Willa Blaine estava na pequena igreja, diante do altar, vestida com um vestido que já tinha visto dias melhores. Mas Sterling Maddox não estava olhando para as bordas rasgadas ou o tecido desbotado. Seus olhos estavam fixos em algo muito mais importante, algo que fazia as mãos do rancheiro de 80 anos tremerem enquanto ele tirava algo do bolso de seu colete. O pregador, aguardando ansiosamente, limpava a garganta, mas Sterling parecia congelado. Will Blaine, que não imaginava que um casamento forçado pudesse ser tão… confuso, jamais esperaria que seu novo marido, naquele momento tão importante, tirasse uma fotografia e olhasse para ela com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Todo o vilarejo estava ali, esperando pelo que pensavam ser apenas mais uma transação. Otis Caldwell, irmão de Willa, havia sido claro: a família estava se afundando em dívidas e este casamento era a única saída. Willa tinha 19 anos, nunca fora cortejada, nunca recebera um beijo. Agora, ali estava, se unindo a um homem que poderia ser seu bisavô. Os sussurros começaram, como um eco. “Pobre garota. O que ela podia fazer?”, diziam. “Pelo menos ele tem dinheiro.”
Mas enquanto Sterling observava aquela fotografia com uma emoção palpável, algo começou a mudar na pequena igreja de madeira. Willa notava que a expressão de Sterling não refletia apenas um homem que comprava uma esposa, mas alguém que parecia perdido, alguém quebrado. Quando o pregador fez a pergunta, a resposta de Sterling saiu de seus lábios, quase imperceptível: “Eu aceito.” Sua voz falhou, como a de um jovem, e não a de um homem idoso.
Will, atenta, observou o rosto de Sterling pela primeira vez. Por baixo da pele enrugada e dos bigodes grisalhos, ela viu algo inesperado: bondade, talvez até gentileza. Quando chegou a vez de Willa, sua voz mal foi ouvida, quase um sussurro. “Eu aceito.” Ela sentiu que as palavras não eram tão amargas quanto imaginara.
Sterling colocou o anel de casamento em seu dedo com um cuidado surpreendente. Suas mãos não estavam ásperas como ela esperava de um rancheiro, mas sim suaves, como se ele não tivesse feito trabalho pesado há anos. O anel era belo, mais elegante do que qualquer joia que Willa já usara. Brilhava à luz que se filtrava pelas janelas da igreja, parecendo pequenas estrelas.
Quando caminharam pelo corredor juntos, Willa notou a maneira cautelosa como Sterling se movia, não como um homem que tomava posse de sua conquista, mas como alguém que aproximava algo precioso e frágil. Ele ofereceu o braço, mas não o forçou. Cumprimentava as pessoas do vilarejo com um aceno educado, mas olhava para Willa constantemente, como se quisesse ter certeza de que ela estava confortável.
Do lado de fora da igreja, a carruagem de Sterling a aguardava. Estava limpa, bem cuidada, puxada por dois cavalos com aparência dócil. Ele a ajudou a subir com o mesmo cuidado com que a havia ajudado no altar. Quando Willa se acomodou, ela o viu olhando para a fotografia novamente. Desta vez, ela conseguiu enxergar claramente a imagem. Era uma foto de uma jovem mulher que se parecia muito com ela: mesmo cabelo escuro, mesma delicadeza nos traços, os mesmos olhos grandes. Mas o sorriso na foto era algo que Willa nunca vira em seu próprio reflexo – um sorriso de quem se sente amada.
“Quem é ela?” Willa perguntou baixinho.
Sterling apertou os dedos ao redor da fotografia, e quando olhou para Willa, seus olhos carregavam segredos que poderiam mudar tudo o que ela pensava saber sobre esse casamento. Sem dizer nada, ele guardou a foto de volta no colete e o silêncio tomou conta da carruagem. A cada giro das rodas, Willa se afastava de tudo o que conhecia. Ela observava o perfil de Sterling, notando como sua mandíbula se movia, como se ele estivesse mastigando palavras que não conseguia engolir.
“Minha primeira esposa,” ele finalmente disse, tão baixo que ela quase não ouviu. “Margaret. Ela teria sua idade quando essa foto foi tirada.” Um calafrio percorreu a espinha de Willa. “Ela… morreu ao dar à luz, há 23 anos. A criança também.”
Os pedaços começaram a se encaixar, fazendo o estômago de Willa virar. Ela não era uma esposa para aquele homem. Era uma substituta, uma maneira de ele fingir que os últimos 40 anos não haviam acontecido. “Foi por isso que me escolheu,” Willa disse com amargor. “Porque eu me pareço com ela.”
Sterling apertou as mãos, mas não negou. Em vez disso, ele fez algo que pegou Willa de surpresa: ele riu. Não de alegria, mas de amargura. “Você acha que eu te escolhi? Não, garota, eu não fiz uma escolha há 20 anos. Seu irmão veio até mim com suas dívidas, sua desesperança, e eu vi o rosto de Margaret em você. Achei que… talvez,” ele parou, percebendo que estava se abrindo demais, “talvez eu conseguisse parar de ver o fantasma dela por onde eu olhasse.”
Essa honestidade pegou Willa de surpresa. Ela não o via mais como um homem calculista, mas como alguém preso em suas circunstâncias, assim como ela, apenas de uma maneira diferente.
Ao se aproximarem da propriedade de Sterling, Willa ficou sem palavras. Não era uma casa modesta como ela imaginara. O rancho se estendia por uma grande área, pastagens onduladas com gado, uma casa principal que mais parecia uma mansão e dezenas de trabalhadores ocupados. “Quanto dinheiro você tem?” ela perguntou sem pensar.
A resposta de Sterling foi amarga. “O suficiente para comprar tudo, menos uma coisa: o que eu realmente quero.”
Antes que Willa pudesse perguntar o que era, uma mulher apareceu na porta da casa. Ela tinha cerca de 60 anos, cabelo grisalho preso com severidade, e uma roupa que mais parecia prática do que elegante. Seu olhar parecia atravessar Willa, repleto de desaprovação.
“Essa é a Sra. Patterson,” explicou Sterling com um tom neutro. “Minha governanta. Ela está comigo desde que Margaret morreu.”
A tensão entre Willa e a Sra. Patterson era palpável. Quando a mulher viu Willa, a hostilidade era tão forte que parecia um golpe. “Então, você é a substituta,” a governanta disse, sua voz cortante.
Willa percebeu que algo estava errado com a situação. Ela não estava sendo apenas comprada. Estava entrando em uma casa cheia de fantasmas – o de Margaret e o de uma mulher chamada Elena. E mais segredos estavam prestes a vir à tona.
A verdade começou a se desdobrar quando um advogado apareceu e revelou segredos sobre o passado de Sterling, Margaret e até da própria Sra. Patterson. Mas a grande revelação foi o que Margaret havia deixado para trás, sem que ninguém soubesse – e que agora, todos precisariam lidar com as consequências.
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A história de Willa e Sterling começou como uma simples troca, mas logo se transformou em algo muito mais complexo: um caminho de descobertas, lutas internas e, eventualmente, a chance de recomeçar para todos eles.