Mãe Starva Filha para a Passarela e Engorda o Irmão Atleta; A Verdade Distorcida se Revela na Morte Trágica.

“Mãe, eu estou com tanta fome. Estou me sentindo tão fraca. Eu preciso comer algo, por favor. Qualquer coisa, um pedacinho de banana, por favor. Mãe, deixa eu comer, deixa!”

Sofia, de apenas 13 anos, insistia com a mãe, sua voz um fio de som que mal ousava quebrar o silêncio opressor da sala de jantar.

Naquele instante, Tamires surgiu na porta da cozinha. Ela não vinha com um lanche, mas com uma bandeja que exibia, como um troféu, o almoço. O prato estava abarrotado: arroz soltinho, feijão fresquinho, batatas douradas, carne ao ponto e uma salada colorida que exalava um perfume delicioso. O aroma invadiu a sala, viajando o espaço e atingindo em cheio as narinas da pequena Sofia, sentada no canto da mesa, os olhos fixos no vazio.

Os olhos da menina se acenderam. Um sorriso tímido, raro demais naquele rosto pálido e cansado, se desenhou em seus lábios. Ela respirou fundo, absorvendo o cheiro que lhe despertava lembranças de dias melhores, e perguntou com a última faísca de esperança: “É para mim?”

Lentamente, ela esticou os bracinhos magros em direção ao prato, mas antes que sua mão alcançasse o alimento, um tapa seco e firme atingiu seus dedos. Sofia se encolheu, assustada.

Tamires, a própria mãe, tinha uma expressão dura no rosto. “Você enlouqueceu, Sofia? Já esqueceu que hoje não é dia de comida? Hoje é dia de jejum total.”

A alegria da garota se desfez. O sorriso sumiu, dando lugar a um semblante triste e derrotado. Seus olhos marejaram, mas ela ainda tentou protestar com a voz fraca: “Mas eu estou com muita fome, mãe. Meu estômago está roncando. Eu preciso comer alguma coisa, nem que seja um pedacinho de banana.”

Tamires ignorou o apelo. Colocou o prato ao lado, sacou o celular do bolso e, sem nenhum aviso, apontou a câmera para a filha.

“Olha para você, meu amor. Você ainda está gorda. Como você quer ser uma modelo de sucesso desse jeito? Está muito acima do peso, muito.”

Sofia encarou a própria imagem na tela. O que ela via não era a gordura que a mãe alegava, mas pele fina, um corpo raquítico e frágil, olhos fundos e uma palidez quase doentia. Seus ossos estavam visíveis.

“Você ainda está com o rosto redondo, as pernas grossas. Não pode se apresentar no desfile assim,” insistiu Tamires.

“Mas eu estou com fome, mãe. Não consigo nem levantar direito. Se eu não comer, eu vou desmaiar…”

A mulher se agachou ao lado da filha e acariciou sua barriga seca, onde não havia mais nada a ser retirado. Com um sorriso estranho, murmurou: “Você tem reservas de gordura. Seu corpo vai usar como energia. Não vai desmaiar, vai ficar deslumbrante na passarela, meu amor.”

Em seguida, puxou da bolsa uma garrafinha de água e entregou à filha. “Toma. Hoje e amanhã é só água. Depois do desfile, talvez eu te deixe tomar um suplemento líquido. Mas comida sólida só quando estiver com o corpo ideal.”

Enquanto Sofia segurava o pouco que lhe restava, Enzo, seu irmão gêmeo, observava tudo em silêncio. Ele estava sentado ao lado da irmã. Tamires pegou o mesmo prato de comida saborosa e o estendeu a ele com um sorriso cheio de orgulho.

“Come tudo, meu atleta. Você precisa de energia para nadar e vencer. Esse corpo precisa de músculos.”

O menino pegou o prato, mas seus olhos se voltaram imediatamente para a irmã. Aquela menina magrinha já fora cheia de vida, mas agora era apenas um vulto.

“Mãe, tem certeza que a Sofia não pode comer nem um pouquinho? Eu posso dividir, não ligo,” disse Enzo, a voz baixa, mas firme.

“Claro que não!”, exclamou Tamires, virando-se com irritação. “Você precisa dessas calorias, Enzo. Quer ou não quer ser campeão? Precisa estar forte, e ela precisa estar magra. Cada um com seu objetivo. Hoje você come, e sua irmã bebe apenas água.”

“Mas a senhora vive dizendo que ela está gorda, só que olha para ela, mãe. Ela está magra demais! Parece até doente. Isso não pode ser certo.”

