A névoa densa cobria os picos da Serra dos Campos, uma região de altitude no centro sul do Paraná, quando o primeiro grito ecoou pela floresta. Era março de 1923 e as plantações de café cultivadas nas encostas mais baixas e protegidas começavam a amarelar nas encostas íngremmes da região.

Naquela madrugada gelada de terça-feira, algo perturbador aconteceu na propriedade isolada das irmãs Violeta e Prudência Carvalho. Um grito masculino, desesperado, que cortou o silêncio da montanha como uma lâmina afiada rasgando o tecido. O som ecoou entre os pinheiros centenários e se perdeu na imensidão verde da serra. Imagine, por um momento, a solidão absoluta daquele lugar.
A casa das irmãs ficava a mais de 5 km da estrada principal, acessível apenas por uma trilha íngreme e perigosa que serpenteava entre rochas e precipícios. Durante o inverno, quando as chuvas castigavam a região, era praticamente impossível chegar até lá. Os vizinhos mais próximos moravam a quilômetros de distância, suas propriedades espalhadas pelas encostas como pontos perdidos num mapa infinito. Ninguém ouviu aquele grito de desespero.
Ninguém viu as luzes que tremulavam nas janelas da casa durante toda aquela noite sinistra. Mas algo terrível estava acontecendo naquela construção de madeira e pedra, erguida no alto da montanha, como um castelo medieval, longe dos olhos curiosos da pequena cidade de pedra alta.
As duas irmãs viviam sozinhas há mais de 10 anos, ou pelo menos era isso que todos na região acreditavam. Elas haviam se mudado para a serra após a morte dos pais, alegando buscar paz e tranquilidade, longe do burburinho da vida urbana. A propriedade havia sido herança da família, uma fazenda de café que já não produzia como antigamente. Mas a verdade sobre a vida das irmãs Carvalho era muito mais sinistra e perturbadora do que qualquer pessoa poderia imaginar. Naquela madrugada específica, enquanto o grito ecoava pela floresta, Violeta caminhava nervosamente
pela sala principal da casa. Seus passos faziam as tábuas do açoalho rangerem de forma inquietante. Suas mãos tremiam. enquanto segurava uma lamparina a óleo, a chama dançando e projetando sombras grotescas nas paredes de madeira escura. Prudência, sua irmã mais nova, descia lentamente as escadas que levavam ao porão.
Em suas mãos carregava uma bandeja com comida e um copo d’água. Mas havia algo mais naquela bandeja, algo que brilhava sob a luz fraca da lamparina, um pequeno frasco de vidro contendo um líquido transparente. O som de correntes arrastando no chão de pedra do porão misturava-se com gemidos abafados. Alguém estava lá embaixo. Alguém que não deveria estar ali, alguém que havia gritado desesperadamente por socorro, sabendo que ninguém viria.
A casa das irmãs guardava um segredo macabro que estava prestes a ser descoberto, um segredo que envolveria desaparecimento cativeiro e uma obsessão doentia que transformaria duas mulheres aparentemente normais em algo monstruoso. Enquanto a névoa se espessava ao redor da propriedade, envolvendo a casa como um manto fantasmagórico, os eventos daquela noite marcariam o início de uma das histórias mais perturbadoras já registradas na Serra dos Campos.
Uma história que questionaria os limites da sanidade humana e revelaria até onde alguém pode ir quando movido por obsessões doentias. O grito na madrugada foi apenas o começo. O pior ainda estava por vir. escondido nas profundezas daquele porão úmido e escuro, onde a luz do sol jamais penetrava e onde os gritos de socorro se perdiam entre paredes de pedra fria.
Violeta tinha 35 anos quando os eventos macabros começaram a se desenrolar na Serra dos Campos. Seus cabelos negros, sempre presos em um coque apertado que puxava a pele de seu rosto, criavam uma aparência severa que intimidava qualquer pessoa que cruzasse seu caminho.
Seus olhos escuros carregavam uma frieza perturbadora, como se por trás daquelas pupilas dilatadas habitasse algo que havia perdido toda a humanidade há muito tempo. Prudência, três anos mais nova que a irmã, possuía um sorriso que jamais chegava aos olhos. Era um sorriso mecânico, ensaiado, que ela exibia sempre que precisava interagir com os moradores da região.
Suas mãos, sempre geladas, mesmo nos dias mais quentes do verão paranaense, tremiam levemente quando falava com estranhos, como se estivesse constantemente escondendo algo terrível. Ambas vestiam sempre roupas escuras, longos vestidos pretos que cobriam seus corpos da garganta aos tornozelos, como se estivessem eternamente de luto por alguém que ninguém sabia quem era.
