(1917, Barbacena) A Macabra História da Família Marcondes e as Assombrações Que Tentaram Esconder

A madrugada de 28 de janeiro de 1917 seria marcada para sempre na memória de Barbacena. O que aconteceu naquela noite fria mudaria a cidade para sempre. 3 horas da manhã, o silêncio pesado da madrugada mineira foi estilhaçado por um grito que cortou o ar como uma lâmina.


Um grito que não parecia humano, um som que vinha das profundezas da alma, carregado de terror e desespero. Dona Leopoldina acordou com o coração disparado. Suas mãos tremiam enquanto acendia a vela ao lado da cama. O grito havia vindo da direção da rua do Rosário, mais especificamente da casa dos Marcondes. Ela correu até a janela, empurrando as cortinas pesadas. A rua estava mergulhada em trevas, iluminada apenas pela lua minguante que lutava contra as nuvens carregadas.
A casa dos Marcondes, normalmente imponente e bem cuidada, parecia diferente, sinistra. A porta principal estava aberta, completamente aberta, balançando no vento gelado como se fosse a boca de um morto tentando falar. Isso era impossível. O coronel Arlindo jamais deixaria a porta destrancada, quanto mais escancarada no meio da madrugada. Leopoldina sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Algo estava terrivelmente errado. Ela conhecia aquela família há mais de 20 anos. Sabia seus hábitos, suas rotinas. Os marcondes eram meticulosos, organizados, previsíveis. Mas naquela noite a previsibilidade havia sido quebrada de forma brutal. Outros vizinhos também acordaram. Janelas se iluminaram uma a longo da rua.
Postos curiosos e assustados apareciam por trás das cortinas. Todos olhavam na mesma direção. Todos sentiam o mesmo pressentimento sombrio. O farmacêutico Libânio que morava três casas adiante, saiu à rua de camisola e chinelos. Seus passos ecoavam no calçamento de pedras irregulares. Ele se aproximou da casa dos Marcondes com cautela, como quem se aproxima de um animal ferido.
A casa estava completamente silenciosa agora. Nenhuma luz nas janelas, nenhum movimento, nenhum sinal de vida. Era como se a construção de três andares tivesse se transformado em um mausoléu. Libano gritou. Coronel Arlindo, está tudo bem? Sua voz ecoou pela rua vazia, mas não houve resposta, apenas o vento frio sussurrando entre as árvores.
Dona Leopoldina desceu as escadas de sua casa e juntou-se ao farmacêutico. Outros vizinhos fizeram o mesmo. Em poucos minutos, uma pequena multidão se formou em frente à propriedade dos marcondes. “Alguém precisa entrar”, murmurou o sapateiro Policarpo, ajustando nervosamente o suspensório sobre a camisola.
“E se for um assalto?”, perguntou dona emerenciana, a costureira, abraçando-se para se proteger do frio. “Assaltantes não deixam portas abertas”, respondeu Libo, mas sua voz traía incerteza. O grupo permaneceu ali paralisado pela indecisão e pelo medo. A casa dos Marcondes os observava como um olho gigante e vazio. As janelas escuras pareciam bocas mudas, guardando segredos que talvez fosse melhor não descobrir.
Foi então que dona Leopoldina notou algo que fez seu sangue gelar. No jardim bem cuidado da família, algumas flores estavam pisoteadas. Não, apenas pisoteadas, arrancadas, espalhadas pelo gramado, como se alguém tivesse corrido desesperadamente, fugindo de algo terrível. “Olhem o jardim”, sussurrou ela, apontando com a mão trêmula. Todos seguiram seu olhar.
As rosas que dona Carmela cultivava com tanto carinho estavam destroçadas. Pétalas vermelhas espalhadas pela terra escura pareciam gotas de sangue sob a luz pálida da lua. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Cada pessoa ali presente sabia que estava diante de algo que mudaria suas vidas para sempre, algo que revelaria verdades que talvez fosse melhor não descobrir.
Ninguém ousou entrar na casa naquela madrugada. Todos voltaram para suas casas, mas nenhum conseguiu dormir. Ficaram acordados, olhando pelas janelas, esperando que alguém aparecesse, esperando que tudo voltasse ao normal. Mas o normal havia morrido junto com aquele grito na madrugada e quando o sol nasceu sobre Barbacena, trouxe consigo a certeza de que a família Marcondes havia desaparecido da face da Terra, deixando para trás apenas perguntas sem respostas e um mistério que assombraria a cidade para sempre. Dois dias antes do grito
que ecoaria para sempre na memória de Barbacena, a vida dos Marcondes seguia seu curso aparentemente normal, mas aparências podem ser mais enganosas que espelhos quebrados. 26 de janeiro de 1917. A manhã despontava clara e fria sobre a rua do Rosário. Na casa de número 47, Coronel Arlindo Marcondes tomava seu café enquanto lia o jornal local.
Aos 52 anos, era um homem imponente, de bigode bem aparado e olhar penetrante, que fazia qualquer um baixar a cabeça em sinal de respeito. Sua esposa, dona Carmela, observava-o do outro lado da mesa. Ela tinha 48 anos e uma beleza que o tempo havia tornado mais interessante, mais perigosa.
Seus olhos escuros pareciam guardar segredos que nem mesmo o marido conhecia. E talvez fosse melhor assim. O preço do café subiu novamente”, comentou Arlindo, dobrando o jornal com precisão militar. “Ótimo para nós”, respondeu Carmela, mexendo o açúcar em sua xícara com movimentos calculados. “Péssimo para quem compra”, era assim que ela falava, sempre com duplo sentido, sempre deixando no ar a sensação de que sabia mais do que revelava. Os filhos desceram para o café da manhã, um por um.