Tamires deu um passo para trás, bufando de raiva. Apontou o dedo para os dois e disparou com a voz carregada de autoridade: “Vocês não sabem de nada. Eu sou a mãe de vocês. Eu sei o que é melhor. A Sofia vai ser uma modelo exuberante, e você, Enzo, vai ser um nadador cheio de medalhas. Mas para isso acontecer, vocês têm que seguir minhas regras. Eu só quero o bem de vocês, meus amores.”

O silêncio que se formou depois disso foi pesado, quebrado apenas pela ordem final da mãe.

“Agora chega de conversa. Enzo, coma sua comida. Sofia, beba sua água.”

Enzo enfiou o garfo no arroz ainda quente. Cada colherada era um tormento. Seus olhos se desviavam rapidamente para a irmã, que, com os olhos cravados no prato, segurava a garrafinha de água. Era como se mastigar aquela comida fosse um ato de traição.

Ele desejou do fundo do coração poder dar um pedacinho de carne ou uma batata para ela escondido, mas não podia. O olhar de Tamires era afiado, controlador, e os dois sabiam que não podiam sair da linha.

Quando o prato finalmente ficou vazio, o silêncio foi interrompido por um toque de telefone. Era Camilo, o marido de Tamires, que morava em outro país a trabalho.

“Oi, Tamy. Como estão as coisas por aí? E as crianças estão bem?”

Tamires sorriu, mas era um sorriso ensaiado. “Amor, está tudo ótimo por aqui. Enzo está se destacando na natação. E a Sofia, nossa, a Sofia está um arraso. Vai participar de um desfile muito importante amanhã.”

Camilo, do outro lado da linha, não parecia tão empolgado. Ele sentia uma dúvida no peito em relação à Sofia. Ele sabia que a paixão de Enzo pela natação era genuína, mas a obsessão da filha pelo mundo fashion parecia mais a vontade da mãe do que a dela.

“Eu queria falar com eles um pouco. Pode ser?”

Tamires, com um sorriso forçado, entregou o telefone a Enzo, carregando o olhar de expectativa. Ele falou com o pai, ensaiando as respostas, garantindo que estava “bem, de verdade.”

Depois, Tamires pegou o aparelho e o levou até Sofia. “Agora é você, querida. Fala com o seu pai.”

Assim que ouviu a voz doce de Camilo, Sofia desabou. O nó que guardava na garganta há dias se desfez. Os soluços vieram descontrolados, e ela não conseguia responder.

Camilo ficou alarmado. “Sofia, o que foi? Por que está chorando assim, meu amor? Aconteceu alguma coisa?”

Tamires se aproximou, sussurrando rápido: “Saudade, diz que é saudade.”

A menina obedeceu, forçando uma explicação: “É só saudade, pai, só isso. Eu estou com muita saudade de você.”

Camilo não se convenceu. “Tem certeza de que é só isso, meu bem? Você jura que não tem nada de errado aí?”

A vontade de contar tudo era enorme, mas o medo de desafiar a mãe era maior. Sofia respirou fundo e respondeu com a voz embargada: “É só saudade mesmo, pai. Fiquei emocionada quando ouvi sua voz.”

Naquele instante, Camilo sentiu que algo estava errado, mas Tamires o convenceu com a doçura falsa de que ele estava exagerando por sentir falta.

“Eu confio em você, mas por favor, cuida bem deles e qualquer coisa me avisa,” disse Camilo, antes de desligar.

Assim que encerrou a ligação, Tamires virou-se para Sofia, o olhar impaciente. “Que escândalo foi aquele, hein? Você não sabe das regras? Tem que dizer que está tudo bem. Nada de comentar sobre dieta, sobre fome, sobre nada.”

“Desculpa, mãe, mas minha barriga está doendo muito. Eu só queria comer.”

“Meu amor, eu sei que é difícil,” disse Tamires, secando as lágrimas da filha com um gesto delicado. “Mas tudo isso é para o seu bem. Sua mãe só quer te ver brilhar. Você vai ser uma modelo de sucesso graças a mim. E quando isso acontecer, você vai me agradecer.”

Os dois se levantaram para ir para o quarto. Enzo parecia bem, mas Sofia mal conseguia manter o equilíbrio. O corpo esquelético, frágil, tornava cada passo um desafio. Ao chegar à escada, ela olhou para os degraus como se fossem uma montanha.

Enzo se aproximou. “Vem, Sofie, eu te ajudo,” disse ele, segurando a mão da irmã.

“O que você pensa que está fazendo, Enzo?”, ecoou a voz cortante de Tamires. “Larga ela agora mesmo. Ela tem que saber subir escada sozinha. Uma modelo não pode viver se apoiando nos outros.”

