Rejeitada pelo Príncipe, reivindicada pelo Rei: A Ômega humilhada que conquistou o coração do pai de seu companheiro e se tornou Rainha.

O que acontece quando sua alma gêmea, aquela com quem você sonhou a vida inteira, olha para você com nojo? Para Elena, uma doce Ômega, conhecer seu companheiro predestinado deveria ser o dia mais mágico de sua vida. Mas ele não era um lobo qualquer. Ele era o Príncipe Kale, o futuro Rei Alfa. E, diante de todo o reino dos lobisomens, ele destruiu o mundo dela com uma única palavra brutal: rejeito.
O ar na capital de Eldoria vibrava com uma energia que Elena sentia profundamente em seus ossos. Era a noite da Convergência Lunar, um evento centenário onde lobisomens de todas as alcateias do continente se reuniam sob as luas gêmeas para encontrar seus parceiros. Para uma Ômega da pequena alcateia provincial de Silver Creek, era avassalador. Os cheiros formavam uma tapeçaria estonteante de poder e ambição: pinho das montanhas do norte, sal dos clãs costeiros e o cheiro imponente de ozônio e aço que pertencia apenas à Alcateia Real da Lua de Sangue.
Elena alisou o vestido prateado simples que sua mãe costurara. Como Ômega, ela estava na base da hierarquia licantrópica. Valorizada por sua presença calmante, mas nunca por sua força. A ideia de que seu companheiro poderia estar ali, entre aqueles Alfas poderosos, era aterrorizante.
De repente, um cheiro cortou a cacofonia. Uma mistura rica e inebriante de floresta antiga, brasas crepitantes e uma tempestade se formando sobre as montanhas. Era o cheiro de poder absoluto. Ela ergueu os olhos e o viu: Príncipe Kale, herdeiro do trono, alto, forte, com cabelos negros como a noite e olhos da cor de ouro derretido.
Seus olhares se encontraram e o tempo parou. O vínculo de companheiro, uma conexão sagrada forjada pela própria Deusa, atingiu ambos com a força de um golpe físico. A loba de Elena uivou de alegria. Companheiro.
Um sorriso lento se espalhou pelo rosto de Kale. Ele desceu do estrado, caminhando em direção a ela enquanto a multidão se abria. Elena mal podia respirar. Um príncipe e uma Ômega. Parecia um conto de fadas impossível.
Ele parou a poucos metros dela, inalando seu cheiro de lavanda silvestre e orvalho da manhã. Era um cheiro gentil, despretensioso. O cheiro de uma Ômega.
Elena assistiu, horrorizada, enquanto o reconhecimento nos olhos dele era substituído por confusão, descrença e, finalmente, uma decepção gelada. Ao lado dele, Lady Sarafina, uma Alfa da poderosa alcateia Iron Ridge, aproximou-se. Ela olhou para Elena com desprezo.
— Uma Ômega? — sussurrou Sarafina, venenosa. — A Deusa deve estar brincando.
O maxilar de Kale se contraiu. Ele olhou da forma poderosa de Sarafina para a estrutura delicada de Elena. Ele era o futuro rei. Sua Luna precisava ser um símbolo de força, um ativo político, uma Alfa que pudesse comandar exércitos. Não isso.
A alegria no peito de Elena virou gelo. Kale deu um passo à frente, sua voz não era um sussurro amoroso, mas o tom formal de um decreto real.
— Eu, Príncipe Kale da Alcateia Lua de Sangue, herdeiro do trono Alfa… — Sua voz ecoou, silenciando a praça. — Reconheço que a Deusa da Lua a apresentou diante de mim. Mas o futuro deste reino exige uma Luna de força e poder. O trono não pode ser compartilhado com uma Ômega.
Lágrimas brotaram nos olhos de Elena. A dor era indescritível; era o corte de sua própria alma.
— E assim, diante desta assembleia — continuou ele —, eu, Kale, rejeito você, Elena da Alcateia Silver Creek, como minha companheira e futura Luna.
A palavra a atingiu violentamente. Elena gritou, um som cru e ferido, agarrando o peito enquanto o vínculo se partia. A humilhação a envolveu como uma maré quente. Suas pernas cederam e ela desabou no chão de pedra, enquanto Kale se virava para Sarafina, que sorria triunfante. Ele escolhera a ambição em vez do destino.
Elena sabia que sua vida tinha acabado. Ela era uma pária. Mas, enquanto jazia quebrada no chão, uma nova sombra caiu sobre ela. Uma onda de poder palpável, muito maior que a de Kale, silenciou a multidão.
