“Não saia! Sua esposa planejou algo!” implorou a menina negra ao milionário. Ele riu, mas gelou ao descobrir que a armadilha mortal da esposa já estava armada lá fora.

Os passos de Victor Stanton ecoavam secamente contra o piso de mármore, enquanto ele atravessava o corredor dourado de sua mansão. O lustre de cristal acima dele brilhava sob a luz do início da noite, mas sua mente não estava na beleza. Ele agarrava sua maleta preta com força, a gravata vermelha balançando enquanto se movia.

Seu carro já estava esperando lá fora. O motorista polido, o motor roncando suavemente. O negócio daquela noite poderia significar milhões.

Nada deveria interrompê-lo.

Até que uma garota apareceu.

“Por favor, Senhor Stanton!”

Amira, em seu vestido vermelho vivo, disparou pelo chão polido e caiu de joelhos na frente dele. Suas mãos estavam unidas, tremendo. Lágrimas escorriam por seu rosto jovem, enquanto sua voz falhava em desespero.

“Não saia. O senhor não pode!”

Victor congelou no meio do passo, franzindo a testa para ela. Sua mandíbula se contraiu, a irritação faiscando em seus olhos.

“Amira, saia da frente. Não tenho tempo para jogos infantis. Onde está sua mãe, Rosa?”

A menina balançou a cabeça violentamente, as pequenas mãos pressionadas juntas como em oração. “Não, por favor. O senhor não entende. O senhor não pode sair por aquela porta. Se o senhor sair…”, ela engasgou, sufocada pelas lágrimas. “O senhor nunca mais vai voltar.”

O lábio de Victor se curvou. “Chega dessa bobagem.”

Sua voz cortou como uma lâmina. Ele se inclinou para frente, baixando a voz para um rosnado. “Você acha que eu tenho paciência para contos de fadas? Tenho negócios a fazer, acordos a fechar. Eu não recebo ordens de garotinhas.”

Os soluços de Amira cortaram o ar, ecoando no grande silêncio da mansão.

“Eu a ouvi. Juro que ouvi!” Ela apontou em direção à escadaria, as mãos trêmulas. “Sua esposa. Ela estava no telefone. Ela disse: ‘Se ele sair hoje, se ele pisar lá fora, algo terrível vai acontecer.’ Ela disse: ‘Ele nunca mais voltará vivo.'”

As palavras atingiram como um trovão.

Atrás deles, Rosa, ainda em seu uniforme preto e branco de empregada, apareceu no corredor. Ela parou abruptamente, uma bandeja batendo contra a parede enquanto sua mão voava para a boca. Seus olhos arregalados se fixaram em sua filha, ajoelhada no chão. Em Amira.

O rosto de Victor endureceu. Ele se endireitou lentamente, ajustando o paletó do terno azul, tentando mascarar o arrepio que percorria sua espinha.

“Você espera que eu acredite que minha esposa, minha própria esposa, está conspirando contra mim? Isso é ridículo.” Mas sua voz, embora áspera, carregava um tremor.

Amira balançou a cabeça, seus pequenos punhos batendo contra os joelhos. “Eu não estou mentindo. Eu não mentiria. Ela disse claramente: ‘Se ele sair esta noite, não sobreviverá.’ Eu não deveria ter ouvido, mas ouvi. Estou lhe implorando, por favor.”

Victor exalou bruscamente pelo nariz. O som estava a meio caminho entre a raiva e o desconforto. Ele olhou para Rosa. “E você? Está por trás disso também? Ensinando sua filha a inventar histórias malucas? Isso é alguma tentativa distorcida de me assustar?”

Rosa balançou a cabeça rapidamente, dando um passo à frente, a voz trêmula. “Senhor, Amira não mente. Ela nunca mentiu para mim. Nenhuma vez. Se ela diz que ouviu alguma coisa, então ela ouviu.”

Victor olhou de uma para outra, o punho cerrando-se ao redor da alça da maleta. Ele queria gritar, descartar isso como uma fantasia infantil, mas a imagem de sua esposa – calma, calculista – brilhou em sua mente. As ligações telefônicas sussurradas tarde da noite, a maneira como ela evitava seus olhos ultimamente.

Sementes de dúvida o corroíam.

“Você tem alguma ideia do que está acusando ela?”, sua voz se elevou. “Percebe o dano que pode causar com palavras assim?”

Amira soluçou mais alto. “Eu não me importo se o senhor me odiar. Não me importo se nos mandar embora. Eu só não quero que o senhor morra. Por favor, não saia.”

A mansão caiu em um silêncio sufocante.

Victor olhou para ela, a garganta apertada. Essa garota, essa criança, a filha da empregada, sem nada a ganhar, estava tremendo a seus pés, implorando para que ele acreditasse nela. Seu pulso latejava em suas têmporas.

Ele se agachou levemente, pairando sobre ela, seus olhos se estreitando, a voz baixa e perigosa.

“Se isso for verdade”, ele sussurrou, “se o que você está dizendo não é uma mentira tola… por que você arriscaria tudo para me dizer?”

Amira ergueu a cabeça, os lábios tremendo, sua voz falhando, mas firme com convicção. “Porque o senhor não é um homem mau. E eu não quero que o senhor morra.”

A respiração de Victor falhou.

Ele se endireitou lentamente, sua expressão indecifrável. Rosa sussurrou: “Senhor, por favor, apenas espere. Não saia ainda.”

