis correr atrás dos patos no quintal. Na cenzala, os comentários aumentavam. Alguns falavam em milagre, outros em feitiçaria. Havia medo e admiração misturados. Numa tarde de sábado, um padre chegou à fazenda trazido pelo barão. Era o padre Clementino, velho, conhecido da família.
Fim benzer a casa”, disse ele. Mas a intenção não era apenas essa. Logo soube-se que ele queria interrogar Zamira, entender que orações eram essas que a mulher fazia. “Fal que é coisa do demônio”, coxixou uma criada. Zamira, ao ser chamada, foi até o salão principal, onde o padre e o barão a esperavam.
“Ajoelhe-se”, ordenou o padre. Ela não se moveu. Não ajoelho para homem nenhum desde o dia que me tiraram de minha. Terra, respondeu firme. O barão se levantou furioso. Ah, insolente. Mas foi Beatriz quem interveio. Basta. Já humilharam essa mulher demais. O silêncio caiu pesado na sala.
E naquele instante, a vida de Zamira deu mais uma guinada, porque alguém ali ouviu tudo de um jeito diferente e iria atrás da verdade. O clima na fazenda Santa Veridiana pesou depois do confronto no salão. Zamira voltou para a cenzá-la sem dizer uma palavra, mas sua firmeza causava alvoroço. Não era apenas o fato de curar um menino doente. Era sua postura, sua coragem, aquele jeito de olhar nos olhos sem abaixar a cabeça.
Beatriz pela primeira vez sentiu vergonha de ser quem era. Viu-se refletida no olhar da escrava e não gostou do que viu. Naquela mesma noite, foi até o quarto de Vicente, que dormia tranquilo, e ficou observando. “Ele só tá vivo por causa dela”, murmurou lá fora. O padre Clementino conversava baixinho com o barão. “Essa mulher tem influência demais.
Vai acabar levando os outros a se rebelar. Já pensei em vendê-la”, respondeu o barão, engolindo um gole de cachaça. “Melhor seria mandar pro norte, longe daqui.” “Mas e o menino?” O padre silenciou. Sabia que ali morava o conflito. No dia seguinte, uma visita inesperada chegou à fazenda. Era Elias, irmão mais novo de Beatriz.
Vinha do Rio de Janeiro, recém-chegado da corte, com ideias novas na cabeça e olhos atentos a tudo. Estranhou a tensão no ar, os sussurros. as caras fechadas. À noite, sentou-se com a irmã na varanda. Que acontece aqui? Beatriz hesitou, mas acabou contando. Falou de Zamira das curas, das suspeitas de feitiço. Elias não reagiu com o escândalo que ela esperava.
Aora, Beatriz, quem somos nós para entender o que Deus usa para curar? Talvez ele fale na língua dela também. A irmã o olhou surpresa. Nunca ninguém ali falara daquele jeito. Enquanto isso, na cenzala, Zamira preparava um chá para uma das mulheres que sangrava demais. Fazia o que sempre fez. Cuidava, sem esperar nada.
Mais tarde, Vicente acordou assustado. Quero a Zamira, choramingou. Beatriz foi buscá-la com as próprias mãos. Quando chegou ao quarto, Zamira viu Elias à porta. Os dois se olharam. Não era como os outros brancos. Tinha algo diferente naquele moço. Não medo, nem arrogância. Era curiosidade limpa. “A senhora é que canta pro menino?”, perguntou ele calmo.
Zamira assentiu com a cabeça. Canto sim, pra alma dele se lembrar que ainda tá viva. E como aprendeu isso? Não se aprende. Fé e amor se carrega como marca no couro. Elias sorriu de leve. Posso ouvir? Ela hesitou, mas começou a cantar baixinho. A voz era como brisa em noite quente. O menino se acalmou na hora.
O barão apareceu na porta carrancudo. Aqui virou o quê? Teatro? Elias levantou-se. Só se for teatro de milagre, meu cunhado. O velho bufou e saiu sem responder. Zamira olhou para Elias com desconfiança. Naquela mesma noite, Beatriz procurou o marido. Chega de ameaças. Não tocaremos na Zamira. Você enlouqueceu? Não, mas se quiser que eu continue nesta casa, aprenda a ouvir quem sente. O barão não respondeu.


