“POR QUE VOCÊ ME DEIXOU?” Mãe Grita no Cemitério e Médium Ouve a RESPOSTA do Filho Falecido

“POR QUE VOCÊ ME DEIXOU?” Mãe Grita no Cemitério e Médium Ouve a RESPOSTA do Filho Falecido

Meu filho, por que você se foi? Oi, desculpa atrapalhar. Eu ouvi você e gritar. E você teria um minuto para conversar? Conversar? Claro. Mas sobre o que seria? Tem dias que marcaram a gente para sempre. Dias que dividem nossa vida em dois. antes e depois para Cristina.

Esse dia foi 15 de março de 2019, o dia em que enterrou seu filho de 19 anos. Vou te fazer uma pergunta. Você já perdeu alguém muito importante? Alguém que você amava mais que a própria vida? Então você sabe, sabe que a dor é física, dói no peito, dói no estômago, dói em cada célula do corpo. É uma dor que não passa com remédio, que não melhora com o tempo, que fica ali latejando, sangrando por dentro.

Antes de começar essa história, preciso te contar algo importante. O que você vai ouvir agora é real. aconteceu em Jaú, São Paulo, com uma mãe que até hoje sofre com a perda do filho. Por questões de segurança e respeito, vou usar nomes fictícios para todos os envolvidos. Na época, essa mulher foi chamada de louca, foi discriminada pela própria família e perdeu amigos que se diziam próximos.

Tudo porque ela teve coragem de ouvir o que uma médium tinha para dizer. Muitos eram tradicionais demais nas crenças religiosas e não aceitavam a ideia de vida após a morte da forma como ela aconteceu. Mas a verdade, a verdade precisava ser contada. Cristina era uma mulher de 42 anos, trabalhava como professora numa escola municipal. Tinha dois filhos, Rafael de 19 e a Caçua, Melissa de 15.

O marido, Roberto, era gerente de uma loja no centro da cidade. Uma família normal, sabe, com problemas normais, alegrias normais, sonhos normais, até que tudo desmoronou. Rafael sempre foi um menino tranquilo, estudioso, educado, aquele filho que toda mãe se orgulha. tinha acabado de passar no vestibular paraa engenharia. O sonho dele era construir pontes.

“Quero conectar pessoas, mãe”, ele dizia com aquele sorriso largo que iluminava qualquer ambiente. Mas Rafael tinha algo que ninguém sabia, um segredo que carregava sozinho, pesado como uma pedra no peito. Ele estava deprimido, muito deprimido. Não era aquela tristeza comum que todo mundo sente de vez em quando. Era algo mais profundo, mais escuro, uma dor silenciosa que ele escondia atrás daquela máscara de garoto feliz.

E Cristina? Cristina não percebeu como ela poderia. Rafael era tão bom em fingir que estava tudo bem. Até que numa manhã de sexta-feira, Roberto encontrou o filho no quarto. Rafael tinha tomado uma overdose de remédios durante a noite. Deixou uma carta, uma carta curta, com apenas três frases. Desculpa por não ser forte o suficiente. Desculpa por não conseguir continuar. Eu amo vocês, mas a dor era grande demais.

O grito que a Cristina deu quando soube e cuou pela casa inteira. Foi um grito de dor pura, viseral, o tipo de grito que rasga a alma. Os vizinhos ouviram, a rua inteira ouviu. Era o som de um coração se despedaçando em mil pedaços. Os dias seguintes foram um borrão, velório, enterro, pessoas entrando e saindo de casa, palavras vazias de consolo, abraços que não confortavam. Cristina tava lá, mas não tava.

O corpo presente, a mente distante, perdida num oceano de dor e culpa. Por que eu não percebi? Por que eu não vi que ele estava sofrendo? Que tipo de mãe eu sou? Essas perguntas martelavam na cabeça dela dia e noite, sem resposta, sem paz. Roberto tentava ser forte, mas ele também estava destruído.

Só que homem aprende desde cedo a engolir a dor, a não chorar, a ser forte pra família. Então ele voltou pro trabalho uma semana depois, enterrando a tristeza em longas horas no escritório. Melissa ficou quieta, assustadoramente quieta. Trancou-se no quarto, parou de comer direito, parou de falar. Era como se uma parte dela tivesse morrido junto com o irmão. E Cristina, Cristina estava se afogando.

