GOLPE DOMÉSTICO! DA CADEIA BOLSONARO LANÇA FILHOTE! DIREITA EM PANE! EXPLORAÇÃO DA FÉ VEM COM TUDO!

A sexta-feira mal tinha começado e já prometia ser daquelas que viram manchete internacional. Enquanto metade do planeta olhava ansiosa para o sorteio dos grupos da Copa do Mundo, a outra metade prendia a respiração observando o terremoto político provocado por um anúncio vindo diretamente da penitenciária: Jair Messias Bolsonaro, o ex-presidente presidiário, finalmente decidiu quem carregará o estandarte da família na corrida presidencial de 2026. E, como não poderia deixar de ser, o impacto foi imediato — no mercado financeiro, na classe política e, claro, no humor do brasileiro que já não aguenta mais tanta reviravolta.
A revelação caiu como uma bomba: Flávio Bolsonaro, o senador que há anos tenta escapar da própria biografia, foi oficialmente apresentado como o “herdeiro político” do pai. Uma escolha que muitos consideravam improvável, outros tratavam como piada — e poucos, pouquíssimos, levavam realmente a sério. Mas o fato é que, diante do anúncio, o dólar disparou, a bolsa despencou e a direita entrou numa espécie de combustão interna, algo entre pânico e negação.
O mercado, que vinha apostando firmemente em uma chapa liderada por Tarcísio de Freitas, sofreu um abalo daqueles de deixar operador de home broker suando frio. Analistas e investidores, acostumados a lidar com instabilidade, não escondiam a perplexidade: quem apostava em “direita racional” viu o castelo ruir em segundos. O Ibovespa engoliu um tombo de 4%, o dólar subiu mais de 2%, e a sensação geral foi de que o país tinha voltado no tempo — exatamente para aquela atmosfera tensa, imprevisível e emocionalmente desgastante que marcou o ciclo bolsonarista.
Enquanto isso, Flávio Bolsonaro corria para postar nas redes sociais a mensagem que desagradou gregos, troianos e boa parte dos próprios aliados:
“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil.”
A frase, além de servir de gatilho para a militância, também gerou gargalhadas, indignação e incontáveis memes. Afinal, qualquer pessoa que acompanha os noticiários — ou que simplesmente vive no Brasil — sabe que a “liderança moral” de Bolsonaro não existe nem mesmo no universo paralelo de seus seguidores mais fanáticos.
A DIREITA RASGA O PRÓPRIO MAPA — E ENTÃO CULPA O GPS
A direita passou anos tentando se reorganizar depois da derrota de 2022, buscando um nome que fosse minimamente viável, não apenas eleitoralmente, mas institucionalmente. Tarcísio era o plano óbvio: perfil técnico, postura controlada, apelo na elite econômica e distância estratégica das polêmicas explosivas do guru-mor da família Bolsonaro.
Mas nada disso importa quando a família decide jogar xadrez usando as regras do dominó.
O anúncio transformou o que já era bagunça em completo pandemônio. Parlamentares do PL ficaram chocados, dirigentes estaduais se revoltaram, e até figuras do bolsonarismo raiz — aquelas que juram fidelidade eterna à família — questionaram se Flávio teria qualquer capacidade real de competir com Lula. Isso sem falar na dificuldade de explicar à opinião pública uma candidatura baseada mais na necessidade de autoproteção jurídica do clã do que em qualquer projeto de país.
O PROJETO DE NAÇÃO QUE NUNCA EXISTIU
Flávio, no entanto, insistiu:
“Darei continuidade ao nosso projeto de nação.”
Qual projeto? O mercado perguntou. A imprensa perguntou. Até alguns apoiadores perguntaram.
Durante quatro anos de governo, qualquer coisa parecida com “projeto” era substituída por discursos vazios de “Deus, Pátria e Família”, utilizados como anestesia moral para justificar incompetência, omissão e, claro, blindagem das investigações sobre rachadinhas, milícias e demais escândalos que rondam o sobrenome Bolsonaro há décadas.
Flávio tenta agora encarnar uma versão pasteurizada do pai — menos gritaria, menos moto, mais pose de estadista — mas tropeça na própria narrativa, já que o governo Bolsonaro não deixou legado estrutural em absolutamente nenhuma área. Nada em educação, nada em ciência, nada em saúde, nada em infraestrutura. O que deixou, isso sim, foi:
uma pandemia politizada,
uma economia em frangalhos,
uma diplomacia arrasada,
uma tentativa de golpe,
e a herança jurídica que o levou à cadeia.