No silêncio do seu quarto, pensou no que o padre dissera e também no que o cunhado insinuou. Havia algo em Zamira que ele não entendia e que começava a temer. Enquanto isso, Elias escrevia uma carta. Falava de uma mulher escravizada, capaz de curar com o toque, e perguntava ao amigo médico da corte: “Você já viu algo assim? Existe explicação?” Ou será que finalmente estamos diante de algo que nem a ciência alcança? A resposta demoraria, mas o destino não, porque logo, muito antes do previsto, uma nova tragédia se abateria sobre a fazenda e colocaria à prova tudo o que Zamira carregava no peito. Era madrugada quando os gritos de Beatriz ecoaram pela casa
grande. Vicente, Vicente, meu filho. Zamira acordou com o chamado e correu. Pés descalços, vestido amassado, coração apertado. Ao chegar no quarto, encontrou o menino se debatendo em delírio, o rosto rubro, os olhos revirando. “Ah, ele tá queimando!”, gritava assim a trêmula.
O barão de hobby e botas mal calçadas mandava buscar o doutor a galope, mas Elias, que também ouvira os gritos, foi direto a Zamira. O que ele tem? Ela tocou o pulso do menino. Estava fraco. O corpo se debatia, mas o coração batia em descompasso. “É febre de dentro”, sussurrou. “Como assim?” “Não é do corpo, é da alma”.
Zamira pegou uma bacia com água fria e começou a cantar de novo, mas Vicente não respondia. O canto parecia não surtir mais efeito. O menino tremia e gemia, os dentes batendo. O barão entrou furioso. “Tire essa mulher daqui. É culpa dela? Essa negra botou coisa no menino. Elias o segurou pelo braço. Não seja ignorante. Foi ela quem já o salvou antes.
Beatriz, desesperada, ajoelhou-se, deixa ela tentar. Por Deus, homem, deixa. O barão recuou, mas com ódio nos olhos. Zamira preparou uma infusão de folhas secas escondidas na barra da saia. Beatriz hesitou, mas permitiu. Elias observa atento a cada gesto. O tempo parecia correr contra eles. Vicente começou a murmurar palavras desconexas.
Mamãe, onde tá Pupo escuro? Samir então deitou-se ao lado do menino como uma mãe com o filho. Abraçou, encostou a testa na dele e cantou mais forte. Foi quando tudo silenciou. Vicente parou de tremer. Zamira sentiu a febre recuar como maré. Beatriz tapou a boca com as mãos. O barão saiu da sala sem dizer nada. Elias ficou parado, emocionado com a cena.
Era algo que a ciência não explicava. Um laço que ultrapassava sangue, nome ou cor. Quando amanheceu, Vicente dormia sereno, colado ao peito de Zamira. Elias aproximou-se dela com um misto de respeito e admiração. Você salvou ele de novo? Zamira olhou pela janela. Não fui eu, foi a fé e o amor. O que a família não consegue dar, Deus usa quem pode. Beatriz ouviu e abaixou a cabeça.
Naquele mesmo dia, a notícia correu pela região, que a escrava de fé tinha curado o filho do Barão duas vezes, que sua voz acalmava o inferno, que ela dormira com o menino no colo e ele acordara sem febre. Na senzala, os mais velhos faziam orações de gratidão. Na Casagre, os criados coxixavam pelos cantos. O barão, por sua vez, mandou chamar um novo padre vindo da cidade vizinha. Queria exorcismo, queria purificar a casa.
A presença de Zamira o incomodava. Ele não admitia, mas tinha medo. Naquela noite, Beatriz sentou-se ao lado da escrava no alpendre. “Eu nunca agradeci você”, disse quase num sussurro. Zamira permaneceu em silêncio. “Eu não sei como ser mãe”, continuou Beatriz com os olhos marejados. “Me ensinaram a mandar.
Nunca a cuidar. Zamira a olhou com calma. Mãe, a gente vira, mas precisa se deixar quebrar primeiro. Beatriz assentiu. Pela primeira vez ouviu sem retrucar. No fundo do terreiro, Vicente corria atrás dos patos, rindo com os pés descalços. Era a primeira vez que se via tão vivo. E no alto da colina, um vulto observava a cena.
