“Você é o Primeiro Homem que Não me Feriu” — Ele a Encontrou Amarrada para Morrer e Fez o Impensável.

De longe, a única coisa que se movia na vastidão árida era a porta de um barracão abandonado, batendo frouxamente contra o batente, impulsionada pelo vento implacável do deserto. O som era rítmico, seco, como o bater de ossos velhos.

Elias puxou as rédeas de seu cavalo tordilho, estreitando os olhos contra o sol do meio-dia. Aquele barracão ficava nas terras limítrofes, um lugar onde ninguém ia há anos. Sua intenção era simples: amarrar a porta para evitar que o atrito das dobradiças enferrujadas criasse faíscas e iniciasse um incêndio na vegetação seca.

Ele desmontou, suas botas levantando pequenas nuvens de poeira vermelha. Mas, no momento em que empurrou a porta de madeira podre, o ar mudou. O cheiro não era apenas de madeira velha e poeira; era um fedor denso de podridão misturado com o aroma metálico e adocicado de sangue seco. Bateu nele como uma parede física, fazendo-o cobrir o nariz com o lenço.

No canto mais escuro do barracão, onde as sombras se acumulavam como teias de aranha, algo se moveu. Ou melhor, alguém estava lá.

Uma mulher Apache estava caída contra a parede, o corpo em uma postura antinatural de colapso. Suas pernas finas estavam amarradas com uma corda desfiada, apertada o suficiente para cortar a circulação. As feridas ao longo de suas canelas estavam roxas, inchadas e já começavam a infectar, atraindo moscas que zumbiam na quietude sufocante.

Diante dela, uma tigela de barro jazia tombada, seca como um osso há sabe-se lá quanto tempo.

Elias parou, o coração falhando uma batida. Os olhos da mulher estavam bem abertos, mas pareciam vidrados, sem vida, fixos em um ponto invisível no chão. Ela respirava com um chiado fraco, um som doloroso que arranhava o silêncio. Em sua mão direita, ela apertava um pequeno pedaço de couro trabalhado, os nós dos dedos brancos pelo esforço desesperado de segurar a única coisa que lhe restava.

Quando a sombra de Elias caiu sobre ela, a cabeça da mulher girou lentamente. Seus olhos, negros como cinzas vulcânicas, encontraram os dele. Não havia pedido de ajuda neles. Havia apenas medo misturado com uma resignação terrível, o olhar de alguém que já aceitou que a morte veio buscá-la.

— Você ainda quer viver? — A voz de Elias saiu rouca, desacostumada a falar depois de dias de solidão, mas firme como rocha.

Não houve resposta verbal. Apenas um piscar lento, quase imperceptível.

Elias não esperou. Ele sacou sua faca de caça, o aço brilhando na penumbra, e cortou as cordas com um movimento preciso. Quando ele se abaixou para erguê-la, surpreendeu-se. Ela era leve demais, como um galho seco que se quebraria com o menor vento. No entanto, sob a pele castigada e a magreza da fome, ele sentiu a estrutura de seus ossos e a densidade de seus músculos; aquela mulher, antes de ser quebrada, fora uma guerreira.

— Vamos — disse Elias, ajeitando-a em seus braços. — Se você morrer aqui, ninguém jamais saberá. E esse não é um bom lugar para terminar uma história.

O vento levantou poeira ao redor deles enquanto ele a colocava sobre a sela, montando atrás dela para sustentá-la. Atrás deles, o velho barracão inclinou-se em silêncio, uma testemunha muda de uma tragédia que quase se consumou.

Capítulo 2: O Silêncio da Cabana

 

A viagem de volta ao rancho foi lenta. O sol poente pintava o céu de tons violentos de laranja e roxo quando chegaram. A casa de Elias era uma cabana de madeira sólida, solitária na vastidão, um farol de ordem no meio do caos selvagem.

Ele a carregou para dentro. O quarto simples de madeira foi banhado pela luz suave da tarde que entrava pelas frestas da porta, lançando sombras longas pelo chão de tábuas gastas. Ele a deitou suavemente na cama estreita, cobrindo-a com uma manta de lã grossa até o peito. Ela não resistiu, mas sua mão ainda agarrava o pedaço de couro, recusando-se a soltá-lo mesmo na inconsciência próxima.