O RETORNO DA MISTURA TÓXICA: FÉ + POLÍTICA
Quando a retórica racional vacila, entra em cena o velho truque: a exploração religiosa.
Como em todos os momentos de crise do bolsonarismo, Deus é convocado às pressas — como se fosse porta-voz exclusivo da família e só aparecesse quando a urna aperta. Flávio, seguindo a cartilha populista, disse:
“Eu creio em um Deus que não abandona nossa nação.”
E então iniciou uma sequência de referências religiosas que soam não apenas previsíveis, mas estrategicamente manipuladoras. A apropriação da fé foi, desde 2018, o combustível emocional do bolsonarismo. E está de volta — agora ainda mais forte, mais teatral, mais calculada.
Pastores alinhados ao clã, que vinham mantendo certa discrição, já começaram a reaparecer, preparando o terreno para 2026. Lives, vídeos curtos, pregações emocionadas — tudo indicando que, para a família, conquistar votos pela fé continua sendo o método preferido. Não custa lembrar: nenhuma liderança religiosa séria aprova essa contaminação entre púlpito e palanque. Mas a máquina do populismo evangélico, essa sim, parece estar sendo religada com força total.
TENSÃO COM O GOVERNO LULA E O EFEITO TRUMP

Tudo isso acontece justamente no momento em que Lula, pragmaticamente, se aproxima de Donald Trump. Biden saiu de cena, Trump voltou ao poder, e a relação entre Brasil e Estados Unidos começa a se reconstruir. Algo que desmonta completamente o discurso da extrema-direita brasileira, que por anos acusou Lula de ser inimigo do Ocidente.
Os encontros recentes entre Trump e Lula, aliados à revisão de sanções, deixaram o bolsonarismo perdido, sem narrativa, sem discurso unificado. E agora, com Flávio como candidato, a confusão aumenta ainda mais.
Quem será o aliado internacional da campanha bolsonarista?
Trump, certamente, não.
Israel, menos ainda.
A Europa? Esqueça.
Sobra quem? O ecossistema digital do ódio — o único território onde o clã ainda reina.
FLÁVIO PROMETE SALVAR O BRASIL — DO PRÓPRIO LEGADO DA FAMÍLIA
No discurso de pré-lançamento, Flávio prometeu resgatar o Brasil da “instabilidade, insegurança e desânimo”. Um trecho que gerou indignação, porque qualquer pessoa com memória sabe: foi o governo Bolsonaro quem produziu instabilidade, insegurança e desânimo — em doses industriais.
Agora, porém, Flávio tenta pintar o Brasil atual como um cenário de caos absoluto. Ignora os índices positivos de emprego, inflação e investimento. Ignora o aquecimento econômico. Ignora até mesmo o fato de que nunca houve tantas famílias fora da pobreza quanto agora.
A estratégia é clara: negar fatos e apostar no medo.
TUDO ISSO PARA QUÊ? PARA QUEM?
Especialistas apontam que a candidatura de Flávio tem menos a ver com o futuro do Brasil e mais com a sobrevivência jurídica da família Bolsonaro. Com Jair preso, Carlos sob investigação permanente e Eduardo tentando manter influência internacional, Flávio surge como a última peça capaz de proteger o clã de forma institucional.
Se ganhar, salva a família.
Se perder, ao menos empurra processos, atrasa julgamentos, atrapalha delações.
E A DIREITA? ESSA, MEU AMIGO… TÁ EM PANE
Sem liderança clara, sem projeto, sem unidade e agora com um “filhote político” lançado direto da cadeia, a direita brasileira mergulha num dos seus momentos mais delicados desde 2014.
O risco para eles é enorme:
Se Flávio for candidato, divide a direita.
Se desistir no meio do caminho, implodirá o discurso messiânico.
Se insistir, pode arrastar o PL inteiro para a irrelevância.
Se estiver sendo usado apenas como “cortina de fumaça”, a base pode se revoltar.
ENQUANTO ISSO, O BRASIL SEGUE… OLHANDO, ANALISANDO E RINDO DE NERVOSO
A sensação geral do país é a mesma de sempre diante das crises do bolsonarismo:
um misto de indignação, perplexidade e ironia involuntária.
Flávio promete “abrir portas, derrubar muralhas e guiar o povo”.
Mas o que a maioria quer saber é:
portas de quê? muralhas de onde? guiar para onde?
Enquanto os economistas torcem para que a poeira baixe, o eleitor comum segue tentando entender como um país tão jovem consegue viver tantos episódios dignos de roteiro cinematográfico.
E o mais impressionante?
No bolsonarismo, a realidade sempre consegue superar a ficção.