Ela tirou licença médica do trabalho. Não conseguia fazer nada. passava os dias deitada, olhando pro teto, revivendo cada momento com Rafael, procurando sinais que deveria ter visto, pistas que deveria ter percebido. À noite, quando todos dormiam, ela ia pro quarto do filho, sentava na cama dele, abraçava o travesseiro que ainda tinha o cheiro dele e chorava até não ter mais lágrimas.

Chorava até o corpo doer, chorava até o sol nascer. Um mês se passou, depois dois, depois três. Cristina estava definhando. Tinha emagrecido 15 kg. Olheiras profundas marcavam o rosto. Os cabelos, antes bem cuidados, estavam desgranhados, sem vida. As amigas tentavam ajudar, mas ela afastava todo mundo. Não queria companhia, não queria conforto, queria o filho de volta.

E como isso era impossível, não queria mais nada. Foi num sábado, três meses e meio depois da morte de Rafael, que Cristina tomou uma decisão. Ela ia ao cemetério, não para visitar, como fazia todas as semanas, ia para ficar, para não voltar mais. Ela esperou o Roberto sair para trabalhar. Ele tinha aceitado fazer plantão aos sábados.

Qualquer coisa para não ficar em casa, não pensar, não sentir. Esperou a Melissa sair paraa casa da avó e então pegou as chaves do carro e dirigiu. O cemitério era tranquilo naquele horário da manhã. Poucas pessoas, o sol ainda estava baixo, a névoa da madrugada ainda não tinha dissipado completamente. Cristina estacionou e caminhou até o túmulo do filho.

Ali tava a lápide simples com o nome dele, as datas e uma frase que ela tinha escolhido. Amado filho, irmão e amigo, sua luz continua brilhando em nossos corações. Mas o coração de Cristina não sentia nenhuma luz, só escuridão. Ela se ajoelhou na frente do túmulo e então, pela primeira vez em meses, ela falou: “Não para Deus, não para ninguém em específico.

Falou pro filho, Rafael, meu filho, meu menino”. A voz saiu rouca, embargada, as lágrimas escorriam. Eu não aguento mais. Não aguento viver sem você. Não aguento acordar todo dia e lembrar que você não tá mais aqui. Não aguento olhar pro seu quarto vazio, paraas suas coisas, pros seus sonhos que nunca vão se realizar.

Ela pôs as mãos no chão frio, como se pudesse alcançar o filho através da terra. Por que você não me contou? Por que sofreu sozinho? Eu sou sua mãe. Eu deveria ter percebido, deveria ter ajudado, deveria ter. A voz falhou. O choro tomou conta. Cristina caiu de bruço sobre o túmulo, abraçando a lápide como se fosse o próprio filho. Então ela gritou.

Gritou com toda a força que ainda restava nela. Gritou a pergunta que não a deixava dormir, que não a deixava viver. Por que você me deixou? O grito ecoou pelo cemitério vazio, assustou pássaros que voaram das árvores, fez um coiro que trabalhava longe parar e olhar na direção do som, e fez uma mulher que estava do outro lado do cemitério visitando o túmulo da própria mãe congelar no lugar.

Essa mulher se chamava Laura e ela tinha um dom, um dom que a maioria das pessoas não acreditava, que muitos chamavam de charlatanice, mas que era tão real quanto o ar que respiramos. Laura era médium. E naquele momento, quando Cristina gritou sua dor pro universo, Laura ouviu algo que nenhuma outra pessoa no cemitério ouviu.

Ela ouviu a resposta. Uma voz jovem, masculina, cheia de angústia e amor, que vinha não do mundo físico, mas de algum lugar além dele. Mãe, eu não te deixei. Eu nunca vou te deixar. por favor, me escuta. Laura ficou paralisada, olhou ao redor, a voz era tão clara, tão real, e ela sabia com absoluta certeza que estava vindo do espírito de um jovem, um jovem desesperado, para se comunicar com a mãe que chorava inconsolável sobre seu túmulo.

Laura tinha duas opções. podia ignorar, como fazia às vezes quando não queria se envolver, ou podia fazer o que seu dom a chamava para fazer, ser a ponte entre dois mundos. Ela respirou fundo e começou a caminhar na direção de Cristina. O que ela não sabia é que aquela decisão mudaria tudo pra Cristina, pra família dela e para ela mesma, porque algumas verdades quando reveladas tem o poder de curar.

