(1889, Freiburg im Breisgau) As Irmãs Gêmeas Albrecht – 29 Objetos Misteriosos Sob o Estábulo

Nos contrafortes da Floresta Negra (Schwarzwald), perto da cidade de Freiburg im Breisgau, um antigo caminho comercial serpenteava por densas florestas de pinheiros e faias. Em 1889, este caminho era frequentemente usado por mercadores, carroceiros e viajantes que transportavam mercadorias entre as cidades do Grão-Ducado de Baden ou procuravam fortuna nas minas de prata e sal do Sul.

A cerca de 5 km da cidade, onde o caminho se estreitava entre duas colinas, ficava uma modesta estalagem com paredes caiadas de branco e um telhado de telhas vermelhas. Os locais chamavam-lhe “Zum Wegkreuz” (Ao Pé da Cruz do Caminho). A estalagem pertencia às irmãs Albrecht, Margarete e Helene, gémeas de meia-idade. Ambas as mulheres eram de compleição magra, usavam o cabelo castanho-escuro estritamente puxado para trás e vestiam-se sempre com tecidos simples e escuros, como era apropriado para mulheres solteiras. Os seus rostos exibiam a mesma expressão séria, mas quem as conhecia melhor sabia: Margarete era a faladora, Helene a silenciosa. Tinham herdado a estalagem há 10 anos do seu pai, Johann Albrecht, um homem rabugento que colapsara subitamente morto atrás do balcão numa noite. Desde então, as irmãs geriam o negócio sozinhas.

A estalagem oferecia três quartos simples, mas estavam sempre limpos. O cheiro de sopa, pastelaria frita e pão fresco pairava quase sempre no ar. Quem parava aqui sabia que podia esperar uma refeição quente e uma cama decente – e que as donas da estalagem não faziam muitas perguntas. Margarete servia os hóspedes na sala comum, enquanto Helene trabalhava na cozinha.

Muitos viajantes admiravam a culinária de Helene: guisados de caça, batatas fritas com cebolas, compota de maçã, acompanhados de cerveja forte da cervejaria da aldeia vizinha.

Ao fim da tarde de um dia de novembro, quando o nevoeiro pairava sobre os campos e o vento arrancava as últimas folhas das árvores, um cavaleiro aproximou-se da taberna. O seu cavalo estava encharcado de suor da subida íngreme e o homem em si vestia um casaco comprido, cuja bainha estava pesada da chuva. Chamava-se Johann Meer, um negociante de tecidos de Offenburg, que viajava regularmente entre as cidades para vender tecidos e linho. Já tinha visitado a estalagem das irmãs duas vezes e apreciava a ordem e a calma da casa.

“Boa noite, Senhora Margarete”, disse ele amavelmente ao desmontar à porta. “Bem-vindo de volta, Senhor Meer”, respondeu ela com um sorriso fraco. “Certamente teve uma longa viagem. Entre, o fogo já está aceso.” Johann levou o seu cavalo para o pequeno estábulo ao lado da casa, onde estavam um robusto cavalo castanho e uma vaca. O chão estava fresco com palha, e num canto estava uma pá, com terra seca agarrada. “A minha irmã está a fazer um ragu de caça com lentilhas”, disse Margarete, enquanto o ajudava a tirar a bagagem. “Certamente irá gostar.” Johann acenou com a cabeça em agradecimento. “Parece excelente. Vou dormir bem esta noite.” O que ele não sabia: Ninguém o voltaria a ver.

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O Segredo da Cozinha

 

As irmãs Albrecht tinham desenvolvido ao longo dos anos um método sinistro para escolher as suas vítimas: viajantes que estavam sozinhos, muitas vezes comerciantes que transportavam dinheiro ou bens valiosos. No isolamento silencioso da Floresta Negra, ninguém jamais suspeitara.

Enquanto Helene temperava o ragu na cozinha, ela pegou numa pequena bolsa de linho. Dentro estava uma raiz seca e finamente moída, erva do sono (Schlafkraut), como a sua avó lhe chamava. Uma planta que se dizia ser mencionada em antigas receitas de bruxas. Um toque era suficiente para mergulhar um homem forte num sono profundo em menos de uma hora.

