(1883, Serra Rio Grande do Sul) História Macabra: O Caçador Que Vendia Peles Que Não Eram de Animais

A neblina densa cobria as montanhas da Serra Gaúcha como um sudário. Era dezembro de 1883 e as ruas de terra batida de Caxias do Sul, em processo de pavimentação com as primeiras pedras, ecoavam com o barulho das carroças carregadas. A região, ainda em seus primeiros anos de colonização, pulsava com a promessa de um futuro próspero, construído com o suor de colonos alemães e italianos, que ali buscavam uma nova vida.


Mas a labuta era dura e o isolamento abria espaço para segredos. Havia, contudo, algo podre naquele paraíso embrionário. O som dos cascos dos cavalos contra as pedras irregulares da rua principal anunciava a chegada de Leandro Zimmerman. Sua carroça rangeu ao parar em frente ao armazém de Eliseu Becker, o comerciante mais estabelecido da incipiente vila.
O homem alto e magro desceu lentamente, seus olhos pequenos e penetrantes varrendo a rua como se procurassem algo específico. Eliseu saiu de sua loja limpando as mãos no avental de couro. Havia algo no ar que o incomodava. Talvez fosse o cheiro estranho que sempre acompanhava as mercadorias de Leandro.
Ou talvez fosse a forma como o caçador o observava, como se estivesse avaliando uma presa. Bom dia, senor Zimmerman. Vejo que trouxe mais peles hoje. Leandro sorriu. Era um sorriso que não chegava aos olhos, frio como o vento que descia das montanhas. Sim, senor Becker, minhas melhores peças, animais especiais, muito especiais.
Eliseu se aproximou da carroça e imediatamente sentiu algo errado. As peles estavam cuidadosamente dobradas, mas havia algo nelas que o perturbava profundamente. Eram macias demais, flexíveis demais. E aquele cheiro peculiar, doce e nauseiante ao mesmo tempo, fazia seu estômago revirar. “Que tipo de animal produz uma pele tão perfeita?”, perguntou, tocando hesitante uma das peças. A textura era diferente de tudo que já havia sentido.
Parecia quase humana. O pensamento o fez recuar instintivamente, o pavor apertando sua garganta. Leandro observou a reação do comerciante com interesse. Seus dedos longos e ossudos acariciaram uma das peles com carinho quase paternal. Ah, Senr. Becker, estes são animais muito raros, difíceis de encontrar. Exigem técnicas especiais de caça, métodos que aprendi ao longo de muitos anos.
A voz de Leandro tinha uma qualidade hipnótica, mas havia algo sinistro nas entrelinhas. Eliseu sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia rumores na vila, sussurros sobre famílias que desapareciam sem deixar rastros. Três famílias nas últimas semanas e sempre, sempre Leandro aparecia logo depois com mais mercadorias.
“As famílias Müller, Schneider e Weber ainda não foram encontradas”, murmurou Eliseu, “mas si mesmo do que para o caçador.” Os olhos de Leandro brilharam com uma luz estranha. Tragédia terrível. A serra pode ser perigosa para quem não a conhece bem. Animais selvagens, precipícios, o frio. Muitas coisas podem acontecer a uma família desavisada.
Havia algo na forma como ele pronunciou a palavra família que fez Eliseu se sentir enjoado. Era como se Leandro estivesse saboreando cada sílaba. O comerciante olhou novamente para as peles. Agora que prestava atenção, algumas delas tinham formatos estranhos, muito regulares, muito familiares. Uma delas parecia ter o formato exato de um braço humano. “Senr Zimmerman, eu” começou Eliseu, mas foi interrompido.
“Precisa decidir logo, Sr. Becker. Tenho outros clientes interessados, pessoas que apreciam qualidade quando a veem. E convenhamos, Sr. Becker, a ausência do seu armazém seria um grande problema para a vila. Haveria espaço para um novo em breve.
A ameaça velada estava clara, não era só sobre as peles, mas sobre o negócio de Eliseu, sua reputação, talvez até sua segurança. Eliseu engoliu em seco e acenou com a cabeça com o rosto pálido. Precisava daquelas peles para seu negócio, para não levantar suspeitas, para manter a normalidade, mesmo que algo dentro dele gritasse para recusar.
Enquanto contava as moedas, Eliseu observou Leandro carregar as peles restantes de volta à carroça. O caçador se movia com uma eficiência perturbadora, como alguém acostumado a manusear coisas. Seus movimentos eram precisos, calculados quase rituais. Até a próxima, Senr. Becker. E lembre-se, qualidade tem seu preço. A carroça se afastou lentamente, desaparecendo na neblina que começava a engolir as ruas.
Eliseu ficou parado, segurando as peles, sentindo como se tivesse acabado de fazer um pacto com o demônio. Naquela tarde, quando sua esposa perguntou sobre o cheiro estranho que impregnava a loja, Eliseu não soube o que responder.
Como explicar que aquelas peles pareciam carregar o eco de gritos silenciosos, como dizer que quando as tocava sentia como se estivesse tocando algo que já havia sido humano. A noite caiu sobre Caxias do Sul como uma cortina negra e em algum lugar nas montanhas, Leandro Zimmerman preparava suas armadilhas para a próxima caça. A serra escondia segredos que nenhum homem deveria descobrir.