Quando caminhavam pela pequena pedra alta, suas sombras pareciam se estender além do normal, criando uma atmosfera sinistra por onde passavam. A propriedade das irmãs Carvalho era conhecida na região pelos estranhos hábitos de suas donas. A casa construída no estilo colonial brasileiro do século XIX erguia-se imponente no alto da serra como uma fortaleza sombria.
Suas janelas, sempre fechadas com pesadas cortinas bordaux, nunca permitiam que alguém vislumbrasse o interior. O jardim ao redor da construção havia sido abandonado há anos, transformando-se numa selva de plantas selvagens que cresciam de forma desordenada, criando esconderijos perfeitos para segredos inconfessáveis. As irmãs raramente desciam à cidade quando apareciam no mercado local, sempre às terças-feiras pela manhã, compravam quantidades excessivas de comida, muito mais do que duas mulheres conseguiriam consumir em semanas.

sacos enormes de arroz, feijão, farinha de mandioca, carne seca e conservas suficientes para alimentar uma família inteira. “Para que tanto alimento?”, sussurravam os comerciantes entre si, observando as duas figuras sombrias carregarem suas compras em silêncio absoluto. O açogueiro libânio sempre ficava intrigado quando prudência pedia cortes específicos de carne, sempre as partes mais baratas e menos nobres, como se estivesse alimentando animais ao invés de pessoas.
As irmãs nunca respondiam às perguntas curiosas dos moradores. Pagavam sempre em dinheiro vivo, notas amareladas e gastas que tiravam de uma bolsa de couro preta e partiam em silêncio, subindo à trilha íngreme que levava a sua propriedade isolada. Seus passos ecoavam pelas ruas de paralelepípedo da pequena cidade, como batidas de um tambor fúnebre, mas havia algo muito mais perturbador que intrigava os vizinhos distantes.
os ruídos noturnos que vinham da propriedade das irmãs, sons metálicos que ecoavam pela serra durante as madrugadas, como se alguém estivesse arrastando correntes pesadas pelo chão de pedra, passos que pareciam vir das profundezas da terra, um caminhar pesado e arrastado que se repetia noite após noite.
E ocasionalmente, quando o vento soprava na direção certa, um choro abafado que parecia vir das entranhas da própria montanha, um lamento masculino, desesperado, que se misturava com o uivar dos ventos gelados que desciam dos picos mais altos da serra. Dona Carmela, que morava na propriedade mais próxima, a cerca de 2 quô de distância, jurava ter ouvido gritos durante algumas noites de inverno.
Gritos que a faziam fechar todas as janelas de sua casa e rezar o terço até o amanhecer. Seu marido, antenor, sempre dizia que eram apenas animais selvagens, onças ou lobos que habitavam as partes mais densas da floresta. Mas Carmela sabia que aqueles não eram sons de animais, eram gritos humanos, gritos de alguém que estava sofrendo de uma forma que ela nem conseguia imaginar.
As irmãs Carvalho haviam criado uma reputação sinistra na região. Crianças se escondiam quando as viam passar e adultos faziam o sinal da cruz discretamente. Havia algo profundamente perturbador naquelas duas mulheres, algo que ia muito além de simples excentricidade ou isolamento social. A verdade sobre o que acontecia naquela casa no alto da serra estava prestes a vir à tona de uma forma que ninguém poderia prever. Tudo mudou quando Aides Ferreira chegou à Serra dos Campos em janeiro de 1923.
Ele era primo distante das irmãs Carvalho, filho de um tio que havia se mudado para São Paulo décadas antes, em busca de melhores oportunidades. A Sides carregava consigo apenas uma mala de couro surrada e grandes esperanças de reconstruir sua vida no interior paranaense. A viagem de trem de São Paulo até Ponta Grossa havia durado dois dias inteiros, seguida por uma longa e árdua jornada de diligência e a pé até as proximidades de Pedra Alta.
Aides, um homem simples de 28 anos, trabalhara como operário numa fábrica têxtil de São Paulo até ser demitido quando a fábrica passou por um período de reestruturação e cortes de pessoal. Suas economias eram poucas, mas suficientes para começar uma nova vida longe da agitação urbana.
Quando desceu na pequena estação ferroviária de Ponta Grossa, Alides perguntou sobre suas primas para o chefe da estação, um homem idoso chamado Crescêncio. O velho ferroviário franziu o senho ao ouvir o nome das irmãs Carvalho, mas indicou o caminho para a região sem fazer comentários. Havia algo no olhar de Crescêncio que deveria ter servido como aviso, mas Aides estava desesperado demais para anotar. A caminhada até a casa das irmãs foi árdua.
