FILME DO BOLSONARO PROMETE SER O MAIS RIDÍCULO DA HISTÓRIA!

Nos últimos dias, o filme Dark Horse, que retrata a vida de Jair Bolsonaro, começou a circular em forma de imagens e trailers. E a promessa é clara: esse filme vai ser um dos mais ridículos já feitos na história do cinema. A produção se propõe a contar a história do ex-presidente de uma forma que, à primeira vista, parece mais uma tentativa de criar um épico de ficção em torno de sua figura, que mescla fatos reais com uma dose significativa de distorções e exageros.
Mas o que há de tão interessante nesse filme, e como ele reflete não apenas a figura pública de Bolsonaro, mas também as questões mais profundas que envolvem seu legado e a polarização política do Brasil?
O Trailer: Um Espetáculo de Exageros

No trailer do filme, começamos com imagens dramáticas e cheias de emoção, como a facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. O filme, que descreve esse momento como “uma história verdadeira”, apresenta cenas em que Bolsonaro é retratado como um herói lutando pela vida, enquanto a câmera foca em seu rosto sereno, mesmo depois do atentado. A recuperação no hospital, o momento de superação, tudo é pintado com uma aura quase mítica.
O ator Jin Cavidel, que interpreta Bolsonaro, consegue capturar a expressão do ex-presidente com uma precisão assustadora, o que provoca uma sensação de que estamos assistindo à própria reencarnação de Bolsonaro na tela. E, por mais que as cenas possam parecer exageradas, elas estão em sintonia com a ideia central do filme: construir uma narrativa heroica e messiânica em torno de um homem que, para muitos, representa a polarização extrema no Brasil.
A Facada: Mito ou Realidade?
A facada, que foi um dos momentos mais dramáticos da campanha de Bolsonaro, aparece no filme de maneira bastante cinematográfica. No entanto, alguns elementos questionáveis começam a surgir. No trailer, vemos Bolsonaro sangrando copiosamente após o ataque, uma imagem que não corresponde à realidade dos fatos. O incidente foi muito mais sutil do que os filmes costumam retratar, e o sangue de fato foi interno, o que levanta questões sobre a fidelidade da produção aos acontecimentos reais.
Essa escolha cinematográfica pode ser vista como uma forma de criar uma narrativa mais envolvente, mas também levanta a questão: até que ponto a ficção pode distorcer a história em nome da arte? O filme, mesmo sendo uma representação de um acontecimento real, insere exageros e manipulações para dar ao público uma versão mais dramática e envolvente dos eventos.
A Produção: Um Toque Profundo de Apologia?
A direção de Dark Horse está a cargo de Cyrus Nouraté, um cineasta que, apesar de sua experiência, parece estar se aventurando em um território perigoso. Nouraté é conhecido por filmes de caráter polêmico, como o famoso Apedrejamento de Soraia M, que apresenta cenas gráficas e um conteúdo emocionalmente pesado. No entanto, enquanto o diretor tem talento técnico, ele parece estar mergulhando em um território político que divide profundamente a opinião pública brasileira.
Este é um filme que se propõe a mostrar Bolsonaro como um herói, alguém que sobreviveu a um atentado para salvar o Brasil. A história é claramente construído sob uma perspectiva apologética, como se Bolsonaro fosse uma figura quase messiânica que lutou por um bem maior. Mas a verdade histórica de suas ações, suas declarações polêmicas e seus ataques à democracia não são abordadas de forma crítica, o que torna o filme uma obra tendenciosa e, para muitos, completamente ridícula.
O Impacto da Produção: Denúncias e Críticas
Além da questão da ideologia, Dark Horse enfrenta várias críticas em relação às condições de produção. Denúncias de abusos contra figurantes e membros da equipe começaram a circular. Segundo a coluna de Fábia Oliveira, do Portal Metrópolis, houve reclamações sobre agressões físicas e condições precárias durante as filmagens. Esse tipo de controvérsia não é novo em produções de filmes de alto risco, mas levanta ainda mais questionamentos sobre o profissionalismo da equipe e o verdadeiro custo dessa tentativa de exaltar Bolsonaro de forma exagerada.
Esse tipo de denúncia também pode afetar a forma como o público recebe o filme. Afinal, se uma produção tem problemas internos sérios e começa com a intenção de criar uma narrativa distorcida, como podemos confiar nela para retratar a história de maneira justa?
A Liberdade de Expressão e a Guerra de Narrativas
Apesar das críticas e da polarização em torno do filme, é importante lembrar que a liberdade artística e de expressão é um princípio fundamental. Cada grupo tem o direito de contar a sua versão dos fatos, mesmo que essa versão seja distorcida ou exagerada. Os bolsonaristas têm o direito de apresentar o ex-presidente como um herói, mesmo que para muitos ele represente o oposto disso.
Esse filme, apesar de ser um dos mais ridículos da história, também faz parte de um processo maior de disputa narrativa. Assim como outros documentários e produções que focam na ascensão do bolsonarismo, como os livros de análise sobre o governo de Bolsonaro e o impacto de sua figura, Dark Horse é uma das muitas tentativas de contar a história da política brasileira sob uma ótica específica.
A questão da “verdade”, como o filósofo Martin Heidegger discutiu, é um tema que sempre me atormentou. A verdade não é uma soma das perspectivas, mas sim uma aproximação do que realmente aconteceu. Em muitos casos, como o filme de Bolsonaro, a versão contada pode ser distorcida por ideologias que buscam moldar a percepção pública. E é isso que vemos sendo feito aqui – uma tentativa de criar um mito em torno de Bolsonaro, e uma narrativa que se encaixa na visão de mundo de seus apoiadores.
Conclusão: O Filme é um Esforço Distorcido, Mas Importante
Dark Horse é um filme que, por mais ridículo que possa parecer, reflete a luta de narrativas que estamos vivendo no Brasil. A disputa pela história de Bolsonaro, sua ascensão política, e a forma como ele é visto por seus seguidores e críticos, é uma das grandes questões que marcam a política contemporânea no país.
Enquanto a produção é uma tentativa de glorificar uma figura polêmica, ela também serve como um lembrete de como as narrativas podem ser manipuladas para moldar a opinião pública. E, no final das contas, é isso que torna esse filme tão fascinante: ele é uma representação extrema do que está em jogo na guerra política que se desenrola no Brasil.