Amélia Hoffman acordou mais uma vez no meio da madrugada, o coração disparado e as mãos trêmulas. O pesadelo era sempre o mesmo. Vozes chamando por socorro ecuando pelas montanhas, mas quando corria para ajudar, encontrava apenas o vazio. Há três semanas que não conseguia ter uma noite completa de sono. Levantou-se silenciosamente para não acordar Rodolfo e caminhou até a janela.
A lua minguante mal iluminava as ruas desertas de Caxias do Sul. Era uma visão que antes a tranquilizava, mas agora só aumentava sua angústia. Quantas famílias haviam caminhado por essas mesmas ruas antes de desaparecer para sempre? Primeiro foram os Müller, Heinrich, sua esposa Greta e os dois filhos pequenos.
Amélia havia ajudado no parto do caçula apenas seis meses antes. Lembrava-se perfeitamente do sorriso radiante de Greta quando segurou o bebê pela primeira vez. Agora, aquela família simplesmente não existia mais. Depois vieram os Schneider. Klaus era ferreiro, assim como Rodolfo. Os dois homens costumavam trocar experiências sobre técnicas de forjamento.
Sua esposa Berta era conhecida por fazer os melhores pães da região. Seus três filhos corriam pelas ruas brincando com as outras crianças, até que um dia simplesmente pararam de correr. E então os Weber. Johan era comerciante, um homem próspero que havia chegado há poucos anos da Alemanha. Sua família era exemplo de como os imigrantes podiam prosperar na nova terra, até que a nova terra os engoliu sem deixar vestígios.
Amélia pressionou a testa contra o vidro frio da janela. O que mais a perturbava não era apenas o desaparecimento das famílias, era a forma como acontecia, sem sinais de luta, sem rastros, como se tivessem simplesmente evaporado. Mas havia um padrão que ela começara a perceber, um padrão que a fazia questionar sua própria sanidade. Todas as famílias haviam negociado com Leandro Zimmerman dias antes de desaparecer.
O pensamento a fez estremecer. Leandro era respeitado na comunidade, um caçador habilidoso que fornecia as melhores peles da região, mas havia algo nele que sempre a incomodara. A forma como olhava para as pessoas, como se estivesse avaliando algo que só ele podia ver.


“Não pode ser coincidência”, sussurrou para si mesma. “O que não pode ser coincidência?” A voz de Rodolfo a fez pular de susto. Seu marido estava parado na porta do quarto, os cabelos desalinhados pelo sono. Rodolfo Hoffman era um homem prático, de poucas palavras, mas seus olhos revelavam a mesma preocupação que consumia Amélia. As famílias Rodolfo, todas elas, todas negociaram com Leandro antes de desaparecer. Rodolfo se aproximou e a abraçou por trás.
Amélia sentiu a força reconfortante de seus braços. Mas nem isso conseguia afastar o medo que crescia dentro dela. “Tenho pensado nisso também”, admitiu ele à voz baixa. “Aquelas peles que ele vende, nunca vi nada igual. Parecem quase humanas”. A palavra ficou suspensa no arreível. Amélia se virou nos braços do marido e viu em seus olhos a confirmação de seus piores temores.
“Você acha que ele começou, mas não conseguiu terminar a frase? Não sei o que pensar, Amélia, mas sei que algo está muito errado. Naquela manhã, Amélia tomou uma decisão que mudaria suas vidas para sempre. Enquanto Rodolfo trabalhava na forja, ela seguiu discretamente a carroça de Leandro quando ele deixou a cidade.
Aquele dia, seu instinto maternal, seu conhecimento de parteira da vida e da morte, gritava que ela não podia esperar, não podia pedir ajuda, não podia arriscar mais uma família. O desespero a impulsionava. A estrada serpenteava a montanha acima, tornando-se cada vez mais estreita e perigosa.
Amélia manteve distância, escondendo-se atrás das árvores sempre que possível. Seu coração batia tão forte que temia que Leandro pudesse ouvi-lo. A propriedade do caçador ficava isolada no alto da serra, cercada por uma floresta densa que parecia engolir a luz do sol. A casa principal era simples, mas bem cuidada, nada que despertasse suspeitas.
Mas foi quando Amélia contornou a propriedade que viu algo que a fez questionar sua própria sanidade. Esta madeira, dezenas delas cravadas no chão em fileiras organizadas, ferramentas estranhas penduradas em ganchos e uma cabana nos fundos da propriedade de onde vinha um cheiro nauseiante que fez seu estômago revirar.
Amélia se aproximou lentamente, cada passo exigindo toda sua coragem. O cheiro ficava mais forte, mais doce e pútrido ao mesmo tempo. Era um cheiro que ela reconhecia de seus anos como parteira, mas amplificado, concentrado, terrível. Era o cheiro da morte.
Quando finalmente conseguiu olhar através de uma fresta na parede da cabana, Amélia viu algo que a fez perder a fé na humanidade. Ganchos de metal pendurados no teto, mesas manchadas de sangue, facas de todos os tamanhos dispostas com cuidado cirúrgico e no canto, empilhadas como mercadorias, estavam roupas que ela reconheceu imediatamente. o vestido azul que Greta Müller usava aos domingos, a camisa xadrez de Klaus Schneider, o chapéu de Johan Weber. Foi então que uma voz atrás dela a fez gelar de terror.