A trilha serpenteava pela encosta íngreme, passando por trechos onde a vegetação era tão densa que mal se via o céu. Ao se disparou várias vezes para descansar, admirando a beleza selvagem da serra, sem imaginar que aquelas montanhas se tornariam sua prisão. Quando finalmente chegou à propriedade, o sol já se punha atrás dos picos distantes.
A casa erguia-se diante dele como uma aparição sombria, suas janelas fechadas refletindo os últimos raios de luz do dia. A se deses bateu na porta de madeira pesada e, após alguns minutos de silêncio, ouviu passos lentos se aproximando. Violeta abriu a porta e o observou em silêncio por longos segundos.
Seus olhos percorreram o rosto cansado do primo, a mala surrada, as roupas simples de trabalhador. Um sorriso estranho se formou em seus lábios, um sorriso que não chegava aos olhos. “Prmoides”, disse ela com uma voz suave que contrastava com sua aparência severa. “Que surpresa inesperada! Prudência apareceu atrás da irmã, secando as mãos num avental manchado.
Suas expressões eram difíceis de decifrar. uma mistura de surpresa e algo que parecia satisfação. Aides explicou sua situação com humildade. Havia perdido o emprego em São Paulo. Suas economias estavam acabando e ele esperava encontrar trabalho nas fazendas de café da região.
Precisava apenas de um lugar para ficar por alguns dias até se estabelecer. Fique conosco, primo”, disse Violeta, com aquele mesmo sorriso perturbador. “A casa é grande e família deve ajudar família”. Prudência a sentiu vigorosamente, suas mãos ainda tremendo levemente enquanto observava o recém-chegado. Naquela primeira noite, as irmãs prepararam um jantar farto para Aides.
Carne ensopada, arroz, feijão e uma bebida quente feita com ervas que elas diziam colher na própria serra. Aides comeu com apetite, grato pela hospitalidade inesperada de suas primas. A bebida tinha um sabor amargo e estranho, mas ele atribuiu isso às ervas desconhecidas da região.
Durante a refeição, as irmãs fizeram muitas perguntas sobre a vida de Aides em São Paulo. Queriam saber se ele tinha família, se alguém sabia de sua viagem para o Paraná, se havia deixado o endereço com amigos ou conhecidos. A Sides inocentemente contou que havia cortado todos os laços com a vida anterior, que ninguém em São Paulo sabia exatamente onde ele estava. “Que bom”, murmurou prudência, trocando um olhar significativo com a irmã.
“Assim você pode começar uma vida completamente nova aqui conosco.” Semanas se passaram e Alides não aparecia mais na cidade. Ele havia prometido ao chefe da estação que voltaria para buscar informações sobre trabalho nas fazendas locais. mas nunca mais foi visto caminhando pelas ruas de pedra alta.
Não procurava emprego nas propriedades vizinhas, não mandava cartas para conhecidos em São Paulo. Era como se tivesse simplesmente desaparecido da face da Terra. Quando comerciantes locais perguntavam sobre o primo, as irmãs davam respostas evasivas e contraditórias. Aides decidiu seguir viagem, dizia Violeta com indiferença.
Não sabemos para onde foi, acrescentava prudência. evitando o contato visual. Homens são assim mesmo. Não avisam nada quando decidem partir, mas seus olhos traíam mentiras óbvias. Havia nervosismo em seus gestos, suor em suas testas, mesmo nos dias frios de inverno. E o mais perturbador, as compras de comida haviam aumentado ainda mais, como se estivessem alimentando uma terceira pessoa que ninguém via.

O mistério do desaparecimento de Aides estava apenas começando a se desenrolar. O delegado Amâncio Ribeiro recebeu a carta numa manhã chuvosa de abril de 1923. O papel amarelado trazia o timbre dos Correios de São Paulo e as palavras escritas à mão revelavam o desespero de uma família em agonia.
A irmã de Aides, Esperança Ferreira, implorava por notícias do irmão que havia partido para o interior do Paraná há três meses e simplesmente desaparecera. Amâncio era um homem experiente com 15 anos de serviço policial na região. Havia investigado desaparecimentos antes, mas algo naquela carta o inquietou profundamente.