Botas de couro pararam diante dela. Elena ergueu o olhar e encontrou olhos da cor de prata líquida. Era o Rei Theron, o Rei Alfa. O pai de Kale.
Seu rosto era uma máscara de fúria estoica. Ele não olhava para o filho, mas para ela, com uma intensidade que fazia o ar estalar.
— Levante-se, criança — ordenou ele, com uma voz que parecia o estrondo de pedras se movendo.
Tremendo, Elena se levantou. O Rei Theron virou-se então para o filho, com um olhar glacial.
— Kale — disse ele, a decepção pesando em cada sílaba. — Você esqueceu a lei mais fundamental do nosso povo. O vínculo é um presente da Deusa, não um contrato político. Você não apenas envergonhou esta garota; você insultou a Deusa e envergonhou sua linhagem.
Sarafina recuou, perdendo a bravata. O Rei voltou sua atenção para Elena, sentindo a dor que irradiava dela. Então, ele fez o impensável. O Rei Alfa colocou gentilmente a mão no ombro da Ômega rejeitada.
— O que meu filho fez esta noite é uma mancha na honra da nossa alcateia — declarou ele para a multidão. — Ele escolheu a ambição sobre o destino. Ele considerou esta Ômega indigna. Ele está errado.
Ele olhou para Elena, seus olhos prateados suavizando por uma fração de segundo.
— A partir deste momento, Elena da Alcateia Silver Creek está sob minha proteção pessoal. Ela residirá no Palácio Real como minha protegida. Um insulto a ela é um insulto ao trono. — Ele fez uma pausa, dando o golpe final. — Meu filho a rejeitou. Então eu, o Rei Alfa, a reivindico.
O mundo explodiu em caos. Ele a havia reivindicado não como companheira, mas sob sua guarda absoluta. O Rei guiou a Ômega quebrada para longe de sua humilhação, em direção ao palácio.
Nos dias seguintes, Elena viveu em uma suíte luxuosa que parecia uma gaiola dourada. Sarafina e seus seguidores a atormentavam com sussurros e olhares, chamando-a de “cão vira-lata do rei”. Kale a evitava, furioso com o pai.
O único refúgio de Elena era o escritório do Rei Theron. Todas as noites, ele a ensinava sobre história, diplomacia e a arte do poder silencioso. Uma noite, Elena criou coragem para perguntar:
— Majestade, por que está fazendo isso por mim?
Theron suspirou, puxando uma cortina para revelar um retrato escondido de uma loba belíssima.
— Esta foi minha companheira, sua Rainha Lyra — disse ele. — Ela era uma Ômega. E foi a pessoa mais poderosa que já conheci.
Elena ficou chocada. O Rei continuou, com a voz embargada pela dor antiga.
— Mantivemos o posto dela em segredo por pressão do conselho. É meu maior arrependimento. Ela morreu dando à luz a Kale. Quando ele a rejeitou, rejeitou a memória da própria mãe. Kale acha que uma Ômega não pode ser Luna. Eu vou provar que ele está errado. Vou treiná-la, Elena. Não para ser uma guerreira, mas para ser uma Rainha.
O treinamento de Theron foi transformador. Ele a ensinou a usar sua empatia Ômega como uma arma política, permitindo que ela resolvesse disputas complexas ao sentir as emoções ocultas dos líderes das alcateias. Ele a encorajou a pintar, e seus retratos capturavam a alma da corte, revelando verdades que ninguém ousava dizer.
Aos poucos, Elena floresceu. Ela caminhava com dignidade, ganhando o respeito e a lealdade dos servos e cortesãos através da bondade, não do medo.
Kale observava tudo com crescente confusão e arrependimento. Ele via a competência silenciosa dela, a beleza de seu espírito, e a conexão persistente do vínculo rejeitado o atormentava. Ele percebeu que Sarafina era apenas ambição vazia, enquanto Elena possuía uma força profunda que ele subestimara.
No entanto, as tensões políticas cresceram. Lorde Valyrius, pai de Sarafina, espalhava rumores de que Elena estava enfeitiçando o rei, fomentando uma rebelião baseada na “pureza da linhagem Alfa”.
Tudo culminou no Festival da Colheita. Elena desceu as escadas vestindo um verde floresta profundo, parecendo majestosa. Durante o banquete, Sarafina ergueu sua taça e fez um brinde insultuoso, zombando da “fraqueza” de Elena.
