Família rouba tudo de empresário moribundo e tenta subornar o médico para matá-lo. Mal sabiam eles que ele sobreviveria para a vingança final.

O quarto do hospital estava silencioso, exceto pelo zumbido suave do ventilador de teto e o bipe lento do monitor cardíaco. Um homem jazia na cama, fraco e pálido. Seu nome era Daniel Cole, um empresário trabalhador, conhecido por sua honestidade e bondade. Ele havia construído sua empresa do nada, começando com uma pequena loja na beira da estrada e transformando-a em uma das maiores distribuidoras da cidade.

Mas agora, as mesmas pessoas que um dia o elogiaram eram as que desejavam sua morte.

Os olhos de Daniel estavam semicerrados. Seu corpo estava magro, suas mãos tremendo a cada tentativa de movimento. Há três meses ele estava naquele mesmo hospital.

Nem um único membro da família viera vê-lo.

Nem seu pai, o Sr. Raymond, que um dia o chamou de orgulho da família. Nem sua mãe, Sra. Agnes, que costumava se gabar dele na igreja. Nem mesmo seus dois irmãos, Philip e Jonas, ou sua única irmã, Clara, que um dia disse que o amava mais que a própria vida.

Todos desapareceram no momento em que ele adoeceu. Quando os médicos pediram dinheiro para continuar o tratamento, nenhum deles atendeu às ligações. O contador do hospital suspirava. “Seus parentes não enviaram um centavo”, disse ele. “Sua apólice está acabando.”

“Eles… eles disseram alguma coisa?”, a voz de Daniel falhou.

O contador balançou a cabeça. “Não. Mas alguém do seu escritório veio. Disse que seus irmãos assumiram a empresa. Começaram a vender suas ações.”

O peito de Daniel se apertou. Lágrimas rolaram pelo seu rosto. Ele se lembrava de como confiara neles. Quando abriu a empresa, tornou todos eles diretores. Ele comprou uma casa nova para seus pais, pagou a faculdade de Clara no exterior e ajudou Philip a começar um negócio de transportes.

E agora, enquanto ele jazia entre a vida e a morte, eles lutavam por sua riqueza.

Enquanto isso, na mansão de Daniel, o ar estava cheio de risadas. Philip contava maços de dinheiro no sofá, enquanto Jonas servia uma bebida.

— A empresa de Daniel é nossa agora — disse Jonas, orgulhoso. — Ele está praticamente morto.

Sra. Agnes, a mãe, assentiu friamente. — Bom. Ele andava muito orgulhoso, sempre agindo como se fosse melhor que todos.

Clara, a irmã, balançou as chaves do carro e sorriu. — Que bênção ele ter nos feito seus únicos herdeiros. Vou vender uma das casas dele amanhã.

Eles riram juntos, bebendo vinho enquanto o filho e irmão lutava para respirar em uma cama de hospital.

Daniel olhava fracamente para a janela enquanto a chuva começava a cair. “Então é assim que o amor da família termina”, sussurrou ele. “Quando você tem dinheiro, eles o cercam. Quando você cai, eles desaparecem.”

A enfermeira, Grace, estava silenciosamente ao seu lado. Ela já tinha visto muitos casos tristes, mas o de Daniel partia seu coração. “Não chore, senhor”, disse ela, suavemente. “Deus não está dormindo. Ele lutará pelo senhor.”

Daniel assentiu lentamente. “Se eu viver”, disse ele em voz baixa, “eu nunca mais voltarei para eles.”

 

O Desprezo

 

A manhã seguinte trouxe uma luz fraca ao quarto. Daniel mal havia comido. Sua força estava se esvaindo. Minutos depois que Grace saiu, a porta se abriu novamente, não com cuidado, mas com o som áspero de sapatos batendo no chão.

Eram Philip e Jonas. Ambos pareciam fortes, bem alimentados e vestidos com roupas novas. Jonas usava uma corrente de ouro que Daniel comprara para si mesmo.

Os olhos de Daniel se arregalaram levemente. “Vocês… vocês vieram.”

Philip deu um sorriso zombeteiro. — Viemos ver como o morto está se saindo.

Jonas riu alto. — Você está horrível, irmão. Quase não o reconheci. Você parecia um rei, agora parece um fantasma.

O coração de Daniel se partiu novamente. — Pensei… pensei que tinham vindo me ver.