A família de Aides descrevia um homem responsável, que sempre mantinha contato regular, que jamais deixaria os parentes sem notícias por tanto tempo. A investigação inicial revelou detalhes que fizeram o sangue do delegado gelar nas veias. O chefe da estação de Ponta Grossa, Crescêncio, confirmou que Aides havia chegado em janeiro e perguntado sobre as irmãs Carvalho, indicando que se dirigia para a região de Pedra Alta, mas desde então ninguém mais o havia visto na cidade.
Durante os interrogatórios preliminares, detalhes perturbadores começaram a emergir como peças de um quebra-cabeças macabro. O comerciante libânio de Pedra Alta relatou ter visto ao Sides pela última vez. entrando na propriedade das irmãs numa tarde de janeiro, carregando sua mala de couro, mas nunca, em momento algum havia presenciado o homem saindo da propriedade ou descendo a trilha da serra.
A quantidade de comida comprada pelas irmãs havia aumentado drasticamente após a chegada do primo. Elas agora compravam carne suficiente para três pessoas: sacos extras de arroz e feijão, e sempre pediam porções maiores de tudo. Quando questionadas sobre o aumento das compras, respondiam de forma evasiva, alegando que estavam fazendo estoques para o inverno.
Mas o mais perturbador eram os relatos dos vizinhos distantes. Dona Carmela, que morava na propriedade mais próxima, havia começado a ouvir sons ainda mais estranhos vindos da casa das irmãs, correntes sendo arrastadas durante a madrugada, gemidos que pareciam vir das profundezas da terra e, ocasionalmente, o que soava como alguém caminhando pesadamente no porão durante as horas mais escuras da noite.
Seu marido antenor, inicialmente cético, também começou a notar os ruídos perturbadores. Numa noite particularmente fria de março, ele jurou ter ouvido gritos desesperados ecoando pela serra, gritos que o fizeram pegar sua espingarda e vigiar a propriedade até o amanhecer. O delegado Ribeiro decidiu fazer uma visita oficial à propriedade das irmãs.
A caminhada pela trilha íngreme foi tensa, cada passo ecuando entre as árvores como um presságio sombrio. Quando finalmente chegou à casa, foi recebido pelas duas mulheres com um nervosismo mal disfarçado que imediatamente despertou suas suspeitas. Violeta torceu as mãos durante toda a conversa, seus olhos desviando constantemente do olhar direto do delegado.
Prudência mantinha um sorriso forçado que mais parecia uma careta de dor, suando profusamente apesar do frio da serra. Aides partiu há semanas, insistiu prudência, sua voz tremendo levemente. Ele disse que ia procurar trabalho em outras cidades da região. “Para onde exatamente?”, perguntou o delegado, observando atentamente as reações das irmãs. “Não disse especificamente”, respondeu Violeta rapidamente demais.
Homens são assim mesmo, não explicam seus planos para mulheres. Mas o delegado Ribeiro notou algo que fez seu instinto policial disparar todos os alarmes. No varal dos fundos da casa, estendidas ao vento frio da serra, havia roupas masculinas secando, camisas, calças e roupas íntimas que pareciam ser exatamente do tamanho de Acíes, conforme a descrição fornecida pela família.
“Essas roupas são de quem?”, perguntou o delegado, apontando para o varal. As irmãs se entreolharam com pânico mal disfarçado. “São roupas velhas do nosso pai”, mentiu Violeta, mas sua voz falhou na última palavra. O delegado sabia que estava diante de algo muito mais sinistro do que um simples desaparecimento.
Havia segredos terríveis escondidos naquela casa. segredos que as irmãs Carvalho guardariam a qualquer custo. Se você está acompanhando esta investigação perturbadora e quer descobrir o que realmente aconteceu com Aides, não esqueça de se inscrever no canal para não perder nenhum detalhe desta história macabra. Deixe seu like se está gostando do conteúdo.
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O documento, assinado pelo juiz da comarca, autorizava a investigação completa da casa e de todos os seus cômodos. As irmãs tentaram impedir a entrada dos policiais, posicionando-se na porta como guardiãs desesperadas de segredos inconfessáveis. Violeta gritou que aquilo era uma invasão, que eles não tinham o direito de entrar em propriedade privada. Prudência chorava compulsivamente, suas lágrimas misturando-se com o suor frio que escorria por seu rosto pálido.
Mas a lei era clara e a investigação precisava acontecer. Os policiais entraram na casa enquanto as irmãs o seguiam como sombras ameaçadoras, murmurando protestos e ameaças vazias. A casa parecia normal à primeira vista. Mobília simples de madeira escura, típica do interior paranaense. Quartos organizados com camas feitas e roupas dobradas nos armários.