Primeiro Estevão, o primogênito de 28 anos, formado em direito pela Faculdade de São Paulo, havia voltado para Barbacena para administrar os negócios da família, mas seus olhos vermelhos e o leve tremor nas mãos denunciavam noites mal dormidas e hábitos que o pai desaprovaria. “Dormiu bem, meu filho?”, perguntou Carmela, mas o tom não era maternal, era investigativo.
Como sempre, mãe! Mentiu Estevão, evitando o olhar dela. Violeta apareceu em seguida. Aos 25 anos, era considerada a moça mais bela de Barbacena, cabelos castanhos que brilhavam como seda, pele alva e olhos que pareciam guardar sonhos impossíveis. Mas naquela manhã algo em seu rosto revelava preocupação. Chegou correspondência para você.
disse Carmela, estendendo uma carta com envelope lacrado. Violeta pegou a carta rapidamente, escondendo-a entre as dobras do vestido. O gesto não passou despercebido pela mãe, que arquivou a informação em algum canto escuro de sua mente. Por último, desceu Silvério, o caçula, de 19 anos, estudante de medicina no Rio de Janeiro, estava em casa para as férias de verão.
tinha o rosto jovem marcado por uma ansiedade que tentava disfarçar com sorrisos forçados. “Pai”, começou ele hesitante. “Preciso conversar com o senhor sobre depois do café”, cortou arindo, sem levantar os olhos do jornal. Silvério engoliu as palavras junto com o pão. Suas dívidas de jogo no Rio de Janeiro cresciam como erva daninha. Mas como contar isso ao pai? Como explicar que havia perdido no baralho o dinheiro que deveria durar todo o semestre? A família tomava café em silêncio, cada um perdido em seus próprios segredos.
A mesa de Mogno refletia suas faces como um espelho d’água, mas nenhum deles via realmente o outro. Estavam todos mergulhados em seus mundos particulares de mentiras e omissões. Dona Carmela observava tudo. Cada gesto, cada olhar, cada palavra não dita. Era como uma aranha no centro de sua teia, sentindo cada vibração, cada movimento de suas presas, e todos ali eram suas presas, de uma forma ou de outra.
Ela sabia sobre as garrafas escondidas no escritório de Estevão. Sabia sobre as cartas que Violeta recebia de um homem casado de Belo Horizonte. Sabia sobre as dívidas de Silvério no Rio de Janeiro. Mas o que eles não sabiam era que Carmela também tinha seus segredos. Segredos muito mais sombrios.
Segredos que, se descobertos, destruiriam não apenas a reputação da família, mas suas próprias vidas. Enquanto servia mais café para o marido, Carmela pensou no arsênico que guardava no armário da cozinha. Oficialmente era para matar ratos. Na prática, já havia servido para propósitos muito mais sinistros. “Vou visitar dona emerenciana hoje”, anunciou ela.
“Preciso encomendar um vestido novo.” “Para que ocasião?”, perguntou Arlindo. “Para um funeral”, respondeu Carmela. E algo em seu tom fez todos na mesa se arrepiarem. “De quem?”, insistiu o marido. Carmela sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos. Ainda não sei, mas sempre é bom estar preparada. O silêncio que se seguiu foi pesado como chumbo.
Cada membro da família sentiu um presságio sombrio, como se uma nuvem negra tivesse passado sobre a casa. Estevão terminou o café rapidamente e se retirou. Violeta fez o mesmo, apertando a carta contra o peito. Silvério permaneceu na mesa, reunindo coragem para falar com o pai sobre as dívidas, mas Arlindo já havia se levantado, deixando o filho sozinho com seus problemas e seus medos.
Carmela continuou sentada, mexendo lentamente o café que já estava frio, seus olhos fixos na janela, mas sua mente trabalhando em planos que nenhum deles poderia imaginar. A família perfeita de Barbacena estava prestes a descobrir que perfeição é apenas uma máscara. E quando as máscaras caem, o que resta pode ser mais terrível do que qualquer pesadelo.
29 de janeiro de 1917, 7 horas da manhã. O delegado Aristides furtado caminhava pela rua do Rosário com passos pesados, ainda tentando processar o que os vizinhos haviam relatado. 43 anos de idade, 20 anos de carreira policial, mas nunca havia enfrentado algo assim. Cinco pessoas, uma família inteira, desaparecida como fumaça no vento.
Quando chegou à casa dos marcondes, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A construção imponente de três andares parecia ferida, violada. A porta principal ainda balançava levemente, como se a casa estivesse respirando com dificuldade. Benedito, o caseiro, esperava-o no portão. Suas mãos tremiam tanto que mal conseguia segurar o chapéu de palha.
Aos 60 anos, havia trabalhado para a família Marcondes por mais de duas décadas. Conhecia cada canto daquela casa, cada hábito de seus moradores. Doutor delegado! Gaguejou ele. Eu juro pela alma da minha mãe que quando cheguei aqui de manhã tudo estava assim. A porta aberta, as janelas abertas, como se o vento tivesse entrado e levado todo mundo embora.
Aristides estudou o rosto do homem. Benedito não estava mentindo. O terror em seus olhos era genuíno, visceral. Me conte exatamente o que viu”, pediu o delegado, tirando um caderninho do bolso. Cheguei às 6, como sempre. Logo vi que algo tava errado. A porta da frente nunca fica aberta, doutor. O coronel é muito cuidadoso com essas coisas.