Mas também tem o poder de destruir tudo que a gente achava que sabia sobre a vida, sobre a morte e sobre o que existe além. Sabe aquele momento em que você tá tão imerso na sua dor que não percebe nada ao seu redor? Cristina estava assim, abraçada ao túmulo do filho, chorando, completamente alheia ao fato de que alguém se aproximava. Laura parou alguns metros de distância.

Ela sabia que precisava ter cuidado. Não podia simplesmente chegar e dizer: “Oi, sou médium e seu filho tá aqui querendo falar com você”. Isso podia sair muito, muito errado. Mas o espírito do rapaz estava cada vez mais agitado. Laura podia vê-lo agora uma forma translúcida, de pé ao lado do túmulo, olhando pra mãe com uma expressão de angústia pura. Por favor! Ele implorava.

Diz para ela que eu tô aqui, que eu não quis deixá-la, que foi um momento de fraqueza, de dor, que eu não aguentava mais. Diz que eu me arrependi no segundo seguinte, mas já era tarde. Laura sentiu as próprias lágrimas brotarem. A dor daquele espírito era palpável.

Ele tava preso, não tinha conseguido seguir em frente porque não suportava ver o sofrimento da mãe. Ela deu mais alguns passos e limpou a garganta suavemente. Com licença, Cristina levantou a cabeça bruscamente, os olhos vermelhos, o rosto molhado de lágrimas, a expressão de quem foi arrancada do fundo do poço. “Sim”, ela disse a voz áspera. Laura escolheu as palavras com cuidado.

Desculpa incomodar num momento tão particular. Eu eu estava visitando o túmulo da minha mãe ali e ouvi seu grito. Cristina ficou em silêncio, provavelmente com vergonha, pensando que tinha feito uma cena. “Desculpa”, ela murmurou. “Eu não queria”. “Não, não.” Laura interrompeu. “Você não tem que pedir desculpa.

A dor de perder um filho é é indescritível. Eu não posso nem imaginar. Foi meu filho. Ele Ele tinha só 19 anos. Sinto muito. Houve uma pausa pesada. O espírito do rapaz estava praticamente gritando agora, pedindo paraa Laura falar, transmitir as mensagens, mas ela sabia que não podia apressar. Esse tipo de coisa requeria tempo, delicadeza.

“Posso sentar aqui com você por um minuto?”, Laura perguntou gentilmente. Cristina olhou para ela surpresa. A maioria das pessoas fugia de quem estava de luto. Ninguém sabia o que dizer, como agir, então era mais fácil evitar. “Pode”, ela disse. “Finalmente.” Laura sentou na grama ao lado dela. Ficaram em silêncio por alguns momentos.

E então Laura decidiu arriscar. Eu sei que isso vai parecer estranho e você pode achar que eu sou maluca, mas você acredita em vida após a morte? Cristina olhou para ela com uma expersão cansada. Eu costumava acreditar. Minha família é católica, mas agora, agora eu não sei mais em que é acreditar. Eu entendo.

Perder alguém que amamos abala todas as nossas certezas. É, Cristina concordou, olhando de volta paraa lápide do filho. Ele se suicidou, sabe? Tomou remédios, deixou uma carta dizendo que a dor era muito grande. A voz dela quebrou na última palavra. Laura pôs a mão no ombro dela.

E agora eu fico aqui me perguntando onde ele tá, se tá sofrendo, se me culpa por não ter percebido, se ele não te culpa. Laura disse suavemente. Cristina a olhou confusa. Como você sabe? Era agora ou nunca? Laura respirou fundo. Eu sei que isso vai parecer estranho e você pode achar que eu sou maluca, mas eu posso ouvi-lo agora aqui.

O silêncio que se seguiu foi absoluto. Cristina ficou completamente imóvel, olhando para Laura como se tivesse ouvido errado. O quê? Eu sei que parece loucura, mas eu tenho um dom. Desde criança consigo ver e ouvir espíritos. E o seu filho Rafael, ele tá aqui, tá de pé bem ali do lado do túmulo e tá desesperado para falar com você. Cristina se afastou bruscamente.

