Ethan Walker não se via como um herói. Para ele, a vida era simples: pai solteiro, mecânico e, acima de tudo, dedicado ao seu filho, Noah, de 8 anos. Todos os dias eram uma batalha para equilibrar o trabalho árduo na oficina de reparos com as necessidades de um filho pequeno, mas ele nunca reclamava. A vida dele girava em torno de Noah e das pequenas alegrias cotidianas, como histórias para dormir e os fins de semana no parque. Embora fosse um homem solitário, o amor por seu filho o fazia seguir em frente, mesmo nos dias mais difíceis.
Uma tarde quente de sábado, o parque estava cheio de crianças brincando e pais conversando. Ethan estava sentado em um banco, apreciando uma xícara de café frio enquanto observava Noah correr atrás de uma bola de futebol. O som das risadas e a brisa suave criavam um ambiente relaxante, e por um momento, Ethan se sentiu em paz. No entanto, essa paz foi interrompida por um som abrupto e agressivo vindo da área do playground.
Ethan olhou em direção ao som e logo viu o que estava acontecendo. Um garoto de cerca de 13 ou 14 anos estava intimidando duas meninas pequenas, provavelmente gêmeas, que não passavam de sete anos de idade. As meninas, com tranças idênticas, estavam tremendo de medo enquanto se seguravam uma à outra. O garoto empurrou uma delas com tanta força que ela caiu no chão, e Ethan podia ouvir os gritos do menino, mas não conseguia entender claramente as palavras. Seu peito apertou instantaneamente.
Ele já tinha visto bullies antes, e, como muitos, sabia o quanto isso podia ser destruidor. Mas ver essas meninas indefesas, tão pequenas e vulneráveis, fez algo despertar dentro de Ethan. Ele olhou ao redor, notando que os pais estavam apenas observando, murmurando, alguns balançando a cabeça, mas ninguém se movia. O garoto, com um sorriso cruel, levantou a mão para bater na outra menina. Foi nesse momento que algo dentro de Ethan o fez levantar-se abruptamente do banco.
Sem pensar, sem hesitar, ele gritou: “Ei!” Sua voz soou firme e autoritária, cortando o ar do parque. O garoto congelou, com o punho ainda no ar, e a coragem que ele exibia vacilou ao ver Ethan, um homem alto e forte, se aproximando rapidamente. Ethan chegou até o grupo em segundos, colocando-se entre o bully e as meninas assustadas.
“Você não vai fazer isso com elas,” Ethan disse, sua voz firme e protetora.
O garoto tentou se justificar, mas a firmeza no olhar de Ethan fez ele recuar. “Elas começaram,” o menino murmurou, sua voz embargada, mas Ethan não se moveu.
“Vai para casa,” Ethan ordenou, sua mandíbula apertada. O garoto hesitou, e então, com um último olhar de raiva, se virou e saiu, murmurando palavrões baixo, mas visivelmente intimidado.
Após o garoto ir embora, Ethan se abaixou até o nível das meninas. Ambas estavam tremendo, lágrimas escorrendo pelas bochechas. “Ei, vocês estão seguras agora,” ele disse suavemente, tentando acalmá-las. “Ninguém vai machucar vocês enquanto eu estiver aqui.” Uma das meninas, com a voz embargada, respondeu: “Ele pegou a nossa boneca. Ele quebrou ela.” A outra, ainda soluçando, completou: “Ele empurrou a Emma.”
O coração de Ethan apertou ainda mais. Ele se sentiu imensamente triste por aquelas meninas, que estavam tão assustada, mas ao mesmo tempo, ele queria protegê-las como fazia com Noah. “Eu sinto muito por vocês terem passado por isso,” disse ele, enquanto ajudava a limpar a sujeira do joelho de uma delas. “Mas agora está tudo bem.”
“Qual é o seu nome?” perguntou Ethan.
“Emma,” respondeu a primeira menina, com a voz baixa, “E ela é a Ella.”
“Emma e Ella,” Ethan repetiu com um sorriso suave. “Lindos nomes. Eu sou o Ethan, e aquele ali é meu filho, o Noah.”
“Agora, você não precisa mais ter medo, tá bom?” As meninas balançaram a cabeça, ainda agarradas uma à outra.