“Mas mãe, ela está sem força, ela está com fome, a barriga dela está vazia…”

“É exatamente essa a intenção. Modelos muitas vezes não podem comer antes do desfile, senão a barriga incha. Sofia precisa aprender a tirar força, mesmo sem se alimentar. É isso que faz uma verdadeira profissional. Você consegue, meu amor. Vai! Eu confio em você.”

Sofia, exausta e tonta, reuniu o que restava de energia e começou a subir, degrau por degrau.

Mais tarde, no quarto, Enzo entrou devagar. “Está tudo bem, Sofie?”

“Não está, Enzo. Eu estou péssima. Minha barriga está gritando por comida. Eu não sei até quando vou aguentar.”

Foi então que Enzo tirou algo do bolso. Na palma da mão, ele segurava uma maçã vermelha brilhante. “Olha o que eu peguei na cozinha. Eu disse para a mamãe que ainda estava com fome, que era para mim, mas é sua.”

Os olhos de Sofia se arregalaram. O medo veio junto com a vontade de comer. “E se ela descobrir, Enzo?”

“Ela não vai descobrir,” disse ele com firmeza. “Eu prometo, vai ficar tudo bem.”

Sofia pegou a maçã com as mãos trêmulas e deu a primeira mordida. O sabor explodiu em sua boca. Era doce, refrescante, suculento. A sensação indescritível de alimento. Ela fechou os olhos, saboreando cada segundo. Enzo observava em silêncio, um sorriso leve no rosto.

“A gente vai dar um jeito em tudo isso, Sofie, pelo menos até o papai voltar. Eu sei que quando ele voltar de vez vai acabar com essa mania de dieta da mamãe. Vai consertar tudo.”

O dia seguinte, o dia do desfile, chegou.

Quando os organizadores chamaram seu nome, Sofia entrou na passarela. Mas assim que deu os primeiros passos, o que se seguiu não foi encantamento, mas espanto. Os olhares dos jurados se encheram de choque. A menina estava magra demais. O corpo parecia desnutrido, a pele pálida, a silhueta fina demais. Apesar de tentar caminhar com graça, era visível que seus movimentos eram pesados, desequilibrados.

Após o desfile, Fabrício, um dos organizadores e agente de modelos experiente, aproximou-se de Tamires com o semblante sério.

“Fabrício, eu sabia que você ia gostar da minha filha. Ela é perfeita, né? Desfilou lindamente, uma verdadeira estrela!” Tamires sorria, a empolgação ofuscante.

Fabrício respirou fundo, tentando ser direto. “Tamires, a sua filha não foi classificada para a próxima etapa.”

O sorriso da mulher se desfez. “Como assim ela não foi classificada? Isso é um absurdo! Ela é perfeita, a melhor de todas!”

“Eu sei que é difícil, mas os jurados foram unânimes. Tamires, sua filha não se encaixa no perfil que estamos buscando.”

“O corpo dela não está adequado ao que buscamos,” respondeu ele, finalmente.

Tamires o interrompeu bruscamente. “Eu sei, ela ainda precisa emagrecer mais um pouco. Eu estou cuidando disso. Eu juro, ela vai estar perfeita na próxima etapa!”

Fabrício suspirou, buscando as palavras certas. “Não, Tamires, não é isso que estou dizendo… Por tudo o que vivemos, eu vou dar um jeito de encaixar a Sofia entre as classificadas. A segunda etapa é em duas semanas. Mas escuta bem: para que a Sofia tenha qualquer chance, ela precisa engordar um pouco. O estado dela hoje preocupou o júri. Não é saudável, Tamires.

Tamires congelou. “Engordar um pouco? Não, ele quis dizer emagrecer mais um pouco. Claro, só pode ser isso.”

Ela balançou a cabeça, convencendo-se de uma verdade distorcida. Fabrício se afastou, sem imaginar que suas palavras tinham sido deturpadas.

As duas semanas seguintes foram de terror. Enzo continuou sua operação secreta, pegando frutas, bolachas, lascas de carne. Ele dividia tudo, custasse o que custasse. E custava caro: ele já não treinava com a mesma energia, e seus tempos na natação pioravam.

Já Sofia, embora ainda fraca, absorvia cada caloria como ouro. Para Tamires, porém, o peso da filha continuava “subindo” (o que a mãe via como “gordura”) apesar da dieta de água. Enfurecida, ela aumentou a crueldade.