Isso é algum tipo de piada? Você é uma dessas aproveitadoras que se alimentam da dor dos outros? Não. Laura disse calmamente. Não cobro nada. Não quero nada. Só estou te dizendo que estou vendo e ouvindo. Ele está usando uma camiseta azul com alguma coisa escrita. Tem a ver com a banda dele. Cristina sussurrou, os olhos arregalados.

Ele tocava guitarra numa banda. A camiseta era do show deles. Laura assentiu. Ele está dizendo que aquela foi a última roupa que ele vestiu enquanto ainda estava feliz. foi num ensaio três dias antes. Ele quer que você saiba que aquele momento foi bom, que houve momentos bons mesmo no meio da dor. Cristina levou as mãos à boca.

Como você Como você pode saber dessas coisas? Porque ele está me contando e ele quer te dizer muito mais, mas primeiro precisa que você acredite, que abra o coração para ouvir. Eu não sei se consigo, admitiu Cristina. As lágrimas voltando. E se for real? E se ele realmente estiver aqui? E eu e eu não consegui sentir. Não consegui ver.

Você não precisa ver para sentir, Laura disse. Feche os olhos, respire fundo e só sinta. Cristina hesitou. Tudo nela dizia que aquilo era loucura, que devia ir embora, que aquela mulher era uma charlatã. Mas algo mais profundo, algo na alma dela dizia para ficar, para escutar. Ela fechou os olhos e então sentiu um calor suave no peito, uma presença, como se alguém estivesse ali bem perto, emanando amor.

Era tão familiar, tão Rafael, ele tá tocando o seu rosto agora. Laura disse suavemente. Você pode não sentir fisicamente, mas a intenção tá lá. Ele tá tentando te confortar. Uma lágrima escorreu pelo rosto de Cristina. Mas dessa vez não era só dor, havia algo mais. Esperança, alívio. Rafael, ela sussurrou.

Você tá mesmo aqui? E então Laura transmitiu as palavras que o espírito do rapaz estava dizendo. Palavras que fariam Cristina finalmente entender o que tinha acontecido naquela noite terrível. Palavras que explicariam não apenas o porquê, mas o que ele precisava que ela soubesse agora. Mãe, eu tô aqui, sempre estive.

E tem tanta coisa que eu preciso te dizer, tanta coisa que eu guardei que eu não tive coragem de falar enquanto estava vivo. Mas agora, agora eu preciso que você saiba a verdade. A verdade sobre aquela noite. A verdade sobre tudo. Cristina abriu os olhos, as lágrimas escorrendo livremente. Eu tô escutando, meu filho. Eu tô aqui.

E Laura, servindo de canal entre mãe e filho, entre este mundo e o próximo, começou a transmitir as palavras que Rafael precisava dizer, palavras que mudariam tudo. Respira fundo agora, porque o que vem a seguir vai mexer com você, com suas crenças, com o que você acha que sabe sobre vida e morte, porque a verdade que Rafael tinha para contar era maior e mais complexa do que qualquer um poderia imaginar.

Laura começou a transmitir as palavras do espírito, servindo de canal entre mãe e filho. Mãe, eu não planejei. Você precisa entender isso. Naquela noite, eu só queria que a dor parasse só por um momento. Eu não queria morrer. Eu queria parar de sofrer. Cristina soluçou.

Mas por que você não me contou? Por que sofreu sozinho? Porque eu tinha vergonha. A voz continuou através de Laura. Vergonha de admitir que não estava bem, que o filho forte, o filho que sempre teve tudo sob controle, estava se despedaçando por dentro. Eu achava que você ia se decepcionar comigo. Eu nunca me decepcionaria com você, nunca. Eu sei disso agora, mas na época, na época eu não conseguia pensar direito.

A depressão não deixava. Era como se houvesse uma voz na minha cabeça, dizendo que eu era um peso, que todos estariam melhor sem mim. Laura fez uma pausa, sentindo a emoção tanto da mãe quanto do espírito. Então, continuou. Eu tomei os remédios num impulso e, no momento que engoli a última pílula, eu me arrependi.

Quis vomitar, quis gritar por ajuda, mas meu corpo já não respondia. E então, então eu senti o corpo adormecer e eu saí dele. Cristina estava tremendo. Você sentiu dor? Não. Foi como cair no sono. E quando acordei, eu não estava mais no meu corpo. Estava flutuando acima dele e vi você entrar no quarto de manhã. Vi seu pai te segurar quando você gritou.

