O Povo Feral dos Apalaches: A lenda dos canibais da floresta e o mistério aterrorizante do menino que desapareceu sem deixar rastros.

O Povo Feral dos Apalaches: A lenda dos canibais da floresta e o mistério aterrorizante do menino que desapareceu sem deixar rastros.

O Parque Nacional das Great Smoky Mountains, nos Estados Unidos, é um lugar de beleza estonteante, com suas névoas eternas abraçando picos antigos e florestas densas. No entanto, sob a copa das árvores e entre os vales profundos, o parque carrega uma reputação notória e sombria. É um lugar onde pessoas desaparecem sem deixar vestígios, engolidas pela vastidão selvagem, e onde rumores centenários falam de algo aterrorizante que habita as sombras: o povo selvagem.

Há séculos, contos circulam sobre “feral people” — pessoas ferais ou selvagens — que habitam as partes mais remotas e inacessíveis da região selvagem dos Apalaches. Diz-se que esses clãs isolados descendem de desertores da Guerra Civil ou de grupos que, durante a Grande Depressão, decidiram cortar laços com a sociedade e viver da terra nas montanhas do leste do Tennessee e oeste da Carolina do Norte.

Dada a imensidão da Trilha dos Apalaches, que se estende por mais de 3.200 quilômetros através de 14 estados, é perturbadoramente fácil perder-se. E, segundo as lendas, aqueles que se perdem podem tornar-se presas. Histórias afirmam que esse povo feral vive profundamente no sistema de cavernas das montanhas. Devido a gerações de isolamento e endogamia, eles são descritos como tendo deformidades notáveis e assustadoras. Mais inquietante ainda é a alegação de que eles não falam nenhuma língua conhecida, comunicando-se através de uma série de cliques, estalos e latidos.

Embora nunca tenham tido interação com o mundo exterior — assemelhando-se a tribos isoladas — diz-se que são extremamente ágeis, capazes de correr pela topografia acidentada dos Apalaches com a facilidade e a velocidade de um animal predador. Ao longo dos anos, esses relatos inspiraram filmes, canais no YouTube e teorias virais no TikTok. Mas seriam essas histórias apenas lendas urbanas, ou seriam os “homens selvagens” das Montanhas Apalaches os verdadeiros responsáveis por desaparecimentos inexplicáveis?

O medo é real e palpável. E nenhum caso ilustra esse terror de forma mais pungente do que o desaparecimento de Dennis Martin.

Era 14 de junho de 1969. O dia parecia perfeito para a família Martin. O pequeno Dennis Lloyd Martin, de apenas sete anos, estava acampando no Parque Nacional das Great Smoky Mountains com seu irmão Douglas, seu pai Bill e seu avô Clyde. Acompanhando-os estavam amigos da família e seus dois filhos mais novos. O local escolhido foi Spence Field, uma área gramada e aberta, ideal para as crianças correrem.

No final da tarde, enquanto o sol começava a baixar, lançando longas sombras sobre a relva, os meninos das duas famílias decidiram brincar de esconde-esconde. O plano era inocente e travesso: eles iriam se esconder na orla da floresta e depois pular para assustar os adultos.

Douglas e os outros meninos correram para o sul. Dennis, vestindo sua camisa vermelha brilhante, correu sozinho para o noroeste, em direção a um trecho da Trilha dos Apalaches, e desapareceu na linha das árvores.

Minutos depois, o sinal foi dado. Os meninos pularam dos bosques, rindo e gritando “Bu!”. Mas Dennis não estava entre eles.

Passaram-se três minutos. Depois cinco. O silêncio vindo da direção onde Dennis havia entrado era ensurdecedor. Ninguém tinha visto ou ouvido o menino. A brincadeira transformou-se instantaneamente em pânico. Bill, o pai de Dennis, começou a gritar o nome do filho, sua voz ecoando inutilmente contra as árvores antigas. Desesperado, Bill correu pela trilha para o oeste por cerca de uma milha e meia, vasculhando cada arbusto, gritando até ficar rouco. Mas não havia nenhum sinal de Dennis. Era como se a terra o tivesse engolido.

Enquanto o pai fazia sua busca frenética, o avô, Clyde, tomou uma atitude heroica e desesperada. Ele desceu correndo por Anthony Creek até Cades Cove para buscar ajuda. Foi uma jornada brutal de quase 14 quilômetros. Ele chegou à estação dos guardas florestais pouco antes das 20h30, exausto e aterrorizado, e soou o alarme.