A cozinha estava limpa, com panelas lavadas e utensílios guardados em seus lugares. Tudo parecia perfeitamente comum para uma residência de duas mulheres solteiras. Mas havia um detalhe que imediatamente chamou a atenção do delegado Ribeiro. Uma porta de madeira pesada trancada com três fechaduras diferentes que levava ao que parecia ser o porão da casa.
A porta estava localizada numa área escura da casa, quase escondida atrás de uma cortina espessa. “Não usamos o porão”, disse Violeta rapidamente, posicionando-se na frente da porta como uma barreira humana. Está cheio de ratos e umidade. Não há nada lá embaixo, além de entulho velho. Prudência assentiu vigorosamente, suas mãos tremendo de forma incontrolável. “É perigoso descer lá”, acrescentou com voz aguda.
“As escadas estão podres. Alguém pode se machucar?” O delegado observou as reações das irmãs e percebeu que quanto mais elas tentavam dissuadi-lo de abrir aquela porta, mais convencido ficava de que ali estava a chave do mistério. Ordenou que os soldados arrombassem as fechaduras, ignorando os protestos cada vez mais desesperados das mulheres.
Quando a porta finalmente se abriu, um cheiro nauseiante subiu do porão como uma nuvem tóxica. Era uma mistura perturbadora de humidade, mofo, urina, feeses e algo muito pior que fez o estômago do delegado se revirar. Um dos soldados precisou sair da casa para vomitar. Tamanha era a intensidade do odor.
O delegado ribeiro desceu lentamente as escadas de madeira rangentes, cada degrau gemendo sob seu peso, como se a própria casa estivesse protestando contra aquela invasão. A escuridão do porão era quase absoluta, quebrada apenas pela luz fraca que entrava pela porta aberta acima. Quando seus olhos se acostumaram à penumbra, o delegado fez uma descoberta que o aterrorizou profundamente. O porão não era apenas um depósito abandonado, era claramente habitado.
Havia sinais inequívocos de que alguém vivia ali em condições que nenhum ser humano deveria suportar. No canto mais escuro do porão havia um colchão sujo e fedorento jogado diretamente no chão de pedra úmido. As manchas no tecido eram de uma cor marrom escura que o delegado preferiu não identificar.
Ao lado do colchão, correntes pesadas estavam presas à parede de pedra com ganchos de ferro, correntes longas o suficiente para permitir movimento limitado, mas curtas demais para alcançar as escadas. Restos de comida estavam espalhados pelo chão, como se tivessem sido jogados para um animal. Pedaços de pão mofado, ossos roídos, cascas de frutas apodrecidas.
Num canto havia um balde que servia como latrina, transbordando de dejetos humanos que criavam um cheiro insuportável. Mas o mais perturbador de tudo eram as marcas nas paredes de pedra, arranhões desesperados feitos com unhas humanas, alguns tão profundos que haviam deixado manchas de sangue seco na pedra. Palavras foram riscadas na parede com o que parecia ser carvão ou pedra.
Socorro, por favor, Deus me ajude. O delegado subiu às escadas com as pernas tremendo, sua mente tentando processar a cena macabra que havia testemunhado. Quando emergiu do porão, as irmãs estavam abraçadas no canto da sala, chorando e murmurando orações incoerentes. “Onde estáides?”, perguntou o delegado com voz grave, sua autoridade ecoando pela casa silenciosa.
As irmãs se entreolharam com terror absoluto, sabendo que seus segredos mais sombrios haviam sido descobertos. A verdade estava prestes a vir à tona, de uma forma que mudaria para sempre, a história daquela pequena região da Serra dos Campos. Confrontadas com as evidências irrefutáveis encontradas no porão, as irmãs Carvalho finalmente desmoronaram.
Violeta caiu de joelhos no chão da sala, suas mãos cobrindo o rosto enquanto soluçava de forma descontrolada. Prudência encostou-se na parede, deslizando lentamente até sentar-se no chão, seus olhos fixos no vazio, como se tivesse perdido completamente a conexão com a realidade. O delegado Ribeiro repetiu a pergunta com autoridade implacável.
Onde estáides Ferreira? Foi prudência quem falou primeiro, sua voz saindo como um sussurro quebrado. Ele está aqui. Sempre esteve aqui. A confissão que se seguiu revelou uma verdade mais chocante do que qualquer pessoa poderia imaginar. Aides não havia desaparecido, não havia partido para outras cidades em busca de trabalho.