Elias acendeu o fogo no fogão a lenha. O som do estalar da madeira e o cheiro de fumaça de nogueira logo preencheram o ar, substituindo o cheiro de morte que parecia ter aderido às roupas dela. Ele ferveu água e preparou um mingau ralo de fubá.

Ele colocou a tigela na mesa, puxou uma cadeira e acendeu um cigarro de palha. Ele não disse nada. Não forçou. Apenas esperou.

Depois de um longo tempo, ela conseguiu se sentar, os braços tremendo violentamente com o esforço. Seus olhos escuros rastrearam Elias como um animal ferido observando um predador desconhecido. Ela estendeu a mão para a tigela e bebeu em pequenos goles, nunca tirando os olhos dele.

— Você não vai morrer — disse Elias calmamente, sem se virar, olhando para as brasas do fogão. — Pelo menos, não esta noite.

Ela não respondeu. Colocou a tigela na mesa e abraçou o pedaço de couro contra o peito novamente, encolhendo-se contra a parede.

Quando a noite caiu completamente, o deserto tornou-se frio e hostil. Elias trouxe um balde de água morna e panos limpos. — Lave-se — disse ele, apontando para o balde. — Ajudará com a febre.

Ela hesitou, avaliando a distância até a porta, avaliando a força dele. Então, lentamente, inclinou-se para a frente. Enquanto limpava o sangue seco e a sujeira do rosto, traços nítidos emergiram. Maçãs do rosto altas, um nariz aquilino, uma mandíbula forte. Esta não era uma alma fraca; era alguém que havia sido derrubada à força.

A noite avançou. O vento assobiava pelas frestas das paredes. Um coruja piou do outro lado do campo, um som solitário. Elias deitou-se no banco comprido da sala, o revólver ao alcance da mão.

No escuro, ele ouviu a respiração dela mudar. Ela não dormia. Ele podia sentir seus olhos fixos na janela, cada ruído do quintal fazendo-a ficar tensa, pronta para fugir, mesmo que suas pernas não pudessem carregá-la.

Elias abriu os olhos na escuridão. — Ninguém está vindo pela sua vida aqui — disse ele, a voz rouca cortando o silêncio. — Durma.

Apenas o vento respondeu.

Por volta da meia-noite, Elias acordou com o som de uma tosse seca. Ele se levantou, serviu um pouco de água e entregou a ela. Ela pegou a caneca, seus dedos roçando os dele por um breve segundo. — Obrigada — ela sussurrou. A palavra era quase inaudível, rouca pelo desuso, mas estava lá.

Elias assentiu e voltou para o seu lugar. Naquela noite, a cabana abrigou dois ritmos de respiração: um profundo e calmo, outro superficial e irregular. Mas juntos, eles mantiveram a solidão do lado de fora.

Capítulo 3: Rodas de Madeira e Vontade de Ferro

 

A manhã seguinte trouxe uma luz solar dourada que entrava pela janela da cabana. Elias abriu a porta, deixando a brisa fresca varrer o cheiro de fumaça e doença.

A garota Apache ainda estava sentada na cama, as costas contra a parede. Seus olhos seguiam cada movimento de Elias, ainda cautelosos, mas o pânico cru do dia anterior havia diminuído para uma vigilância silenciosa.

— Você não pode ficar na cama para sempre — disse Elias.

Ele saiu para o quintal. Durante toda a manhã, os sons de serra e marteladas ecoaram pelo rancho. Elias trabalhava com madeira velha, adaptando, lixando, construindo. Ao meio-dia, ele voltou para a cabana empurrando uma estrutura de madeira montada sobre duas rodas de carroça antigas, com aros de ferro.

— Tente sentar nisso.

Ela olhou para a engenhoca estranha com desconfiança. Elias deu um passo à frente e, com movimentos profissionais e sem malícia, ajudou-a a sair da cama e sentar na cadeira. A madeira rangeu, mas aguentou firme.

Ele pegou as mãos dela e as colocou sobre os aros das rodas. — Empurre.

Ela tentou. Seus braços estavam fracos, e o movimento foi desajeitado no início. Mas a cadeira se moveu. Ela deslizou alguns centímetros pelo chão de madeira. Depois, meio metro.