Quando Johann Meer se sentou naquela noite na sala quente, com a colher pesada na mão e o cheiro de pimenta e vinho no nariz, mal notou o ligeiro sabor amargo do ragu. Elogiou Helene pela deliciosa refeição e bebeu o vinho que Margarete lhe serviu com um sorriso cortês. Mais tarde, quando as irmãs apagaram as luzes, Johann já estava inconsciente na sua cama. Lá fora, o vento uivava pelas árvores, e a lua estava escondida atrás das nuvens.

No estábulo, o cavalo esperava inquieto. Helene carregava uma pá e uma lanterna. “Desta vez debaixo do poste direito”, disse ela suavemente. Margarete acenou com a cabeça. “Há espaço suficiente, e amanhã de manhã vamos para a cidade. Ninguém vai notar.” Enquanto a terra caía silenciosamente sobre o tecido em que tinham embrulhado o corpo, Margarete disse com voz calma: “A noite é bondosa connosco, irmã.” E Helene respondeu: “Sim, e a floresta esquece tudo.”

Na manhã seguinte, um nevoeiro denso pairava sobre as colinas. A chuva da noite tinha deixado poças no pátio, e a relva estava pesada de humidade. Margarete levantou-se cedo, como sempre, acendeu a lâmpada na sala comum e colocou o bule de café no fogão de ferro fundido. O cheiro a grãos moídos frescos encheu a casa. Helene estava no estábulo, limpando cuidadosamente o chão e atirando palha sobre uma mancha escura e discreta atrás do velho carro de feno. Nenhum som. Nenhuma hesitação nos movimentos, apenas a rotina de duas mulheres que tinham feito tudo inúmeras vezes.

Mais tarde, quando o sol rompeu as nuvens, ouviu-se ao longe o ruído de uma carroça. Um agricultor da aldeia vizinha trouxe leite e pão. Margarete recebeu a entrega, conversou brevemente, pagou em dinheiro e mencionou casualmente que o último hóspede tinha partido cedo, em direção a Trieberg, disse ele. Ninguém fez perguntas.


A Investigação do Comissário

 

Em Freiburg, alguns dias depois, o Comissário Distrital Friedrich Köhler estava sentado à sua secretária. À sua frente jazia uma pilha de relatórios sobre viajantes desaparecidos: comerciantes, artesãos, carroceiros que tinham desaparecido sem deixar rasto nos últimos três anos.

O seu jovem assistente, Wilhelm Hartmann, um recém-formado em direito de Heidelberg, estava a organizar os arquivos por data. “Senhor Comissário”, disse ele hesitante, “olhe para estes casos. A maioria destes homens desapareceu durante as noites de Lua Nova, sempre no mesmo troço da estrada entre Freiburg e Trieberg.”

Köhler tirou o cachimbo da boca e franziu a testa. “Lua Nova, diz? Isso soa a um padrão.” Ele inclinou-se sobre o mapa que mostrava a área — as florestas, as aldeias, as pequenas estalagens ao longo da rota comercial. Wilhelm apontou um dedo para um local. “Aqui, a estalagem Zum Wegkreuz. É a única casa em todo o troço que oferece alojamento. Pertence a duas irmãs, Margarete e Helene Albrecht. Muito respeitadas na comunidade, vão à missa todos os domingos.”

“Duas mulheres devotas”, murmurou Köhler. “Essas são muitas vezes as mais perigosas.” Ele levantou-se, foi até à janela e olhou para os telhados da cidade. “Eu próprio vou inspecionar esta estalagem, Wilhelm, mas não como Comissário. Viajaremos como mercadores. Negociantes de tecidos, talvez. Prepare o necessário. Partiremos amanhã de manhã.” Wilhelm acenou com a cabeça. O seu coração batia mais rápido. Era a sua primeira investigação a sério.


Na manhã seguinte, os dois homens cavalgaram para fora da cidade. Depois de algumas horas, a estalagem Zum Wegkreuz surgiu entre os pinheiros. Margarete saiu pela porta ao ouvir os cascos. “Boa tarde, meus senhores. Procuram alojamento?”