O que se seguiu foi uma das maiores operações de busca na história dos parques nacionais. A busca expandiu-se à medida que os dias se transformavam em semanas. Tragicamente, logo após o desaparecimento, uma tempestade severa desabou sobre o parque. Chuvas torrenciais lavaram o solo, apagando quaisquer pegadas ou odores que pudessem guiar os cães farejadores. Curiosamente, esse padrão de mau tempo súbito é comum em muitos casos de desaparecimentos misteriosos em parques nacionais, como se a própria natureza conspirasse para ocultar a verdade.

A polícia, o FBI e, inesperadamente, as Forças Especiais do Exército — os Boinas Verdes (Green Berets) — foram trazidos para auxiliar. O grupo de busca aumentou para cerca de 1.400 pessoas, e helicópteros varreram a copa das árvores. Era uma corrida contra o tempo.

Houve rumores persistentes de que os Boinas Verdes, ao entrarem nas montanhas profundas, encontraram algo que não esperavam. Sussurros sugeriam que eles tiveram contato com indivíduos que não pertenciam à sociedade, alimentando a teoria do povo feral. No entanto, oficialmente, pouco foi dito.

Semanas após o desaparecimento, quando as esperanças diminuíam, uma pista arrepiante surgiu. Um turista chamado Harold Key apresentou um relatório às autoridades. Ele estava na área no dia e horário aproximados do desaparecimento de Dennis. Key relatou que, enquanto tentava fotografar veados perto de Rowan Creek, ouviu um grito aterrorizante.

“Era um grito doentio”, descreveu ele. “O grito de uma criança em agonia.”

Logo após ouvir o grito, Key afirmou ter visto um homem correndo pela floresta. Mas não era um caminhante comum. Ele descreveu a figura como um homem desgrenhado, sujo e coberto de pelos, movendo-se furtivamente como se tentasse desesperadamente não ser visto antes de desaparecer na mata densa. O homem parecia “selvagem”.

Apesar dessa testemunha e do esforço massivo, Dennis Martin nunca foi encontrado. Nem uma peça de roupa, nem um sapato. Nada. Ele desapareceu em 1969 e o caso permanece, até hoje, sem solução.

Embora a explicação lógica pudesse ser um ataque de urso, há falhas nessa teoria. Um ataque de urso é brutal e barulhento; o resto do acampamento certamente teria ouvido os gritos prolongados ou os sons da luta. O silêncio absoluto do desaparecimento sugere algo mais rápido, mais inteligente e mais sinistro. Os pais de Dennis morreram acreditando, no fundo de suas almas, que seu filho foi roubado. Levado por alguém.

A polícia e os xerifes locais sempre descartaram oficialmente a ideia de “homens selvagens” vivendo na floresta, mas os habitantes locais da região dos Apalaches sabem que a verdade pode ser diferente. Eles conhecem os perigos que a área possui e acreditam em um submundo oculto por trás de muitos desaparecimentos.

Há uma sabedoria antiga passada de geração em geração nessas montanhas. Como uma avó do Tennessee costumava ensinar: “Assim que o sol se puser, entre em casa. Feche as cortinas. Porque se você consegue ver o lado de fora, então algo ou alguém pode ver o lado de dentro. Nunca assobie na floresta, pois você não sabe o que pode atrair. E, o mais importante, se você ouvir alguém chamar seu nome vindo da mata escura… não, você não ouviu.”

Os Apalaches são, definitivamente, um lugar que guarda muitos mistérios. E embora algumas histórias pareçam exageradas, a possibilidade de que algumas sejam verdadeiras é aterrorizante.

Um exemplo moderno desse terror ocorreu com um caminhante solo e YouTuber conhecido como “Phil”. Ele explorava trilhas selvagens nos Apalaches quando viveu uma experiência que faria qualquer um pensar duas vezes antes de acampar sozinho.

O dia começou bem para Phil. A caminhada era incrível, a natureza exuberante. Mas, após cerca de meia hora, a atmosfera mudou. Ele começou a notar lixo espalhado pela trilha. Ao olhar mais de perto, percebeu que não era lixo comum. Garrafas plásticas e pedaços de papel estavam cobertos por uma escrita manual desordenada e frenética.

As mensagens eram desconexas e ameaçadoras. Uma delas dizia: “O carrasco está descendo da forca”. Outras continham letras de músicas estranhas e divagações paranoicas.