Por um breve momento, um sorriso tênue, quase imperceptível, cruzou o rosto escurecido pelo sol. Foi a primeira mudança real de expressão que Elias vira. Não era alegria, exatamente. Era poder. Era a recuperação de uma fração de sua liberdade.

Naquela tarde, Elias a levou para a varanda. Ela praticou rodar pelo chão irregular de terra batida. O suor se acumulava em sua testa, escorrendo por suas têmporas, mas ela não parava. Cada vez que as rodas prendiam em um sulco, ela trincava os dentes, os músculos dos braços retesando, e forçava a passagem.

Elias ficou por perto, encostado em um pilar, fumando seu cigarro. Ele não ofereceu ajuda. Ele sabia que ela não queria piedade; ela queria dignidade.

Ao pôr do sol, ela parou perto do bebedouro dos cavalos. O cavalo tordilho de Elias se aproximou, curioso, e cheirou o cabelo dela. Ela estendeu a mão e acariciou a crina do animal. Naquele momento de quietude, Elias viu nos olhos dela a luz de alguém que acabara de decidir que a vida valia o esforço.

Naquela noite, Elias colocou a cadeira de rodas perto do fogo. Ela girava o pedaço de couro nas mãos. Mas, pela primeira vez, ela o colocou sobre a mesa em vez de segurá-lo como um escudo.

— Amanhã — disse Elias, sua voz baixa. — Preciso consertar a cerca sul. Você pode segurar os pregos para mim.

Ela olhou para ele por um segundo, surpresa por ser considerada útil. Então, deu um pequeno aceno de cabeça. Sem palavras, mas foi a resposta mais clara que Elias já recebera. As sombras dos dois dançavam na parede, duas almas perdidas que acabavam de encontrar uma razão para permanecer sob o mesmo teto.

Capítulo 4: Tequina, Aquela Que Permanece Firme

 

Dias depois, o céu escureceu sem aviso. A chuva veio com violência, rasgando a terra seca como se quisesse lavar os pecados do mundo. A cabana escureceu, o vento empurrando a água pelas frestas da porta.

Elias alimentou o fogo, e o quarto brilhou em vermelho e laranja, quente e seguro contra a fúria lá fora. A garota estava em sua cadeira, observando as chamas. Seus ombros estavam tensos, como se ela estivesse se preparando para uma tempestade interna.

— Você tem um nome? — Elias perguntou, sua voz profunda quebrando o som da chuva.

Ela assentiu lentamente, olhando para as mãos calejadas. — Tequina.

Elias repetiu o nome, testando o som desconhecido em sua língua. — É bonito.

Tequina olhou para baixo. Sua voz não era mais alta que o sussurro do vento. — Meu pai me deu esse nome quando nasci. Significa “aquela que permanece firme”. Mas… desde que minhas pernas falharam depois de uma queda nas rochas, começaram a me chamar de “fardo”. A tribo me deixou além da fronteira quando a estação seca chegou e a comida acabou. Disseram que eu deveria encontrar meu próprio caminho para morrer. Para não atrasá-los.

Elias ficou quieto. A chuva chicoteava o telhado de madeira. Ele se sentou lentamente em frente a ela, os olhos cinzentos fixos no rosto dela.

— Eu perdi tudo uma vez — disse ele. — Minha esposa morreu durante a praga, anos atrás. Meu filho a seguiu não muito tempo depois. Vendi o rebanho principal, fiquei com este pedaço de terra e me enterrei aqui. Apenas trabalhando para esquecer. Para não sentir.

O silêncio se instalou novamente, mas agora era um silêncio compartilhado, pesado com verdades dolorosas. — Eu costumava pensar que ninguém jamais pegaria uma mulher aleijada… a menos que fosse para torná-la uma escrava — disse Tequina, a voz trêmula.

Elias inclinou-se para a frente, a intensidade em seus olhos queimando. — Eu não preciso de uma escrava aqui. Tudo o que você precisa fazer é viver. O resto… nós descobriremos.

Um relâmpago cortou o céu, iluminando o rosto de Tequina. Uma lágrima solitária escorreu, mas ela a limpou rapidamente e soltou uma risada suave e breve.

Naquela noite, a cabana não parecia mais um lugar escuro. Parecia um abrigo, não apenas da tempestade lá fora, mas das tempestades que os assombravam por dentro.