Perdida, senora Hoffman, parece que o aroma da floresta a conduziu por um caminho inesperado. Amélia se virou lentamente e encontrou Leandro Zimmer parado a poucos metros de distância. Aquele sorriso estava lá novamente, mas agora ela podia ver o que realmente era. Não era um sorriso humano, era a expressão de um predador que acabara de encontrar sua próxima presa.
Alguns segredos são pesados demais para uma pessoa carregar sozinha. Amélia sentiu suas pernas fraquejarem quando ouviu a voz de Leandro atrás dela. O tempo pareceu parar por um instante eterno, como se o mundo inteiro estivesse segurando a respiração. Ela podia sentir o olhar dele, perfurando suas costas, avaliando, calculando.
“Eu eu me perdi”, gaguejou, tentando controlar o tremor em sua voz. Estava procurando ervas medicinais. E ervas medicinais? Leandro deu um passo à frente, suas botas fazendo um ruído seco contra o chão. Que interessante! E que tipo de ervas a senhora esperava encontrar aqui tão longe da cidade, onde só o mato bravo prospera?” Amélia forçou-se a se virar completamente para encará-lo.
O que viu em seus olhos a fez compreender que estava diante de algo muito pior do que havia imaginado. Não havia humanidade ali, apenas uma fome terrível antiga, que parecia consumir tudo ao redor. “Qualquer coisa que possa ajudar com os partos difíceis”, respondeu, surpreendendo-se com a firmeza de sua própria voz. Com tantas famílias desaparecendo, as mulheres grávidas estão apavoradas. precisam de algo para acalmar os nervos.
Leandro inclinou a cabeça como um animal estudando sua presa. Seus olhos pequenos e penetrantes nunca deixaram o rosto dela, famílias desaparecendo. Sim, é uma tragédia terrível. A serra pode ser muito perigosa, especialmente para quem se aventura onde não deveria. A ameaça estava clara como cristal.
Amélia sentiu o suor frio escorrer por suas costas, mas forçou-se a manter a compostura. Sua experiência como parteira havia lhe ensinado a permanecer calma em situações de vida ou morte. E ela sabia com absoluta certeza que esta era uma delas. “Bem, eu deveria voltar”, disse dando um passo na direção da trilha. Rodolfo ficará preocupado se eu demorar muito. Claro.
Leandro sorriu novamente, mas não se moveu para deixá-la passar. Mas antes que vá, gostaria de lhe mostrar algo. Uma curiosidade que encontrei recentemente. Amélia sentiu o sangue gelar em suas veias. Cada instinto em seu corpo gritava para ela correr, mas sabia que isso seria fatal. Leandro estava entre ela e a única saída visível.
precisava jogar o jogo dele até encontrar uma oportunidade. Que tipo de curiosidade? Algo que uma parteira experiente como a senhora certamente apreciaria. Venha, não vai demorar. Ele se virou e caminhou em direção à cabana. Amélia não teve escolha senão segui-lo, cada passo parecendo levá-la mais fundo em um pesadelo do qual talvez nunca acordasse.
Quando Leandro abriu a porta da cabana, o cheiro a atingiu como uma parede sólida. Era pior do que ela havia imaginado. Doce, pútrido, com notas metálicas que faziam sua garganta se fechar. Era o cheiro da morte em decomposição, concentrado e intensificado. “Entre, por favor”, disse Leandro, fazendo um gesto galante, como se estivesse convidando-a para um salão elegante.
Amélia entrou lentamente, seus olhos se adaptando à penumbra. O que viu a fez compreender que estava na presença de um monstro que superava seus piores pesadelos. A cabana havia sido transformada em uma espécie de oficina macabra. Ganchos de metal pendiam do teto como instrumentos de tortura.
Mesas de madeira manchadas de vermelho escuro ocupavam o centro do espaço. Facas, serras e outros instrumentos que ela não conseguia identificar estavam dispostos com precisão cirúrgica ao longo das paredes. Mas o que mais a perturbou foram os barris nos fundos da cabana, grandes, de madeira escura, com tampas firmemente fechadas. Amélia não precisava olhar dentro para saber o que contin.
“Impressionante, não é?”, disse Leandro, observando sua reação com interesse científico. Levei anos para aperfeiçoar este processo. Cada ferramenta tem sua função específica. Cada etapa deve ser executada com precisão absoluta. Amélia tentou falar, mas nenhum som saiu de sua garganta. Leandro continuou, sua voz assumindo um tom quase professoral. Veja, a maioria das pessoas não compreende a arte por trás do processo.
Pensam que é simples, brutal, mas não é. requer conhecimento, habilidade e paciência. É preciso saber exatamente onde cortar, como preservar a qualidade, como tratar adequadamente o material. Material. Ele estava falando sobre pessoas como se fossem material. As famílias são mais eficientes continuou Leandro, acariciando uma das facas. Menos viagens, menos riscos.
