“Menino órfão chorava ao lado da irmã, mas o cowboy fez uma oferta surpreendente: ‘Venham para casa comigo, os dois'”

O som abafado de soluços ecoava pelo caminho empoeirado quando Cole Newome parou seu cavalo. O sol poente lançava sombras longas sobre a paisagem desolada do Kansas em 1875.

Ele apertou os olhos contra a luz que morria, tentando distinguir as duas pequenas figuras reunidas sob uma árvore de algodão ressequida. Um menino, não mais que 8 anos, estava chorando, com os braços ao redor de uma menina mais nova que estava imóvel ao seu lado. Cole desmontou, os estribos tilintando no silêncio enquanto se aproximava cautelosamente.

O menino olhou para cima, o rosto sujo de terra e lágrimas, os olhos arregalados de medo e exaustão. “O que aconteceu aqui, filho?”, perguntou Cole, abaixando-se para ficar na altura da criança, tentando manter a voz suave, apesar de sua figura imponente. O menino apertou a irmã contra si. “Minha mãe e meu pai pegaram febre… E depois não acordaram mais.” Sua voz quebrou. “Estamos andando há dias. A Emma tá doente também. Não come nada.” Cole tocou a testa da menina, sentindo o calor ardente da febre. Ele já tinha visto isso outras vezes – órfãos tentando sobreviver na implacável fronteira.

Sem pensar duas vezes, ele tomou uma decisão que mudaria a vida deles para sempre.

“Eu tenho um rancho a 8 quilômetros daqui”, disse ele, tirando o lenço e molhando-o com água da cantina para resfriar a testa da menina. “Venham comigo. Vamos cuidar da sua irmã.”

O menino hesitou, anos de desconfiança visíveis em seus olhos jovens. “Eu prometo que vocês estarão seguros”, acrescentou Cole. “Qual é o seu nome, garoto?” “Thomas”, disse o menino em um sussurro. “E ela é a Emma.” Cole assentiu, levantando a menina nos braços enquanto ajudava Thomas a subir em seu cavalo.

Enquanto montavam em direção ao rancho, Cole não sabia que esses dois órfãos o levariam a um amor que ele nunca esperava encontrar. A jornada foi silenciosa, quebrada apenas pelo ritmo das batidas dos cascos e o ocasional soluço de Emma.

Quando a casa simples do rancho apareceu à vista, silhuetada contra o céu escurecido, Cole percebeu que o menino relaxava um pouco. “Casa”, disse ele simplesmente, guiando seu cavalo em direção à luz da lanterna que brilhava na janela da frente.

Assim que se aproximaram, a porta se abriu e uma mulher apareceu na varanda, sua figura iluminada de trás. “Cole, é você?”, chamou ela. “Eu estava ficando preocupada.”

“Elizabeth”, Cole chamou, “preciso da sua ajuda.”

Elizabeth Norwood desceu as escadas com pressa, e assim que viu as crianças, sua expressão passou de preocupação para compreensão.

“Meu Deus”, ela sussurrou, indo imediatamente pegar Emma. “Essa criança está com febre altíssima.”

“Encontrei-os sozinhos na trilha de Wichita”, explicou Cole. “Os pais morreram de febre.”

As mãos experientes de Elizabeth pegaram Emma com cuidado. “Vamos levá-la para dentro agora. O garoto também está prestes a desmaiar.”

“Esse é o Thomas”, disse Cole. “Ela é a senhorita Elizabeth. Ela é professora na cidade e tem ficado aqui para me ajudar com os filhos da minha irmã enquanto ela visita a família em St. Louis.”

Elizabeth sorriu gentilmente para Thomas. “Não se preocupe, menino. Vamos cuidar bem de vocês dois.”

Dentro da modesta casa, Elizabeth se moveu com propósito, pedindo a Cole para preparar o pequeno quarto de hóspedes enquanto ela examinava Emma na mesa da cozinha. “Quando foi a última vez que sua irmã comeu ou bebeu algo?”, perguntou Elizabeth, colocando um pano fresco na testa de Emma.