Quanto mais Phil caminhava, mais lixo encontrava, todo com a mesma caligrafia perturbadora. A sensação de mal-estar aumentou quando ele se deparou com um animal morto na trilha, que ele especulou ter sido colocado ali recentemente, talvez como um aviso ou marcador.

Examinando outro bilhete encontrado, a escrita parecia de alguém mentalmente desequilibrado, divagando sobre “agentes da CIA”, leis obscuras e, assustadoramente, mencionando um assassinato real: o de Scott Lilly.

Apesar do medo crescente, Phil precisava descansar. Ele encontrou um abrigo de madeira nas proximidades e decidiu passar a noite ali, tentando deixar as descobertas bizarras do dia para trás. Como é comum em abrigos na natureza, havia um livro de registros (logbook) onde os caminhantes escreviam sobre suas experiências.

Ao folhear o livro, o sangue de Phil gelou. Ali, nas páginas, estava a mesma caligrafia que ele vira no lixo. O autor perturbado havia deixado um manifesto. Ele descrevia seu tempo na prisão do Condado de Okaloosa, alegando ter sido mantido em confinamento solitário. O texto ficava cada vez mais sombrio, mencionando o caso de dois meninos desaparecidos, citando letras aleatórias da banda Metallica e afirmando que podia “ouvir a floresta ecoando com gargalhadas”.

Phil teve certeza absoluta: a pessoa que escreveu aquelas notas maníacas e espalhou o lixo estava naquela área. Talvez estivesse observando.

A noite caiu, envolvendo a floresta em uma escuridão impenetrável. Phil estava em sua barraca, deitado acordado, seus sentidos em alerta máximo, ouvindo cada estalo de galho.

De repente, ele ouviu algo. Passos. Movimento.

Alguém estava lá embaixo, perto do abrigo de madeira.

Phil tentou convencer a si mesmo de que era apenas sua imaginação, mas o som era inconfundível. Havia uma pessoa ali. Ele não esperou para ver quem era. O medo instintivo tomou conta.

“Eu não ia descer para ver se era um grupo de adolescentes ou algo assim”, relatou Phil depois. “Eu só pensei: preciso sair daqui.”

No meio da noite, na escuridão total, Phil empacotou suas coisas o mais rápido e silenciosamente que pôde. Enquanto passava pelo abrigo para fugir de volta para seu carro, ele olhou de relance. A luz de uma lanterna de cabeça cortava a escuridão. Ele viu o que parecia ser um homem sozinho, sentado no abrigo, usando a lanterna.

Phil não parou. Ele caminhou apressado pela trilha escura, fugindo daquele encontro potencialmente fatal.

Após o vídeo de Phil ser carregado na internet, pesquisadores online começaram a investigar as notas erráticas encontradas na floresta e desenterraram informações perturbadoras que validavam o medo do caminhante.

O bilhete mencionava Scott Lilly. Scott era um caminhante ávido de 30 anos que amava a vida ao ar livre. Tragicamente, em 12 de agosto de 2011, seu corpo foi encontrado em uma cova rasa ao longo de um trecho da Trilha dos Apalaches na Virgínia. Ele havia sido visto vivo pela última vez em 31 de julho. A polícia local determinou sua morte como homicídio por asfixia/sufocamento. Seus pertences nunca foram encontrados e o assassinato nunca foi resolvido.

O fato de o escritor perturbado dos bilhetes mencionar conhecimento sobre o assassinato de Scott Lilly é aterrorizante. Muitos acreditam que o misterioso escritor que Phil quase encontrou naquela noite era, de fato, o assassino de Scott Lilly, ainda vagando pelas matas.

Ao que tudo indica, Phil teve uma sorte imensa naquela noite. Sua intuição de fugir pode ter salvado sua vida, evitando que ele se tornasse mais uma estatística, mais um nome na longa lista de desaparecidos das montanhas.

Esses relatos servem como um lembrete arrepiante do que pode dar errado na natureza selvagem. A área das Great Smoky Mountains e a Trilha dos Apalaches estão envoltas em mistério, deixando-nos frequentemente com mais perguntas do que respostas. A única certeza é que as pessoas continuam a desaparecer, e as florestas profundas guardam segredos que talvez nunca sejam revelados.

É um lugar de beleza inegável, mas onde as sombras podem esconder olhos que observam. Um lugar onde eu não gostaria de passar a noite sozinho e, pior ainda, onde jamais gostaria de me perder.

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