E há uma certa economia em processar grupos relacionados. Eles têm características similares que facilitam o trabalho. Amélia finalmente encontrou sua voz, embora saísse como um sussurro rouco. Você matou todas aquelas pessoas. Matei? Leandro pareceu genuinamente ofendido. Senora Hoffman, eu sou um artesão, um criador. Transformo matériapra em algo belo, útil, valioso.
As peles que produzo são as melhores da região. Pergunte a qualquer comerciante. A loucura em sua voz era palpável. Amélia compreendeu que estava lidando com alguém que havia perdido completamente o contato com a realidade, alguém que havia transformado assassinato em massa em uma forma de arte perversa. Você precisa entender”, disse Leandro se aproximando dela. “Eu não escolho minhas fontes de matéria-pra aleatoriamente.
Há critérios: qualidade da pele, idade, condição física. As famílias que selecionei eram perfeitas para meus propósitos.” Amélia recuou até suas costas tocarem a parede. Leandro estava agora a poucos centímetros dela e ela podia ver a loucura dançando em seus olhos. “E agora?”, disse ele, sua voz baixando para um sussurro. Preciso decidir o que fazer com você.
Foi nesse momento que Amélia fez a única coisa que podia fazer, gritou com toda a força de seus pulmões e correu. A verdade às vezes é mais terrível que qualquer pesadelo. Amélia correu montanha abaixo, como nunca havia corrido na vida. Galhos arranhavam seu rosto, pedras cortavam seus pés através dos sapatos gastos, mas ela não parava, não podia parar.
O eco de sua própria respiração ofegante misturava-se com o som dos passos de Leandro atrás dela, cada vez mais distantes, mas ainda presentes em sua mente aterrorizada. Ela sabia que sua vida e a de sua família dependiam da sua velocidade e de sua voz. Quando finalmente chegou à vila, o sol já estava se pondo.
Suas roupas estavam rasgadas, seus cabelos desalinhados e havia sangue em seus braços, onde os espinhos a haviam alcançado. Mas nada disso importava. Só importava encontrar o delegado Ernesto Cavalcante antes que fosse tarde demais. Cavalcante estava em seu escritório improvisado na antiga casa dos Correios, estudando mapas da região quando Amélia rompeu pela porta.
O homem levantou os olhos dos documentos e imediatamente percebeu o estado de pânico em que ela se encontrava. Senora Hoffman, o que aconteceu? Amélia tentou falar, mas as palavras saíam atropeladas, misturadas com soluços e tremores. Cavalcante se levantou rapidamente e a ajudou a se sentar, oferecendo-lhe um copo de água. Respire fundo. Conte-me devagar o que aconteceu.
É Leandro Zimmerman, conseguiu dizer finalmente. Ele Ele é quem está matando as famílias. Cavalcante era um homem experiente. Havia chegado de Porto Alegre especificamente para investigar os desaparecimentos e já havia visto muita coisa em seus 15 anos de carreira.
Mas a história que Amélia contou nos próximos 30 minutos o deixou profundamente perturbado. A cabana, os ganchos, as ferramentas, os barris e, principalmente as roupas das famílias desaparecidas empilhadas como troféus macabros. “A senhora tem certeza absoluta do que viu?”, perguntou cavalcante, sua voz grave carregada de uma seriedade mortal. Tenho delegado. Vi as roupas de Greta Müller, de Klaus Schneider, de Johan Weber, todas ali como se fossem mercadorias.
Cavalcante se levantou e caminhou até a janela, observando as ruas que começavam a se esvaziar com a chegada da noite. Sua mente trabalhava rapidamente, conectando pontos, analisando evidências. Há quanto tempo o Sr. Zimmerman vem de peles na região? Cerca de 5 anos, respondeu Amélia.
chegou logo depois que os primeiros colonos se estabeleceram definitivamente 5 anos. Cavalcante fez cálculos mentais. Se Leandro realmente era responsável pelos desaparecimentos, quantas pessoas haviam morrido em suas mãos, quantas famílias haviam sido destruídas. Preciso de provas concretas”, disse finalmente. O testemunho da senhora é valioso, mas não será suficiente para uma condenação.
Preciso flagrá-lo em ação ou encontrar evidências irrefutáveis. Naquela mesma noite, enquanto Cavalcante planejava sua próxima jogada, uma nova tragédia abalou a vila. A família Hister havia desaparecido. Otto Hter era carpinteiro, um homem trabalhador que havia construído várias das casas mais bonitas da vila.
Sua esposa Ingrid era conhecida por sua gentileza e pelos doces que distribuía para as crianças. Seus dois filhos, Wilhelm e Friedrich, de 12 e 10 anos, respectivamente, eram queridos por toda a comunidade e agora simplesmente não existiam mais. A notícia se espalhou pela vila como fogo em palha seca. O medo, que já era palpável, transformou-se em pânico. Famílias trancavam suas portas ao anoitecer.
Crianças não saíam sozinhas. Homens começaram a carregar armas mesmo para as tarefas mais simples. Mas o que mais perturbou o Cavalcante foi o que aconteceu na manhã seguinte. Leandro Zimmerman apareceu na vila com o maior carregamento de peles que alguém já havia visto.
