A Batalha Final pelo Acordo Mercosul-UE: O Bloqueio Desesperado da França e o Vexame Hipócrita de Milei na Abertura do Maior Mercado do Mundo

A Batalha Final pelo Acordo Mercosul-UE: O Bloqueio Desesperado da França e o Vexame Hipócrita de Milei na Abertura do Maior Mercado do Mundo
O cenário geopolítico global ferve em torno de um tratado comercial que, se concretizado, redefinirá as relações econômicas entre a América do Sul e a Europa, criando uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, abrangendo cerca de 780 milhões de pessoas. O Acordo Mercosul-União Europeia, negociado por mais de duas décadas, atingiu um ponto de inflexão dramático, impulsionado pela determinação do Brasil, mas confrontado por um protecionismo intransigente liderado pela França e, ironicamente, por uma reviravolta política embaraçosa do presidente argentino, Javier Milei. O que está em jogo é mais do que tarifas; é a soberania comercial, a ideologia política e o futuro das economias emergentes.
O Xadrez Estratégico de Lula e o Prazo Final
A concretização do acordo ganhou novo ímpeto com a atuação estratégica do Brasil na presidência do Mercosul. O presidente Lula da Silva, em uma demonstração de otimismo e pragmatismo, indicou uma data provável para a assinatura: 20 de dezembro de 2025, na cidade de Foz do Iguaçu. Diante de impasses logísticos, Lula propôs um adiamento da Cúpula do Mercosul para 14 de janeiro, uma tática calculada para garantir a presença de todos os líderes e evitar qualquer desculpa para mais protelações.
O Otimismo Assertivo em Meio à Tensão
A clareza de Lula é notável. Em declarações feitas durante a cúpula do G20 na África do Sul, ele não apenas confirmou a iminência do pacto, mas fez questão de detalhar que a assinatura seria diretamente com a União Europeia, e não com um país específico. Essa clarificação é um recado direto e inequívoco à França, que tem se posicionado como a principal força de oposição. O presidente brasileiro demonstrou que não permitirá que a tensão bilateral atrapalhe um tratado de benefício mútuo, confirmando que a única viagem planejada para o fim de 2025 é para selar, finalmente, esse acordo histórico. Lula descreve o momento como especial para ambos os blocos, mas ele sabe que o verdadeiro trabalho começará após a assinatura: transformar o tratado em benefícios concretos e tangíveis para as economias dos países-membros.
O Bloqueio Francês: Um Veto por Medo, Não por Princípio
Se o Mercosul já alcançou seu consenso interno, os atrasos e as ameaças de veto agora emanam da Europa, com França, Irlanda e Polônia exigindo proteções adicionais para seus frágeis setores agroindustriais. No entanto, a França é a ponta de lança dessa rejeição, demonstrando uma oposição quase obsessiva ao livre comércio com o bloco sul-americano.
A Revolta da Assembleia Nacional
Recentemente, a oposição francesa atingiu um pico institucional. A Assembleia Nacional, a câmara baixa do parlamento, adotou quase por unanimidade uma nova resolução que insta o governo de Emmanuel Macron a se opor veementemente ao acordo. O texto, embora não seja vinculativo, é um poderoso sinal político que exige que o Executivo forme uma minoria de bloqueio no Conselho da União Europeia e, mais adiante, recorra ao Tribunal de Justiça da UE para verificar a conformidade do pacto.
Um dos deputados que apoiou a rejeição defendeu a decisão com vigor, classificando o acordo como o maior já concluído pela UE e, ao mesmo tempo, como “devastador” sob múltiplos aspectos:
Ecológico: Ameaça o clima, principalmente pelo risco de incentivo ao desmatamento na Amazônia.
Agrícola e Sanitário: Representa uma ameaça direta aos pecuaristas e produtores franceses.
A mensagem é clara: Macron é instado a “não trair” o voto dos deputados e a votar contra o acordo, manifestando uma “oposição firme, total e decidida da França”.
