Ele Seguiu uma Trilha de Sangue até Sua Cabana—Dentro, Ela Sussurrou: ‘Eles Nos Matarão Se Você Contar’… Ele Congelou de Medo

O ano era 1887, e o verão havia se instalado nas vastas planícies como uma fera adormecida, com sua respiração quente e pesada, pressionando a terra até que o ar se tornasse uma miragem. Joseph McGra estava na borda de seu pasto, com as rédeas em uma das mãos e o gosto de poeira na língua, quando o viu pela primeira vez. No começo, ele pensou que era apenas uma linha escura de sombra projetada por uma nuvem passageira. Mas o céu estava limpo, sem nuvens, e a linha era reta demais, muito deliberada.

Ele se agachou, o couro de suas botas rangendo no calor, e sentiu a areia entre os dedos. O sangue, de cor escura, estava secando, mas ainda fresco o suficiente para que as moscas não tivessem chegado. Ele seguiu a trilha com passos lentos e medidos, cada impressão de suas botas arranhando a terra em pó. O canto das cigarras não parava, e o sol impregnava o cheiro de sálvia torrada no ar. Quem quer que tivesse perdido tanto sangue, havia deixado mais do que uma marca. Havia deixado um pedaço de si mesmo na poeira.

A trilha serpenteava entre a grama seca e pedras quebradas, sempre na mesma direção, em direção à sua cabana. A cabana de Joseph estava meio oculta na base de uma colina baixa, suas tábuas de pinho prateadas pelo vento dos anos. Sua mãe, Martha McGra, estava lá dentro, ele podia ouvir o leve ranger da cadeira dela no chão. Mas agora havia algo mais. Uma quietude que não pertencia. Ele ajustou seu peso, uma mão descansando perto da empunhadura de seu revólver, e deu um passo em direção à porta.

As dobradiças rangiam lentamente, relutantes, quando ele empurrou a porta. Dentro, sombras se arrastavam pelos cantos, frescas contra a luz ardente lá fora. Seus olhos levaram um momento para se ajustarem, e quando o fizeram, ele a viu. Uma jovem mulher estava encolhida no canto mais afastado da sala, com as costas pressionadas na parede. Ela era bela, da mesma maneira que uma tempestade é bela. Havia graça nela, mas também algo selvagem e incontrolável. O vestido, outrora azul claro, estava rasgado na barra, manchado de um tom mais escuro perto da manga. No colo dela, um menino pequeno, de cerca de dez anos, encostava-se nela, com o braço envolto por um pedaço de pano escurecido pelo sangue. Duas crianças menores se agarravam aos seus vestidos, uma menina de sete anos com cabelo emaranhado e olhos sérios, e um menino que não devia ter mais que quatro anos, com o rosto enterrado no lado dela.

Os olhos da mulher encontraram os de Joseph e os manteve fixos, grandes e inabaláveis. Seus lábios se abriram, mas a voz que saiu mal foi mais do que uma ameaça de som: “Eles nos matarão se você contar.” Joseph permaneceu onde estava, deixando o silêncio se estender. Seus olhos passaram do rosto dela para as crianças e, em seguida, para o braço do menino mais velho. O sangramento havia diminuído, mas o pano estava apertado demais. Ele se agachou, sem movimentos rápidos, e disse com uma voz tão tranquila quanto o horizonte da pradaria: “Deixe-me ver o braço dele.”

A mulher hesitou, depois soltou a faixa de pano. Joseph desfez o nó com os dedos cuidadosos, o sangue seco estalando nas bordas. O corte era limpo, mas profundo, provavelmente causado por um arame farpado ou uma garrafa quebrada. Ele pegou uma bacia de água da mesa, molhou um pano e limpou o corte sem dizer uma palavra. Ela não se moveu, mas seus olhos seguiam cada movimento, como uma cervo cansada no campo aberto.

Quando o braço estava devidamente enfaixado, Joseph se levantou e atravessou a porta. “Mãe,” chamou ele, sua voz baixa. Pouco depois, Martha McGra apareceu, com os cabelos grisalhos trançados nas costas, o rosto marcado pelos anos de vento e preocupação. Ela deu uma olhada longa na cena e, embora sua testa se franzisse, não disse nada. Ela simplesmente se dirigiu ao armário, retirou o pão e serviu água de um jarro em uma xícara de estanho. As crianças caíram sobre a comida sem hesitar, suas pequenas mãos tremendo. A mulher, Clara, como Joseph soubera mais tarde, só comeu depois que as crianças terminaram, seus olhos varrendo as janelas como se as paredes não fossem suficientes para mantê-la segura.