Ele estava ali na casa vivo, mas mantido em cativeiro no porão há mais de três meses. Violeta, ainda soluçando, começou a contar a história com uma frieza perturbadora e contrastava com suas lágrimas. Na primeira noite de Alsides na casa, elas haviam misturado ervas sedativas na bebida que serviram durante o jantar.
Ervas que cresciam naturalmente na serra e que elas conheciam desde a infância. Plantas que os antigos moradores da região usavam para acalmar animais feridos. Quando Aides perdeu a consciência, as irmãs o arrastaram para o porão. Elas haviam planejado tudo meticulosamente desde o momento em que souberam de sua chegada. O porão havia sido preparado semanas antes, com correntes instaladas e suprimentos básicos para manter alguém vivo por tempo indefinido.
“Ele é nosso primo”, disse prudência com uma frieza que fez o sangue do delegado gelar. “Nosso parente de sangue, nosso direito por herança familiar”. A investigação posterior revelou detalhes ainda mais macabros sobre o cativeiro. As irmãs mantinham auxí sedado na maior parte do tempo, usando uma mistura de ervas que elas preparavam diariamente. Elas permitiam que ele ficasse consciente, apenas o suficiente para comer e beber, mantendo-o num estado de semiconsciência que impedia qualquer tentativa de fuga.
O plano das irmãs era manter auxides como uma espécie de propriedade familiar. Elas acreditavam sinceramente que tinham o direito de possuí-lo, de controlá-lo, de usá-lo como bem entendessem. A mente distorcida das duas mulheres, Aides era simultaneamente primo, prisioneiro e objeto de suas obsessões doentias. Violeta explicou com detalhes perturbadores como elas cuidavam dele.
Levavam comida duas vezes por dia, sempre misturada com sedativos. Trocavam o balde que servia como latrina uma vez por semana. Ocasionalmente, quando ele estava mais consciente, conversavam com ele como se fosse uma situação completamente normal. “Nós cuidamos bem dele”, insistiu prudência, suas palavras soando como as de uma criança, explicando como cuida de um animal de estimação.
Ele tem comida, água, um lugar para dormir. O que mais um homem precisa? O delegado ordenou uma busca imediata por Alides. Os soldados vasculharam toda a propriedade, procurando em cada cômodo, em cada esconderijo possível, mas ele não estava em lugar algum da casa ou dos arredores. “Onde ele está agora?”, perguntou o delegado, sua paciência se esgotando rapidamente.
As irmãs se entreolharam com uma expressão que misturava medo e algo que parecia desapontamento. “Ele fugiu”, murmurou Violeta há três dias. conseguiu quebrar uma das correntes durante a noite. Prudência completou a explicação com voz monótona. Ouvimos barulho no porão de madrugada. Quando descemos para verificar, ele havia desaparecido.
A janela pequena do porão estava quebrada por dentro. O delegado examinou a pequena janela do porão e encontrou vidros quebrados e manchas de sangue no parapeito. Era uma abertura minúscula, mal suficiente para uma pessoa magra passar, mas havia conseguido escapar depois de meses de cativeiro.
A pergunta que aterrorizava a todos era: Onde estava agora? Estava vivo, vagando pela serra em estado de choque. Estava ferido, escondido em alguma caverna ou mata densa ou havia sucumbido aos ferimentos e traumas sofridos durante os meses de prisão. Uma busca massiva foi organizada imediatamente, envolvendo policiais, bombeiros e voluntários da região. Mas encontrar um homem traumatizado numa serra vasta e perigosa seria como procurar uma agulha num palheiro.
As irmãs foram presas em flagrante, acusadas de sequestro e cárcere privado, mas o mistério sobre o paradeiro de Alides estava apenas começando. Aides Ferreira foi encontrado cinco dias após sua fuga, vagando pela mata densa da Serra dos Campos, em estado de choque profundo.
Um grupo de caçadores o descobriu próximo a um riacho, bebendo água com as mãos trêmulas, seu corpo esquelético coberto apenas por trapos sujos. Seus cabelos haviam crescido descontroladamente. Sua barba estava emaranhada e seus olhos carregavam o vazio de quem havia perdido a fé na humanidade. Quando os caçadores se aproximaram, Alides gritou desesperadamente e tentou fugir, rastejando pelo chão como um animal ferido. Ele não conseguia mais andar normalmente, seus músculos atrofiados pelos meses de confinamento.
Suas mãos sangravam devido aos cortes dos vidros da janela do porão, e seu corpo estava coberto de arranhões e feridas infectadas. O resgate foi traumático para todos os envolvidos. Aides não conseguia falar de forma coerente, apenas murmurava palavras desconexas sobre mulheres da montanha, correntes no escuro e o cheiro de mofo que o perseguia mesmo ao ar livre.