E eu quis tanto te abraçar, quis tanto dizer que tava ali. Você viu tudo? Vi o velório, vi o enterro. Vi você chorando sobre meu caixão. E cada lágrima sua era uma agonia para mim, porque eu tinha causado aquilo. Eu tinha feito você sofrer. Laura sentiu uma onda de emoção vindo do espírito, fez uma pausa, respirou fundo e continuou. Eu tentei te dar sinais.

Você lembra daquela noite que a luz do meu quarto acendeu sozinha? Era ou quando você sentiu um cheiro do meu perfume do nada? Era eu tentando dizer: “Estou aqui não morri completamente”. Cristina arregalou os olhos. Eu achei que estava ficando louca. As pessoas diziam que era só imaginação, que eu estava vendo coisas que não existiam porque estava de luto. Não era imaginação, era real.

Eu sempre estive perto de você, mas você estava tão afundada na dor que não conseguia me sentir direito. Houve um silêncio pesado, então Cristina fez a pergunta que realmente importava. Onde você tá agora? Você tá sofrendo? Tá preso aqui? Laura sentiu o espírito hesitar como se escolhesse as palavras com cuidado. Eu tô num lugar intermediário.

Não é o céu que a gente aprende na igreja, mas também não é o inferno. É como se fosse uma sala de espera, um lugar onde almas como eu, que partiram antes da hora ficam até conseguirem fazer a paz com o que fizeram. E você conseguiu? Ainda não, porque não consigo ir embora enquanto você tiver se destruindo.

Mãe, você precisa viver, precisa voltar paraa Melissa, pro papai. Eles precisam de você. Mas é tão difícil. Cristina chorou. Todo dia há uma luta para respirar, para levantar da cama, para continuar. Eu sei e me perdoa por ter causado essa dor, mas você precisa entender. Sua vida tem propósito. Melissa tem apenas 15 anos.

Ela perdeu o irmão, não pode perder a mãe também. E o papai, ele tá fingindo que tá bem, mas não tá. Ele chora no carro antes de entrar em casa, chora no banheiro do trabalho. Ele precisa de você tanto quanto você precisa dele. Cristina não sabia dessas coisas. Não sabia que Roberto também estava se despedaçando. Ela tinha estado tão absorta na própria dor que não percebeu a dor dele. E tem mais uma coisa.

O espírito continuou. Algo que eu preciso que você faça por mim. Qualquer coisa, Cristina disse imediatamente. Tem uma caixa embaixo da minha cama. Uma caixa de sapatos. Dentro tem cartas. Cartas que eu escrevi, mas nunca tive coragem de mandar.

Cartas para quem? para várias pessoas, para você, pro papai, paraa Melissa, pro meu melhor amigo e para uma garota, Júlia. Ela estudava na mesma faculdade que eu ia começar. A gente se conheceu na semana do calouro. Cristina franziu a testa. Você nunca me contou sobre nenhuma Júlia, porque eu era tímido demais para assumir que gostava dela, mas eu gostava muito e escrevi uma carta para ela, explicando meus sentimentos. Mãe, eu preciso que você entregue essas cartas.

especialmente a dela. Ela precisa saber que alguém a amou, que alguém achava ela especial, mas ela nem sabe que você partiu. Ela sabe, viu nas redes sociais e ficou triste, mesmo sem me conhecer direito, porque ela também gostava de mim, mãe. E se eu tivesse sido corajoso o suficiente para falar com ela, talvez, talvez as coisas tivessem sido diferentes. Cristina sentiu uma nova onda de tristeza.

Tanto sis, tantas possibilidades que nunca se realizariam. Eu vou encontrar as cartas, ela prometeu, e vou entregá-las todas. Obrigado. E mãe, tem mais uma coisa, a mais importante. O quê? Me perdoa. Te perdoar? Por quê? Por ter sido fraco, por ter desistido, por ter causado tanta dor. Eu sei que foi egoísta. Eu sei que machucou vocês de um jeito que talvez nunca cure completamente, mas eu preciso que você me perdoe, porque eu não consigo seguir em frente. Não consigo encontrar paz enquanto você me odiar. Eu nunca odiei você, eu exclamei. Eu amo

você. Sempre amei. Sempre vou amar. Não tem nada para perdoar. Tem sim. Tem a escolha que eu fiz. A escolha de ir embora. Cristina respirou fundo, as lágrimas escorrendo livremente. Agora eu vou te perdoar. De todo o meu coração, eu te perdoo. Eu só queria ter podido te ajudar. Queria ter visto sua dor.

