Ataque bolsonaristas a Lula fracassa e CPMI do INSS fecha o ano com Zema convocado para depor

A CPMI do INSS caminha para o fim do ano, mas a tensão política em Brasília está longe de esfriar. Em vez disso, a comissão se transformou em um verdadeiro campo de batalha entre governo e oposição. O que deveria ser um espaço dedicado a apurar uma das maiores fraudes previdenciárias da história recente virou, nas últimas semanas, um palco para discursos inflamados, acusações sem provas, bate-bocas constrangedores e tentativas explícitas da direita bolsonarista de transformar a investigação em arma política contra o presidente Lula e sua família.
Só que nada saiu como a oposição esperava.
O ataque desmoronou.
E, ironicamente, quem terminou convocado para depor — após intensa resistência — foi o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
O revés que incendiou a oposição
Na semana passada, a oposição sofreu uma derrota amarga ao ver naufragar mais um requerimento que tentava puxar para a linha de tiro nomes como Jorge Messias, advogado-geral da União e recém indicado para o STF, e Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.
A rejeição do pedido provocou a fúria imediata dos parlamentares bolsonaristas, que passaram a gritar, interromper fala de colegas, distorcer informações e criar cenários fantasiosos em um esforço desesperado para manter viva a narrativa de que a família do presidente teria envolvimento com as fraudes.
O ambiente na comissão rapidamente descambou para o caos. Parlamentares trocavam acusações de “mentira”, “canalhice”, “hipocrisia”. Em determinado momento, a confusão tomou proporções tão grandes que até Sérgio Moro virou alvo no meio do bate-boca.
A oposição insiste, mas provas… continuam ausentes
Um dos discursos mais inflamados veio de deputados que repetiam, sem qualquer comprovação, que o filho de Lula receberia R$ 300 mil por mês, além de supostos R$ 25 milhões citados em blogs obscuros. As falas foram prontamente rebatidas como falsas.
Entre interrupções e pedidos de ordem, o cenário parecia mais um reality show político do que uma sessão parlamentar. O presidente da comissão precisou intervir diversas vezes enquanto frases como “Não pode mentir aqui!”, “Cadê as provas?”, “Mentira, canalhas!” ecoavam pelo plenário.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) trouxe um dos momentos mais marcantes do embate quando, olhando diretamente para Sérgio Moro, disparou:
— “Primeiro falaram que Lula tinha bens, que tinha isso e aquilo, e quem levou isso adiante foi um ex-juiz que depois ficou conhecido como ex-juiz ladrão… O presidente Lula foi inocentado, governa o Brasil, e agora querem usar uma CPMI que era pra ser séria para falar mentiras da família dele. Cadê as provas?”
A cada minuto, o clima esquentava.
A oposição insistia.
O governo rebatia.
Mas uma coisa permanecia igual: nenhuma prova aparecia.
O momento cômico — e constrangedor — da “fuga para a Lua”
Em meio às acusações sem fundamento, Rogério Correia voltou ao microfone para ironizar a enxurrada de teorias fantasiosas que a oposição vinha tentando empurrar.
Ele comparou a situação com um episódio de ficção científica:
— “Vou apresentar um requerimento para investigar se Jair Bolsonaro queria embarcar no Artemis 2 para ficar 50 anos orbitando a Lua e fugir da prisão!”
A declaração arrancou risadas e deixou a oposição ainda mais irritada, mas expôs o ponto central:
a CPMI estava sendo sufocada por delírios, não por fatos.
A frustração final: convocação de Messias cai
A tentativa de convocar Jorge Messias também não prosperou. Segundo a senadora Elisiane Gama, a iniciativa era tão artificial e tão politizada que se tornou evidente a tentativa de criar turbulência em torno de sua indicação ao STF.
Ela foi categórica:
— “De todas as convocações apresentadas, esta é a mais provocadora e fora de nexo.”
E ainda desmontou a justificativa da oposição:
— “O relatório citado não fala de fraude. Refere-se apenas ao aumento de ações previdenciárias. Não há ligação com Messias.”
Mais uma vez, o discurso oposicionista caiu por terra.
Mais uma vez, faltaram provas.
Eis que surge o nome que realmente preocupa: Romeu Zema

Se de um lado a oposição fracassava nas suas investidas, do outro a base governista encaixou um golpe direto: a convocação de Romeu Zema foi aprovada.
O governador mineiro, que tentou evitar o depoimento enviando um ofício pedindo dispensa, se viu no centro de uma teia de questionamentos envolvendo a Financeira Zema, empresa da sua família com 100% das ações divididas entre pai, irmão e irmã — e da qual ele próprio já foi diretor-presidente.
A base do governo apresentou dados que chamaram a atenção:
Zema deixou a diretoria da financeira logo após as eleições de 2018.
A empresa, porém, continuou operando normalmente.
Quatro anos depois, a financeira estaria envolvida em operações de crédito consignado para beneficiários do BPC e do Auxílio Brasil.
Reclamações e denúncias sobre essas operações aumentaram significativamente.
A pergunta que paira agora é direta:
Zema participou — direta ou indiretamente — das negociações que envolveram consignados nos anos do governo Bolsonaro?
Essa é a resposta que a CPMI quer ouvir — e que Zema terá dificuldade de contornar.
As prisões e os depoimentos que abalaram a semana
A semana ainda trouxe dois momentos cruciais:
1. A prisão de Jucimar Fonseca da Silva
O ex-coordenador do INSS acabou preso em flagrante após mentir sobre sua própria convocação e não fornecer datas corretas ao ser questionado pelo Ministério Público.
A ordem foi seca e contundente:
— “O senhor está preso por calar a verdade.”
O impacto foi imediato. A prisão reforçou o clima de gravidade das investigações e mostrou que a CPMI estava disposta a agir duramente quando confrontada com mentiras comprovadas.
2. O silêncio milionário de Américo Monte Júnior
Presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios, Américo Monte Júnior compareceu sob habeas corpus e permaneceu em silêncio.
Mas sua trajetória financeira foi exposta pela base governista: de beneficiário de auxílio emergencial em 2020–2021 para dono de um patrimônio milionário em tempo recorde.
Um dos parlamentares resumiu:
— “Se eu visse o senhor na rua, pensaria que é um empresário de sucesso. Mas conhecendo sua vida financeira… é outra história.”
O pano de fundo: a fraude bilionária que precisa ser esclarecida
Enquanto a oposição tenta transformar a CPMI em instrumento político, uma questão central continua: uma fraude que pode chegar a bilhões de reais prejudicou aposentados, idosos e beneficiários vulneráveis.
A sociedade espera respostas.
A comissão precisa apresentar resultados concretos.
E o tempo está se esgotando.
Conclusão: o ano termina com a narrativa da oposição em ruínas
O saldo político das últimas semanas é evidente:
A oposição tentou, repetiu, gritou, provocou — e fracassou.
Nenhuma prova contra Lula ou sua família apareceu.
A convocação de Zema virou o grande fato da semana.
Prisões e depoimentos aumentaram a pressão sobre nomes ligados ao período Bolsonaro.
A CPMI encerra o ano mais quente do que começou — e com perguntas que agora apontam para Minas Gerais, não para o Palácio do Planalto.
Se o objetivo da direita era transformar a CPMI em arma contra Lula, o efeito foi o oposto:
o tiro saiu pela culatra, espetacularmente.