Chamei, gritei, mas ninguém respondeu. Aristides entrou na casa seguido pelo caseiro. O que viu o deixou perplexo. A mesa da sala de jantar ainda estava posta para cinco pessoas. pratos de porcelina fina, talheres de prata, taças de cristal, mas a comida estava entocada, fria como pedra.
O vinho havia sido derramado sobre a toalha branca, criando manchas que pareciam sangue coagulado. Cadeiras estavam derrubadas, como se as pessoas tivessem se levantado rapidamente, em pânico. “Otem à noite, você ouviu alguma coisa?”, perguntou Aristides, examinando os pratos frios. Benedito baixou a cabeça envergonhado. Ouvi gritos, sim, senhor, mas pensei que fosse briga de família. O coronel sempre foi bravo.
E dona Carmela, bem, ela não era de engolir desaforo. Que tipo de gritos? De medo, doutor. De muito medo. Mas depois ficou tudo quieto. Eu pensei que tinha acabado a discussão. Aristide subiu ao segundo andar. Os quartos estavam desarrumados, mas não como se tivessem sido saqueados. Era diferente. Parecia que as pessoas haviam saído às pressas, pegando apenas o essencial.
No quarto do casal encontrou algo intrigante. A cômoda estava aberta, gavetas puxadas, mas as joias de dona Carmela continuavam lá. Colares de ouro, brincos de diamante, anéis valiosos. Ladrões jamais deixariam aquilo para trás. No escritório do Coronel Arlindo, a descoberta foi ainda mais perturbadora. Papéis espalhados pelo chão, gavetas reviradas e, no meio da bagunça, pedaços de uma carta rasgada.
Aristides juntou os fragmentos com cuidado, como quem monta um quebra-cabeça macabro. Conseguiu ler algumas palavras. Não posso mais guardar este segredo. A verdade precisa vir à tona. Ou todos pagaremos o preço. O resto estava ilegível, mas aquelas palavras eram suficientes para fazer o coração do delegado acelerar. Que segredo? Que verdade? E quem pagaria o preço? Benedito. Chamou ele descendo as escadas.
A família tinha inimigos? Alguém que pudesse querer fazer mal a eles? O caseiro pensou por um momento, coçando a cabeça grisalha. Inimigos declarados não. Mas o coronel era duro nos negócios. E dona Carmela, ela sabia coisas sobre muita gente na cidade, coisas que as pessoas preferiam manter em segredo.
Que tipo de coisas? Não sei direito, doutor, mas ela sempre falava que informação vale mais que ouro e tinha razão. Aristides voltou à sala de jantar, observando novamente a cena. Algo não fazia sentido. Se a família havia fugido, por que deixar a mesa posta? Se havia sido sequestrada, por que não levar as joias? Foi então que notou algo que havia passado despercebido na primeira observação.
No chão, próximo à cadeira onde normalmente sentava a dona Carmela, havia uma pequena mancha escura. Ajoelhou-se e examinou mais de perto. “Sangue! Definitivamente sangue! Benedito”, disse ele, tentando manter a voz calma. “Preciso que me conte tudo o que sabe sobre esta família.
Tudo mesmo, por menor que pareça. O caseiro olhou ao redor, como se as paredes pudessem ouvi-lo. Doutor, tem coisas que é melhor deixar enterradas. Essa família, eles não eram o que pareciam ser. O que quer dizer com isso? Dona Carmela era viúva quando casou com o coronel. O primeiro marido dela morreu de repente, sem estar doente.
E depois que ela se casou de novo, algumas pessoas que se meteram nos negócios da família também morreram de forma estranha. Ar. sentiu um frio na barriga. Estava começando a entender que o desaparecimento dos marcondes era apenas a ponta de um iceberg muito mais sombrio e perigoso. A família perfeita de Barbacena escondia segredos que alguém havia descoberto e agora todos haviam pagado o preço por anos de mentiras e crimes ocultos.


Mas onde estavam os corpos e quem conhecia a verdade sobre os marcondes? 30 de janeiro de 1917, o delegado Aristides acordou antes do amanhecer, atormentado por pesadelos sobre a família Marcondes. Cada pista descoberta abria novas feridas na investigação, revelando camadas de segredos que pareciam não ter fim. Sua primeira parada foi na farmácia de Libânio Tavares.
O homem estava preparando medicamentos quando o delegado entrou, fazendo o sininho da porta ecoar como um presságio sombrio. “Doutor Aristides”, cumprimentou Libo, mas seus olhos traíam nervosismo. Soube do desaparecimento dos Marcondes, coisa terrível. Por isso estou aqui”, respondeu o delegado, observando as prateleiras cheias de frascos e pós. “Preciso saber sobre as compras que dona Carmela fazia aqui.
” O farmacêutico engoliu em seco. Suas mãos pararam de mexer no pilão, onde preparavam um remédio. Ela comprava os remédios normais para dor de cabeça, para o estômago e arsênico. A pergunta caiu como um martelo. Libânio deixou cair o pilão que se estilhaçou no chão de madeira. Como, como o senhor sabe? Responda apenas. Ela comprava arsênico toda semana, confessou o farmacêutico.
A voz trêmula. Dizia que era para os ratos. Mas, doutor, que casa rica tem tanto rato assim? Ela levava quantidade suficiente para matar um boi. Aristides sentiu o estômago revirar. Suas suspeitas estavam se confirmando de forma aterrorizante. Há quanto tempo ela fazia essas compras? Anos. Desde que se casou com o coronel, talvez uns 20 anos.