Você não tinha como ver. Eu escondi bem demais. Mas agora eu preciso que você faça algo por mim, algo muito importante. O que for, viva. Não apenas exista, mas viva de verdade. Sorria de novo. Abrace a Melissa. Beijo papai. Volte a dar aulas porque você ama ensinar. Volte a fazer aquelas caminhadas de manhã que você tanto gostava. Volte a ser você. Não sei se consigo.

Você consegue. E sabe por quê? Porque você é a mulher mais forte que eu conheço. Você me criou sozinha enquanto o papai trabalhava longe. Quando eu era pequeno, você superou a perda da sua própria mãe. Você pode superar isso também.

Não superar no sentido de esquecer, mas no sentido de aprender a viver com a saudade, sem se deixar destruir por ela. Cristina olhou para Laura, que tinha lágrimas escorrendo pelo próprio rosto. Ele realmente tá aqui, não tá? Laura sentiu. Está. E ele te ama mais do que palavras podem expressar. Eu também te amo, meu filho! Cristina disse, olhando pro túmulo, mas falando pro espírito que ela agora acreditava tá ali. Eu prometo. Prometo que vou tentar.

Vou voltar a viver por você, por mim, pela nossa família. Então, algo incrível aconteceu. Laura viu quando uma luz começou a aparecer acima deles. Uma luz dourada, quente, acolhedora. Ele tá indo. Laura sussurrou. A luz veio buscá-lo. Ele tá pronto para seguir em frente agora. Cristina olhou pro céu, mesmo sem ver nada.

Adeus, meu amor, até um dia nos encontrarmos de novo. Não é a Deus. Laura transmitiu as últimas palavras do espírito. É até logo, porque eu vou te esperar e quando for a sua hora, daqui a muitos e muitos anos, eu vou estar lá para te receber com aquele sorriso largo que você tanto ama. Te ama mãe, para sempre. E então a presença se foi.

Laura sentiu quando o espírito entrou na luz e desapareceu. O cemitério ficou em silêncio novamente, apenas o som dos pássaros e do vento nas árvores. Cristina ficou ali ajoelhada por um longo tempo. Quando finalmente se levantou, algo nela tinha mudado. Ainda havia dor, sempre haveria. Mas havia também uma paz que não existia antes, uma certeza de que Rafael não tinha simplesmente deixado de existir, que ele estava em algum lugar esperando por ela.

Ela olhou para Laura. Obrigada. Obrigada por me dar esse presente. Não precisa agradecer. Eu apenas fiz o que meu dom me permite fazer. Conectar mundos. Posso te dar um abraço? Claro. Elas se abraçaram ali no meio do cemitério, duas estranhas que se tornaram irmãs na dor e na esperança. Quando se separaram, Cristina perguntou: “Como faço para te encontrar de novo? Se eu precisar, se eu tiver dúvidas?” Laura sorriu.

“Você vai saber como me encontrar. Quando precisar, o universo vai nos colocar no caminho uma da outra novamente. E então elas se despediram. Cristina voltou pro carro, mas dessa vez não com a intenção de nunca mais voltar. Voltou para casa, pra família, pra vida. E Laura voltou pro túmulo da própria mãe, grata por ter recebido o dom que tinha.

Porque sim, era um dom. Um dom de trazer paz onde havia desespero, de trazer luz onde havia escuridão. Mas a história não termina aqui, porque quando Cristina chegou em casa e procurou a caixa de sapatos embaixo da cama de Rafael, ela encontrou algo que mudaria não apenas a vida dela, mas a de várias outras pessoas.

As cartas estavam lá e o que estava escrito nelas revelaria segredos que Rafael nunca teve coragem de contar em vida. segredos que explicariam muita coisa sobre sua dor, sobre seu sofrimento, sobre o porquê de ter chegado àele ponto. E quando Cristina decidiu compartilhar essas cartas com a família e com as pessoas para quem elas foram escritas, a reação não foi o que ela esperava.