Enzo passou a ser forçado a comer em excesso, recebendo porções enormes para “melhorar o desempenho”. Sofia só podia beber 500 ml de água por dia. Nenhum alimento, nenhuma fruta. A situação estava insustentável.

Depois de mais um treino exaustivo, Tamires colocou um prato imenso de comida para Enzo, quase o dobro do normal. Para Sofia, apenas meio copo de água.

“Você vai ter que reduzir ainda mais a ingestão de água. Seu corpo está retendo líquido, está ficando cada vez mais gorda. Isso precisa ser controlado,” disse ela à filha.

Tamires se virou para o banheiro, esquecendo o celular na mesa.

Enzo não perdeu tempo. Pegou uma coxinha de frango do próprio prato junto com o copo de suco e os entregou à irmã com urgência. “Come logo, Sofie. Bebe também rápido.”

Mas, antes que Sofia pudesse dar a primeira mordida, Tamires reapareceu. A cena que encontrou a paralisou: Sofia com a coxinha na mão e Enzo com o prato menor, observando-a com cumplicidade.

“Mas o que é isso? O que vocês estão fazendo?!”, a voz dela aumentou, furiosa, transtornada. “Vocês estão estragando tudo! É por isso que está tudo dando errado! Vocês desobedeceram! Vocês quebraram as regras!”

Sofia largou a comida. Enzo se colocou à frente da irmã. “Mãe, não grita assim. A gente só…”

“Desde quando isso está acontecendo?!”, berrou Tamires.

“Desde um dia antes do desfile da Sofia. Eu dei uma maçã para a Sofia. Mãe, ela estava tão fraca, a senhora não estava vendo! Ela ainda está, mas está melhorando com o pouco que está comendo!”

“É por isso! É por isso que o Fabrício disse aquilo! É por isso que a Sofia foi chamada de gorda! É por isso que seu desempenho nos treinos estão péssimos, Enzo! Porque vocês estragaram tudo!”

“Você não está melhor!”, gritou Tamires, interrompendo Sofia. “Você está obesa, completamente gorda!” Ela se virou para Enzo, os olhos em chamas. “E você, olha para você, está só o osso fraco! Por que não comeu o suficiente para render nos treinos? Vocês acabaram com tudo!”

No meio da gritaria, o telefone da casa tocou. Camilo.

Tamires congelou, mas rapidamente se recompôs. Virou-se para os filhos com o rosto já alterado, tentando esconder a fúria. “Vocês dois vão ficar quietos. Não abram a boca. Se falarem qualquer coisa para o pai de vocês, vai ser pior, muito pior.”

Ela atendeu. “Oi, amor. Tudo bem por aí?”

Antes que Tamires pudesse dar qualquer resposta, os dois irmãos começaram a gritar quase em uníssono, desesperados.

“Pai, me ajuda, por favor! A gente não está bem! Ela está fazendo a gente sofrer! Pai, me escuta!”

Tamires congelou. Num gesto brusco, desligou o telefone. A ligação foi encerrada. Com os olhos arregalados, ela se virou para os filhos. “Vocês ficaram loucos!”

O telefone começou a tocar novamente. Tamires olhou para o visor, mas não atendeu de imediato. Fixou os olhos nos filhos. “Vocês entenderam? Entenderam?” Ambos assentiram, apavorados.

Só então ela atendeu, forçando a voz doce. “Oi, amor. Desculpa, a ligação caiu…”

Camilo não perdeu tempo. “Caiu? As crianças começaram a gritar! Tamires, o que está acontecendo aí? Por que estavam desesperados? O que fizeram com eles?”

Ela colocou o celular no viva-voz, olhando diretamente para os gêmeos. “Amor, por favor, calma. Eles só estavam fazendo uma brincadeira. Você sabe como são. Brincadeiras de mau gosto, não é mesmo, crianças?”

Mesmo com receio, Enzo e Sofia sussurraram: “Sim, era só uma brincadeira.”

Camilo tentou escutar a verdade, mas o olhar de Tamires era como uma lâmina. Ele nada pôde fazer.

Assim que desligou, Tamires se virou para os filhos. “Eu nunca fui ruim com vocês, mas acho que está na hora de mudar isso. Vocês precisam aprender como a vida funciona.”

Ela criou uma nova dieta: Sofia só podia beber 500 ml de água por dia. Nada mais. Enzo, por outro lado, era forçado a comer em excesso e nadar por quilômetros. A situação era completamente insustentável.

E finalmente o dia chegou, o dia do desfile e do campeonato. Tamires subiu Sofia na balança. A menina estava esquelética, frágil, mas a mãe sorriu, encantada. “Agora sim, minha filha. Agora você está perfeita, magra do jeito que uma modelo tem que ser, a mais linda de todas.”