Um homem de chapéu largo montado num cavalo castanho. Era Baltazar, antigo sócio do Barão, que há muito sumi da fazenda, mas agora voltava e trazia consigo algo que mudaria o destino de todos. O homem desmontou lentamente do cavalo, tirou o chapéu e passou os olhos por toda a extensão da fazenda Santa Veridiana como quem reconhece um lugar que já foi seu.
Baltazar era de fala mansa e aparência elegante, paletó cinza escuro, botas de couro lustrado, barba bem feita, mas seus olhos traziam algo que incomodava. Não era só altivez, era cálculo. O barão não ouvia há 5 anos. tiveram negócios juntos no passado, até que Baltazar desapareceu após uma confusão com terras embargadas e denúncias de roubo de escravos alheios.
Quando soube de sua chegada, o barão cerrou os punhos. O que aquele maldito veio fazer aqui? Beatriz o olhou assustada. Disse que precisa conversar. Que é importante, importante para ele? Murmurou o barão engolindo a raiva. Baltazar foi recebido na sala com certa frieza, sentou-se com calma.
Cruzando as pernas, vejo que sua fazenda continua de pé. Augusto, ainda tem escravos? Alguns poucos. Trabalho agora é mais difícil. E caro, o que quer? Baltazar sorriu. Vim cobrar uma dívida antiga. O barão se levantou irado. Você desapareceu no meio da lama. Foi investigado. É inocentado.
Mas deixei um papel assinado e nele consta que me deve 50 alqueires de terra. E sabe o que descobri? Essas terras foram anexadas à Santa Veridiana. Beatriz arregalou os olhos. O barão empalideceu. Isso é mentira. Essa escritura sumiu. Sumiu para você. Mas eu achei. E quero o que é meu. Baltazar abriu uma pasta de couro e tirou o documento envelhecido. O selo imperial ainda visível.
Não tem direito algum, o Barão gritou. Tem juízes que diriam o contrário. Beatriz se aproximou preocupada. Augusto, se isso for verdade, a cálice, Beatriz, berrou o barão, perdendo o controle. Zamira, que ouvia tudo da porta da cozinha, sentiu um calafrio. Aquela presença trazia cheiro de confusão.
Naquela mesma noite, Baltazar saiu para caminhar pela fazenda, passou pela cenzala, observou os escravos com olhos longos. Alguns estremeceram e então seus olhos pousaram nela. Zamira, ele parou. Você ainda está aqui? Ela se virou surpresa. Me conhece e seu rosto me lembra alguém. Tive uma escrava percida na fazenda do norte. Sumiu no caminho.
Disseram que morreu no navio. Zamira sentiu o coração bater forte. O nome daquele homem não era estranho. Kemirinas. Qual era o nome dela? Perguntou num fio de voz. Dandara. Zamira engoliu em seco. Era minha irmã. Baltazar sorriu, mas havia algo sinistro em seu semblante. Então o destino nos reencontra. Zamira virou as costas e voltou paraa cozinha. Precisava pensar.
Mais tarde contou a Elias o que ouvira. Se esse homem tem mesmo o que diz, o barão pode perder metade da fazenda. E o que ele ganha com isso? poder. Zamira encarou o céu escuro e vingança. Na manhã seguinte, Vicente acordou chorando. Mamãe, tive um pesadelo. Um homem queria me levar. Beatriz tentou acalmar o filho, mas sentia que algo ruim rondava a casa.
E o barão passou o dia trancado no escritório. Zamira sabia. Aquela fazenda estava prestes a ser sacudida por algo maior do que doença, maior do que febre. Estava chegando a hora da verdade virona, e ninguém sairia ileso. O homem desmontou lentamente do cavalo, tirou o chapéu e passou os olhos por toda a extensão da fazenda.
Santa Veridiana como quem reconhece um lugar que já foi seu. Baltazar era de fala mansa e aparência elegante, paletó cinza escuro, botas de couro lustrado, barba bem feita, mas seus olhos traziam algo que incomodava. Não era só altivez, era cálculo. O barão não ou via há 5 anos. Tiveram negócios juntos no passado, até que Baltazar desapareceu após uma confusão com terras embargadas e denúncias de roubo de escravos alheios. Quando soube de sua chegada, o barão cerrou os punhos.