Philip cruzou os braços. — Ver você? Não, só queríamos confirmar se você ainda está respirando. Você está desperdiçando dinheiro aqui. Por que não descansa em paz e nos poupa do estresse?

— A propósito — acrescentou Jonas — vendemos mais dois de seus caminhões ontem. Conseguimos um bom preço.

Lágrimas encheram os olhos de Daniel. Philip se inclinou e sussurrou friamente: — Quando você morrer, cuidaremos bem do seu enterro. Não se preocupe. Você vai parecer rico em seu caixão.

Jonas gargalhou. Daniel virou o rosto, lágrimas silenciosas rolando. Ele não podia acreditar que seu próprio sangue pudesse ser tão cruel.

Quando saíram rindo, encontraram o jovem médico de plantão, Dr. Kelvin.

— Bom dia. Os senhores são parentes do paciente?

— Sim, somos os irmãos — disse Philip.

O médico assentiu. — Ele está estável. Se continuar o tratamento, ele pode se recuperar.

Os olhos de Jonas se estreitaram. Ele e Philip se afastaram por um momento. “Você ouviu isso?”, sussurrou Philip. “Ele pode se recuperar. Não podemos permitir.”

Eles se viraram para o médico, seus rostos calmos, mas seus corações perversos.

— Doutor — disse Philip, forçando um sorriso — estamos preocupados que ele esteja sofrendo muito. Não pode… ajudá-lo a descansar em paz?

O médico piscou. — O senhor quer dizer… aliviar a dor?

Philip se inclinou. — Não. Quero dizer, acabar com isso. Silenciosamente. Nós cuidaremos da conta.

Os olhos do médico se arregalaram. — Senhor, isso é contra a lei.

Jonas riu. — Deixe de fingir santidade. Vamos encontrar alguém que possa fazer isso.

Eles jogaram um envelope com dinheiro no balcão e saíram.

 

A Ferida Final

 

No dia seguinte, a porta se abriu novamente. Eram sua mãe, Agnes, e sua irmã, Clara. Ambas usavam ouro e um perfume caro que encheu o quarto.

Os olhos de Daniel brilharam fracamente. — Mãe… Clara…

Mas os rostos delas contavam outra história.

— Então é aqui que você está desperdiçando todo o dinheiro? — disse Agnes, friamente. — Deitado, deixando o hospital comer tudo o que você trabalhou?

— Mãe, estou doente. Eu não escolhi isso.

Clara cruzou os braços e riu. — Doente ou fingindo? Você sempre quis que tivessem pena de você. Olhe para você agora, o grande Daniel Cole, reduzido a nada.

— Tudo o que construí foi para esta família! — Daniel protestou, com a voz embargada.

— Mentiras! — retrucou Agnes. — Se você realmente nos amasse, não teria colocado a empresa apenas no seu nome. Você queria nos controlar, nos fazer implorar.

Cada palavra perfurava o peito de Daniel como uma faca.

— Você é minha mãe — ele sussurrou, em agonia. — Pensei que nunca se voltaria contra mim.

— Pare de agir como santo — zombou Clara. — Você é apenas um fardo. O médico disse que você pode viver, mas, para ser honesta, não estamos prontos para mais drama.

Agnes assentiu. — Ela está certa. Você já sofreu o suficiente. Talvez seja hora de você descansar. Para sempre.

Daniel congelou. Sua própria mãe, a mulher que lhe deu a vida, falava de sua morte como se fosse um favor.

Elas saíram e, no corredor, encontraram o Dr. Kelvin.

— Doutor — disse Agnes, com um sorriso perigoso. — Meu filho está sofrendo muito. Não pode lhe dar algo forte para fazê-lo dormir… para sempre?

O médico recuou, chocado. — Senhora, isso é ilegal! Ele está se recuperando!

— Não queremos que ele se recupere — sussurrou Clara, os olhos frios. — Apenas faça. Nós pagaremos.

Elas jogaram outro envelope no balcão e saíram.

 

A Gravação

 

Naquela noite, Daniel jazia imóvel. Ele nunca se sentira tão sozinho. Grace, a enfermeira, entrou suavemente.

— Eles o machucaram de novo? — ela perguntou, vendo as lágrimas silenciosas.

— Grace… eles me querem morto.

Grace engoliu em seco, lutando contra as próprias lágrimas. — Eu sei, senhor. Eu ouvi o que seus irmãos disseram ontem. E também vi como sua mãe falou com o médico hoje.

Daniel fechou os olhos. — O que eu fiz para merecer isso?