20 anos comprando veneno, 20 anos de mortes que poderiam não ter sido naturais. A próxima parada foi o atelier de costura de dona emerenciana. A mulher de 50 anos recebia clientes em sua casa na rua das flores. Quando viu o delegado, suas agulhas pararam de se mover. Dona emerenciana, preciso saber sobre o último pedido que dona Carmela fez aqui.
A costureira olhou para os lados, como se alguém pudesse estar escutando. Ela encomendou um vestido preto na semana passada, tecido fino, corte elegante, disse que seria para um funeral. De quem? Não disse. Mas quando perguntei, ela sorriu daquele jeito estranho dela e falou: “Sempre é bom estar preparada para despedidas, não acha?” Aristide sentiu um arrepio.
Carmela havia encomendado um vestido de luto antes mesmo de alguém morrer, como se soubesse que a morte estava chegando. Ela parecia diferente naquele dia, muito nervosa, agitada, ficava olhando pela janela como se esperasse alguém, e suas mãos tremiam tanto que mal conseguia segurar a bolsa. O delegado seguiu para o banco, onde encontrou Policarpo Mendes, o gerente.
O homem gordo e suado recebeu-o em seu escritório abarrotado de papéis. Coronel Arlindo esteve aqui na sexta-feira”, confirmou o Policarpo, limpando o suor da testa. Sacou todo o dinheiro da conta, tudo mesmo. Foram quase cinco contos de réis. Ele disse: “Por quê?”.
falou que ia viajar, negócios urgentes no Rio de Janeiro, mas estava muito estranho, doutor, nervoso, olhando para todos os lados. Não parecia o coronel de sempre. Como assim? O coronel sempre foi um homem seguro, decidido. Naquele dia parecia um animal acuado. Quando contei o dinheiro, suas mãos tremiam e ele não parava de olhar para a rua como se alguém o estivesse seguindo.
Cada depoimento pintava um quadro mais sombrio. A família Marcondes havia passado seus últimos dias em estado de pânico, como se soubessem que algo terrível estava prestes a acontecer. De volta à delegacia, Aristides organizou as informações. Carmela comprava arsênico há 20 anos. Encomendara um vestido de luto uma semana antes do desaparecimento.
Arlindo sacara todo o dinheiro do banco. Todos pareciam estar se preparando para algo. Mas preparando-se para quê? Para fugir? Para morrer, para matar? Foi então que Benedito apareceu na delegacia mais nervoso do que nunca. Dr. Lembrei de uma coisa. Tem um lugar que o senhor precisa conhecer. Que lugar? O porão da casa.
O coronel mandou cavar um buraco lá mês passado. Disse que era para guardar vinho. Mas, mas que vinho precisa de cova tão funda? E por que ele mesmo cavou sem deixar ninguém ajudar? Aristide sentiu o coração acelerar. Um buraco no porão cavado pelo próprio coronel em segredo. “Vamos lá agora”, decidiu pegando o chapéu. Enquanto caminhavam pelas ruas de Barbacena, o delegado não conseguia parar de pensar.
Cada pista levava mais perguntas. Cada resposta abria novos abismos de possibilidades terríveis. A família perfeita de Barbacena escondia segredos que alguém havia descoberto. Alguém que conhecia a verdade sobre Carmela e seus 20 anos comprando arsênico. Alguém que sabia sobre as mortes suspeitas.
Alguém que tinha poder suficiente para fazer uma família inteira desaparecer. Mas quem e por agora? As respostas estavam enterradas em algum lugar, talvez literalmente enterradas no porão da casa dos Marcondes. Se você está sentindo o mesmo arrepio que o delegado Aristides, deixe seu like neste vídeo e se inscreva no canal para não perder nenhum detalhe desta investigação macabra.
nos comentários me diga o que você acha que está enterrado no porão. E não esqueça de compartilhar com seus amigos que adoram mistérios sombrios como este. Primeiro de fevereiro de 1917, o delegado Aristides retornou à casa dos marcondes, acompanhado de dois soldados e do caseiro Benedito. O silêncio que pairava sobre a propriedade era opressivo, como se a própria casa guardasse luto pelos seus antigos moradores.
Benedito conduziu o grupo até os fundos da construção, onde uma porta de madeira pesada dava acesso ao porão. Suas mãos tremiam tanto ao girar a chave que Aristides precisou ajudá-lo. “Aqui doutor”, sussurrou o caseiro, apontando para um canto do porão, onde a terra parecia diferente do resto do chão. Foi aqui que o coronel cavou. O cheiro que emanava do local era perturbador, terra úmida misturada com algo mais, algo que fazia o estômago revirar e a mente rejeitar as possibilidades mais sombrias.
Aristides ordenou que os soldados começassem a escavar. A cada pá de terra removida, o cheiro ficava mais intenso, mais nauseiante. Benedito precisou sair do porão duas vezes para vomitar. Continue cavando”, ordenou o delegado, cobrindo o nariz com um lenço. A 2 metros de profundidade, as paz bateram em algo sólido.
Não era pedra, era couro, uma mala antiga de viagem pesada e trancada com cadeado. “Cuidado ao tirar”, instruiu Aristides, sentindo o coração bater descompassado. Quando a mala foi colocada sobre uma mesa improvisada no porão, todos ficaram em silêncio. O que quer que estivesse ali dentro, havia sido escondido com muito cuidado, muito planejamento.
Aristides forçou o cadeado com uma alavanca. O metal cedeu com um estalo que ecoou pelo porão como um tiro. Dentro da mala documentos, muitos documentos, mas não eram papéis comuns. Eram certidões de nascimento com nomes diferentes, contratos de venda de terras com assinaturas que pareciam forjadas e cartas, muitas cartas.