Antes que o Rei pudesse reagir, Kale explodiu.
— Cale-se, Sarafina! — rosnou ele. — Você fala apenas por sua própria ambição.
Kale virou-se para a assembleia, e então para Elena, com agonia nos olhos.
— Meus atos na Convergência foram o maior erro da minha vida — confessou ele diante de todos. — Fui um tolo arrogante. Eu olhei para o presente mais puro da Deusa e o desvalorizei.
Ele caminhou até Elena, o ar crepitando com esperança.
— Elena, eu estava errado. Peço que me perdoe. Aceite-me agora. Seja minha Luna.
Ele estava tentando desfazer tudo. Uma parte de Elena queria ceder, deixar o vínculo curar a dor. Mas ela olhou para ele e viu um príncipe encurralado tentando salvar seu reino. Então ela olhou para Theron, que permanecia em silêncio, deixando a escolha nas mãos dela.
Elena respirou fundo. Sua voz ressoou clara e forte.
— Príncipe Kale, lembro-me do homem que me olhou como se eu fosse sujeira. Você fala de erros agora, mas seus olhos só se abriram quando seu futuro se tornou incerto. Você não pede por mim; você pede uma solução para a rebelião que ajudou a criar.
Ela deu um passo para trás.
— O vínculo é um presente sagrado. Você o pisoteou na lama de sua ambição. Eu não sou uma coroa a ser reclamada quando seus outros brinquedos quebram. Eu, Elena da Alcateia Silver Creek, aceito suas desculpas, mas mantenho sua rejeição. O vínculo está quebrado por sua própria mão. Eu não serei sua Luna. Nem agora, nem nunca.
Um silêncio ensurdecedor caiu sobre o salão. Mas foi quebrado quando as portas se abriram violentamente.
— Majestade! — gritou um guarda ferido. — Lorde Valyrius reuniu o exército do norte. Eles violaram os portões!
A rebelião havia começado. O caos irrompeu. Theron e Kale correram para liderar a defesa. Elena, em vez de se esconder, organizou os Ômegas e Betas, criando zonas seguras e enfermarias, tornando-se um farol de ordem.
A batalha era brutal, e as notícias chegaram de que o portão oeste cairia em minutos. Não havia guerreiros suficientes. Elena teve uma ideia. Ela correu para a torre do sino no centro da cidade. A lenda dizia que o Sino de Eldoria, forjado com magia Ômega, podia acalmar a besta mais selvagem.
No topo da torre, ela tentou empurrar a enorme viga de madeira para tocar o sino, mas era pesada demais. Lágrimas de frustração picaram seus olhos. De repente, outras mãos se juntaram às dela.
Era o Rei Theron, coberto de poeira e sangue.
— Você nunca deixa de me surpreender, Elena — disse ele. — Vamos dar a eles as boas-vindas apropriadas.
Juntos, eles empurraram. A viga atingiu o bronze com um estrondo poderoso. Não foi apenas um som, mas uma onda de energia pura e calmante que varreu a cidade.
No campo de batalha, a sede de sangue evaporou. Os lobos pararam, confusos, como se acordassem de um pesadelo. A rebelião morreu em um instante. A paz foi restaurada não por garras, mas pelo som de um sino tocado por uma Ômega e seu Rei.
No silêncio que se seguiu, Theron olhou para Elena na torre do sino. Seus olhos prateados brilhavam com uma emoção profunda.
— Lyra costumava dizer que o maior poder não é comandar, mas curar — disse ele, tomando a mão dela. — Meu filho lhe deu essa cicatriz de rejeição. Ele quebrou um vínculo do destino. Mas talvez o destino não seja uma linha reta.
Ele olhou nos olhos dela com amor e respeito infinitos.
— Ele a rejeitou como sua Luna predestinada. Então agora eu pergunto, Elena de Silver Creek: você aceita ser minha Rainha escolhida?
Lágrimas correram pelo rosto de Elena, mas eram de alegria. Ela encontrou nele não apenas um salvador, mas um parceiro de alma.
— Sim — sussurrou ela. — Sim, eu aceito.
Kale, humilhado, aceitou a punição de ser enviado para longe para aprender a verdadeira liderança. Elena foi coroada Rainha Luna, provando que seu valor não era definido por quem a rejeitava, mas pelas escolhas que ela fazia e pelo amor que escolhia aceitar. Ela havia perdido um companheiro predestinado, mas encontrado um amor verdadeiro, e com ele, um destino muito maior do que jamais ousara sonhar.