— O senhor foi bom demais.

Grace então foi até uma gaveta e tirou um pequeno gravador de voz. Ela o havia colocado ali semanas atrás, secretamente. Algo lhe dizia que a história de Daniel precisaria de provas.

Ela apertou o ‘play’.

Daniel ouviu. A voz de Philip: “Você vai parecer rico em seu caixão.” A risada de Jonas.

Seus olhos se arregalaram. — Você… você gravou?

— Sim — disse ela. — E tem mais.

Ela tocou outro clipe. A voz de sua mãe, fria e cruel: “Doutor, não pode lhe dar algo forte para fazê-lo dormir para sempre?” E a voz de Clara: “Não queremos que ele se recupere. Apenas faça.”

As mãos de Daniel tremeram. Lágrimas corriam livremente. — Minha própria mãe. Meu próprio sangue.

Grace colocou a mão sobre a dele. — Senhor, o senhor precisa viver. Não apenas por si mesmo, mas para que a verdade seja dita.

Pela primeira vez em semanas, Daniel sentiu uma faísca de força. — Obrigado, Grace.

— Não me agradeça. Apenas prometa que vai lutar.

— Eu vou tentar — ele sussurrou.

 

A Reviravolta

 

Na manhã seguinte, um homem de terno escuro entrou. Era o Sr. Lawson, o advogado de longa data de Daniel.

— Lawson… você veio.

— Eu vim assim que recebi sua mensagem. Grace me contou tudo. — Lawson parecia arrasado. — Eu não posso acreditar que sua família…

— Lawson, eu confiei neles. Eles me querem morto. Eu quero pegar tudo de volta. Silenciosamente.

O advogado assentiu. — Nós podemos fazer isso. Mas o senhor precisa se manter vivo. Eu cuidarei do resto.

Lawson abriu sua pasta. — Seus irmãos falsificaram documentos, mas eu vou congelar as contas e reverter as transferências de propriedade. Grace e o Dr. Kelvin assinarão como testemunhas. E usaremos essas gravações.

Enquanto a família Cole gastava o dinheiro de Daniel – Clara em Dubai, Philip comprando carros novos –, Lawson e Daniel reescreviam a história.

Três dias depois, o Sr. Lawson chegou à mansão da família. Eles estavam tomando café da manhã como reis.

— Ah, o advogado do Daniel — disse Agnes, preguiçosamente. — O hospital precisa de mais dinheiro?

Lawson sorriu. — Não, senhora. Estou aqui com atualizações. Daniel está vivo e bem o suficiente para tomar algumas decisões importantes.

Philip riu. — Atualizações? Tipo, a data do funeral?

— Não — disse Lawson, calmamente. — Ele me pediu para entregar uma mensagem. A casa em que estão comendo, a empresa pela qual estão brigando e as contas que estão usando… não pertencem mais a nenhum de vocês.

O riso cessou.

 

O Confronto

 

Na manhã seguinte, os cartões foram recusados. As contas, congeladas.

— O que está acontecendo? — gritou Clara.

— É aquele advogado inútil! — rosnou Philip. — Daniel deve estar por trás disso. Como ele ousa ainda estar respirando?

— Então vamos nos certificar disso desta vez! — disse Jonas.

Eles invadiram o hospital como animais selvagens, gritando pelo corredor. Philip escancarou a porta do quarto.

Daniel estava sentado na cama. Grace ajustava seu travesseiro. Lawson estava sentado ao lado dele, revisando papéis.

— Então foi você! — gritou Philip, apontando. — Você congelou nossas contas! Ladrão!

Grace se interpôs. — Por favor, abaixem a voz.

Lawson ergueu os olhos lentamente. — Senhores, sugiro que cuidem com as palavras. Cada transação fraudulenta foi revertida. Legalmente, não há nada que possam fazer.

— Não pode fazer isso! — gritou Clara. — Somos a família dele!

— Família? — Lawson perguntou friamente. — A mesma família que pediu a um médico para matá-lo?

Silêncio. O rosto de Agnes se contorceu.

Daniel olhou para eles, o rosto pálido, mas firme. Sua voz era fraca, mas carregava força.

— Tudo o que eu sempre quis foi paz. Vocês tiraram tudo de mim. Vocês me deixaram para morrer. Mas Deus me deu outra chance.

— Você é apenas um amargurado porque está doente! — zombou Philip.

— Talvez eu esteja fraco, Philip — disse Daniel, olhando-o nos olhos. — Mas não estou mais desamparado.