“Sim, boa mulher”, respondeu Köhler com cortesia fingida. “Viajamos para Trieberg. O caminho foi longo. Dois quartos, se for amável.” “Claro, ainda temos espaço.” Enquanto Margarete os guiava para dentro, Helene apareceu da cozinha. Era a imagem espelhada da irmã. Apenas uma cicatriz fina sobre a sobrancelha esquerda as distinguia. “A minha irmã irá preparar-vos algo quente”, disse Margarete.

Enquanto jantavam, conversaram casualmente. Köhler fazia perguntas como quem não quer nada. “Muitos viajantes passam por aqui?” “Não tantos como antes”, respondeu Margarete calmamente. “Os tempos são incertos. Ouvimos falar de salteadores e caçadores furtivos nas florestas.” “Ah sim, e a senhora, boa mulher, não tem medo?” Um sorriso quase impercetível passou pelo rosto de Helene. “Temos a nossa maneira de lidar com estranhos.”

Köhler observou o quarto. Tudo estava demasiado arrumado, demasiado controlado. Wilhelm, que foi ao estábulo para cuidar dos cavalos, notou algo estranho. O chão estava recentemente revirado em alguns pontos, a palha redistribuída. O cheiro a terra misturava-se com um travo doce e pútrido que ele não conseguia identificar. “Houve obras aqui?”, perguntou ele quando Helene apareceu. “As chuvas da semana passada”, respondeu ela sem hesitar. “O chão cedeu um pouco. Tivemos de o nivelar.” A sua voz estava calma, mas os seus olhos, frios e vigilantes.


A Noite da Verdade

 

Quando a noite chegou, os dois homens deitaram-se nos seus quartos, mas nenhum dormiu. Köhler verificou o ferrolho da porta e notou um pequeno buraco na moldura, largo o suficiente para passar um gancho. Ele tapou-o com papel. Wilhelm fez o mesmo. Sentaram-se em silêncio, cada um com a mão na arma, enquanto lá fora o vento chicoteava as persianas.

Lá em baixo, na cozinha, as irmãs estavam lado a lado. “Não são comerciantes“, sussurrou Margarete. “O mais velho veste-se como um homem da lei.” Helene acenou com a cabeça. “Esperamos. Nada de disparates esta noite. Amanhã de manhã, vamos mandá-los embora.” Depois, ela olhou pela janela para a floresta escura. “E se não forem?” “Então“, disse Margarete suavemente, “teremos espaço para mais dois debaixo do estábulo.”

Perto da meia-noite, Köhler ouviu passos suaves no corredor, demasiado leves para serem de um homem. Depois, um arranhão quase inaudível na porta. Köhler armou a arma, mas os passos afastaram-se.

Ao amanhecer, Margarete recebeu-os com um sorriso. “Espero que tenham dormido bem. O pequeno-almoço está quase pronto.” Köhler observou Helene, precisa, silenciosa, quase sem falar. “Temos de seguir viagem em breve”, disse ele casualmente. “Mas primeiro, gostaria de ir ver os cavalos.”

No estábulo, Köhler cheirou a terra e parou. Um cheiro fraco e adocicado subiu. Inconfundível. “Decomposição“, disse ele suavemente. De repente, ouviram passos atrás deles. Margarete estava na porta. Köhler endireitou-se. “O vosso chão é invulgarmente macio. Um sinal de humidade.” “Sim”, disse ela. “Tem chovido muito ultimamente.” A sua voz permaneceu amigável, mas os seus olhos fixaram-se nos homens.

De volta à sala comum, Köhler pagou o alojamento. Helene recebeu o dinheiro com as mãos que tinham terra debaixo das unhas. Lá fora, Wilhelm virou-se para o seu superior. “E agora?” Köhler tirou algo do bolso, um pequeno botão de prata que tinha apanhado furtivamente no estábulo. “Pertencia a um dos comerciantes desaparecidos. Vi a descrição nos arquivos. Voltamos esta noite.” “Sim”, disse Köhler sombriamente, “e desta vez não como hóspedes.”


O Julgamento do Bosque

 

Cerca de uma hora depois da meia-noite, Köhler e Wilhelm regressaram – a pé, com as lanternas tapadas. Esgueiraram-se pela mata húmida. O estábulo cheirava a terra, animal e podridão. “Aqui”, murmurou Köhler. “Vamos começar.”

