O vento uivava através de Dead Man’s Gulch, um esquecimento de terra no território de Montana em 1892. Ezra Caine, ex-cowboy marcado pelo cansaço e pelo whisky, estava encostado no bar decrépito do único saloon ainda de pé. O ambiente estava frio e vazio, o único som era o tique-taque do relógio na parede.
Então a porta se abriu. Ela entrou. Clara Voss, uma mulher como uma aparição de sonho, talhada pela tempestade. Seu vestido de veludo negro se colava ao corpo, com a barra desfiada e a fenda alta o suficiente para revelar um vislumbre de coxa a cada passo. A neve derretia em seus ombros nus, enquanto seu cabelo castanho ruivo caía solto, pegando a luz da lâmpada. Seus olhos verdes, afiados como uma lâmina, se fixaram em Ezra com uma intensidade que fez seu coração acelerar.
Ela se aproximou do bar e pediu uma dose de whisky, com uma voz baixa e doce, que tinha o poder de provocar. Ezra, com o estômago revirando, virou o rosto. Ele sabia o que ela era – problemas envoltos em seda. Mesmo assim, seus olhos não conseguiam deixar de observar. Tentou controlar seu impulso, seu dever de não se deixar levar pela tentação.
Foi quando o som de cascos de cavalo ecoou pela noite e os gritos de homens desesperados chegaram até a saloon. Cinco cavaleiros, seus olhos brilhando com a malícia da violência, surgiram na tempestade de neve. Bandoleiros, sem lei, como era comum por aquelas bandas.
Clara, com um movimento ágil, foi até o local onde o estoque de bebidas era guardado. Sua mão deslizou até a faca na cintura. “Eles estão atrás de algo que eu roubei”, disse ela calmamente a Ezra, com os olhos estreitos, desafiando-o a perguntar mais.
Antes que pudesse falar, uma menina de 15 anos, com um casaco remendado, entrou pela porta dos fundos. Seu rosto estava pálido de medo e ela carregava um saco de juta com algo dentro. “Clara, eles estão mais perto”, disse ela com a voz tremendo. O coração de Ezra se apertou.
Clara imediatamente a acolheu, a puxando para perto e sussurrando palavras de conforto. “Fique baixa, Lila”, ela murmurou. Olhou para Ezra e disse, “Esconde-nos, apenas por uma noite.”
O saloon foi invadido por gritos e vozes baixas. A única saída era o porão. Clara olhou para o bar e fez sinal para Ezra. “Vá”, disse ele, pegando sua pistola. Desceram para o porão escuro e úmido, iluminado por uma vela trêmula.
Lá embaixo, Clara se virou para Ezra, seu olhar penetrante. “O que há no saco?”, perguntou ele em voz baixa.
Clara olhou para ele com um olhar de desafio, respondendo: “O suficiente para matar por.”
Lila, em um sussurro, admitiu, “É ouro.”
“Roubo”, murmurou Ezra, mais para si mesmo do que para Clara. Mas Clara não se arrependeu, e seus olhos eram tão firmes quanto antes. “Estou sobrevivendo, como você”, ela disse, sua voz mais baixa.
Os gritos dos homens vindos de cima do porão indicavam que eles estavam muito perto. Ezra se levantou, a tensão no ar era palpável. Clara, com uma expressão destemida, olhou para ele, “Estamos prontos para lutar.”
No topo da escada, o som de passos pesados e a voz de um homem cortaram a tensão: “Clara Voss, sabemos que você está aí!”
A jovem e o ouro estavam no centro de uma luta pela sobrevivência, e nada mais importava. Quando a luta finalmente estourou, Ezra e Clara enfrentaram os bandidos com toda a força de seus corpos e coragem, mas a batalha não seria fácil.
Conforme os minutos se arrastavam, a violência chegou ao seu ápice. A luta foi feroz, mas juntos, eles conseguiram repelir os atacantes. O cheiro de pólvora e sangue ficou no ar, mas não era o fim da guerra. No entanto, os bandidos se afastaram, e o grupo de sobreviventes — Clara, Lila, e Ezra — tinham vencido, mas o futuro ainda era incerto.
O ouro, que parecia ser a chave para sua sobrevivência, estava seguro, mas as cicatrizes daquela noite continuariam com eles. Ezra, Clara e Lila haviam se unido não por sangue, mas pela necessidade de sobreviver.
“Agora que tudo acabou”, disse Clara, olhando para Ezra enquanto o sol começava a nascer, “o que você vai fazer?”
“Sobreviver”, respondeu Ezra, o peso do mundo em seus ombros.
Enquanto caminhavam para o horizonte gelado, a neve caía suavemente sobre eles, mas a tempestade em seus corações não tinha fim.
O velho Oeste não os esqueceria.