O rosto de Agnes se contorceu de raiva. — Você vai se arrepender disso, Daniel! Você não é meu filho!

Os olhos de Daniel se encheram de lágrimas, mas ele deu um leve sorriso. — Talvez isso seja verdade. Porque nenhuma mãe de verdade rezaria pela morte do filho.

Agnes congelou. As palavras a atingiram mais forte que um tapa. Ela se virou e saiu. Os outros a seguiram, derrotados.

 

O Arrependimento

 

Naquela noite, a mansão estava cheia de gritos de raiva. Mas uma pessoa ficou em silêncio: o Sr. Raymond, o pai. Ele nunca havia dito uma palavra.

De repente, ele se levantou.

— Chega! — Sua voz tremeu.

Todos se viraram, surpresos.

— Não aguento mais isso — disse ele, baixinho. — Vocês estão todos cegos pela ganância. Aquele menino… — ele engoliu em seco. — Aquele menino fez tudo por esta família. E o que demos a ele em troca? Perversidade.

— Ah, agora você vai defendê-lo? — cuspiu Agnes.

— Não estou defendendo ele, Agnes. Estou defendendo minha própria alma, antes que seja tarde demais.

Ele pegou seu casaco velho e saiu.

Quando chegou ao hospital, já passava das oito. Grace o deixou entrar.

Daniel virou a cabeça lentamente. Quando seus olhos encontraram os do pai, sua respiração falhou.

O Sr. Raymond deu um passo à frente, as mãos trêmulas. — Meu filho… — ele parou, cobrindo o rosto. — Eu nem mereço te chamar assim.

— Pai…

— Não! Eu sou um fracasso. Eu fiquei parado enquanto eles zombavam de você. Eu deixei sua mãe envenenar meu coração. — Ele caiu de joelhos ao lado da cama, soluçando. — Perdoe-me, Daniel. Por favor, me perdoe.

Daniel o observou em silêncio. Ele sonhara com aquele momento, não para ouvir desculpas, mas para ver uma alma capaz de remorso.

Ele estendeu a mão fraca e tocou o ombro do pai. — Por favor, levante-se, pai. Eu o perdoei há muito tempo. O senhor ficou em silêncio, sim. Mas nunca foi cruel como os outros.

O velho chorou baixinho. Naquela noite, pela primeira vez em anos, ele sentiu amor sem orgulho.

 

O Retorno

 

Três meses depois, a cama do hospital estava vazia. Daniel havia se recuperado totalmente.

Do lado de fora, Lawson e o Sr. Raymond o esperavam.

Quando chegaram à mansão, Agnes, Philip, Jonas e Clara saíram correndo. O choque em seus rostos era visível.

— Você… está vivo? — gaguejou Agnes.

Daniel olhou para ela. — Sim, mãe. Isso te desaponta?

Ele passou por ela, entrando na casa que seu suor construíra.

— O que lhe dá o direito de voltar aqui? — gritou Philip.

Daniel se virou, a voz calma, mas firme. — Esta é a minha casa. E vocês todos me desejaram a morte. Tentaram acabar com minha vida.

— E daí? — zombou Jonas.

— E daí que vocês não vão mais viver às minhas custas.

Daniel chamou os guardas. — Arrumem as malas deles. Roupas, sapatos, bolsas. Levem tudo para a pequena casa que construí para eles anos atrás. É lá que eles ficarão.

— Você está expulsando sua própria mãe?

— Você deixou de ser mãe no dia em que pediu a um médico para matar seu filho.

O Sr. Raymond, ao lado de Daniel, tentou intervir. — Filho, talvez…

— Não, pai. O senhor não vai. O senhor fica comigo. Eu sei o que eles farão com o senhor se for com eles.

Os outros saíram, ainda orgulhosos, mas com os corações pesados. Agnes se virou no portão, os olhos frios. — Um dia você precisará de nós, e nós vamos rir de você.

Daniel não respondeu. Ele apenas fechou o portão.

Naquela noite, a casa estava silenciosa. Daniel e seu pai sentaram-se na varanda. “A ganância cega o coração, e o orgulho destrói a alma”, pensou Daniel.

Enquanto isso, na pequena casa do outro lado da cidade, os outros sentavam no escuro. Sem música, sem criados, sem luxo. Apenas silêncio e arrependimento. Sua queda havia começado. E a história de Daniel Cole terminou não com vingança, mas com justiça.

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