Ela olhou para os dois, os olhos marejados de emoção. “Meus dois amores, hoje é o começo de tudo.”

Ao chegar ao estádio, desligou o carro e ordenou: “Vamos, crianças! Chegou a hora, saiam do carro!”

Mas no exato instante em que Sofia tentou se levantar, seu corpo não reagiu. Ela caiu no chão. Enzo, que também tentava descer, cambaleou e caiu ao lado da irmã, gemendo alto, a mão agarrada ao estômago.

“Levantem!”, gritou Tamires, impaciente. Ela ainda achava que era fraqueza momentânea.

Foi então que ela ouviu uma voz forte e conhecida: “Tamires!”

Camilo vinha correndo. Ele havia sentido que algo estava errado, pediu licença do trabalho e voltara. O homem parou. Seu olhar encontrou a realidade que o coração dele tanto temia.

Sofia estava estendida no chão, quase sem forças. Enzo, ao lado dela, chorava de dor, com a barriga inchada.

“Meu Deus! O que aconteceu com os nossos filhos?”, sussurrou Camilo, em desespero.

Tamires ainda tentou sorrir. “Eles estão bem, amor. Só estão um pouco cansados.”

“Cala a boca, Tamires! Você ficou louca? Eles precisam de ajuda. Precisam de um médico agora! Eles têm que ir para o hospital!”

Camilo colocou os dois filhos no carro e deu partida, dirigindo rápido, o coração batendo como nunca.

No hospital, os primeiros olhares dos médicos bastaram para compreender a situação. Levaram Sofia e Enzo direto para a UTI.

Camilo se abaixou, os punhos cerrados. “O que você fez? O que você fez com os nossos filhos?”

Tamires não conseguia responder. Apenas olhou para o vidro da UTI. Ali estavam seus dois filhos ligados a aparelhos. A visão distorcida que ela alimentou por tanto tempo começou a se despedaçar. Ela viu a menina raquítica, sem cor, sem força, e o menino exausto.

As lágrimas começaram a cair, e ela desabou de joelhos no chão. “Me perdoa,” disse, quase sem voz. “Eu… eu estava fora de mim.”

O médico apareceu. “Seu filho está bem. Ele teve um quadro de exaustão e sobrecarga alimentar, mas já está se estabilizando. Mas sua filha, a situação é mais grave. Ela desenvolveu uma arritmia cardíaca severa, causada pelo longo período de jejum e desnutrição. O coração dela está extremamente frágil. Se não encontrarmos um doador urgente, ela pode não resistir.

Naquele momento, o mundo de Tamires colapsou. Como podia ter feito aquilo?

Ela correu para a UTI. Uma enfermeira tentou impedi-la, mas ela ignorou. Ajoelhou-se ao lado da cama de Sofia, segurou a mão gelada da filha e, entre soluços, falou: “Meu amor, eu só queria o seu bem. Me perdoa, por favor, me perdoa.”

A dor tomou conta de todo o seu corpo. No instante em que o médico entrou na sala, aquela mãe levou a mão ao peito. Seus olhos se arregalaram. Uma dor profunda e inexplicável atravessou o seu coração. Em poucos segundos, ela caiu no chão. O infarto foi fulminante. Tamires não resistiu.

No entanto, apesar do infarto, seu coração ainda batia. Os exames confirmaram uma morte encefálica. Ela havia partido, mas seu coração permanecia vivo.

Naquele mesmo instante, o estado de Sofia se agravou drasticamente. O monitor apitou. O doutor, olhando para Tamires no outro leito, compreendeu o que o destino havia preparado.

O tempo passou. Sofia, agora saudável, com o rosto corado e os olhos brilhando, desfilava. Usava um vestido rosado que esvoaçava com o vento. Quando foi anunciada como vencedora, ela sorriu, levou a mão ao peito e disse emocionada: “É para você, mãe.”

Ali batia o coração de Tamires, agora em seu peito, dando-lhe vida.

Sofia perdoou Tamires. Enzo tornou-se um grande atleta, medalhista olímpico. Antes de cada competição, fazia uma oração silenciosa por sua mãe. Camilo, consumido pela culpa de não ter percebido a gravidade da situação, deixou o emprego e voltou definitivamente para o Brasil, onde criou os filhos com carinho e presença.

Tamires, do outro lado do paraíso, ao ver a família reunida, em paz e feliz, encontrou enfim a paz. No fim, ela se foi para que a filha pudesse viver, e seu coração tornou-se o lar do perdão.

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