A mandíbula de Victor flexionou. Ele enfiou a mão no bolso do paletó e puxou o telefone. Uma ligação rápida e seu chefe de segurança atendeu.

“Carter,” Victor disparou, forçando calma em seu tom. “Onde você está? Eu disse para estar pronto lá fora.”

Houve uma pausa. Então, a voz do homem estalou, nervosa. “E-eu estou aqui, senhor. Perto dos portões. Mas algo não está certo.”

Os olhos de Victor se estreitaram. “Explique.”

“Seu motorista não é o que conhecemos. Ele apareceu com papéis assinados pela sua esposa. Disse que o senhor solicitou uma substituição. Ele está andando de um lado para o outro. E há outro veículo estacionado na rua, janelas escuras. Meu instinto me diz que não é aleatório.”

O estômago de Victor gelou. Ele baixou o telefone lentamente, sua mente disparada. O rosto aterrorizado de Amira preencheu sua visão.

Não era o medo de uma criança. Ela tinha ouvido algo real.

Ele se virou, marchando pelo corredor. Rosa agarrou o braço de Amira e correu atrás dele. Victor abriu as portas duplas de seu escritório, bateu a maleta na mesa e abriu uma gaveta onde guardava os registros de vigilância.

“Se alguém pensa que pode me emboscar do lado de fora da minha própria casa…”, ele murmurou.

Minutos depois, ele acessou o feed de segurança. Na tela, o motorista uniformizado, mas sua postura estava errada, os olhos dardejando nervosamente. Perto do portão, dois homens vagavam, fingindo verificar seus telefones, mas sua atenção nunca se desviava da entrada principal.

O sangue de Victor ferveu. O nome de sua esposa queimava em seu crânio. Somente ela tinha autoridade para dispensar seus guardas habituais.

“Fiquem aqui dentro”, Victor ordenou a Rosa e Amira, a voz como ferro.

Ele invadiu o corredor em direção à ala principal. A porta do quarto bateu aberta. Sua esposa, elegante em seda, sentada em sua penteadeira, aplicando batom calmamente.

Ela olhou para ele no espelho, arqueando uma sobrancelha. “Victor, você está atrasado. Não deveria estar a caminho?”

A voz dele era baixa. Perigosa. “Não brinque comigo. Você trocou meu motorista. Você tirou Carter de perto do carro. O que está esperando do lado de fora daquele portão? Me diga.”

A mão dela parou no ar. Um brilho de algo frio passou por seu rosto antes que ela desse uma risada. Áspera, quebradiça. “Você parece paranoico. Trabalhando demais, querido?”

Victor bateu a mão na penteadeira, a força fazendo os frascos chacoalharem. Ela deu um pulo, a máscara rachando.

“NÃO MINTA PARA MIM!”, sua voz trovejou. “Amira ouviu você. Ela ouviu a ligação. Se eu tivesse saído por aquela porta, estaria morto agora. Diga-me, foi por dinheiro? Meus rivais? Ou você está tão cansada de mim que prefere herdar tudo mais rápido?”

Seus lábios se pressionaram em uma linha fina. Pela primeira vez, ela não negou. Ela desviou o olhar, seu silêncio falando mais alto que qualquer confissão. O mundo de Victor inclinou, não por causa da traição, mas porque quase funcionou.

Mais tarde naquela noite, Victor estava mais uma vez no grande salão. A casa parecia diferente agora, mais fria, oca. Sua esposa permanecia no andar de cima, andando de um lado para o outro como um animal enjaulado.

Amira e Rosa estavam nervosamente perto da porta. Rosa agarrava os ombros da filha, pronta para se desculpar, pronta para ser demitida.

Victor se aproximou lentamente. Ele olhou para Amira, esta pequena garota de vestido vermelho que se ajoelhou diante dele, implorou por ele, salvou sua vida.

“Você”, disse ele baixinho, “arriscou tudo por mim. Você não tinha nada a ganhar. Por quê?”

Amira engoliu em seco, sussurrando: “Porque era o certo a fazer.”

Por um longo momento, Victor não disse nada. Então, ele olhou para cima da escada, onde sua esposa permanecia nas sombras, seus olhos duros de medo e fúria. A mulher que havia compartilhado sua cama, sua riqueza, seu nome, planejando matá-lo.

Seu olhar caiu novamente para Rosa e Amira. A empregada que não tinha nada, a filha que tinha tudo a perder, e ainda assim o salvaram.

Victor soltou o ar, sua decisão se cristalizando.

“Você”, disse ele, encarando sua esposa, a voz ecoando pela mansão, “acabou aqui. Qualquer amor que tivemos, se foi. Esta casa, esta riqueza… nada disso significa nada se não posso confiar na pessoa ao meu lado.”

Ele virou as costas para ela, algo que nunca havia ousado fazer antes, e encarou Amira e Rosa.

“Vocês salvaram minha vida esta noite”, disse ele, a voz embargada, mas firme. “Não os guardas. Não os advogados. Vocês.”

Os olhos de Rosa se encheram de lágrimas. Amira agarrou o braço da mãe.

Victor olhou para Amira, e os cantos de sua boca tremeram no mais leve e cansado sorriso.

“Você ficou ao meu lado quando ninguém mais o fez. E eu nunca esquecerei isso.”

Ele passou pela escada sem um segundo olhar, deixando sua esposa no silêncio, e deu um passo em direção às únicas pessoas na mansão que realmente o apoiaram. Amira, a menina do vestido vermelho, e Rosa, a empregada que a criou. As únicas que se importaram.

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