Capítulo 5: Ameaça e Parceria

 

Na manhã seguinte, Tequina rolou sua cadeira para o quintal. A luz do sol tocava seu rosto, revelando cicatrizes fracas em sua têmpora que a escuridão havia escondido. Elias estava consertando mourões da cerca.

Ele olhou de lado e viu Tequina parar perto da pilha de lenha. Pegando cada pedaço de madeira, ela começou a empilhá-los ordenadamente. Seus braços musculosos se retesavam, os ombros inclinados para a frente. Ela estava provando, para ele e para si mesma, que o nome “fardo” havia ficado para trás.

O suor escorria, mas ela não parava. Elias caminhou até ela e colocou um cantil ao seu lado. — Já chega. Você vai ter febre de novo.

Tequina ergueu o queixo, desafiadora. — Eu não quero apenas ficar sentada lá dentro.

Elias deu um leve aceno e voltou ao trabalho. Ele entendeu. Respeito, no oeste, era ganho com suor.

Naquela tarde, Tequina rolou sua cadeira para perto da estrada principal, onde a poeira vermelha borrava o horizonte. Um cavaleiro estranho passou, freou o cavalo e olhou para ela.

— Uma índia aleijada? — Ele zombou, usando um termo pejorativo com um sorriso cruel. — O que esse lugar virou? Um depósito de lixo?

Tequina manteve a cabeça erguida. Seus olhos escuros não vacilaram. — Siga seu caminho — disse ela, a voz fria como aço.

O homem riu mais alto, prestes a dizer mais, quando o som inconfundível de um cão de rifle sendo engatilhado soou atrás dele.

Elias estava lá, o rifle Winchester descansando frouxamente em um ombro, seus olhos cinzentos firmes e duros. — Algo engraçado acontecendo aqui? — perguntou ele, uniformemente.

O sorriso do homem desapareceu. A tensão entre Elias e o cavaleiro esticou-se como um arame prestes a arrebentar. O homem limpou a garganta, murmurou algo inaudível e esporeou o cavalo, levantando poeira.

Tequina assistiu ele ir, depois se virou para Elias. — Você não precisava intervir. Eu sei lidar com coiotes.

— Eu sei — respondeu Elias. — Eu só estava garantindo que ele não esquecesse o caminho de volta.

Eles sustentaram o olhar um do outro por um longo momento. Pela primeira vez, Tequina relaxou os ombros. A cadeira de rodas girou de volta para a cabana.

Naquela noite, Elias serviu a ela um pequeno copo de uísque. O fogo refletia nos olhos dela, fazendo-os brilhar como brasas. Ela pousou o copo e olhou para Elias por mais tempo do que o necessário.

— Por que você me salvou naquele dia? — perguntou ela.

Elias ficou quieto por um tempo, olhando para as chamas. — Porque eu sei como é ser deixado para trás.

O espaço entre eles diminuiu. Pela primeira vez, Elias estendeu a mão, gentilmente, afastando uma mecha de cabelo úmido do rosto dela. Ela não se afastou. O toque foi uma promessa silenciosa, mais alta do que qualquer palavra.

— Amanhã — disse Elias suavemente — levaremos o gado para o campo sul. Você pode me ajudar a verificar o pasto.

Tequina assentiu. A cabana começava a parecer um lar.

Capítulo 6: O Cerco e a Redenção

 

A paz no oeste é sempre frágil. Dois dias depois, o trovão de cascos ecoou à distância. Um grupo de homens da cidade, liderados por Foreman, o chefe do conselho local — um homem grande, com preconceito entalhado em cada linha do rosto — parou no portão.

— Ward! — Foreman latiu. — Ouvimos dizer que você está abrigando uma selvagem aqui. Você sabe a lei não escrita. Apaches não são bem-vindos nestas terras.

Elias pousou o balde de água lentamente. — Ela é minha convidada. Ninguém toca nela.

— Convidada? — Foreman cuspiu no chão. — Ontem à noite, gado sumiu perto do riacho. O povo da cidade acha que ela avisou a tribo dela.

Tequina rolou para fora da cabana. O sol poente destacava sua figura na cadeira. — Eu não avisei ninguém — disse ela firmemente. — E não tenho tribo.

Foreman riu secamente. — Então você fala nossa língua? Ótimo. Ouça bem: saia antes que a lua suba. Ou nós vamos arrastá-la para fora e queimar este lugar.