Nesse momento, Noah percebeu a agitação e correu até o pai, com a bola de futebol debaixo do braço. “Pai, o que aconteceu?” ele perguntou, com uma expressão preocupada no rosto. Ethan olhou para ele, calmamente. “Só um valentão que precisava ser lembrado de como se comportar.”
“Essas são Emma e Ella,” Ethan disse, colocando a mão na cabeça de Noah. “Vai lá e diga oi a elas.”
Noah, com seu sorriso natural e coração gentil, se aproximou e ofereceu sua bola. “Querem brincar?” As meninas olharam para Ethan, depois uma para a outra, e finalmente assentiram timidamente. Em poucos minutos, as três crianças estavam correndo para o gramado, rindo e se divertindo, enquanto o medo das meninas se dissipava.
Ethan voltou ao banco, exalando profundamente, embora seu coração ainda estivesse acelerado. Ele olhou ao redor e viu que alguns pais estavam observando, murmurando entre si, alguns acenando com a cabeça em aprovação, mas ninguém se aproximou. Isso não o incomodou. Ele não fez aquilo para chamar atenção, mas porque sabia que era o certo a fazer.
Após um tempo, uma mulher surgiu correndo pelo parque, seus saltos fazendo barulho no pavimento. Ela estava bem vestida, com um vestido elegante e cabelo perfeitamente arrumado, algo fora de lugar entre os pais casuais. Seus olhos procuravam freneticamente até encontrarem Emma e Ella, que estavam brincando felizes com Noah. A mulher se aproximou de Ethan.
“Com licença, essas são minhas filhas, Emma e Ella,” ela disse, claramente aliviada, mas também confusa ao ver as meninas brincando alegremente. Ethan se levantou e sorriu de forma tranquila. “Elas estão seguras. Um menino estava incomodando-as, mas eu intervenho.”
A mulher olhou para ele com um misto de surpresa e gratidão. Ela se agachou, abraçando as filhas. “Mamãe!” gritaram as meninas, se agarrando a ela. A mulher as segurou forte, e uma lágrima rolou de seus olhos enquanto ela as beijava na testa. “Muito obrigada,” disse ela a Ethan. “Não sei o que teria acontecido se elas tivessem se machucado.”
Ethan balançou a cabeça, um pouco envergonhado pela atenção. “Qualquer pessoa decente faria o mesmo.”
“Eu sei,” ela disse, “Mas você fez mais do que pode imaginar hoje. Não só protegeu minhas meninas, mas me lembrou que ainda existem pessoas boas por aí.”
Ela se levantou, ajustando seu blazer e estendeu a mão. “Eu sou Claire Hamilton.”
Ethan apertou sua mão, sem reconhecer o nome. “Ethan Walker.”
Claire olhou para Noah, que ainda brincava com as meninas. “Esse é seu filho?” perguntou.
“Sim,” disse Ethan, com um sorriso de orgulho. “Ele é meu mundo.”
O olhar de Claire mudou de curiosidade para algo mais profundo. Ela hesitou por um momento, como se estivesse prestes a dizer algo, mas então sorriu suavemente. “Você fez mais do que sabe hoje, Sr. Walker. Não apenas protegeu minhas filhas, mas me lembrou de que ainda existem pessoas boas nesse mundo.”
Ethan balançou a cabeça, não sabendo o que dizer. Não estava procurando elogios, só queria que as meninas estivessem bem. Quando Claire se preparou para sair com as filhas, ela olhou para ele novamente.
“Você se importaria de nos encontrarmos de novo? Talvez as crianças possam brincar juntas algum dia. Acho que Emma e Ella precisariam de um amigo como o seu filho.”
Ethan ficou surpreso, mas sorriu. “Claro, Noah adoraria isso.”
Quando Claire se afastou, Ethan sentou-se novamente no banco, assistindo seu filho correr e brincar com as meninas. Ele não sabia ainda o que essa simples ação teria causado, mas sua vida estava prestes a mudar de formas que ele não poderia imaginar. Claire Hamilton não era uma mãe qualquer; ela era esposa de um dos CEOs mais poderosos da cidade, e o destino havia apenas ligado a vida de Ethan a um mundo que ele jamais imaginara fazer parte.