O que aquele maldito veio fazer aqui? Beatriz o olhou assustada. disse que precisa conversar, que é importante, importante para ele”, murmurou o barão engolindo a raiva. Baltazar foi recebido na sala com certa frieza. Sentou-se com calma, cruzando as pernas. “Vejo que sua fazenda continua de pé, Augusto.
Ainda tem escravos?” “Alguns poucos. Trabalho agora é mais difícil. E caro, o que quer?” Baltazar sorriu. Vim cobrar uma dívida antiga. O barão se levantou irado. Você desapareceu no meio da lama. Foi investigado. É inocentado. Mas deixei um papel assinado e nele consta que me deve 50 alqueires de terra. E sabe o que descobri? Essas terras foram anexadas à Santa Veridiana.
Beatriz arregalou os olhos. O barão empalideceu. Isso é mentira. Essa escritura sumiu. Sumiu para você. Mas eu achei e quero o que é meu. Baltazar abriu uma pasta de couro e tirou o documento envelhecido. O selo imperial ainda visível. Não tem direito algum, o barão gritou. Tem juízes que diriam o contrário. Beatriz se aproximou preocupada.
Augusto, se isso for verdade, a cálice, Beatriz. Berrou o barão, perdendo o controle. Zamira, que ouvia tudo da porta da cozinha, sentiu um calafrio. Aquela presença trazia cheiro de confusão. Naquela mesma noite, Baltazar saiu para caminhar pela fazenda, passou pela senzala, observou os escravos com olhos longos. Alguns estremeceram e então seus olhos pousaram nela. Zamira, ele parou.
Você ainda está aqui? Ela se virou surpresa. Me conhece e seu rosto me lembra alguém. Tive uma escrava parecida na fazenda do norte. Sumiu no caminho. Disseram que morreu no navio. Zamira sentiu o coração bater forte. O nome daquele homem não era estranho. Kemirinas. Qual era o nome dela? Perguntou num fio de voz. Dandara. Zamira engoliu em seco.
Era minha irmã. Baltazar sorriu. Mas havia algo sinistro em seu semblante. Então o destino nos reencontra. Zamira virou as costas e voltou paraa cozinha. precisava pensar. Mais tarde contou a Elias o que ouvira. Se esse homem tem mesmo o que diz, o barão pode perder metade da fazenda.
E o que ele ganha com isso? Poder. Zamira encarou o céu escuro e vingança. Na manhã seguinte, Vicente acordou chorando. Mamãe, tive um pesadelo. Um homem queria me levar. Beatriz tentou acalmar o filho, mas sentia que algo ruim rondava a casa. E o barão? Passou o dia trancado no escritório. Zamira sabia.


Aquela fazenda estava prestes a ser sacudida por algo maior do que doença, maior do que febre. Estava chegando a hora da verdade vir à tona e ninguém sairia ileso. O sol havia tocado o terreiro da fazenda. Santa Veridiana, quando Zamira saiu da cenzala com o passo firme e a cabeça erguida. Nos braços carregava apenas um pano dobrado com a carta do velho barão e a corrente dourada que recebera na noite anterior.
Não pediu licença, não abaixou os olhos, subiu à escadaria da casa grande, como quem retorna a um lugar que já lhe pertenceu. Beatriz abriu a porta antes mesmo do toque. Zamirais, murmurou com os olhos marejados. Zamira a olhou por um instante, sem raiva, mas com verdade. Está na hora. Beatriz apenas assentiu.
Na sala, o barão estava sentado com a bengala apoiada nos joelhos. Vicente dormia no sofá encolhido, ainda abatido pela última febre. Samira entrou em silêncio. O barão ergueu os olhos com rigidez, mas logo sua expressão cedeu ao cansaço. Ele a esperava. Então é verdade? Perguntou ele, como quem precisa ouvir da própria boca. Samira abriu o pano, colocou sobre a mesa a carta e a corrente.
Eu não vim pedir nada, Barão. Só vim lembrar o senhor do que sempre soube. Ele encarou o papel por alguns segundos, depois levou a mão à testa, respirando fundo. E o que quer de mim? Zamira falou com firmeza: “Minha liberdade, não como favor, como direito, porque não sou propriedade. Sou filha de um homem que me negou e irmão de outro que me calou por 40 anos. O barão abaixou o olhar.
