Tati Machado recorre à terapia e não descarta nova maternidade: ‘Escolhi viver’

Tati Machado recorre à terapia e não descarta nova maternidade: ‘Escolhi viver’

Tati Machado no 'Fantástico'Tati Machado deu detalhe ao lado do marido, Bruno – Foto: Reprodução/ Globo

Tati Machado já havia se pronunciado mais cedo em suas redes sociais sobre a perda do filho, e voltou a falar sobre o assunto no “Fantástico”.

Antes do infortúnio, a jornalista carioca seguia sorridente nas manhãs da TV, entre o “Encontro”, o “Mais Você” e o “Saia Justa”, acima de tudo irradiando felicidade. Isso porque a gravidez de Rael, anunciada ao vivo com empolgação, havia se tornado um símbolo de renovação.

Entretanto, o Dia das Mães, celebrado por tantas mulheres, trouxe para ela um silêncio que causou estranhamento. No trajeto do Rio a São Paulo, Tati Machado notou a ausência de movimentos do bebê, que até então agitava a barriga com frequência. “Ele estava numa fase que era uma explosão de movimentos. E eu senti essa falta”, contou ela, primeiramente.

O aviso do corpo veio como um sinal de que algo não estava normal. Ao lado do marido, Bruno MonteiroTati disse que sentiu a intuição falar mais alto. Mesmo tendo utilizado um aparelho caseiro assim escutado batimentos, decidiu seguir a programação normal.

Situação de Micheli Machado se tornou decisiva

No entanto, uma notícia nas redes sociais, sobre a atriz Micheli Machado que também perdeu um bebê, acendeu um novo alarme. Naquela hora, segundo ela, o tempo parou.

A ida ao hospital foi imediata. O exame de imagem logo confirmou a pior suspeita. O coração de Rael havia parado. “Na mesma hora, o meu mundo parou.” Com o Bruno ao lado, ela segurou a mão dele e falou: “A vida trouxe isso pra gente. E a gente vai ter que encarar juntos”.

A dor mais profunda que já sentiu

A notícia se transformou em um turbilhão de sentimentos. O parto foi induzido. A decisão de encarar o nascimento de Rael, mesmo sem vida, veio com um misto de amor, dor e despedida. “O parto do Rael foi um parto lindo. Com toda a tristeza que existia ali, foi lindo.”

Rael nasceu às 8h45 da manhã do dia 13 de maio. Bruno, ao lembrar do momento, foi direto: “Quando a gente conheceu o Rael, foi o nosso momento de despedida também.” O casal não recebeu explicações médicas conclusivas. Autópsias, exames genéticos e todas as avaliações disponíveis não indicaram a causa. A medicina, por ora, permanece sem respostas.

Ao voltar para casa, uma nova onda de dor se formou. Eles saíram do hospital em silêncio, passaram pelas portas decoradas da maternidade, ouviram choros de recém-nascidos e cruzaram com flores e celebrações. Foi dilacerante. Tati reconheceu o acolhimento recebido no hospital, que a afastou de mães com bebês no colo. Mas apontou o contraste que tantas outras mulheres enfrentam em maternidades públicas e privadas, onde compartilham o pós-parto com recém-mães celebrando a vida.

‘É uma hora de cada vez’

Em entrevista íntima a Renata Capucci, no apartamento do casal, Tati falou com emoção contida, mas com profundidade. “Tipo, sabe quando você cria aquela frase pronta pra dizer pras pessoas, tipo: ‘um dia de cada vez’? Outro dia, conversando com o Bruno, eu falei: ‘Bruno, eu me toquei que não é um dia de cada vez. É uma hora de cada vez’.”

Ela afirmou que não existe recomeço possível, apenas uma continuidade da vida com uma marca definitiva. “Eu estou seguindo a minha vida com essa marca que é para sempre.” E reforçou que a vida que leva hoje não é a que havia planejado. “Essa vida que a gente tem é uma vida que foi imposta. Eu já estava transformada na versão ‘Tati mãe’.”

A perda de Rael expôs também os bastidores do luto materno vivenciado diante do público. Como figura da televisão, sentiu a pressão por uma resposta a quem acompanhou a gestação com tanto carinho. No entanto, optou por seguir em frente, mesmo com a tristeza nos olhos. “Mas eu escolhi viver. Essa é a escolha que eu tô fazendo todos os dias.”

Nova lei dá nome à dor

A vivência de Tati ocorreu semanas antes da sanção da Lei nº 15.139/2025, que criou a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental.

A norma prevê acolhimento psicológico especializado pelo SUS, atendimento separado em maternidades, investigação detalhada das causas da perda, e garante o direito de pais registrarem simbolicamente o nome escolhido para seus bebês. A lei também estabelece outubro como o mês da sensibilização sobre o luto gestacional, neonatal e infantil.

Tati Machado comentou o quanto esse tipo de perda costuma ser invisível. “Essa dor de perder um filho é uma dor que é muito silenciosa.” Para ela, o reconhecimento legal é um passo importante. “Eu quero que as pessoas possam ter as certidões com o nome que escolheram. Porque ele existiu.”

O trauma, por mais cruel, fortaleceu a relação entre ela e o marido. Bruno assumiu o papel de suporte total. “Ela precisava de mim naquele momento. Muito mais do que eu precisava dela. Então, eu estava ali o tempo inteiro pra Tati.”

Mesmo com amor e cumplicidade, o luto não alivia rápido. “Você sente amor, saudade, raiva. E a culpa… Eu acho que eu nunca vou me livrar dela. Me sinto culpada porque eu acho que eu não consegui. Eu não dei conta.” O casal, que agora faz terapia juntos, pensa em uma nova tentativa de gravidez. Ela disse que ainda não está pronta, mas não fechou a porta para o futuro. “Não tem substituição. Mas tem um amor e uma vontade muito especial de construir uma família aqui.”

Rael estará sempre com ela

Em busca de cura, Tati viajou à Amazônia com a cantora Lexa, que também perdeu uma filha. Na floresta, encontrou paz e força. “Estar lá e ter o contato com a maior força da natureza era o mais próximo que eu podia estar da força que eu tive que ter e que eu tô tendo que ter.”

Rael, como disse, esteve com ela em todos os momentos. A conexão espiritual ainda pulsa. Agora, com cautela e afeto, ela retorna ao trabalho. “Amanhã eu vou estar na Ana Maria. O meu abraço mais esperado. Aos poucos eu vou voltando pros programas. O Dança dos Famosos vai entrar em nova edição e, como eu fui a última vencedora, eu vou estar lá também.”

Para Bruno, a Tati que o público verá será uma mulher transformada. “Ela está voltando de um jeito diferente, mas com a mesma essência: de ser alegre, porque é o que ela é realmente.”

E mesmo diante de tanta dor, ela conseguiu transformar a despedida em amor. “Saudade é o amor que fica.

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