O Novo Rei de Madrid: Kylian Mbappé e a Caçada Implacável ao Trono de Cristiano Ronaldo
Por Redação de Esportes Madri, Espanha
Há fantasmas que assombram o Santiago Bernabéu. O maior deles, sem dúvida, veste a camisa 7, tem porte atlético e responde pelo nome de Cristiano Ronaldo. Durante anos, parecia impossível que alguém pudesse não apenas igualar, mas ousar superar os feitos do astro português na capital espanhola. Parecia. Até que Kylian Mbappé aterrissou em Madrid.
O que estamos presenciando nesta temporada da UEFA Champions League não é apenas uma grande performance; é uma reescrita da história em tempo real. Com uma fome insaciável e uma eficiência cirúrgica, o francês de 26 anos não está apenas jogando futebol; ele está demolindo a matemática do esporte.
A Matemática do Impossível
Os números não mentem, e os de Mbappé são assustadores. Após apenas cinco partidas na fase de grupos desta temporada, o francês já balançou as redes nove vezes. Para colocar isso em perspectiva, no auge de sua forma “alienígena”, Cristiano Ronaldo — o senhor absoluto da competição — havia marcado oito gols no mesmo estágio.
A projeção é vertiginosa. Se Mbappé mantiver essa média absurda e o Real Madrid, como de costume, caminhar até a grande final (totalizando 15 jogos), as calculadoras indicam que ele poderia terminar a temporada com 27 gols.
Isso não seria apenas um recorde; seria uma anomalia histórica. O recorde atual, que pertence a Ronaldo na temporada mágica de 2013-2014, é de 17 gols. Mbappé não está ameaçando quebrar o recorde; ele ameaça pulverizá-lo, deixando a marca anterior parecer, ironicamente, “modesta”.
A Noite Grega: Um “Poker” para a Eternidade
A prova definitiva dessa nova era ocorreu na noite de 26 de novembro. O Olympiacos visitou o Bernabéu e se tornou testemunha de um massacre unipessoal. O Real Madrid venceu por 4 a 3, mas o placar engana quem não viu o jogo. Não foi o Madrid que venceu; foi Mbappé.
O francês marcou todos os quatro gols da equipe (um feito conhecido como “poker” na Espanha). Com isso, ele entrou para um panteão restrito de lendas merengues. Apenas Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskás e, claro, Cristiano Ronaldo haviam conseguido tal proeza em competições europeias pelo clube.
Mas Mbappé fez isso com sua assinatura: velocidade. Entre os minutos 22 e 29, ele marcou três vezes. Um hat-trick em 6 minutos e 42 segundos. Foi o segundo mais rápido da história da Champions, ficando atrás apenas do “raio” de Mohamed Salah contra o Rangers. Foi uma exibição de potência, posicionamento e finalização que deixou a defesa grega — e o mundo — atônitos.
A Ascensão ao Olimpo dos Artilheiros
O impacto de Mbappé vai muito além das fronteiras de Madrid. Somando suas passagens devastadoras por Mônaco e Paris Saint-Germain, o atacante já acumula 64 gols na maior competição de clubes do mundo.
A lista de maiores artilheiros de todos os tempos está prestes a ser alterada. Ele precisa de apenas mais oito gols para ultrapassar Raúl González (71 gols), o eterno capitão do Real, e entrar no Top 5 da história. À sua frente, restam apenas os deuses do futebol: Benzema (90), Lewandowski (105), Messi (129) e Ronaldo (140). Aos 26 anos, o tempo é o maior aliado de Mbappé para alcançar o topo dessa montanha.
A “Mbappé-dependência”: Bênção ou Maldição?
Com 22 gols em 18 jogos por todas as competições na atual temporada, Mbappé já igualou metade do que produziu em 59 jogos na temporada passada. Sua adaptação à Espanha, após chegar a custo zero no verão de 2024, foi instantânea.
No entanto, em Madri, o sucesso individual sempre traz debates coletivos. A imprensa espanhola já cunhou o termo: “Mbappé-dependência”. E as estatísticas dão razão aos analistas.
Desde o início da temporada, quando a fera francesa marca, o Real Madrid é quase imbatível: 12 vitórias e apenas uma derrota. Mas, nas raras cinco ocasiões em que ele passou em branco, o time “humanizou-se”: duas vitórias, dois empates e uma derrota.
O Real Madrid se tornou refém do talento de sua maior estrela? Talvez. Mas quando se tem um jogador capaz de decidir jogos sozinho, a dependência não é um defeito; é uma estratégia.
Mbappé também brilha pela seleção francesa, com 55 gols, estando a apenas dois de quebrar o recorde de Olivier Giroud. Seja no clube ou na seleção, a conclusão é única: estamos vivendo a era de Kylian. E para Cristiano Ronaldo, assistir do sofá pode ser desconfortável, pois seu legado na Champions League nunca esteve tão ameaçado.