E mais alguma coisa? Não quero terras, nem ouro, nem o nome da família. O que quero é que esta fazenda mude, que os da Cenzala tenham pão todos os dias. Que parem os açoites. Que os nomes voltem às bocas. Que nenhum menino chore de fome, nem mulher morra de febre sem um pano limpo para cuidar.
Beatriz prendeu o choro. Você está pedindo humanidade, Zamira. Tô. Porque é isso que ainda falta nesta casa? O barão ficou em silêncio, não reagiu de imediato, depois se levantou com dificuldade, andou até o aparador, puxou a gaveta e pegou um papel, sentou-se, escreveu com mãos trêmulas. Beatriz se aproximou, viu o que era, a carta de alforria.
O barão assinou. Está livre, disse sem encará-la. Zamira pegou o papel com cuidado. Dobrou, guardou no mesmo pano. Não precisa agradecer. A liberdade nunca foi sua para dar, sempre foi minha. Eu só vim buscar. Virou-se para sair. No caminho, parou diante da porta, olhou de leve para Vicente, que dormia tranquilo. Não disse palavra. Desceu os degraus com a mesma calma com que havia subido.
Na cenzala, ninguém perguntou. Bastou ver o brilho nos olhos dela e o pano dobrado entre as mãos. Mais do que uma liberdade assinada, havia ali um testemunho de que até os dias mais escuros podem se dobrar diante de uma alma que não se rende. Na varanda. Beatriz abraçou o marido em silêncio.
Ele, de olhos fixos na porta por onde Zamira saíra, murmurou: “Nunca soube o que era ser pequeno até hoje. O céu da fazenda Santa Veridiana amanheceu limpo, sem nuvens, mas a mira sentia um aperto estranho no peito. Na trouxa de pano, ela havia guardado tudo o que era seu.
Duas saias gastas, um chale de algodão cru e uma caderneta com nomes que nunca ousou esquecer. Era chegada a hora. Depois de tudo o que vivera naquela casa, da infância roubada, dos filhos perdidos, das noites sem nome. Ela finalmente iria partir. Tinha recebido um recado de uma mulher livre, dona de pensão em Sabará, que precisava de ajuda com curativos, chás e rezas antigas. Pela primeira vez, alguém queria seus cuidados como escolha, não como obrigação.
Zamira respirou fundo, olhou para a casa grande. O menino Vicente brincava na varanda com os patos. Assim, a Beatriz fingia bordar. Os olhos inchados pelas noites sem dormir. Já o barão não aparecia desde o dia anterior. Foi ao tronco da mangueira, ajoelhou-se e agradeceu. Obrigada, meu Deus, por me dar coragem de sonhar com vida fora dos muros.
Mas quando se levantou, um grito veio da varanda. Samira, acalma o coração. O barão tá passando mal. Beatriz corria pálida. Vicente chorava e assustado. Zamira resitou. O corpo queria ir, mas o espírito, O espírito sabia que ainda não era hora. Subiu os degraus da casa grande devagar, abriu a porta do quarto do barão.
Ele suava frio, tcia, tremia como vara verde. O que essa negra tá fazendo aqui? Ele berrou com a voz fraca. Zamira não respondeu. Caminhou até ele, puxou a cadeira e se sentou. Não vim para discutir com o senhor. Vim cuidar. Ele se encolheu, virou o rosto. Mon, sai daqui. Não quero sua mão suja em mim. Ela pegou um pano úmido, molhou os lábios dele.
A mão que o Senhor chama de suja já limpou os vômitos do seu filho, já curou feridas do seu gado, já parou o sangramento da sua esposa, mas se quiser morrer só, é sua escolha. Ficou em silêncio. O barão não disse nada, mas também não a mandou embora. E assim, noite após noite, Zamira ficou. Preparava chás, alimentava Vicente e velava o sono do Barão.
Mesmo com os olhares de desprezo, mesmo com os murmúrios dos criados, mesmo sabendo que o mundo lá fora podia ser mais livre, mais leve, mais justo, ela ficou não por dever, mas por amor. Amor que não implora, que não mendiga, amor que escolhe. Beatriz tentou convencê-la a partir, dizendo que aquilo não era justo, mas Amira respondeu: “Justiça não se faz com vingança, se faz com coragem.
