Maya Win estava na 15ª fila, cercada por uma multidão de pessoas vestindo ternos caros e perfumes luxuosos. A conferência nacional de educação, realizada em um hotel cinco estrelas, não era exatamente o tipo de evento para uma professora do ensino fundamental como ela, que mal conseguia cobrir as despesas básicas com seu salário. Mas os doces gratuitos do buffet e os sucos de frutas cintilantes sob os lustres de cristal a atraíram. “Considere isso um dia de folga”, disse a si mesma enquanto mordia o bolo de maracujá. A grande sala estava repleta de discursos longos de acadêmicos e patrocinadores corporativos, enquanto painéis digitais exibiam gráficos e dados sobre o estado da educação. Maya, distraída, anotava algumas ideias para o plano de aula da próxima semana, mas sua atenção sempre se desviava para o homem sentado na primeira fila, Julian West.
Ele era um bilionário da tecnologia, conhecido por seu olhar afiado e comportamento frio. Ele era o principal patrocinador do evento e o homem por trás de um programa de bolsas de estudo multimilionário para estudantes carentes. Para Maya, porém, ele era apenas mais um homem rico, provavelmente alguém que nunca havia pisado em uma escola pública real.
Quando a moderadora, uma mulher de meia-idade em um terno azul-marinho, perguntou: “Algum professor aqui tem algo a dizer sobre os programas de bolsas patrocinados pelas empresas?”, Maya levantou a mão. Não porque quisesse chamar atenção, mas porque seu terceiro copo de suco de laranja a deixou um pouco ousada. Ela se levantou, o vestido maxi bege ligeiramente amassado, e falou com uma voz calma, mas firme. “Bolsas de estudo são ótimas. Agradecemos pela generosidade. Mas parece que estamos ensinando os alunos a trabalhar duro para que os ricos lhes concedam oportunidades, em vez de ajudá-los a se sustentar. O que precisamos é de um sistema educacional equitativo, não de caridade.”
A sala inteira congelou. Algumas pessoas tossiram. A câmera de transmissão ao vivo, que estava filmando para um canal de notícias local, mudou de ângulo. A moderadora deu um sorriso contido, murmurando algo sobre perspectivas diversas. Mas tudo o que Maya podia ver era o olhar de Julian West fixo nela da primeira fila. Não com raiva, nem de forma condescendente, mas com curiosidade. Uma curiosidade fria, como se ela fosse uma equação que ele não conseguia resolver.
Julian West não estava acostumado a ser pego de surpresa. Aos 34 anos, ele havia construído um império tecnológico de bilhões de dólares e comandava tudo com a precisão de uma máquina. Emoções, ele as considerava um luxo, e um luxo desnecessário. Mas hoje, a garota com cabelo bagunçado e uma voz cheia de convicção havia distraído sua mente. Naquela noite, de volta ao seu escritório, ele não conseguia se concentrar no trabalho. Sua imagem se repetia em sua mente: aqueles olhos brilhantes, a voz que era suave, mas firme, e a maneira como ela se manteve ereta diante de centenas de olhares críticos.
Uma semana depois, ele ainda não conseguia tirá-la da cabeça. Mandou seu assistente, James, investigar mais sobre ela. 24 horas depois, James lhe entregou um relatório completo. Maya Wyn, 28 anos, professora do ensino fundamental em uma escola pública nos subúrbios. Seu pai, um viciado em jogo, deixara uma dívida de dezenas de milhares. Sua mãe a abandonara quando era pequena. Ela tentou adotar uma criança, mas foi rejeitada devido à instabilidade financeira. Uma mulher que ainda sonhava em ser mãe, mesmo quando o mundo lhe virara as costas. Julian fechou seu laptop, sentindo uma pressão no peito, uma sensação estranha e desconfortável.
No dia seguinte, ele foi visitar a escola de Maya, sob o pretexto de inspecionar o programa de apoio educacional financiado pela sua empresa. A escola era velha, com paredes descascadas e um playground empoeirado, um contraste gritante com o seu mundo de arranha-céus de vidro e aço polido. Ele ficou no corredor olhando pela janela da sala de aula. Maya estava contando uma história para seus alunos, sua voz animada, mãos desenhando círculos no ar. Um menino riu alto e ela bagunçou seu cabelo, seu sorriso mais brilhante que a luz do sol entrando pela janela.
Durante o recreio, um jovem professor de camisa azul entrou e entregou a ela um doce embrulhado em papel alumínio. “Maya, pega um doce. Não deixa as crianças te desgastarem”, disse ele, os olhos brilhando mais do que um simples colega deveria. Maya sorriu e agradeceu, colocando o doce no bolso. Julian sentiu seu peito apertar, como se alguém tivesse apertado seu coração. Ciúmes? Impossível. Ele era Julian West. Um homem sem emoções. Um homem que nem sabia o que era sentir ciúmes. Mas uma coisa estava clara. Ele não queria aquele homem ou qualquer outro perto dela.
Julian fez um plano. Ele não poderia simplesmente dizer: “Eu gosto de você.” A simples ideia o fazia se sentir envergonhado e desconfortável. Mas houve outra conferência de educação no dia seguinte. Ele não planejava ir, mas assim que soube que Maya estaria lá, cancelou uma reunião importante para comparecer. Ele esperou até o último dia da conferência. Maya estava na mesa do buffet, derramando chá em uma xícara de porcelana branca. Ela usava um suéter cinza fino, o cabelo preso em um rabo de cavalo alto, alguns fios caindo sobre a testa. Ele se aproximou, a voz profunda e seca. “Senhorita Wyn.” Ela se virou, levantando uma sobrancelha.
“Ah, senhor West, acabei de destruir mais bilhões de dólares da sua imagem pública?” O meio sorriso dela dificultava para Julian não a olhar fixamente. Ele foi direto ao ponto. “Eu preciso de uma esposa para manter uma imagem estável e fechar um acordo de investimento de 200 milhões de dólares. Você precisa de dinheiro para pagar dívidas, e quer qualificar-se para adotar uma criança.” Ele fez uma pausa, os olhos fixos nos dela. “Eu te ajudo, você me ajuda. Casamento de um ano.” Maya quase deixou o chá cair. Ela piscou, tentando processar o que acabara de ouvir. “Desculpe, isso é uma proposta número? Isso é uma negociação”, respondeu Julian, com a voz calma como se estivesse discutindo preços de ações. Mas por dentro, uma voz gritava: “Não é sobre o acordo. É sobre você porque não consigo parar de pensar em você.”
Maya soltou uma gargalhada, o som ecoando no canto tranquilo do buffet. “Você está falando sério? Vai se casar comigo só por um acordo de negócios?” “Sim”, disse Julian, sem piscar. Ele não podia contar a verdade. Não podia admitir que ela despertara algo nele, algo que ele não entendia e não conseguia controlar. Ela o olhou cuidadosamente, depois deu de ombros. “Tudo bem, eu preciso do dinheiro e quero uma criança, mas não espere que eu te chame de querido ou algo meloso.” Ela apontou para ele, meio brincando, meio séria. “E vou quebrar as suas regras. Isso é garantido.”
Julian assentiu, os lábios curvando-se ligeiramente. Não exatamente um sorriso, mas o suficiente para surpreender Maya. “Pode tentar”, disse ele. “Sou bom em lidar com quebradores de regras.”
A partir desse momento, a vida de Maya se entrelaçou com a de Julian, trazendo desafios, surpresas e um amor que nenhum dos dois esperava encontrar. O contrato se transformou em algo muito mais real.