O menino ficou de pé ao lado da porta, torcendo seu boné nas mãos. “Ontem de manhã, senhora. Comemos algumas frutas e tomamos água do riacho.”

Elizabeth assentiu com a testa franzida. “Cole, precisamos dar líquidos a ela. Pode esquentar um pouco de caldo?”

Cole foi até o fogão, alimentando o fogo moribundo e colocando a panela sobre as brasas. Ele observava enquanto Elizabeth cuidava de Emma com movimentos habilidosos e delicados. Aos 32 anos, Elizabeth já era professora da cidade há seis anos, mas sua sabedoria ia muito além dos livros.

Todo mundo em Winchester County sabia que deveria chamar a senhorita Norwood quando a doença chegava.

“Thomas, você também deve estar com fome”, disse Cole, percebendo como o menino o observava atentamente enquanto ele se movia pela cozinha. “Vamos arrumar algo para você comer enquanto a senhorita Elizabeth cuida da sua irmã.”

Enquanto a noite caía, os três trabalharam juntos para cuidar das crianças. Thomas, depois de devorar uma tigela de ensopado e pão de milho, finalmente cedeu ao cansaço e dormiu em um cobertor perto do fogo. A febre de Emma ainda persistia, e seu pequeno corpo lutava contra a doença que a consumia.

“Eu acho que a febre não foi a causa da morte dos pais”, Elizabeth sussurrou para Cole enquanto eles vigiam Emma. “Acho que o problema maior foi a exaustão e a fome. Com o cuidado adequado, ela deve melhorar.”

Cole assentiu, olhando para o rosto de Elizabeth à luz da lamparina. A professora sempre tinha mantido uma certa distância dele, apesar de suas interações frequentes quando seus sobrinhos frequentavam a escola dela. Mas naquela noite, aquele muro invisível parecia ter caído.

“Foi bom de sua parte trazê-los aqui”, ela disse suavemente.

“O que mais eu poderia fazer?”, respondeu Cole, a voz rouca de emoção. “Deixá-los morrer na trilha?”

A mão de Elizabeth tocou brevemente o braço dele. “Muitos fariam isso. Este território não é conhecido pela bondade com os órfãos.”

Cole pensou em sua própria irmã, viúva há dois anos, lutando para criar seus filhos até que ela se casou novamente. Ele sabia muito bem o quão precária a vida podia ser.

“Elas podem ficar aqui o tempo que precisarem”, disse ele, com firmeza.

Os olhos de Elizabeth, da cor de sálvia, o observaram com um interesse novo.

“Você é um bom homem, Cole Newsome”, disse ela suavemente. “Melhor do que muitos acreditam.”

Antes que Cole pudesse responder, Emma se mexeu, gemendo em seu sono. Elizabeth imediatamente voltou a se concentrar na criança, deixando Cole se perder na estranha sensação de calor que suas palavras haviam gerado em seu peito.

O sol nasceu com os primeiros raios fracos, e Cole, que havia adormecido na cadeira ao lado da lareira, acordou para ver Thomas de pé diante dele, com um rosto sério e cheio de perguntas não feitas.

“Sua irmã teve a febre durante a noite”, Cole disse antes que o menino pudesse falar. “A senhorita Elizabeth está com ela agora.”

Alívio tomou conta de Thomas. “Você realmente vai deixar a gente ficar aqui, senhor?”, perguntou ele.

Cole assentiu, espreguiçando-se. “Enquanto precisarem.”

“Por que?”, o menino perguntou diretamente, pegando Cole de surpresa.

“Porque todo mundo merece alguém para pegá-lo quando cair”, disse Cole, estudando o menino.

Thomas parecia aceitar isso, balançando a cabeça com uma sabedoria que superava sua idade.

“Sua mãe estava certa em ser cautelosa”, Cole reconheceu. “Mas às vezes as pessoas ajudam só porque é o certo a fazer.”

Elizabeth apareceu na porta. “Emma está perguntando por você, Thomas. Ela já melhorou muito.”

O menino correu para dentro, e Elizabeth olhou para Cole antes de se virar para ele novamente.

“Algo não dito passou entre nós”, pensou Cole, enquanto a noite caía e ele se preparava para o dia seguinte.

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