Começaram a cavar com as mãos. A terra estava macia. Em poucos minutos, Wilhelm atingiu algo sólido, um pedaço de tecido. Köhler levantou-o com a sua faca e parou. O rosto pálido de um homem apareceu, distorcido, mas reconhecível. “Johann Meer“, disse Köhler inexpressivamente. “Desaparecido há três dias.” Wilhelm recuou. “Meu Deus, elas são monstros.” “Não“, disse Köhler calmamente, “são humanos que se tornaram monstros. E amanhã de manhã, a Floresta Negra será o seu túmulo, não o das suas vítimas.”

Nesse momento, ouviram passos no cascalho do pátio. Köhler apagou a lanterna. A porta do estábulo abriu-se lentamente. Uma silhueta entrou. Helene. Na mão, ela segurava uma pequena lâmpada a óleo e uma . Ela parou ao ver o chão aberto. “Friedrich Köhler”, disse ela inexpressivamente, “eu sabia que voltarias.”

“Larga a ferramenta”, ordenou ele calmamente. “Tu e a tua irmã estão sob suspeita de homicídio. A resistência é inútil.” Helene riu-se suavemente, um som sem alegria. “Suspeita? Estás sobre uma vala comum, Senhor Comissário. E ainda acreditas que a lei pode salvar-nos.”

Atrás dela, Margarete apareceu, descalça. Numa mão, segurava uma faca de cozinha, na outra, uma pequena caixa. “Não vamos contigo“, disse ela calmamente. “Nem nós, nem vivas.” Köhler levantou a arma. Margarete atirou a caixa para o chão. A tampa abriu-se, revelando moedas de prata, anéis de ouro, relógios de bolso – o legado das suas vítimas. “Estes são os seus rostos”, sussurrou ela. “Cada um deles jaz debaixo dos nossos pés. Demos-lhes descanso, mais do que a vida lhes deu.”

Helene avançou. “Vai-te embora. Se fores agora, viverás. Se não, terás de enterrar-te aqui.” Um relâmpago iluminou o céu. Köhler viu Margarete a mover-se. Ele disparou. O estrondo ecoou pelo estábulo. Margarete cambaleou, a faca caiu. Ela agarrou o ombro. O sangue escorreu entre os seus dedos. “Corre, Helene!” gritou ela.

Mas Helene ficou. “Eu não corro”, sussurrou ela. “Eu fico contigo.” Köhler aproximou-se. “Acabou. A vossa estalagem será revistada, e amanhã a Floresta Negra revelará os vossos segredos.” Margarete sorriu, ensanguentada. “A floresta não trai nada, Senhor Comissário. Ela guarda o que lhe é dado.”

Um novo trovão ribombou. Wilhelm irrompeu. “Senhor Köhler, lá fora – alguém está lá!” A porta do estábulo bateu. Quando a luz da lanterna voltou, Helene tinha desaparecido.

Köhler ajoelhou-se ao lado de Margarete. “Para onde foi?” A mulher sorriu fracamente. “Para a floresta, onde ninguém a encontrará, tal como todos os outros.” A sua cabeça pendeu. Köhler correu para o nevoeiro. Ele viu um movimento, uma sombra a afastar-se rapidamente. Ele seguiu-a, mais fundo na floresta. Ele chegou a uma pequena clareira. Helene estava ali, na mão, a pá. “Eu estava à tua espera“, disse ela calmamente. “Queres justiça? Então cava.” Helene levantou a cabeça. “Já tive o suficiente da terra”, sussurrou ela. “Agora, que ela me receba.” E antes que Köhler pudesse reagir, ela virou a pá, cravou a ponta de metal no peito e caiu para trás no chão encharcado, que a recebeu como um sudário molhado.


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🔍 O Legado da Loucura

 

Na manhã seguinte, 34 corpos foram recuperados do solo do estábulo e da cave. Köhler e Wilhelm revistaram a casa. Numa gaveta, encontraram vidros com ervas, pequenos pacotes com rótulos de tinta desbotada: meimendro, raiz do sono, acónito. “Esta era a sua arma”, disse Wilhelm. “Nenhuma faca, nenhuma arma, apenas plantas.”