Mas foi o que estava no fundo da mala que fez o sangue de Aristides gelar. Um caderno encadernado em couro com páginas amareladas pelo tempo. Na capa, escrito com letra feminina, Confições de Carmela Ferreira Marcondes. Com mãos trêmulas, o delegado abriu o caderno. A primeira página continha uma confissão que mudaria tudo. Eu, Carmela Ferreira Marcondes, confesso ter causado a morte de meu primeiro marido, Tobias Ferreira, no dia 12 de setembro de 1895.
O arsênico foi misturado ao café da manhã. Ele morreu em três horas com dores terríveis. Casei-me com Arlindo Marcon de seis meses depois para esconder o crime e garantir minha posição social. Aristides precisou se apoiar na parede. Suas pernas fraquejaram. Carmela Marcondes era uma assassina confessa, mas a confissão não parava por aí. Virou a página e encontrou mais revelações aterrorizantes.
Tobias descobriu que eu havia falsificado documentos para vender terras que não me pertenciam. Ameaçou-me denunciar. Não tive escolha. A morte dele foi necessária e havia mais, muito mais. Cornélio Santos, sócio de Arlindo, começou a desconfiar das minhas atividades em 1898. Morreu de problemas estomacais após jantar em nossa casa. O arsênico no vinho funcionou perfeitamente.
Dona Quitéria, a parteira que assistiu ao nascimento de Violeta, sabia que a menina não era filha de Arlindo, precisava silenciá-la. Ela morreu em 1902, oficialmente de pneumonia, na verdade arsênico na medicina para Tosse. Página após página, revelava uma sequência de assassinatos cuidadosamente planejados e executados.
Carmela havia usado sua posição de esposa respeitada para eliminar qualquer um que ameaçasse seus segredos. Benedito, que conseguira se controlar e voltar ao porão, olhava por cima do ombro do delegado, lendo as confissões com o horror crescente. “Meu Deus”, murmurou ele. “quantas pessoas ela matou?” Aristides continuou lendo, contando mentalmente.
Sete mortes, sete pessoas eliminadas ao longo de 22 anos. Todas mortes que haviam passado despercebidas, atribuídas a causas naturais ou doenças súbitas. Mas a confissão mais chocante estava nas últimas páginas. Estevão descobriu meus segredos na semana passada. Encontrou este caderno escondido em meu quarto. Tentou me chantagear, exigindo dinheiro para manter silêncio. Meu próprio filho.
Violeta e Silvério também sabem agora. Arlindo ainda não sabe de nada, mas é questão de tempo. Não posso mais viver com este peso. Não posso mais matar. Estou cansada de carregar tantos mortos na consciência. Mas também não posso deixar que a verdade venha à tona. Seria a ruína de todos nós.
Talvez seja a hora de uma última solução, uma solução final para todos os problemas. A última entrada no caderno estava datada de 27 de janeiro, um dia antes do desaparecimento. Hoje à noite, durante o jantar, vou contar tudo para Arlindo. Vou confessar meus crimes e aceitar as consequências, ou vou acabar com tudo de uma vez. Não aguento mais viver nesta mentira. Aristides fechou o caderno, sentindo-se enjoado.
Carmela havia planejado confessar seus crimes para a família inteira durante o jantar de 27 de janeiro. O mesmo jantar que havia terminado com pratoscados e vinho derramado. O mesmo jantar que havia resultado no desaparecimento de cinco pessoas. Agora ele sabia porque a família havia desaparecido. A verdade sobre Carmela havia finalmente vindo à tona.
Mas o que havia acontecido depois da confissão? Onde estavam os corpos? E quem havia sobrevivido para contar a história? As respostas estavam em algum lugar e Aristides estava determinado a encontrá-las, mesmo que isso significasse desenterrar mais segredos sombrios da família mais respeitada de Barbacena.
3 de fevereiro de 1917, o delegado Aristides estava em seu escritório, relendo as confissões de Carmela pela décima vez, quando ouviu passos hesitantes na escadaria da delegacia. Eram passos de alguém que carregava um peso impossível de suportar. A porta se abriu lentamente, rangendo como um gemido de dor. Um homem apareceu no vão da porta, magro, abatido, com roupas amarrotadas e sujas de terra.
Levou alguns segundos para Aristides reconhecê-lo, Estevan Marcondes. O primogênito da família estava irreconhecível. Seus olhos, antes brilhantes e confiantes, agora pareciam dois buracos vazios. O rosto, coberto por uma barba mal feita, mostrava sinais de noite sem dormir e dia sem comer. “Delegado”, disse ele com voz rouca, quase um sussurro. “Eu preciso contar tudo”.
Aristides levantou-se da cadeira, sentindo o coração acelerar. Finalmente, alguém que poderia explicar o que havia acontecido naquela noite terrível. “Sente-se”, ofereceu, indicando a cadeira em frente à sua mesa. “Onde você esteve todos esses dias?” Estevão desabou na cadeira como um boneco de pano. Suas mãos tremiam incontrolavelmente escondido na fazenda abandonada do meu avô, tentando encontrar coragem para voltar, tentando encontrar palavras para explicar o inexplicável.
Então, explique o que aconteceu na noite de 27 de janeiro. Estevão respirou fundo, como quem se prepara para mergulhar em águas profundas e escuras. Tudo começou uma semana antes. Eu estava procurando uns documentos no quarto da minha mãe quando encontrei o caderno, as confissões dela. Li tudo, delegado, cada palavra, cada crime. Sua voz falhou. Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto sujo.
