O Filme Sobre Bolsonaro Que Promete Ser O Mais Polêmico da História: O Que Está Por Trás De “Dark Horse”?

Nos últimos dias, uma avalanche de imagens e vídeos sobre o filme “Dark Horse”, que promete contar a história de Jair Bolsonaro, tem circulado pelas redes sociais. O filme, que retrata a vida e a ascensão política do ex-presidente brasileiro, está gerando muitas discussões. Desde o momento que as primeiras cenas foram reveladas, uma coisa ficou clara: o filme promete ser um dos mais polêmicos e, segundo muitos, um dos mais ridículos já feitos.
A produção do filme está sendo dirigida por Cyrus Nouraté, um cineasta que, apesar de ser conhecido por alguns trabalhos de sucesso, tem se envolvido em polêmicas. Seu filme anterior, “O Apedrejamento de Soraia M.”, foi amplamente discutido por sua abordagem crua e direta sobre um evento trágico. Porém, ao contrário de outros projetos de Nouraté, “Dark Horse” tem gerado críticas pesadas, principalmente devido à sua tentativa de transformar Bolsonaro em uma figura heroica, algo que muitos consideram uma grande distorção da realidade.
A História De Bolsonaro: Herói Ou Vilão?
“Dark Horse” promete contar a história de Bolsonaro como um “herói real”, uma figura central na política brasileira. O trailer que circula pela internet já mostra algumas cenas dramáticas, como o momento da facada que quase tirou a vida do então candidato à presidência. O filme promete retratar sua luta pela sobrevivência no hospital, sua recuperação e, claro, sua vitória nas urnas. Mas será que tudo isso realmente aconteceu dessa maneira?
No trailer, vemos cenas da facada sendo retratada de forma cinematográfica. Bolsonaro, interpretado por Jin Cavidel, está gravemente ferido e sendo levado ao hospital, com imagens dramáticas de seu corpo sendo tratado. A recuperação no hospital também é mostrada com uma carga emocional pesada, mas alguns detalhes, como o fato de não ter havido sangue visível na cena da facada, são alterados para aumentar o impacto visual.
O que muitos críticos estão questionando é a maneira como o filme tenta transformar um incidente de violência em um espetáculo cinematográfico. “Eles querem vender uma narrativa, uma espécie de mito em torno de Bolsonaro”, afirmam alguns dos comentaristas. E essa é uma das questões centrais: Bolsonaro foi realmente um herói que lutou pela democracia, ou sua ascensão foi apenas uma manipulação midiática para criar um messias político?

A Produção e os Bastidores
Por trás da produção de “Dark Horse”, há também relatos de condições de trabalho questionáveis. Segundo a coluna de Fábia Oliveira no Portal Metrópolis, houve denúncias de agressões físicas e condições precárias para os figurantes e extras durante as gravações. Essas acusações só aumentam a controvérsia sobre o filme, que já está sendo visto como um projeto de propaganda política disfarçada de filme de ação.
A produção enfrenta ainda a difícil tarefa de retratar a figura de Bolsonaro sem distorcer demais a história real. No entanto, a maneira como a narrativa é construída – quase como um épico sobre o “cavalo negro” da política – sugere uma visão bastante apologética sobre o ex-presidente. Isso gerou uma onda de críticas não apenas à produção do filme, mas também à ideologia que ele representa.
A Retórica De Bolsonaro E O Mito Da Facada
Uma das principais razões pela qual Bolsonaro conquistou tantos seguidores durante sua campanha presidencial foi o mito criado em torno da facada que ele levou durante um comício. A história da “morte e ressurreição” de Bolsonaro se espalhou rapidamente, transformando-o em uma figura messiânica aos olhos de seus apoiadores. A facada, que deveria ser uma tragédia, foi usada como uma metáfora para a “luta pela sobrevivência” e a “vitória contra as forças do mal”. E agora, o filme parece querer ampliar ainda mais essa imagem de herói, em um momento onde as disputas políticas no Brasil continuam polarizadas.
O que muitos se esquecem é que, apesar do filme e da propaganda, Bolsonaro continua sendo uma figura profundamente divisiva no Brasil. Sua ascensão ao poder não foi apenas uma história de superação, mas também um reflexo de uma série de decisões e atitudes controversas que marcaram seu governo. Por exemplo, suas falas sobre a tortura, o apoio ao regime militar e suas constantes declarações contra a democracia são questões que ainda pairam sobre sua imagem.
A Liberdade de Expressão e a Manipulação da Narrativa
Embora o filme esteja gerando uma grande repercussão, ele também levanta questões sobre a liberdade de expressão e a manipulação das narrativas. Todo artista tem o direito de contar sua versão dos fatos, e os cineastas têm o direito de retratar as figuras históricas como acharem conveniente. No entanto, o que preocupa é como uma história pode ser distorcida para servir a uma agenda ideológica, e como isso pode afetar a percepção pública.
Por mais que o filme seja uma tentativa de criar uma história épica sobre Bolsonaro, ele também pode ser visto como uma forma de propaganda política disfarçada de arte. A maneira como o filme tenta humanizar Bolsonaro, apresentando-o como um herói que lutou e sobreviveu à violência, pode ser uma maneira eficaz de reescrever a história e aumentar sua popularidade entre os mais jovens, que talvez não tenham vivido os acontecimentos de 2018 de forma tão intensa.
O Impacto Na Percepção Pública
Independentemente de como o filme será recebido, ele certamente terá um grande impacto na percepção pública de Bolsonaro e de sua presidência. O filme pode ser visto como uma tentativa de consolidar ainda mais a figura de Bolsonaro como um “mito”, um herói que “sangrou por nós”, como muitos de seus seguidores dizem. E, por outro lado, também pode ser uma forma de explorar e manipular os eventos que marcaram a ascensão dele ao poder.
No entanto, o mais importante é que, mesmo que o filme seja amplamente rejeitado por alguns, ele serve como um exemplo claro de como as narrativas podem ser manipuladas e distorcidas para atender a interesses políticos e ideológicos. A história que será contada em “Dark Horse” pode não ser a história que realmente aconteceu, mas será uma versão que muitos vão querer acreditar.