Quando ela falou novamente, foi para Joseph: “Não podemos ficar. Precisávamos de um lugar para passar a noite. Vou embora pela manhã.” Joseph se encostou na moldura da porta, as tábuas quentes sob a palma de sua mão. “Já está quase anoitecendo. As estradas não são seguras depois do anoitecer.” Não foi uma pergunta, mas uma recusa silenciosa em mandá-los embora. Ela encontrou seus olhos, algo como desafio se acendendo ali. “As estradas não são seguras nem de dia.”

Naquela noite, a cabana parecia diferente. Joseph estava sentado à mesa, com uma lâmpada de óleo lançando um círculo de luz fraca, enquanto sua mãe costurava uma manga rasgada. Fora, a pradaria era um oceano negro, o vento carregando o cheiro de poeira e sálvia distante. No loft acima, a respiração das crianças era desigual, inquieta. Do canto, ele podia ouvir o leve rangido da cama onde Clara estava deitada, acordada. Cada som parecia mais agudo, mais deliberado.

Quando ele finalmente pensou ter visto um movimento fugaz além da janela, saiu, mas encontrou apenas a luz prateada da lua e o sussurro da grama.

De manhã, Joseph selou seu cavalo e foi até a cidade buscar suprimentos. O ar estava mais fresco, a luz suave, mas a tensão em seu peito não diminuía. Quando ele amarrou o cavalo fora da loja geral, dois homens, encostados na varanda, desviarão o olhar. A conversa deles vacilou e um, Tom Weaver, fez um sinal para a porta. “Ouvi dizer que tem companhia lá na sua casa.” Joseph manteve a voz neutra: “Só passando por aqui.” “É mesmo?,” disse Tom com um sorriso forçado, “Curioso, vi Jed Carver ontem, perguntando se alguém viu a irmã dele e os filhos. Disse que ela tinha fugido.”

Mais tarde, de volta à cabana, Clara estava fora, consertando uma camisa na sombra da varanda. Seus dedos se moviam rapidamente, mas Joseph notou o tremor. Sem perguntar, ele se agachou ao seu lado, pegou o tecido e lhe mostrou um ponto mais fácil, suas mãos calejadas movendo-se em um ritmo lento. Seus dedos se tocaram uma vez e ela parou, olhando para ele. Por um breve momento, o medo em seus olhos diminuiu, substituído por algo mais suave. “O braço do seu filho vai sarar bem,” disse Joseph suavemente. Ela sorriu timidamente, mas não chegou a tocar os olhos dela. “Obrigado.”

Naquela noite, Joseph estava na janela novamente, observando a linha das árvores. O vento aumentou, estalando as folhas secas, carregando consigo o som distante do badalar das rédeas de um cavalo na escuridão. Ele não conseguia ver o cavaleiro, mas sabia que alguém estava lá, observando, esperando. Dentro, Clara se movia silenciosamente, acomodando as crianças para a noite. Martha preparava chá, suas mãos firmes, mas o olhar pensativo. Ela não fez perguntas. Ainda não. Mas Joseph sentia os olhos dela sobre ele, ponderando o risco.

Mais tarde, quando a lâmpada foi apagada e a casa estava quieta, Joseph se sentou à mesa com o rifle ao alcance. Fora, as cigarras haviam silenciado, substituídas pelo longo e arrastado uivo de um coiote. Algum lugar além daquele som havia outro movimento sutil, o arranhar de cascos sobre a terra dura. Ele recostou na cadeira, os olhos fixos na porta, e pensou na trilha de sangue na poeira, na maneira como a voz de Clara se quebrou ao sussurrar o aviso, e sabia, com a certeza imutável das estrelas, que o problema que a trouxera até ele não havia acabado.

Quando ele finalmente se levantou, verificou a trava da porta duas vezes. No andar de cima, uma das crianças murmurou em seu sono. A silhueta de Clara se movia na luz tênue do loft, a cabeça virada para a janela, como se ela também pudesse sentir os olhos na escuridão.

Fora, além do alcance da luz da lâmpada, uma sombra se moveu, uma bota raspando contra a pedra. A mão de Joseph apertou o rifle, seu coração batendo lento, mas pesado. Ele ainda não sabia a forma completa do perigo, mas sabia uma coisa com clareza absoluta. Ele os havia encontrado.

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