Minha mãe era uma assassina, uma assassina fria, calculista. E eu eu fui covarde. Em vez de denunciá-la, tentei usar a informação contra ela. Como assim? Eu tinha dívidas, muitas dívidas, dinheiro que havia pegado emprestado dos negócios da família para apostar.
Pensei que poderia chantagear minha mãe, forçá-la a me dar dinheiro em troca do silêncio. Aristide sentiu uma mistura de nojo e pena. O filho havia tentado chantagear a própria mãe assassina. E ela concordou no início, sim, me deu algum dinheiro, mas depois depois ela mudou. Ficou estranha, paranoica. Dizia que não aguentava mais carregar tantos mortos na consciência. Estevão limpou o nariz com a manga da camisa suja.
Violeta e Silvério descobriram sobre as confissões. Eu contei para eles, achando que poderiam me ajudar a pressionar nossa mãe, mas eles ficaram horrorizados. Violeta passou dias vomitando. Silvério não conseguia nem olhar para ela. E seu pai? Ele sabia? Não, papai não sabia de nada até aquela noite. Stevan fechou os olhos como se tentasse bloquear as memórias.
Minha mãe nos chamou para jantar no dia 27. Disse que tinha algo importante para contar. Pensamos que fosse sobre dinheiro, sobre os negócios, mas quando nos sentamos à mesa, sua voz se tornou um sussurro quase inaudível. Ela confessou tudo na frente do papai, contou sobre Tobias, sobre Cornélio, sobre todos os outros.
falou com uma frieza que me gelou o sangue, como se estivesse relatando o cardápio do jantar. Como seu pai reagiu? Papai ficou em choque, completamente paralisado. Não conseguia falar, não conseguia se mover, apenas olhava para ela como se estivesse vendo um monstro. Estevan começou a tremer mais violentamente, mas o pior ainda estava por vir.
Minha mãe disse que havia colocado arsênico no vinho, que todos nós íamos morrer naquela noite, que era a única forma de manter os segredos enterrados para sempre. Aristid sentiu o estômago revirar. Carmela havia tentado envenenar a família inteira. Papai percebeu primeiro. Viu que ela não havia bebido do vinho. Gritou para ninguém tocar nos copos. Houve uma confusão terrível.
Cadeiras derrubadas, gritos, desespero. E então papai tentou segurar minha mãe. Ela resistiu, gritando que todos nós merecíamos morrer por conhecer seus segredos. Na luta, ela tropeçou e bateu a cabeça na quina da mesa de mármore. Estevão cobriu o rosto com as mãos. O barulho foi horrível, um estalo seco. Ela caiu no chão e não se moveu mais. Havia sangue. Muito sangue.
Ela morreu na hora? Sim. Papai verificou o pulso. Nada. Minha mãe estava morta. O silêncio que se seguiu foi pesado como chumbo. Aristides tentava processar a informação. Carmela havia morrido acidentalmente durante uma tentativa de envenenar a família inteira.
E depois o que fizeram com o corpo? Papai entrou em pânico. Dizia que ninguém acreditaria que foi acidente, que todos pensariam que nós a havíamos matado para esconder os crimes dela, que a família seria destruída de qualquer forma. Então decidiram fugir. Violeta e Silvério concordaram imediatamente.
Disseram que era melhor desaparecer, começar uma nova vida em outro lugar. Papai pegou todo o dinheiro do banco e eles partiram para o Rio de Janeiro naquela mesma noite. E você, por que não foi com eles? Estevão levantou os olhos e Aristides viu neles uma dor profunda, inconsolável. Eu não consegui, delegado, não consegui abandonar tudo. Esta é minha cidade, minha vida.
E alguém precisava pagar pelos crimes dela. Alguém precisava contar a verdade. A confissão de Estevão explicava o desaparecimento, mas ainda deixava uma pergunta crucial sem resposta. Onde estava o corpo de Carmela Marcondes? 5 de fevereiro de 1917. O delegado Aristides acordou antes do amanhecer, atormentado pela pergunta que não o deixava dormir.
Onde estava o corpo de Carmela Marcondes? Estevão havia confessado tudo, mas ainda faltava a peça final do quebra-cabeça macabro. Quando chegou à delegacia, encontrou Estevão dormindo na cela, encolhido como uma criança assustada. O homem havia envelhecido 10 anos em uma semana.
Seus cabelos estavam grisalhos, seu rosto marcado por rugas que não existiam antes. Estevão chamou suavemente o delegado. Preciso que me leve até sua mãe. O homem abriu os olhos lentamente, como quem desperta de um pesadelo interminável. Eu sabia que esse momento chegaria”, murmurou, levantando-se com dificuldade. “Não consigo mais carregar esse peso sozinho.
” Saíram da cidade em uma carruagem, seguindo pela estrada de terra que levava às propriedades rurais. O silêncio entre eles era pesado, quebrado apenas pelo barulho das rodas sobre as pedras e o relinchar ocasional dos cavalos. 15 km de Barbacena, Estevão pediu para parar. apontou para uma propriedade abandonada com uma casa de fazenda em ruínas e um terreno tomado pelo mato.
“Ali”, disse com voz embargada, “É ali que ela está!” Caminharam por uma trilha estreita até chegarem a um pé de jabuticaba centenário. A árvore era majestosa, com galhos grossos, que se estendiam como braços protetores sobre a terra vermelha. Papai disse que ninguém procuraria embaixo de uma árvore frutífera”, explicou Estevão, ajoelhando-se ao pé da jabuticabeira.