Quando tentaram colocá-lo numa maca, ele entrou em pânico total, gritando que não queria voltar para o porão. O médico da cidade, Dr. Evaristo, examinou aides e ficou horrorizado com seu estado físico e mental. O homem havia perdido mais de 20 kg. Seus pulsos estavam marcados pelas correntes e ele apresentava sinais claros de trauma psicológico severo.
Mais perturbador ainda eram as marcas de mordidas em seus braços. evidências de que havia tentado se automutilar durante o cativeiro. O caso das irmãs Carvalho chocou toda a região da Serra dos Campos e se espalhou pelos jornais de todo o estado. Nunca se havia registrado algo tão perturbador naquela área rural, onde crimes violentos eram raros e a vida transcorria de forma pacata entre fazendas e plantações de café.
O julgamento começou em setembro de 1923 no Fórum da Comarca de Pedra Alta. A pequena sala do tribunal ficou lotada de curiosos que viajaram de cidades vizinhas para testemunhar o processo. Repórteres de jornais de Curitiba e até mesmo do Rio de Janeiro compareceram para cobrir o caso que estava sendo chamado de crime das irmãs da montanha. Durante o julgamento, detalhes ainda mais sinistros emergiram através dos depoimentos e evidências apresentadas.
A promotoria revelou que as irmãs haviam planejado o sequestro de auxíberam de sua chegada à região. Cartas encontradas na casa mostravam que elas haviam trocado correspondências sobre como preparar o porão e quais ervas usar para manter alguém sedado. O mais perturbador foi a descoberta de um diário mantido por Violeta, onde ela descrevia em detalhes os dias de cativeiro de Alides.
As anotações revelavam uma mente completamente dissociada da realidade, onde ela se referia ao primo como nossa propriedade e nosso tesouro familiar. Ela escrevia sobre os cuidados diários, como se estivesse cuidando de um animal de estimação valioso. Prudência havia mantido registros ainda mais macabros, incluindo desenhos perturbadores que mostravamides acorrentado no porão. Seus escritos revelavam fantasias doentias sobre manter o primo para sempre, sobre criar uma família onde ele seria simultaneamente irmão, filho e propriedade das duas mulheres. Sides conseguiu testemunhar durante o julgamento, embora com grande
dificuldade emocional. Sua voz trêmula descreveu meses de horror que nenhum ser humano deveria suportar. Ele contou sobre as drogas que o mantinham em estado de semiconsciência, sobre as conversas perturbadoras que as irmãs tinham com ele, tratando-o como se fosse um objeto sem vontade própria.
“Elas me diziam que eu era delas agora”, testemunhou Alides com lágrimas escorrendo pelo rosto, “que nunca mais sairia dali, que era meu destino servir a família Carvalho para sempre. Diziam que eu deveria ser grato por elas me alimentarem e cuidarem de mim. O depoimento mais chocante foi quando Aides descreveu as tentativas das irmãs de forçá-lo a aceitar sua situação como normal.
Elas falavam sobre casamento, sobre como ele seria um bom marido para ambas, sobre os filhos que teriam juntos. Na mente distorcida das duas mulheres, o cativeiro era apenas o primeiro passo de um plano muito mais sinistro. As irmãs mostraram zero remorço durante todo o julgamento. Violeta mantinha uma expressão fria e desafiadora, como se não compreendesse por estava sendo julgada por cuidar de um membro da família.
Prudência chorava ocasionalmente, mas suas lágrimas pareciam ser de autocompaixão, não de arrependimento. O veredicto foi unânime, culpadas de sequestro, cárcere privado e tortura psicológica. Violeta Carvalho foi condenada a 20 anos de prisão, a pena máxima permitida pela legislação brasileira da época para os crimes de sequestro e cárcere privado. Prudência, considerada mentalmente perturbada pelos peritos médicos que a examinaram, foi internada no hospital psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre, onde permaneceria pelo resto de sua vida.
Durante a leitura da sentença, Violeta permaneceu impassível, seus olhos frios fixos no juiz, como se estivesse ouvindo a previsão do tempo. Prudência teve uma crise nervosa, gritando que queriam apenas cuidar da família, que Aides era ingrato por não compreender o amor que elas sentiam por ele.
