Rodovias em Fúria: Bolsonaristas São Espancados por Caminhoneiros em Greve que Dizem Defender Bolsonaro

Rodovias em Fúria: Bolsonaristas São Espancados por Caminhoneiros em Greve que Dizem Defender Bolsonaro

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O sol ainda nem havia rompido completamente a névoa da madrugada quando o primeiro bloqueio surgiu na BR. Caminhões atravessados, buzinas ensurdecedoras, pneus em chamas e homens exaustos, com olheiras profundas e vozes roucas, davam o tom do que estava por vir. A greve dos caminhoneiros, que já se arrastava havia dias, prometia ser mais um capítulo de pressão política em nome de Jair Bolsonaro. Mas o que ninguém esperava era que os próprios bolsonaristas se tornariam alvo da fúria daqueles que diziam lutar pelo mesmo líder.

A concentração começou de forma aparentemente pacífica. Caminhoneiros vestindo camisetas verde-amarelas, alguns com bandeiras do Brasil amarradas nos retrovisores, entoavam palavras de ordem pedindo “respeito”, “combustível justo” e “apoio total a Bolsonaro”. O clima era de tensão contida. A greve havia provocado desabastecimento em cidades próximas, e a paciência da população estava no limite.

Foi então que um grupo de bolsonaristas civis chegou ao local. Vieram em carros de passeio, motocicletas e até vans adesivadas com frases políticas. Muitos carregavam faixas improvisadas, celulares em punho, transmitindo tudo ao vivo nas redes sociais. Eles acreditavam que seriam recebidos como aliados naturais. Estavam completamente enganados.

Desde os primeiros minutos, algo parecia fora do lugar. Os caminhoneiros, cansados de promessas vazias e discursos inflamados, observavam com desconfiança aquele grupo que parecia mais interessado em likes do que em enfrentar dias sem renda na estrada. Murmúrios começaram a se espalhar. “Esses aí não dormiram aqui”, dizia um. “Vieram só pra aparecer”, reclamava outro.

Brazilians rally against effort to soften punishment for Bolsonaro, allies  | Reuters

A tensão explodiu quando um dos bolsonaristas tentou subir na cabine de um caminhão para fazer um discurso improvisado, gritando palavras de apoio a Bolsonaro e acusando “infiltrados” de atrapalhar o movimento. O gesto foi interpretado como provocação. Um caminhoneiro mais velho, com o rosto marcado pelo sol e pela estrada, empurrou o homem para longe do veículo. Em segundos, gritos tomaram conta do asfalto.

O empurra-empurra virou pancadaria.

Capacetes foram usados como armas improvisadas. Bastões de bandeira se transformaram em instrumentos de agressão. Os bolsonaristas, muitos deles sem qualquer preparo físico ou experiência em confrontos, foram rapidamente cercados. A fúria dos caminhoneiros parecia acumulada há semanas, talvez meses. Não era apenas política. Era frustração, desgaste, sensação de abandono.

“Vocês não sabem o que é ficar parado aqui sem dinheiro!”, gritava um caminhoneiro enquanto avançava. “Bolsonaro não paga nosso diesel!”, berrava outro, desferindo socos contra um homem caído no chão.

Vídeos gravados por testemunhas mostram cenas chocantes. Um bolsonarista tenta fugir correndo pela lateral da rodovia, mas tropeça e é alcançado. Outro se esconde atrás de um carro, implorando para que parem. As imagens, ainda que tremidas, revelam um nível de violência que surpreendeu até quem acompanhava protestos políticos há anos.

A polícia rodoviária demorou a chegar. Quando finalmente apareceu, o cenário já era de destruição: vidros quebrados, sangue no asfalto, celulares esmagados e faixas rasgadas. Alguns bolsonaristas precisaram de atendimento médico. Caminhoneiros também apresentavam ferimentos, mas se recusavam a deixar o local.

O mais irônico de tudo é que, em meio ao caos, ambos os lados gritavam o nome de Bolsonaro. O mesmo líder, a mesma bandeira, mas motivações completamente diferentes. Para os caminhoneiros, Bolsonaro era símbolo de esperança econômica, ainda que distante. Para os bolsonaristas urbanos, era uma identidade política, quase um culto.

Cựu Tổng thống Brazil Jair Bolsonaro bị điều tra vì cáo buộc quấy rối cá voi

Após o confronto, versões começaram a circular. Bolsonaristas afirmavam terem sido vítimas de “traição” e “covardia”. Caminhoneiros diziam que apenas reagiram a provocações e tentativas de controle do movimento. Nas redes sociais, hashtags opostas surgiram em questão de horas, cada uma contando uma história diferente do mesmo episódio.

Especialistas em comportamento político afirmam que o episódio revela uma fratura profunda dentro da própria base bolsonarista. “Quando a crise aperta, o discurso não sustenta a realidade”, afirmou um analista ouvido pela reportagem. “A estrada é diferente da internet.”

Moradores da região relataram medo. “Nunca vi coisa igual”, disse uma comerciante que fechou as portas ao ouvir os gritos. “Parecia guerra.” Caminhoneiros prometiam continuar a greve, agora ainda mais revoltados. Já os bolsonaristas juravam “não deixar barato”.

Enquanto isso, o nome de Bolsonaro seguia ecoando na rodovia, não como símbolo de união, mas como gatilho de conflito. O episódio deixou claro que, quando interesses colidem, nem a mesma bandeira é capaz de impedir a violência.

Ao final do dia, restaram apenas marcas no asfalto e um silêncio pesado. Caminhões ainda parados. Pneus queimados soltando fumaça lenta. E a certeza de que aquela greve havia ultrapassado todos os limites, transformando aliados em inimigos diante de um Brasil dividido, cansado e à beira do colapso.

 

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