Disse que era o lugar perfeito para esconder algo que deveria permanecer escondido para sempre. Aristides observou o local. A terra estava ligeiramente diferente do resto do terreno, mais fofa, mais escura. Alguém havia cavado ali recentemente. “Vocês trouxeram o corpo na mesma noite?” Sim, papai conhecia esta propriedade desde criança. Era da família da minha avó. Ninguém vem aqui há anos.
Começaram a escavar. A cada pá de terra removida, Estevão parecia encolher mais, como se estivesse sendo enterrado junto com os segredos de sua família. A 2 met de profundidade encontraram os restos mortais de Carmela Marcondes. O corpo estava envolto em um lençol branco, agora amarelado pela humidade da Terra.
Mesmo na morte, ela parecia guardar seus segredos, com o rosto coberto, como se escondesse a verdade até o fim. Mas a descoberta mais chocante ainda estava por vir. “Tem mais alguma coisa aqui?”, disse Aristides, sentindo algo sólido com a pá. Cavaram mais um pouco e encontraram um baú de madeira antigo e carcomido pelo tempo.
Estava enterrado há muito mais tempo que o corpo de Carmela. Esse baú já estava aqui quando enterramos minha mãe”, confessou Estevão, olhando para o objeto com curiosidade misturada ao medo. Aristides forçou a fechadura enferrujada. Dentro do baú, mais evidências dos crimes de Carmela, cartas de chantagem escritas de próprio punho, recibos de pagamentos suspeitos e um segundo diário ainda mais antigo que o primeiro. “Meu Deus”, sussurrou o delegado, foliando as páginas amareladas.
Ela começou muito antes do que imaginávamos. O diário revelava que Carmela havia assassinado não apenas o primeiro marido, mas também seus próprios pais em 1890, para herdar a propriedade da família. Havia envenenado um tio rico em 1892, eliminado uma irmã que ameaçava contar sobre suas atividades criminosas.
“Quantas pessoas ela matou?”, perguntou Estevão, lendo por cima do ombro do delegado. Aristides contou mentalmente. Pelos registros encontrados, Carmela Marcondes havia assassinado pelo menos 12 pessoas ao longo de 27 anos. 12 vidas ceifadas para proteger seus segredos e manter sua posição social. Ela era um monstro”, murmurou Estevão, as lágrimas escorrendo livremente por seu rosto.
“Um monstro que eu chamava de mãe. Mas havia algo mais no fundo do baú. Uma carta lacrada endereçada a quem encontrar este baú.” Aristides abriu-a com cuidado. Era uma confissão final de Carmela escrita anos antes. Se alguém está lendo isto, significa que meus segredos finalmente vieram à tona. Não me arrependo de nada.
Cada morte foi necessária, cada crime foi justificado. Eu fiz o que precisava fazer para sobreviver em um mundo que não perdoa mulheres como eu, mas sei que um dia a verdade seria descoberta. Por isso, enterrei esta carta aqui neste lugar onde meus pais estão sepultados. Sim, eu os matei também. Eles descobriram meus primeiros crimes e ameaçaram me entregar à polícia.
Se minha família descobrir quem eu realmente sou, espero que tenham coragem de fazer o que é certo. Espero que me enterrem aqui junto com meus outros segredos. A carta terminava com uma frase que fez o sangue de Aristides gelar. A maldade não morre com o corpo. Ela se espalha como uma doença. Cuidado para que meus filhos não herdem meus instintos.
Estevão leu a carta em silêncio, seu rosto empalidecendo a cada palavra. Delegado”, disse ele com voz trêmula. “Preciso lhe contar mais uma coisa. Algo que descobri depois que minha mãe morreu.” “O quê?” Violeta. Ela não é filha do meu pai. E Silvério, ele tem as mesmas tendências da nossa mãe, já matou pessoas no Rio de Janeiro. Eu sei porque ele me escreveu se vangloriando.
A revelação final atingiu Aristides como um soco no estômago. A maldade de Carmela realmente havia se espalhado. Seus filhos carregavam a mesma semente sombria. A família Marcondes não havia apenas desaparecido de Barbacena, havia espalhado sua maldição para outros lugares, outras vítimas inocentes. E agora era tarde demais para impedir que a escuridão se espalhasse ainda mais.
10 de fevereiro de 1917. O caso que abalou Barbacena chegava ao fim, mas suas cicatrizes permaneceriam abertas para sempre. O delegado Aristides fechou o último relatório sobre a família Marcondes, com mãos que ainda tremiam ao lembrar das revelações descobertas. Os jornais de Belo Horizonte estamparam manchetes que chocaram todo o estado de Minas Gerais.
A viúva negra de Barbacena, família respeitada, escondia assassina ci serial. 12 mortes em 27 anos. As notícias se espalharam como fogo em palha seca, levando o nome da cidade para todo o país pelos motivos mais sombrios possíveis. Steevão Marcondes foi condenado a dois anos de prisão por ocultação de cadáver e cumplicidade.
Durante o julgamento, chorou como uma criança ao relatar os últimos momentos de vida da mãe. O júri, composto por homens que conheciam a família há décadas, teve dificuldade para aceitar que a respeitável dona Carmela era, na verdade, uma assassina fria e calculista. “Como podemos conviver com um monstro por tantos anos sem perceber?”, perguntou um dos jurados. após o veredicto. Era uma pergunta que assombrava toda a barbacena.