Aides tentou reconstruir sua vida, mas os traumas sofridos durante os meses de cativeiro na Serra dos Campos o perseguiram até o fim de seus dias. Ele retornou a São Paulo, onde foi recebido pela família com lágrimas de alívio e horror. Sua irmã Esperança mal o reconheceu. Tamanha era a transformação física e mental que ele havia sofrido.
Os pesadelos atormentavam sides todas as noites. Ele acordava gritando, suando frio, imaginando que ainda estava acorrentado no porão úmido e escuro. O cheiro de mofo o fazia vomitar, e ele não conseguia ficar em lugares fechados por muito tempo sem entrar em pânico. Qualquer som de correntes ou metal arrastando o fazia tremer descontroladamente.
Médicos de São Paulo tentaram tratá-lo, mas a medicina da época tinha recursos limitados para lidar com traumas psicológicos tão severos. Aides desenvolveu uma doença misteriosa que os médicos nunca conseguiram diagnosticar adequadamente. Seu corpo simplesmente começou a definhar, como se sua alma tivesse sido quebrada de uma forma que não podia ser reparada.
Ele morreu em 1929, aos 34 anos, vítima dessa enfermidade inexplicável. Sua certidão de óbito lhva causa indeterminada, mas todos que o conheciam sabiam que ele havia morrido das feridas invisíveis, deixadas pelos meses de horror na montanha. A propriedade das irmãs Carvalho foi confiscada pelo estado e posteriormente abandonada.
A casa permanece vazia até hoje no alto da Serra dos Campos, suas janelas quebradas olhando para o vale como olhos cegos. A vegetação tomou conta da construção, criando uma atmosfera ainda mais sinistra ao redor da edificação. Os moradores locais evitam passar pela trilha que leva à antiga propriedade, especialmente durante a noite.
Há relatos de pessoas que ouviram sons estranhos vindos da casa abandonada, correntes arrastando, passos no porão e, ocasionalmente, gritos abafados que ecoam pela serra durante as madrugadas mais frias. Mas o mistério das irmãs Carvalho não terminou com suas condenações. Investigações posteriores conduzidas anos depois do julgamento revelaram evidências perturbadoras de que elas podem não ter sido as únicas da família envolvidas em atividades criminosas.
Documentos encontrados escondidos na casa mencionavam outras propriedades da família em diferentes estados do Brasil. Cartas trocadas com parentes distantes conham referências vagas a outros porões, outras casas isoladas, outros segredos familiares que nunca deveriam ser revelados. Um baú enterrado no quintal da propriedade, descoberto apenas em 1930, continha objetos pessoais que pertenciam a pelo menos três homens diferentes: relógios, carteiras, fotografias e cartas de pessoas que nunca foram identificadas, pessoas que podem ter desaparecido nas montanhas da Serra dos Campos muito antes da chegada de Aides.
Violeta morreu na prisão em 1935, levando seus segredos para o túmulo. Até seus últimos dias, ela insistia que havia feito apenas o que era certo para proteger a honra da família Carvalho. Ela nunca demonstrou arrependimento ou compreensão da gravidade de seus atos. Prudência permaneceu no manicômio até sua morte em 1940.
Durante todos esses anos, ela repetia obsessivamente as mesmas palavras para qualquer pessoa que a visitasse: “A família deve permanecer unida para sempre”. Os médicos relataram que ela passava horas desenhando plantas de casas com porões detalhados, sempre incluindo correntes e fechaduras. Até hoje ninguém sabe quantas outras vítimas podem ter existido.
Quantos outros primos, parentes distantes ou viajantes solitários podem ter desaparecido nas montanhas do Paraná ao longo dos anos. A família Carvalho havia vivido na região por gerações e seus segredos podem ter raízes muito mais profundas do que qualquer investigação conseguiu descobrir. A casa continua lá no alto da serra, guardando segredos que talvez nunca sejam completamente revelados.
Nas noites de névoa densa, quando o vento uiva entre os picos da montanha, os moradores locais juram ainda ouvir ecos do passado, correntes arrastando, gemidos de desespero e o som de passos pesados caminhando eternamente pelo porão de uma casa que deveria ter sido esquecida pelo tempo. Esta história perturbadora nos lembra que os maiores horrores não vêm de criaturas sobrenaturais ou forças inexplicáveis, mas da própria natureza humana. Quando corrompida por obsessões doentias e isolamento extremo, as irmãs da montanha
transformaram o amor familiar em possessão, cuidado em controle e casa em prisão. Se você ficou impressionado com esta história macabra da Serra dos Campos, não esqueça de se inscrever no canal para mais casos perturbadores do Brasil. Deixe seu like se o conteúdo te manteve grudado na tela.
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