Sua carroça estava literalmente transbordando de mercadorias, peles que pareciam ter sido processadas recentemente, peles que ainda tinham um cheiro familiar, doce e nauseiante. Cavalcante observou de longe enquanto Leandro negociava com Eliseu Becker. O comerciante parecia visivelmente desconfortável, pálido, mas ainda assim comprou várias peças sob o olhar penetrante de Leandro.
O delegado notou como Leandro sorria durante toda a transação, um sorriso que nunca chegava aos olhos. Foi então que Cavalcante tomou uma decisão que mudaria tudo. Não podia esperar por mais evidências. Não podia permitir que mais famílias desaparecessem enquanto ele seguia protocolos burocráticos. precisava agir.
Naquela tarde, procurou o Tobias Keller, seu assistente mais confiável. Tobias era jovem, corajoso e havia perdido amigos entre as famílias desaparecidas. Se alguém o ajudaria em uma missão perigosa, seria ele. Tobias, preciso que me acompanhe numa investigação, mas devo avisá-lo. Será extremamente perigoso.
E se o que Amélia me contou for verdade, precisaremos mais do que apenas provas. Delegado, se tem a ver com quem está matando nossas famílias, estou dentro. Cavalcante explicou o plano. Subiriam à propriedade de Leandro na calada da noite. Procurariam evidências concretas do que estava acontecendo e, se necessário, prenderiam o homem. “E se ele resistir?”, perguntou Tobias. Cavalcante tocou a arma em seu coudre.
Então, faremos o que for necessário para proteger esta comunidade. Mas tema, Tobias, que a comunidade pode não estar disposta a esperar pela lei. Enquanto se preparavam para a missão, nenhum dos dois homens imaginava o horror que os aguardava na montanha.
Nenhum deles estava preparado para descobrir que Leandro Zimmerman não era apenas um assassino, ele era algo muito pior. Se você está acompanhando esta história perturbadora e quer saber como termina esta investigação aterrorizante, não esqueça de se inscrever no canal para não perder nenhum capítulo. Deixe seu like se a história está te deixando com os nervos à flor da pele.
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Cavalcante e Tobias subiram a trilha íngreme e em silêncio absoluto, cada passo calculado para não fazer ruído. O delegado sentia o peso da responsabilidade em seus ombros. Se estivesse errado sobre Leandro, estaria destruindo a vida de um homem inocente. Mas se estivesse certo, cada minuto de hesitação poderia custar mais vidas. Tobias seguia atrás.
Sua respiração controlada, apesar do nervosismo que Cavalcante podia sentir emanando dele. O jovem havia perdido amigos próximos entre as famílias desaparecidas. Klaus Schneider havia sido como um pai para ele quando chegara órfão à vila. A sede de justiça em seus olhos era quase palpável. Quando finalmente avistaram a propriedade de Leandro, Cavalcante fez sinal para pararem.
A casa principal estava às escuras, mas uma luz fraca vinha da cabana nos fundos. Um pequeno vulto se movia perto da cabana, uma sombra rápida que poderia ter sido um animal. Eu alguém vigiando. Leandro estava trabalhando. “Meu Deus”, sussurrou Tobias, cobrindo o nariz quando o vento trouxe aquele cheiro inconfundível.
“Como não percebemos antes?” Cavalcante não respondeu. Estava focado em observar os movimentos na cabana. Sombras dançavam contra as paredes iluminadas, sugerindo atividade intensa. O que quer que Leandro estivesse fazendo, estava completamente absorto em seu trabalho. Aproximaram-se lentamente, usando as árvores como cobertura. Quando chegaram perto o suficiente para ouvir, Cavalcante sentiu seu sangue gelar.
Leandro estava cantarolando uma melodia suave, quase infantil, que contrastava horrivelmente com o que sabiam estar acontecendo ali dentro. Tobias apontou para uma fresta na parede da cabana. Cavalcante acenou e se aproximou cuidadosamente. O que viu através da abertura confirmou seus piores temores e ainda foi além. Leandro estava trabalhando em uma das mesas, suas mãos se movendo com precisão cirúrgica.
estava processando algo que Cavalcante preferiu não identificar, mas que ostentava aquele cheiro doce e repugnante. Mas o que mais o perturbou foi a expressão no rosto do homem. Não havia loucura ali, havia concentração profissional, quase artística. Leandro trabalhava com o cuidado de um artesão dedicado.
Na parede oposta, Cavalcante viu algo que fez seu estômago revirar. Pedaços de roupas pendurados em ganchos, organizados por tamanho e tipo. Reconheceu imediatamente o vestido que Ingrid Richter usava na igreja. Ainda tinha manchas de sangue. Tobias se aproximou para ver também e teve que se afastar rapidamente, lutando contra a náuseia. Cavalcante o segurou pelo braço, impedindo que fizesse qualquer ruído.
Foi então que ouviram passos se aproximando da cabana. esconderam-se atrás de uma pilha de lenha quando Leandro saiu, carregando um balde que preferiram não examinar muito de perto. O homem caminhou até um poço nos fundos da propriedade e despejou o conteúdo. Mesmo à distância, puderam ouvir o som líquido ecoando nas profundezas.