Alguns a abraçaram, outros a chamaram de louca. E foi aí que começou o verdadeiro teste, o teste de acreditar no que vivenciou, mesmo quando o mundo inteiro dizia que era impossível. Três dias depois do encontro no cemitério, Cristina estava no quarto de Rafael. A caixa de sapatos estava aberta no colo dela.

Dentro, como ele tinha dito, havia várias cartas, envelopes brancos, fechados, cada um com o nome escrito na frente, com a letra caprichada do filho. Ela pegou o primeiro para Melissa. Seu coração apertou. Será que deveria ler antes de entregar ou deveria respeitar a privacidade do irmão e entregar lacrado? decidiu que Melissa tinha direito de receber a carta exatamente como Rafael a deixou, sem interferência.

Desceu as escadas e encontrou a filha na sala, mexendo no celular com aquela expressão vazia que tinha se tornado padrão nos últimos meses. “Mel, posso falar com você?” A menina levantou os olhos. “Sim.” Cristina sentou ao lado dela no sofá. Encontrei algo no quarto do Rafael. Uma carta para você. Melissa ficou pálida. Uma carta. Ele Ele deixou para mim.

Deixou várias, na verdade, para várias pessoas. Ele tinha uma caixa escondida. Com mãos trêmulas, Melissa pegou o envelope, olhou pra mãe. Posso ler sozinha? Claro, meu amor. Melissa subiu correndo pro quarto. Cristina ficou ali esperando, o coração acelerado. 15 minutos depois, ouviu o choro.

Subiu às escadas e encontrou a filha agarrada à carta, soluçando. Ele sabia, Melissa disse entre lágrimas. Ele sabia que eu me culpava, que eu achava que podia ter feito algo. Cristina abraçou a filha. O que ele disse? Melissa mostrou a carta. A letra de Rafael era inconfundível. Mel, se você está lendo isso, é porque eu não tive coragem de falar pessoalmente.

Sempre fui melhor escrevendo do que falando. Você sabe. Quero que você saiba que nada do que aconteceu é culpa sua. Nada. Você é a melhor irmã que alguém poderia ter. Lembra daquela vez que você ficou acordada a noite inteira me ajudando com o trabalho de história? Ou quando você me defendeu daquele cara que estava me zoando na escola? Você sempre foi minha heroína, minha pessoa favorita no mundo.

Mas tem coisas que nem a melhor irmã do mundo pode consertar. Tem dores que moram tão fundo que ninguém consegue alcançar. E a minha era assim. Não foi nada que você fez ou deixou de fazer. Foi uma guerra que eu travava comigo mesmo. Uma guerra que eu perdi. Mas quero que você viva, Mel. Viva por nós dois. Faça tudo que você sonha. Seja a artista incrível que você é. Não deixe minha morte apagar sua luz.

Eu vou estar sempre com você nos seus desenhos, nas suas músicas, em cada sorriso que você der. Te amo mais que tudo, seu irmão para sempre. Rafa, Cristina e Melissa choraram juntas, abraçadas. E pela primeira vez em meses, Melissa deixou a dor sair. Não apenas a dor pela perda, mas a culpa que carregava.

A culpa que Rafael, mesmo depois de morto, tinha tentado tirar dela. Nos dias seguintes, Cristina entregou as outras cartas. Uma para Roberto, uma pro melhor amigo de Rafael, uma pro professor favorito dele. Cada pessoa que recebeu uma carta chorou, mas também sorriu porque Rafael tinha deixado palavras de amor, de gratidão, de despedida.

Palavras que, mesmo na dor traziam um certo conforto. Mas faltava uma carta, a mais importante, segundo o próprio Rafael tinha dito. A carta para Júlia. Cristina não sabia como encontrar a garota. Rafael não tinha deixado sobrenome, apenas o primeiro nome. Mas então ela se lembrou, ele tinha dito que ela estudava na mesma faculdade que ele iria começar.

Cristina pegou o telefone e ligou pra secretaria da faculdade de engenharia. Explicou a situação que estava procurando por uma caloura chamada Júlia, mas não tinha mais informações. A atendente foi simpática, mas clara. Senhora, não posso dar informações de alunos. Política de privacidade. Eu entendo, mas meu filho faleceu e deixou uma carta para ela. É importante.

