Carluxo e a Queda do Culto Bolsonarista em Santa Catarina: Bastidores de uma Implosão Política Sem Precedentes
Santa Catarina sempre foi considerada um dos redutos mais fiéis do bolsonarismo. Bandeiras, slogans repetidos à exaustão e uma devoção política que ultrapassava os limites da razão formavam um ecossistema fechado, quase impenetrável. Mas nenhuma fortaleza resiste quando o ataque vem de dentro. E foi exatamente isso que aconteceu quando o nome de Carluxo começou a circular nos bastidores como o estopim de uma implosão silenciosa, porém devastadora.
Durante meses, rumores se espalharam entre assessores, militantes e figuras intermediárias do movimento. Falava-se em rachaduras, em disputas internas, em líderes regionais sendo descartados como peças velhas de um tabuleiro já saturado. No centro de tudo, Carluxo aparecia como estrategista, mensageiro e, ao mesmo tempo, juiz implacável de quem deveria permanecer fiel à cartilha ideológica e quem seria sacrificado.
O que poucos sabiam era que, por trás das lives inflamadas e dos discursos públicos carregados de moralismo, existia uma estrutura que mais se assemelhava a uma seita política. Reuniões fechadas, códigos internos, obediência cega e a crença de que qualquer divergência era traição. Em Santa Catarina, essa engrenagem funcionou por anos com precisão quase militar — até começar a falhar.
Tudo mudou quando mensagens internas começaram a vazar. Conversas que revelavam humilhações, manipulações psicológicas e ordens diretas para silenciar vozes dissonantes. Carluxo, descrito por antigos aliados como “frio” e “calculista”, aparecia ditando estratégias que iam muito além da política convencional. Não se tratava mais de ganhar eleições, mas de manter o controle absoluto sobre uma base radicalizada.

Um ex-coordenador regional, que pediu anonimato, relatou que as reuniões passaram a ter um tom quase religioso. “Não era mais sobre propostas ou debates. Era sobre lealdade total. Quem questionava, sumia”, afirmou. Segundo ele, Carluxo era citado como referência máxima, alguém que “sabia o que o líder pensava antes mesmo de falar”.
Santa Catarina se tornou um laboratório. Ali, estratégias de mobilização extrema eram testadas antes de serem replicadas em outros estados. Grupos fechados em aplicativos, listas de inimigos internos, campanhas de difamação cuidadosamente orquestradas. Tudo isso fazia parte do manual não oficial que, agora, começava a vir à tona.
A implosão começou quando lideranças locais perceberam que estavam sendo usadas e descartadas. Promessas de cargos, apoio financeiro e visibilidade nunca se concretizavam. Em vez disso, surgiam novas exigências: mais radicalismo, mais ataques, mais sacrifícios pessoais. O desgaste psicológico foi inevitável.
Carluxo, segundo relatos, reagiu com desprezo. Em mensagens atribuídas a ele, classificava dissidentes como “fracos” e “infiltrados”. Essa postura acelerou o colapso. O medo deu lugar à revolta silenciosa. E a revolta, à decisão de falar.
Quando as primeiras denúncias surgiram, o movimento tentou minimizar. Disse tratar-se de exageros, de intrigas da oposição. Mas a quantidade de relatos, somada à semelhança dos métodos descritos, tornou impossível ignorar o problema. A aura de unidade começou a se desfazer diante do público.
Em Santa Catarina, antigos aliados passaram a se evitar. Eventos foram cancelados. Grupos antes barulhentos se tornaram silenciosos. O culto à personalidade começou a ruir, revelando um vazio ideológico assustador. Sem o comando rígido, muitos perceberam que não havia projeto algum — apenas obediência.
Especialistas em comportamento político analisaram o fenômeno como um exemplo clássico de radicalização em espiral. “Quando um movimento depende mais da fé do que da razão, o colapso é apenas uma questão de tempo”, explicou um analista. Carluxo, nesse contexto, teria sido tanto arquiteto quanto coveiro desse sistema.
A reação pública foi dividida. Enquanto alguns ainda tentavam defender a estrutura, outros se diziam traídos. Pessoas que haviam rompido com familiares, perdido empregos e amizades em nome da causa agora se viam abandonadas. A promessa de pertencimento revelou seu preço cruel.
O silêncio de Carluxo após os vazamentos só aumentou a tensão. Para muitos, era a confirmação de que tudo o que estava sendo dito fazia sentido. Para outros, uma estratégia calculada para deixar o caos se resolver sozinho. Em ambos os casos, o estrago já estava feito.
Santa Catarina tornou-se símbolo de um alerta maior. O que acontece quando política vira seita? Quando líderes não prestam contas, mas exigem devoção? A implosão do bolsonarismo local não foi causada por adversários externos, mas por sua própria lógica interna levada ao extremo.
Hoje, o que resta são fragmentos. Grupos desmobilizados, lideranças desacreditadas e uma base confusa, tentando entender como tudo desmoronou tão rápido. O nome de Carluxo permanece como uma sombra sobre essa história — não como herói, mas como catalisador de uma queda inevitável.
O futuro ainda é incerto. Mas uma coisa ficou clara: em Santa Catarina, a seita política implodiu. E as rachaduras expostas dificilmente serão escondidas novamente.
