A transformação polêmica de Taciele Alcolea e Dani Noce: De influenciadoras a gurus de internet – O que está por trás dessas mudanças drásticas?

Nos últimos anos, algumas das blogueiras e influenciadoras mais queridas do Brasil passaram por mudanças inesperadas em seus conteúdos, causando furor nas redes sociais. Dentre elas, duas se destacam por suas transições para o mundo dos coachs e a comercialização de fé. Taciele Alcolea e Dani Noce, inicialmente adoradas por seus seguidores por conta de seu conteúdo descontraído sobre estilo de vida, maternidade e receitas, têm sido alvo de críticas por se afastarem de suas origens e se envolverem em polêmicas religiosas e de autoajuda. Mas o que realmente aconteceu com essas influenciadoras que conquistaram milhões de fãs?

Taciele Alcolea: A guru da fé ou uma coach disfarçada?

Taciele Alcolea, uma das influenciadoras mais antigas do Brasil, começou sua trajetória como blogueira com um conteúdo leve e simples, compartilhando seu estilo de vida e experiências com a família e maternidade. Contudo, nos últimos meses, ela tem atraído a atenção por uma mudança drástica em seu conteúdo, que deixou seus seguidores desconcertados.

De uma jovem descontraída que falava sobre roupas, maquiagem e viagens, Taciele passou a compartilhar vídeos e publicações sobre fé, Deus e motivação espiritual. Embora isso não seja um problema por si só, o que incomodou seus seguidores foi a forma como ela passou a abordar temas religiosos e a comercializar essas mensagens, mergulhando em um universo que se assemelha aos coachs de autoajuda.

Em vídeos recentes, Taciele começou a promover palestras motivacionais e coaching espiritual, onde promete “transformações” e “desbloqueios” para seus seguidores. Essa transição repentina gerou um enorme desconforto nos fãs mais antigos, que já a acompanhavam há mais de uma década. O fato de ela associar o seu conteúdo a cursos e palestras pagos, que prometem resolver problemas de fé, prosperidade e até relacionamento, fez com que ela fosse comparada ao coach polêmico Pablo Marçal, gerando ainda mais discussões nas redes sociais.

Além disso, a influenciadora começou a fazer lives diárias às 6:30 da manhã, com orações e mensagens de fé, mas muitos questionaram se essa mudança era realmente uma busca por compartilhar espiritualidade ou uma forma de monetizar sua fé. O principal ponto de polêmica é justamente a mistura entre religião e autoajuda, algo que muitos consideram manipulativo.

Dani Noce: Da confeitaria à terapia de coach

Outro caso que tem gerado bastante discussão é o de Dani Noce, que passou de uma doceira influente para uma defensora da filosofia do “poder da mente”. Dani começou sua carreira na internet criando receitas deliciosas de sobremesas, o que a fez conquistar uma legião de seguidores apaixonados por suas criações culinárias. Entretanto, assim como Taciele, Dani também fez uma transição drástica, migrando para o conteúdo de motivação e coaching, com um foco preocupante em questões como compulsão alimentar e transtornos psicológicos.

Embora Dani tenha compartilhado sua experiência pessoal com transtorno de compulsão alimentar, que ela associa ao açúcar e gordura, a forma como ela lida com o tema e as dicas que dá para seus seguidores levantaram sérias questões. Dani começou a se posicionar como uma “especialista” em comportamentos alimentares, oferecendo conselhos e até comparações de açúcar com drogas, o que gerou uma onda de indignação nas redes sociais.

Em um vídeo, Dani afirmou que açúcar e gordura eram praticamente uma “droga socialmente aceita” e que ela sabia exatamente do que estava falando por ter passado por problemas de compulsão alimentar. No entanto, ao dar conselhos sobre alimentação, ela se colocou em uma posição que incomodou tanto nutricionistas quanto seus seguidores, especialmente por não ter a qualificação necessária para tal. Além disso, suas dicas gerais, como o consumo de café ou suco de limão para combater a vontade de comer doces, são simplistas e podem ser prejudiciais para quem tem problemas de saúde como gastrite, diabetes ou outros distúrbios alimentares.

A monetização da fé e dos problemas pessoais

Ambas as influenciadoras têm adotado um comportamento semelhante ao de outros “coachs” de internet, prometendo soluções rápidas e milagrosas para problemas complexos. Em suas novas abordagens, tanto Taciele quanto Dani oferecem palestras, cursos e até diagnóstico de vida. Dani, por exemplo, criou o PMP (Plano de Metas Perfeito), onde oferece consultoria e “transformação” com base em uma avaliação inicial, e Taciele compartilha conteúdos espirituais com promessas de cura e prosperidade.

O maior problema disso tudo é a tendência crescente de monetizar problemas pessoais e espirituais. O mercado de coaching tem se expandido de forma absurda, e muitos criadores de conteúdo estão fazendo um trabalho de manipulação, vendendo soluções fáceis para questões que exigem um trabalho profundo, como terapia ou acompanhamento psicológico. Taciele e Dani não são as únicas a adotar esse caminho, e esse tipo de abordagem está se tornando cada vez mais comum entre as influenciadoras antigas.

O que muitos não percebem é que a realidade dessas pessoas, que têm uma vida confortável e privilegiada, é completamente diferente da realidade da maioria de seus seguidores. Enquanto elas oferecem soluções para problemas complexos, como a falta de dinheiro, saúde mental, autoestima ou dificuldades no relacionamento, elas estão desconectadas das dificuldades reais que muitas pessoas enfrentam. Esse distanciamento, aliado à tendência de responsabilizar o indivíduo pelo seu fracasso, cria uma falsa sensação de que tudo pode ser resolvido com uma mudança de mindset.

O impacto nas seguidoras: manipulação ou ajuda genuína?

Por mais que algumas pessoas se beneficiem de conselhos motivacionais, a questão central é o grau de manipulação que esses conteúdos podem gerar. Quando uma influenciadora usa sua credibilidade e o vínculo com seus seguidores para vender um curso ou um estilo de vida baseado em promessas vagas, a linha entre ajuda genuína e exploração financeira pode se tornar tênue.

O mais alarmante é que muitas pessoas, principalmente aquelas que estão em momentos de fragilidade emocional ou financeira, podem ser facilmente manipuladas. Ao seguir influenciadores que prometem soluções rápidas, elas podem acabar gastando dinheiro com algo que não traz os resultados esperados, o que, no fim, pode ser mais prejudicial do que benéfico.

O futuro dessas influenciadoras

O que acontecerá com Taciele Alcolea e Dani Noce nos próximos anos é incerto. Uma coisa é certa: a transição delas para o mundo do coaching pode ter sido uma estratégia para se manter relevantes e lucrativas em um mercado saturado de influenciadores. No entanto, isso levanta uma série de questões sobre ética, manipulação e os limites da fé na internet. O impacto dessa transformação em suas audiências será sentido por muito tempo.

Se você acompanha essas influenciadoras, talvez seja hora de refletir sobre os motivos que as levaram a adotar esses novos caminhos e o que elas realmente estão oferecendo. Será que realmente estão ajudando seus seguidores, ou apenas tentando se reinventar e lucrar com suas histórias e inseguranças?

Você se sente confortável com essa mudança?