A Verdade por Trás da Oposição
Analistas apontam que a oposição francesa é movida, primariamente, pelo protecionismo econômico. O setor agrícola francês é um dos mais subsidiados e influentes da Europa. O medo é real: com o acordo, haveria uma entrada significativa de produtos de carne e agrícolas do Mercosul nos mercados europeus. Estes produtos são inerentemente mais competitivos em preço, devido à mão de obra mais barata e, segundo a retórica francesa, a normas sanitárias e ecológicas menos rigorosas na América Latina.
Para o Brasil, o movimento francês é visto como uma “manobra” para “queimar a imagem do Brasil” de todas as formas possíveis, já que o país europeu sabe que não consegue competir com a eficiência e o volume do agronegócio brasileiro. A rejeição francesa, portanto, mascara a incapacidade de seu setor primário de enfrentar a concorrência global, usando o discurso ambientalista como uma conveniente cortina de fumaça.
O Vexame de Milei: Hipocrisia no Ar

Em meio ao embate comercial entre o Brasil e a França, surge um drama político interno no Mercosul, envolvendo o presidente recém-eleito da Argentina, Javier Milei. Conhecido por suas posturas isolacionistas e por ter tecido diversos comentários negativos sobre o bloco sul-americano – alegando, inclusive, que o Mercosul beneficia apenas o Brasil – Milei agora se encontra em uma posição vexatória.
A Ideologia Confrontada pela Realidade Econômica
O acordo com a União Europeia, que promete dinamizar as economias emergentes do Mercosul ao eliminar retenções e tarifas, foi totalmente “encabeçado pelo Brasil e ultimamente pelo Lula”. A ironia diplomática é palpável: o pacto que o líder argentino criticou e o bloco do qual ele ameaçou sair é, neste momento, crucial para o futuro econômico da Argentina.
Diante da iminência da assinatura, a Casa Rosada confirmou que Milei planeja comparecer à cerimônia. Esse recuo estratégico evidencia um tom de hipocrisia inegável. O presidente argentino, confrontado pela realidade de que o livre comércio é o caminho para o crescimento de seu país, precisa engolir suas críticas passadas e se fazer presente em um evento cujo mérito de articulação cabe integralmente ao Brasil. A necessidade econômica se sobrepôs à ideologia radical, expondo a fragilidade de suas posições iniciais.
A Complexa Estrada da Ratificação
Apesar da determinação do Mercosul e do otimismo brasileiro, o caminho para a plena ratificação na Europa ainda é complexo. Os países europeus podem aplicar “cláusulas adicionais” que, embora não alterem o texto principal do acordo, visam impor proteções a seus setores.
Originalmente, a aprovação do acordo exigiria o voto unânime do Conselho Europeu, a votação no Parlamento Europeu e a ratificação individual por cada estado-membro. Contudo, a Comissão Europeia fez um arranjo crucial: separou a porção econômica do acordo, tornando os requisitos de aprovação menos exigentes para esta parte. Esta manobra reduz o poder de veto individual dos estados, mas ainda assim a oposição francesa, junto com outros países como Irlanda e Polônia, continua a ser um obstáculo substancial.
As Consequências Imediatas
Se o acordo for finalmente concretizado, ele não só criará uma área de livre comércio massiva, mas também conferirá ao Mercosul, e em particular ao Brasil, um novo patamar de influência geopolítica e comercial. A vitória seria do pragmatismo sobre o protecionismo e da cooperação regional sobre o isolamento. O sucesso do pacto dependerá agora da capacidade de Lula em manter a pressão diplomática e de como a União Europeia irá gerenciar a rebelião interna liderada pelo protecionismo francês, enquanto o presidente argentino, Javier Milei, assiste ao resultado de uma negociação que ele tentou, mas não conseguiu, desacreditar. O mundo aguarda a data final para ver se o maior acordo comercial da história recente será finalmente selado.