Na terceira noite, enquanto ela molhava a testa dele, o barão abriu os olhos e sussurrou: “Por que não foi embora, negra?” Zamira segurou a mão dele com firmeza. Porque eu não sou igual ao Senhor. Ele virou o rosto outra vez, mas desta vez os olhos estavam molhados e o que viria ao amanhecer mudaria tudo. O barão demorou a se recuperar. Seu corpo forte, acostumado a mandar, já não obedecia com a mesma firmeza.
E ali, naquela cama de lençóis finos, restava-lhe apenas o silêncio e a presença de Zamira. Nos primeiros dias, ele não falava, recusava os mingaus. virava o rosto quando ela entrava, mas cada vez que tcia lá estava ela, com as mãos largas segurando a colher, com o pano fresco molhado em infusão de hortelã e arruda, com o mesmo canto antigo que embalava o sono de Vicente.
Zamira não cobrava nada, nunca levantou a voz, apenas cuidava. Vicente passou a visitar o pai mais vezes. Sentava-se perto da cama, segurava os dedos magros e dizia: “Papai, a Zamira é boa. O senhor vai ver”. O barão apenas fechava os olhos. Na quarta noite, a febre voltou. Samira não arredou o pé, sentou-se no chão, como sempre fazia.
Ficou ali velando. Por volta da meia-noite, ele despertou ofegante. Está aí ainda negra? Estou ainda. Por quê? Ela hesitou, depois disse: “Porque mesmo quando nos negam nome e lugar, o sangue grita mais alto. Ele a olhou. Pela primeira vez olhou de verdade. Zamira, meus pais te levaram embora daqui. Ela assentiu com os olhos.
Achava que me protegeria do escândalo, mas só me separou da minha história.” O barão virou o rosto envergonhado. O silêncio se estendeu e, então, em voz quase infantil, ele sussurrou: “Eu não odeio você.” Zamira se aproximou devagar, tocou o rosto dele, como fazia com Vicente, e respondeu: “O perdão já morava em mim, mesmo antes do Senhor adoecer. Eu só esperava o Senhor abrir a porta.
Lágrimas escorreram dos olhos do Barão e, pela primeira vez, ele a chamou pelo nome, sem rancor, a Zamira.” Ela cantou baixinho, com fé e agradecimento a Deus. A mesma canção de quando Vicente delirava, mas agora o canto não era só por cura, era por reconciliação. Na manhã seguinte, o barão se levantou fraco, mas em pé. O rancor que tinha saído estava levando embora também a doença. Desceu até o jardim.
Beatriz e Vicente o ajudaram a sentar-se no banco sob a figueira. Quando Zamira apareceu com a tigela de minga ele sorriu um sorriso tímido, envelhecido, mas sincero. “A partir de hoje”, ele disse em voz firme, “Zamira é mulher livre e mais do que isso, é minha família.” A casa silenciou.


Os criados coxixavam, os brancos se entreolharam, mas ninguém ousou contrariá-lo. Zamira não chorou, apenas respirou fundo e olhou para o céu. Dias depois, arrumou sua trouxa. Estava pronta para enfim partir, mas Vicente correu até ela, abraçando-a pelas pernas. Vai me deixar, Zamira? Ela se ajoelhou, olhou nos olhos do menino. Agora você tem o pai inteiro e eu agora posso seguir em paz.
O barão se aproximou devagar. O mundo lá fora vai te tratar com menos dignidade do que merece. Mas se um dia quiser voltar, essa casa é sua. Zamira sorriu, apertou a mão dele e partiu com passos firmes. Na estrada de terra batida cantarolava. Não era mais lamento, era libertação. E quem olhasse de longe via apenas uma mulher negra seguindo sozinha.
Mas ali uma história inteira costurada de dor, coragem, renúncia e amor. Uma mulher que trilhou uma nova jornada, espalhando fé e amor por cada canto que passou, até que Deus a chamou para si. E você já pensou quantas histórias de dor e coragem foram silenciadas no tempo? Quantas zamiras existiram? E quantos barões só entenderam o amor quando era quase tarde demais? Se essa história tocou o seu coração, deixe um comentário dizendo de qual cidade você nos assiste e inscreva-se no canal Histórias que Restauram. Aqui cada narrativa é uma chance de cura, de recomeço, de enxergar
que o amor pode vencer até a dureza mais antiga do coração. Nos vemos na próxima história. e que ela também te encontre o coração aberto.

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