“Quantos corpos estão naquele poço?”, pensou o cavalcante, sentindo uma raiva fria crescer dentro dele. Leandro voltou para a cabana, mas deixou a porta entreaberta. Era a oportunidade que estavam esperando. Cavalcante fez sinal para Tobias e os dois se aproximaram silenciosamente. O interior da cabana era ainda pior do que Amélia havia descrito. Ganchos de metal pendiam do teto como instrumentos de tortura.
Mesas manchadas de vermelho ocupavam todo o espaço disponível. E os barris nos fundos exalavam um cheiro que fazia os olhos lacrimejarem. Mas o que mais chocou o cavalcante foram os registros. Leandro mantinha um diário detalhado de suas atividades, páginas e páginas de anotações meticulosas sobre cada família, cada vítima, cada processo.
Era como se estivesse documentando experimentos científicos. Tobias apontou para uma prateleira, onde estavam expostos objetos pessoais das vítimas, relógios, joias, brinquedos de crianças, troféus de suas conquistas macabras. Precisamos de mais evidências”, sussurrou o Cavalcante. “Algo que não possa ser contestado em tribunal”. Foi então que ouviram Leandro voltando.
Esconderam-se atrás dos barris, tentando não pensar no que continham. Leandro entrou cantarolando novamente, completamente alheio à presença deles. Cavalcante observou o homem trabalhar e sentiu uma compreensão terrível se formar em sua mente. Leandro não era apenas um assassino, era um psicopata organizado que havia transformado o assassinato em uma rotina industrial.
Cada movimento era calculado. Cada ação tinha um propósito específico. “Amanhã vou à vila”, murmurou Leandro para si mesmo enquanto limpava suas ferramentas. “Preciso encontrar a próxima família. Os Hoffman parecem promissores, especialmente a mulher. Pele de excelente qualidade. Cavalcante sentiu o sangue gelar. Amélia estava na mira de Leandro.
O homem sabia que ela havia descoberto seu segredo e estava planejando eliminá-la. Tobias olhou para o delegado com olhos arregalados. Ambos compreenderam que não podiam esperar mais. Precisavam agir imediatamente. Mas quando se preparavam para sair e buscar reforços, a porta da cabana se fechou com um estrondo.
Leandro, com um rifle na mão, estava parado entre eles e a saída. Ele sorriu, o mesmo sorriso que nunca chegava aos olhos. Boa noite, delegado cavalcante e jovem Tobias. Imaginava que o meu cheiro peculiar acabaria por atrair alguns curiosos, mas vejo que demoraram um pouco mais do que eu esperava. A armadilha havia-se fechado, mas quem era realmente o caçador e quem era a presa? Alguns monstros não se escondem nas sombras, eles vivem entre nós.
A cela improvisada na pequena estação policial de Caxias do Sul nunca havia abrigado um prisioneiro como Leandro Zimmerman. O homem estava sentado no catre de madeira. sua perna enfaixada após a briga, mas seus olhos ainda brilhavam com aquela luz perturbadora que Cavalcante havia aprendido a temer. Três dias haviam-se passado desde a captura e Leandro havia mantido um silêncio quase total.
Apenas sorria, aquele sorriso gelado que nunca chegava aos olhos, como se soubesse de algo que os outros ignoravam. Cavalcante estava exausto. Havia passado as últimas 72 horas catalogando as evidências encontradas na propriedade, auxiliado por Tobias. O que descobriram fez o delegado questionar sua fé na humanidade.
Registros meticulosos de dezenas de vítimas, desenhos detalhados de técnicas de processamento e, o mais perturbador, correspondências cifradas, sugestões de que seus produtos eram de interesse em outras localidades para pessoas que sabiam exatamente o que estavam adquirindo, embora sem nomes explícitos que pudessem ser prontamente associados.
“Você não vai falar?”, perguntou o cavalcante, entrando na cela pela décima vez naqueles três dias. Leandro o olhou com interesse, como se estivesse estudando um espécie. Ah, delegado, finalmente decidiu me fazer uma visita social. Isto não é uma visita social, é um interrogatório. Você vai responder por cada vida que tirou. Vida? Leandro inclinou a cabeça. Delegado, você não compreende a magnitude do que realizei.
Eu não tirei vidas, eu as transformei. Cavalcante sentiu a raiva familiar crescer em seu peito, mas forçou-se a manter a calma. Precisava de informações. Precisava entender a extensão dos crimes de Leandro. Quantas pessoas você matou? Leandro sorriu mais amplamente. Essa é uma pergunta interessante. Você quer números exatos, datas, métodos ou está interessado na filosofia por trás do meu trabalho? Números.
Quantas famílias desapareceram por sua causa? Perdi a conta depois de 50 pessoas, talvez 60. Começou há 5 anos quando descobri que a pele humana tratada adequadamente é superior a qualquer couro animal. As palavras saíram de sua boca com a naturalidade de alguém discutindo o clima. Cavalcante sentiu náusea, mas continuou. Como você escolhia suas vítimas? Ah, essa é a parte mais interessante.
Os olhos de Leandro se iluminaram como os de uma criança falando sobre seu brinquedo favorito. Não era aleatório, delegado. Havia critérios científicos: qualidade da pele, idade, condição física, estrutura familiar. Ele se levantou e começou a andar pela pequena cela, animado pela oportunidade de explicar seu trabalho.