Mais tarde, debaixo de uma tábua solta no quarto, descobriram um baú. Dentro, um livro encadernado em couro. Na primeira página, em letra elegante: Margarete Albrecht, Freiburg 1862. Köhler leu. Os primeiros registos eram inocentes. Depois, a escrita mudou. O Pai bebeu novamente. Tivemos de dormir lá fora. As linhas tornaram-se mais sombrias. O Pai bateu na Mãe até ela não se levantar. Tivemos de a enterrar no jardim.

O registo mais chocante veio mais tarde. Hoje o Pai trouxe um homem, um viajante. De manhã, o homem tinha partido, mas a terra no estábulo estava fresca. As páginas finais, escritas por uma mão adulta, eram firmes. Fizemo-lo. Helene preparou a erva. Ele bebeu. Eu acertei com o machado, como ele fez com ela. Agora o Pai dorme debaixo da cozinha. Estamos livres.

Köhler fechou o livro. “Isto não era uma estalagem“, disse ele inexpressivamente. “Isto era uma herança.”

Depois, descobriram um segundo livro: Johann Albrecht, 1860. Ele era o primeiro. A Mãe chora. Ela quer ir embora. Não posso permitir. Hoje à noite ela ficará quieta. As meninas ajudaram a cavar, a tremer, em silêncio. Depois: Theresa deu à luz o menino, Miguel. As gémeas olham para ele de forma estranha. Eu protegê-lo-ei. Seguido de: Theresa fala demais. Hoje à noite ela ficará quieta.

Abaixo do túmulo de Johann Albrecht, encontraram os ossos de uma criança, e um pedaço de tecido que tinha sido uma camisa de menino. “O rapaz“, disse Köhler suavemente. “O irmão delas.”

Köhler e Wilhelm queimaram os diários do Pai e da Mãe. “Não são provas“, disse Köhler. “São maldições. Se alguém as ler, começa a acreditar, e se acreditar, o mal regressa.”


🌲 A Voz da Floresta: Um Sussurro Eterno

 

A estalagem Zum Wegkreuz foi fechada, os seus segredos enterrados. O Condado tentou apagar a sua existência. No entanto, a lenda viveu.

O Sumiço: Anos depois, um jovem historiador, Ernst Volmer, veio investigar. Três dias depois, o seu cavalo foi encontrado, mas ele desapareceu sem deixar rasto.

O Medo: A casa permaneceu de pé por anos, mas ninguém ousou entrar. O solo onde o estábulo estava desmoronou. Os aldeões chamavam ao lugar apenas de “A Cova da Cruz” (Kreuzmulde). Se alguém desaparecia, diziam: “A floresta levou-o.”

O Retorno: No século XX, a lenda regressou. Um jornalista, Otto Bernfeld, veio filmar. As suas filmagens foram apagadas. Ele desapareceu, mas a velha moeda que ele encontrou, com as letras M e A, foi deixada para trás.

A Linha de Sangue: Mais de um século depois, Lukas Albrecht, um descendente distante da família, regressou ao local. Ele ouviu vozes. Ele também desapareceu. A última gravação na sua câmara: “Elas estão a cavar de novo.”

O Condado de Freiburg declarou a área uma reserva natural com entrada estritamente proibida. Mas a lenda persiste.

Hoje, no Schweigen (O Silêncio), o antigo local da estalagem, a floresta está densa. Dizem que quem lá vai sente um ar frio vindo da terra e, no silêncio, ouve o som de uma pá a bater na terra. Noites de Lua Nova, luzes brancas e calmas brilham sobre o local, as almas dos que esperam.

Nos arquivos de Freiburg, o dossiê do caso Albrecht permanece selado. No exterior, com tinta desbotada, uma folha adicionada diz: A Floresta Não Esquece. O Comissário Köhler procurou a paz, as irmãs procuraram a liberdade, mas a floresta guardou o seu segredo. O Zum Wegkreuz vive, não em pedra, mas em histórias.

Quem se atreve a ir para a floresta, dizem os mais velhos, deve ir com respeito, pois o sussurro da terra ainda repete as últimas palavras de uma irmã à outra, ecoando através dos séculos:

“A Floresta Não Esquece.”

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