Como uma mulher havia conseguido matar 12 pessoas ao longo de quase três décadas sem levantar suspeitas, como havia usado sua posição social para encobrir crimes tão ediondos. Coronel Arlindo Marcondes, Violeta e Silvério nunca foram encontrados pelas autoridades. Rumores diziam que haviam mudado de identidade e se estabelecido no Rio de Janeiro, usando o dinheiro retirado do banco para começar uma nova vida.
Outros sussurravam que tinham fugido para a Argentina, onde ninguém conhecia sua verdadeira história. Mas a carta final de Carmela havia plantado uma semente de terror na mente do delegado Aristides. Se Silvério realmente havia herdado os instintos assassinos da mãe, quantas pessoas inocentes pagariam o preço? Quantas famílias seriam destruídas pela maldade que se espalhava como uma doença? O delegado enviou telegramas para a polícia do Rio de Janeiro, alertando sobre os fugitivos. Mas em uma cidade grande como aquela, três pessoas
com dinheiro e documentos falsos poderiam desaparecer facilmente na multidão. A casa da rua do Rosário foi lacrada pela justiça e posteriormente vendida em leilão. O comprador, um comerciante de Juiz de Fora, que desconhecia a história sombria da propriedade, demoliu a construção dois anos depois.
disse que a casa tinha energias ruins e que seus filhos não conseguiam dormir quando visitavam o local. No terreno vazio, apenas as fundações de pedra lembravam que ali havia existido o que todos consideravam a família mais respeitável de Barbacena. As jabuticabeiras do quintal morreram misteriosamente no inverno seguinte, como se a própria Terra rejeitasse qualquer vida naquele local amaldiçoado.
Benedito, o caseiro, nunca conseguiu trabalhar para outra família. As revelações sobre Carmela o traumatizaram profundamente. Passou os últimos anos de vida repetindo para quem quisesse ouvir. Eu sabia que tinha algo errado naquela mulher. Seus olhos eram frios demais, calculistas demais.
O farmacêutico Libânio fechou sua farmácia seis meses após o caso. Não conseguia mais vender arsênico sem lembrar dos crimes de Carmela. Mudou-se para Ouro Preto, onde abriu uma pequena loja de tecidos, jurando nunca mais trabalhar com medicamentos. Dona emerenciana, a costureira, queimou o vestido preto que havia feito para a Carmela.
Disse que a peça estava contaminada pela maldade e que tê-la em casa trazia pesadelos terríveis. O delegado Aristides aposentou-se no final de 1917. Aos 43 anos, sentia-se um homem velho, envelhecido pelas verdades sombrias que havia descoberto. Em suas últimas semanas no cargo, repetia constantemente: “Algumas verdades são pesadas demais para carregar. Algumas famílias guardam segredos que é melhor deixar enterrados.
” Mas a pergunta que assombrava Barbacena permanecia sem resposta. Quantos outros crimes Carmela Marcondes havia cometido? Quantas outras mortes naturais na cidade haviam sido, na verdade, assassinatos cuidadosamente planejados? O médico local revisou todos os atestados de óbito que havia assinado nos últimos 20 anos.
Encontrou pelo menos seis casos suspeitos de pessoas que haviam morrido após jantar na casa dos Marcondes ou após receber medicamentos de dona Carmela. A verdade completa nunca seria conhecida. Carmela levou muitos de seus segredos para o túmulo, enterrados junto com ela sob a jabuticabeira centenária. Anos depois, moradores antigos de Barbacena juravam que nas noites frias de janeiro ainda era possível ouvir gritos vindos do terreno onde ficava a antiga casa dos Marcondes. Gritos de uma mulher que havia vivido uma vida inteira de
mentiras e crimes e que talvez ainda não tivesse encontrado paz na morte. A história da família Marcondes tornou-se uma lenda sombria em Barbacena. Pais contavam para os filhos como uma lição sobre as aparências enganosas, como uma família aparentemente perfeita pode esconder os segredos mais terríveis.
E em algum lugar do Brasil, três fugitivos carregavam consigo a maldição de Carmela Marcondes, Arlindo, destruído pela descoberta de que vivera décadas ao lado de uma assassina, violeta, traumatizada por descobrir que não era filha de quem pensava, e Silvério, talvez o mais perigoso de todos, carregando no sangue os mesmos instintos sombrios da mãe.
A maldade, como havia escrito Carmela em sua última carta, realmente não morre com o corpo. Ela se espalha, se multiplica, encontra novas vítimas em novos lugares e talvez em alguma cidade distante, uma nova família esteja sendo construída sobre mentiras e segredos, repetindo o ciclo sombrio que começou em Barbacena no início do século XX. Algumas histórias não têm final feliz.
Algumas verdades são escuras demais para trazer paz e algumas famílias carregam maldições que passam de geração em geração, como heranças envenenadas que nunca podem ser recusadas. A história dos Marcondes nos ensina que por trás das fachadas mais respeitáveis podem esconder os segredos mais sombrios, que a maldade pode usar máscaras de respeitabilidade por décadas antes de ser descoberta, e que quando a verdade finalmente vem à tona, ela pode destruir não apenas os culpados, mas também os inocentes, que tiveram a infelicidade de estar próximos demais. Se esta história
te deixou com arrepios e reflexões sobre os segredos que as famílias podem guardar, deixe seu like e se inscreva no canal para mais investigações como esta. Nos comentários, me conte, você acredita que existem famílias com segredos tão sombrios quanto os dos Marcondes? E não esqueça de compartilhar este vídeo com quem aprecia mistérios que nos fazem questionar a natureza humana.
Até nossa próxima investigação nos cantos mais sombrios da história brasileira.

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