A Polícia Civil de São Paulo está conduzindo uma investigação contra a modelo e influenciadora Andressa Urach por suspeita de apologia à zoofilia e maus-tratos a animais. A investigação foi iniciada após declarações da ex-Miss Bumbum em uma entrevista ao canal “Téte a Theo”, de Theodoro Cochrane, no YouTube, ganharem destaque e serem denunciadas por deputados federais. Urach relatou que, aos 11 anos, foi induzida por uma amiga a ter uma experiência sexual envolvendo uma cachorra.
Os parlamentares Bruno Lima (PP-SP), Matheus Laiola (União-PR), Fred Costa (PRD-MG) e Marcelo Queiroz (PP-RJ) enviaram um ofício ao Ministério Público de São Paulo solicitando a investigação. O caso foi registrado no 15º Distrito Policial (Itaim Bibi), e as declarações de Urach foram analisadas como possivelmente incentivadoras de práticas criminosas. Segundo os deputados, o tom do relato poderia ser interpretado como normalização ou apologia, o que exigiria intervenção legal.
O relato e a controvérsia envolvendo a influenciadora
Na entrevista, Andressa Urach descreveu o episódio como um evento que ocorreu em sua infância. Ela afirmou que a amiga, também de 11 anos, a influenciou a realizar a prática, após ser vítima de abusos semelhantes. “Provavelmente, ela foi tão vítima quanto eu”, declarou Urach na ocasião. Apesar da sensibilidade do tema, a forma como a história foi relatada levantou preocupações quanto à possibilidade de incitação a crimes, gerando indignação nas redes sociais e entre os legisladores.
Além da entrevista, Urach já havia mencionado o episódio em seu livro autobiográfico, “Morri Para Viver”, lançado em 2015. No entanto, a recente entrevista trouxe o caso novamente à tona, resultando em maior repercussão pública e judicial.
Reações públicas e medidas legislativas
O impacto do caso foi significativo nas redes sociais. Muitos internautas expressaram revolta com as declarações, enquanto outros defenderam a influenciadora, argumentando que ela estava expondo um trauma pessoal. Andressa Urach, por sua vez, utilizou suas redes para se posicionar, afirmando que sua intenção era alertar pais e responsáveis sobre os riscos que crianças podem enfrentar, inclusive em ambientes que parecem seguros.
Por outro lado, os parlamentares envolvidos enfatizaram a necessidade de investigação para assegurar que relatos como o de Urach não sejam utilizados para normalizar práticas condenáveis. O deputado Bruno Lima, conhecido por seu ativismo em defesa dos animais, destacou a gravidade do tema e reforçou o compromisso de buscar justiça. As denúncias foram formalizadas com base no artigo 287 do Código Penal, que trata da apologia a crime ou criminoso, em conjunto com a Lei nº 9.605/98, que prevê punições para maus-tratos a animais.
A legislação e os avanços no combate aos maus-tratos
A prática de zoofilia é considerada crime de maus-tratos aos animais no Brasil, conforme o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais. As penas incluem detenção de três meses a um ano, além de multa. Em 2020, a legislação foi endurecida com a promulgação da Lei nº 14.064, que elevou a pena para reclusão de dois a cinco anos em casos que envolvam cães e gatos, além de multa e proibição de guarda.
Nos últimos anos, casos de maus-tratos e zoofilia ganharam maior visibilidade devido à atuação de organizações de proteção animal e à pressão da sociedade. Esse cenário incentivou a criação de leis mais severas e campanhas de conscientização, ressaltando a necessidade de educar a população sobre os direitos dos animais.
Impacto psicológico de traumas infantis e sua repercussão
Especialistas em saúde mental alertam que experiências de abuso durante a infância, como a relatada por Andressa Urach, podem gerar consequências profundas. Entre os impactos estão transtornos de ansiedade, depressão e dificuldades em estabelecer relacionamentos saudáveis na vida adulta. Ao abordar o tema, é crucial que a narrativa seja conduzida com responsabilidade, visando educar e prevenir, sem normalizar ou glorificar comportamentos inadequados.
A psicóloga Carla Mendes observa que relatos de traumas devem ser acompanhados de contextos que esclareçam a gravidade das situações e as medidas de apoio disponíveis. “Trazer luz a um episódio traumático é importante, mas é preciso cuidado para não passar uma mensagem equivocada ou reforçar tabus”, comenta.
O papel da mídia e das redes sociais na divulgação
A mídia e as redes sociais têm um papel fundamental na disseminação de informações sobre casos de abuso e maus-tratos. No entanto, é essencial que a abordagem seja ética e sensível, evitando a exposição desnecessária de vítimas ou detalhes que possam perpetuar a violência. No caso de Urach, a repercussão nas plataformas digitais foi intensa, com debates polarizados entre usuários.
Enquanto alguns internautas questionaram a necessidade de expor um tema tão delicado, outros argumentaram que a história serve como alerta para situações de risco. O caso destaca a importância de um equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade social, principalmente em questões que envolvem crimes e vulnerabilidades.