Elias deu um passo à frente, a mão repousando na coronha do revólver. — Ela fica. Esta é a minha terra. Quem cruzar aquela cerca estará na terra antes do nascer do sol.

O ar ficou pesado. Foreman grunhiu, virando o cavalo. — Você está pedindo por problemas, Ward. Esta noite não será tranquila.

Quando o grupo partiu, Tequina virou-se para Elias. — Se você me deixar ir, eles poupam o rancho.

Elias a olhou, o olhar cansado, mas inabalável. — Se você for embora, eu perco este rancho de qualquer maneira. Porque ele voltará a ser apenas uma casa vazia. Se você ficar, pelo menos tenho algo que vale a pena proteger.

Naquela noite, eles se prepararam. Elias trancou as janelas. Tequina afiou uma faca curta, as mãos firmes. Eles não eram mais o salvador e a resgatada. Eram parceiros de batalha.

O vento uivou na escuridão. Tochas piscaram lá fora. Eram quase doze homens.

— Ward! Traga a mulher! — O grito soou.

Elias destrancou a porta e saiu para a varanda, escondendo-se atrás de uma viga. — Vão para casa, rapazes!

Um tiro estourou, atingindo a madeira perto da cabeça de Elias. O tiroteio começou.

Elias disparava com precisão, cada tiro calculado para desarmar ou assustar, mas os atacantes eram muitos. As balas zuniam como vespas furiosas. Tequina rastejou para fora da cabana, deslizando pentes de munição para Elias, mantendo-o abastecido.

— Você não está sozinho! — ela gritou sobre o barulho dos tiros.

Uma bala de ricochete atingiu o ombro de Elias, rasgando a camisa e o sangue jorrou. Ele grunhiu, caindo de joelhos. Foreman avançou, pensando que tinha vencido.

Mas então, um som sibilante cortou o ar. Uma faca voou da varanda, cravando-se na coxa de Foreman. Ele gritou e caiu do cavalo.

Tequina estava na borda da varanda, a mão ainda estendida, os olhos ardendo com a fúria de uma guerreira que defende seu território. Ela segurava o rifle de Elias agora, apontando-o diretamente para o grupo.

— O próximo tiro será na cabeça! — ela rugiu, sua voz ecoando com uma autoridade que fez os homens congelarem.

Vendo seu líder caído e a ferocidade da mulher que julgavam ser inválida, a coragem do bando vacilou.

— Chega! — gritou Foreman, segurando a perna sangrando. — Vamos embora!

Eles recuaram, deixando para trás fumaça, poeira e o cheiro acre de pólvora.

Epílogo: O Amanhecer de Uma Nova Vida

 

Elias estava encostado na parede da cabana, respirando pesadamente. Tequina rolou até ele, rasgando um pedaço de sua própria saia para estancar o sangue no ombro dele.

— Você cumpriu sua palavra — ela sussurrou, as mãos pressionando a ferida com firmeza, mas com cuidado.

Elias olhou para ela. Seus olhos estavam cheios de dor, mas também de uma admiração profunda. — A partir de agora, Tequina… esta é sua casa. Ninguém toca em você. E ninguém toca em nós.

Ao nascer do sol, a primeira luz varreu o campo, transformando o orvalho em diamantes efêmeros. Tequina e Elias sentaram-se na varanda, observando o gado vagar pela grama úmida. O ombro dele estava enfaixado; as mãos dela estavam sujas de pólvora e terra.

Não houve grandes declarações de amor, nem promessas poéticas. Havia apenas o silêncio confortável de duas pessoas que viram o inferno e voltaram, decidindo que o único lugar onde queriam estar era ao lado um do outro.

Elias segurou a mão de Tequina. Ela apertou de volta. Ela não era mais a mulher abandonada no barracão. Ele não era mais o viúvo solitário esperando a morte. Juntos, sob o sol implacável do oeste, eles haviam forjado algo mais forte que o aço e mais duradouro que a pedra.

A verdadeira história de amor no oeste selvagem não é feita apenas de beijos ao pôr do sol, mas de balas compartilhadas, feridas tratadas e a coragem de enfrentar o mundo inteiro por aquela única pessoa que faz a vida valer a pena.

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