Famílias eram mais eficientes, menos viagens à vila, menos riscos de exposição e havia uma certa economia em processar grupos relacionados. Características similares facilitavam o trabalho. Cavalcante teve que se segurar para não estrangular o homem ali mesmo e as crianças. Como justifica o assassinato de crianças inocentes? Por um momento, algo pareceu vacilar no rosto de Leandro.
Uma sombra de humanidade que rapidamente desapareceu. As crianças foram os casos mais desafiadores. Pele jovem requer técnicas especiais, mas os resultados, ah, os resultados eram magníficos, suaves como seda, flexíveis como borracha, verdadeiras obras primas. Cavalcante não conseguiu mais se conter.
agarrou Leandro pela camisa e o empurrou contra a parede. “Você é um monstro, um demônio.” Leandro riu um som que ecoou pelas paredes da cela como o ranger de correntes. Monstro delegado, eu era um artista, um visionário. Transformei matériapra descartável em produtos de valor. Minhas criações aqueceram pessoas por toda a serra.
Não é isso uma forma de imortalidade? Cavalcante o soltou enojado. Compreendeu que estava lidando com alguém que havia perdido completamente a capacidade de distinguir entre certo e errado. Por que você fazia isso? Dinheiro, prazer. Leandro voltou a se sentar no catre, seus olhos assumindo uma expressão quase filosófica. Dinheiro era apenas um benefício secundário.
Eu fazia isso porque podia, porque era bom nisso, e porque ninguém suspeitava de um simples caçador trazendo peles para a vila. Ele olhou diretamente nos olhos de Cavalcante. Mas principalmente, delegado. Eu fazia isso porque gostava. Havia uma satisfação profunda em todo o processo, desde a seleção das famílias até o produto final. Era artístico.
A confissão continuou por horas. Detalhes macabros de como atraía suas vítimas com ofertas de trabalho ou promessas de terras baratas, como as levava para sua propriedade isolada, como as mantinha prisioneiras enquanto decidia a ordem de processamento.
Sempre começava pelos homens, explicou com naturalidade clínica. Eram mais perigosos, mais propensos à resistência. As mulheres vinham depois e as crianças, as crianças eram sempre por último para que pudessem assistir e compreender a futilidade da resistência. Cavalcante sentiu Billy subir em sua garganta.
A frieza com que Leandro descrevia seus crimes era mais aterrorizante que qualquer demonstração de loucura. “Havia algo quase meditativo no trabalho”, continuou Leandro. A precisão necessária, a atenção aos detalhes, o cuidado com a qualidade. Cada pele era única. Cada processo uma experiência de aprendizado. Você não sente remorço, nenhum arrependimento? Leandro o olhou como se a pergunta fosse absurda. Remorço, delegado. Um artista não sente remorço por sua arte.
Um escultor não se arrepende de moldar o mármore. Eu simplesmente trabalhava com um material diferente. Foi então que Leandro fez uma revelação que, embora sem nomes, abriu um abismo. Mas você sabe o que é mais interessante, delegado? Você acha que eu trabalhava sozinho? Quem você acha que comprava minhas peles especiais? Quem pagava preços tão altos sem fazer perguntas, apenas com um olhar cúmplice? Quem sabia exatamente o que estava adquirindo sem que eu tivesse de dizer uma palavra? O sangue de Cavalcante gelou. Havia uma
rede, um elo de pessoas dispostas a lucrar com horror. Alguns crimes deixam cicatrizes que nunca cicatrizam. Os sussurros de Leandro sobre uma rede de compradores, embora sem nomes explícitos que pudessem ser juridicamente comprovados de imediato, ecoaram pela pequena estação policial. Cavalcante sentia suas mãos tremerem. A vileza era muito mais disseminada do que imaginara.
Um câncer que tocava a própria fundação da jovem comunidade. No dia seguinte, a notícia da prisão de Leandro Zimmerman se espalhou como um rastilho de pólvora. A tensão e o medo acumulados por meses, explodiram em fúria. A pequena vila, geralmente ordeira, transformou-se em um mar de rostos irados.
As famílias Müller, Schneider, Weber, Hister e muitas outras eram lembradas a cada grito. Eliseu Becker foi o primeiro a ser confrontado. Seu armazém foi cercado por uma multidão enfurecida que exigia saber porque ele, o comerciante mais respeitado, havia continuado a negociar com o caçador. O cheiro das peles da última remessa ainda impregnava sua loja, e a confissão de Amélia, que agora todos conheciam, servia de combustível para a ira.
Eliseu, pálido e tremendo, tentou argumentar, mas a multidão não quis ouvir. Sua loja foi vandalizada, suas mercadorias espalhadas. Ele fugiu na calada da noite, o terror da turba na alma rumo ao sul, sem destino certo, mas com a certeza de que jamais poderia voltar. Outros foram igualmente visados pelos rumores e pela desconfiança.
O médico alemão, o Dr. Augustin Vais, que havia chegado dois anos antes e cujo comportamento sempre fora visto como peculiar, foi encontrado morto em sua casa, aparentemente por suicídio, antes que a multidão pudesse alcançá-lo.