Houve uma pausa. O seu filho era o Rafael? Cristina engasgou. Era. Você o conhecia? Não, pessoalmente, mas houve um memorial aqui na faculdade. Os caloros organizaram e teve uma menina que ficou muito abalada. Acho que o nome dela era Júlia. Você pode Você poderia entrar em contato com ela, dizer que a mãe do Rafael precisa falar com ela? Posso tentar.

Dois dias depois, Cristina recebeu uma ligação. Era Júlia. Alô, senhora Cristina. Sim, sou eu. Meu nome é Júlia. A secretaria da faculdade me passou seu contato. Disse que a senhora queria falar comigo sobre sobre o Rafael. A voz da menina estava embargada. Era óbvio que ela estava emocionada. Sim, querida.

Você pode vir aqui em casa? Tenho algo para te dar. Posso? Quando? Hoje, se você puder. Três horas depois, a campainha tocou. Cristina atendeu e viu uma menina bonita, de cabelos cacheados e olhos verdes parada na porta. Ela estava nervosa, mexendo nas mãos. Oi, sou a Júlia. Entre, por favor. Elas sentaram na sala. Júlia olhava ao redor como se tivesse tentando absorver cada detalhe da casa onde Rafael tinha vivido.

“Você o conhecia bem?”, Cristina perguntou gentilmente, não muito. A gente se conheceu na semana do calouro, conversamos algumas vezes. Ele era, ele era diferente, tímido, mas gentil, inteligente, engraçado quando se sentia confortável. E você gostava dele? Júlia corou. Gostava. Eu tava pensando em chamá-lo para sair, mas aí aí aconteceu. Ele também gostava de você.

Júlia arregalou os olhos. Ele Ele falou isso de certa forma. Cristina pegou o envelope e entregou para ela. Júlia, a gente mal se conhece, mas eu preciso te dizer isso antes que seja tarde demais. Você é a pessoa mais linda que eu já vi. E não é só a beleza física. É o jeito que você ri, o jeito que você torce o nariz quando tá concentrada, o jeito que você trata todo mundo com gentileza.

Eu queria ter tido coragem de te chamar para sair. Queria ter conversado mais. Queria ter conhecido você de verdade, mas eu sou era muito inseguro. Sempre achei que não era bom o suficiente, que uma menina como você nunca iria querer ficar com um cara como eu. Se você tá lendo isso, é porque eu não consegui superar meus demônios. E me desculpa por isso.

Desculpa por ser mais uma pessoa que passou pela sua vida e te deixou. Mas quero que você saiba, você me fez feliz. Mesmo nos poucos momentos que conversamos. Você me fez sentir que talvez, só talvez eu pudesse ser amado. Obrigado por ter existido na minha vida, mesmo que brevemente.

Se cuida e namora caras legais, caras que te mereçam, caras que não sejam covardes como eu. Com amor, Rafael. Júlia chorou. Chorou tanto que Cristina precisou abraçá-la. Essa menina que era praticamente uma estranha, mas que tinha significado tanto pro seu filho. Ele não era covarde, Júlia Soluçou. Ele era humano e estava sofrendo. Eu sei. Eu queria tanto ter conhecido ele melhor.

Queria ter tido a chance de Eu também queria, mas a vida às vezes não dá segundas chances. Júlia limpou as lágrimas. Posso ficar com a carta? Claro, é sua. Depois que Júlia foi embora, Cristina sentiu um peso sair dos ombros. Tinha cumprido o que Rafael tinha pedido, tinha entregue todas as cartas, mas então veio a parte difícil.

Roberto chegou em casa naquela noite e encontrou Cristina na cozinha preparando o jantar. Era a primeira vez em meses que ela estava cozinhando. “O que tá acontecendo?”, Ele perguntou surpreso. Tô fazendo comida. Batata gratinada, sua favorita. Ele se aproximou. Cristina, você tá diferente. O que mudou? Então ela contou. contou sobre o cemitério, sobre Laura, sobre a conversa com Rafael, sobre as cartas, sobre tudo.

Roberto ficou em silêncio por um longo momento, então disse: “Você sabe como isso soa, né? Sou a maluco, eu sei. Não é que eu não acredite

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