As poucas correspondências e os artigos que o conectavam à venda das peles foram destruídos, mas a mancha de seu nome permaneceu. Quanto a Leandro Zimmeran, antes que o sistema legal pudesse sequer pensar em um julgamento formal, a fúria popular o alcançou. A pequena vila de Caxias do Sul, tomada pelo pânico e pela sede de uma justiça brutal e imediata, não esperou por tribunais distantes ou leis lentas.
A prisão improvisada foi invadida por uma turba. Nem Cavalcante, nem Tobias, nem os poucos guardas puderam conter a avalanche de ódio e dor. Leandro foi arrastado para a praça central. Seus olhos, antes cheios de um brilho de triunfo doentio, estavam agora carregados de um pavor real ao ver os rostos ensandecidos.
Sua última visão foi a corda sendo jogada por sobre a viga de um telheiro e a multidão avançando. Suas últimas palavras ditas num murmúrio rouco foram abafadas pelos gritos da turba. Vocês podem me matar, mas não podem matar o que eu criei. A demanda permanece. Em 28 de dezembro de 1883, Leandro Zimmerman foi linchado na praça central de Caxias do Sul. O ato de justiça selvagem da multidão fechou o capítulo de sua vida, mas abriu um novo e terrível para a história da vila.
Nos meses que se seguiram, Amélia Hoffman nunca mais conseguiu dormir uma noite completa. Os pesadelos a atormentavam constantemente, visões de famílias gritando por socorro, enquanto ela permanecia impotente para ajudar. Rodolfo tentava consolá-la, mas ele próprio estava mudado. O ferreiro forte e confiante havia se tornado um homem assombrado, sempre olhando por sobre o ombro. Cavalcante solicitou transferência para Porto Alegre.
Não conseguia mais viver na serra, onde cada sombra parecia esconder segredos macabros. Mas mesmo na capital os pesadelos o seguiram. Acordava em suores frios, ouvindo ecoso gelado de Leandro e dos gritos da turba. Tobias Keller deixou a região completamente. Ninguém soube para onde foi, mas alguns disseram tê-lo visto embarcando num navio com destino à Argentina, carregando apenas uma mala pequena e olhos que haviam visto coisas demais.
A propriedade de Leandro foi abandonada. Ninguém quis comprá-la, mesmo a preços irrisórios. A cabana onde os horrores aconteceram foi queimada por moradores locais, mas as cinzas pareciam carregar uma maldição própria. Nada crescia naquele solo por anos. E então, anos depois, os ecos voltaram. Não mais em Caxias, mas em vilas mais remotas, em comunidades isoladas, surgiam histórias.
Comerciantes estranhos apareciam em paragens distantes da serra, oferecendo peles de qualidade excepcional, sempre homens solitários, de olhos frios, que falavam pouco e cobravam muito. Quando questionados sobre a origem de suas mercadorias, davam respostas vagas sobre caçadas em regiões distantes ou novas técnicas, algumas famílias de colonos recém-chegados desapareciam sem deixar rastros nessas comunidades isoladas. Não muitas.
Não o suficiente para causar pânico generalizado, mas o bastante para despertar memórias terríveis naqueles que haviam vivido o pesadelo de Leandro. Amélia, agora uma mulher prematuramente envelhecida pelos traumas, sussurrava para as amigas suas suspeitas sobre os métodos que se espalhavam. Mas quem acreditaria? Quem quereria acreditar que o mal havia retornado? Que as ideias macabras de Leandro poderiam inspirar outros em lugares distantes? A verdade mais aterrorizante sobre Leandro Zimmerman não era o que ele havia feito, mas o que havia ensinado, mostrara que
era possível transformar o impensável em rotina, o monstruoso em lucrativo, criara uma semente de horror que longe dos olhos poderia germinar. Em noites silenciosas, quando o vento soprava pelas montanhas da Serra Gaúcha, moradores antigos juravam ouvir ecos daquele riso gelado, não um fantasma, mas o sussurro de uma ideia maligna que persistia. Porque o verdadeiro horror da história de Leandro Zimmerman não estava no passado.
Estava na possibilidade de que, em algum lugar nas sombras outros estivessem estudando seus métodos, aperfeiçoando suas técnicas, preparando-se para continuar seu legado macabro. A serra guardava seus segredos bem, e alguns segredos, uma vez revelados, nunca mais podem ser esquecidos.
O mal havia mostrado seu rosto naquela pequena vila e mesmo depois de sua queda, sua influência permanecia como uma sombra sobre as montanhas. Porque o verdadeiro terror não vem de monstros sobrenaturais ou criaturas fantásticas. Vem da descoberta de que os maiores horrores são criados por mãos humanas. Esta foi a história macabra de Leandro Zimmerman, o caçador que vendia peles humanas na Serra gaúcha.
Uma história que nos lembra que o mal pode se esconder atrás das faces mais comuns, nos lugares mais inesperados e que suas ideias podem se espalhar como uma praga. Se esta narrativa perturbadora mexeu com você, não esqueça de se inscrever no canal para mais histórias que exploram os cantos mais sombrios da natureza humana. Deixe seu like se a história te impressionou.
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