Ele Mudou-se Sozinho para um Rancho e Descobriu uma Garota Criada por Lobos, Arriscando Sua Vida para Salvá-la de Caçadores

Ele Mudou-se Sozinho para um Rancho e Descobriu uma Garota Criada por Lobos, Arriscando Sua Vida para Salvá-la de Caçadores

Boon Carter acreditava ter encontrado o lugar perfeito para desaparecer. Mas a garota que emergiu da linha das árvores naquela manhã provaria que ele estava errado de maneiras que ele nunca imaginou. Ela se movia como nenhum humano que ele já tivesse visto, embora fosse inegavelmente uma deles.

O velho rancho estendia-se diante dele na luz do início da manhã. Seus postes de cerca desgastados erguiam-se como sentinelas contra a vastidão dos campos. Boon segurou o parapeito de madeira de sua varanda, respirando o ar puro que não carregava sons da civilização. Era exatamente disso que ele precisava após o caos que o expulsara da cidade. Aqui, entre as colinas suaves e os carvalhos dispersos, ele poderia reconstruir sua vida em paz.

Ele estava alcançando sua caneca de café quando um movimento chamou sua atenção perto da floresta distante. Uma figura disparou entre as árvores com uma graça estranha e fluida que o fez apertar os olhos. Pequena demais para ser um homem, rápida demais para ser um cervo.

Boon desceu da varanda, suas botas esmagando a terra seca enquanto se dirigia ao curral para ver melhor. A figura emergiu totalmente na clareira e a respiração de Boon ficou presa na garganta.

Era uma jovem, talvez com dezoito anos, mas tudo nela parecia deslocado. Seu cabelo longo e escuro estava selvagem e emaranhado. Suas roupas eram retalhos rasgados que mal cobriam seu corpo magro, e ela se movia em um agachamento baixo que falava de anos passados em quatro apoios, em vez de dois.

Ela congelou quando o avistou. Sua cabeça ergueu-se com um estado de alerta que lembrava um animal assustado. Por um longo momento, eles se encararam através dos cinquenta metros de terreno aberto. Os olhos dela continham inteligência, mas também algo feral que fazia os pelos da nuca dele se arrepiarem.

Boon levantou a mão lentamente, palma para frente, da maneira como abordaria um cavalo assustado.

“Calma”, ele chamou suavemente. “Eu não vou te machucar.”

A garota inclinou a cabeça ao som da voz dele, a curiosidade piscando em seu rosto. Mas então algo mais chamou sua atenção. Um som que Boon não conseguia ouvir, e ela girou em direção à floresta.

Um rosnado baixo ecoou da linha das árvores, profundo e ameaçador, seguido pelo som inconfundível de múltiplos animais grandes movendo-se pelo mato. Quando Boon olhou de volta, a garota havia sumido, desaparecendo tão repentinamente quanto aparecera.

Mas o rosnado continuou. Agora ele podia ver formas movendo-se nas sombras entre as árvores, grandes formas cinzentas com olhos amarelos que refletiam o sol da manhã. Sua mão instintivamente moveu-se para o rifle montado ao lado de sua porta, mas ele se forçou a manter a calma. O que quer que estivesse acontecendo ali, estava claro que sua vida tranquila no rancho acabara de se tornar muito mais complicada.

Três dias se passaram antes que Boon a visse novamente. Mas os sinais de sua presença estavam por toda parte: pegadas frescas ao redor de seu poço de água, pequenas e descalças; pedaços de comida que desapareciam de sua varanda; e marcas estranhas entalhadas na casca do carvalho perto de sua cabana.

Ele estava consertando uma seção da cerca quando ela apareceu novamente, desta vez mais perto. Ela se agachou atrás de uma rocha, observando-o trabalhar com aqueles olhos perturbadoramente inteligentes. Boon fingiu não notar, continuando a martelar pregos na madeira desgastada.

“Você é bem-vinda para chegar mais perto”, disse ele sem olhar para cima. “Tenho água fresca e comida, se precisar.”

A cabeça da garota inclinou-se novamente com aquele mesmo gesto curioso. Ela o entendia, mas permanecia congelada, pesando suas opções entre a curiosidade e a cautela.

Boon pousou o martelo e lentamente alcançou seu alforje, tirando um pedaço de carne seca. Ele o jogou gentilmente em direção à rocha. A carne pousou com um baque suave na grama.

Ela estudou a oferta por vários minutos antes de rastejar para frente. Seus movimentos eram fluidos, cada passo calculado. Quando alcançou a carne, ela a cheirou minuciosamente antes de rasgá-la com dentes surpreendentemente afiados.

Enquanto ela comia, Boon notou as cicatrizes cruzando seus braços e pernas, marcas de uma vida dura na natureza. Suas unhas eram como garras. Mas eram os olhos dela que o prendiam; havia uma profundidade ali que o lembrava de que ela ainda era humana.

“Qual é o seu nome?” ele perguntou baixinho.

Ela olhou para cima, mas não disse nada. Em vez disso, fez um som profundo na garganta, algo entre um rosnado e um zumbido.

O momento foi estilhaçado quando o som de cavalos se aproximando ecoou pelo vale. Boon virou-se para ver três cavaleiros surgindo no topo da colina. A garota os ouviu também, e seu corpo ficou rígido de medo. Ela sumiu antes que os cavaleiros alcançassem a cerca, mas não antes de Boon ver o reconhecimento em seus olhos. Ela conhecia aqueles homens.

O líder desmontou com confiança arrogante. Sterling Maddox era construído como um urso, com olhos que não perdiam nada. Atrás dele vinham dois homens mais jovens, Pike e Dalton, ambos armados e com expressões violentas.

“Boa tarde”, Sterling gritou. “O nome é Maddox. Estamos rastreando algo perigoso por estas bandas.”

Boon caminhou até a cerca. “Perigoso como?”

“Uma garota selvagem”, disse Sterling. “Tem vivido com lobos, matando gado. Alguns dizem que ela nem é mais humana. Pretendemos pôr um fim a esse problema.”

“Não vi nenhuma garota selvagem”, Boon mentiu. “Me mudei para cá há apenas uma semana.”

Os olhos de Sterling se estreitaram. “Rastros não mentem. Pegadas frescas levam direto para sua propriedade.” Ele se aproximou, a mão na arma. “Esta garota não é uma criança perdida. Ela foi criada por bestas e age como uma. Matou um touro premiado semana passada. Agora, posso revistar esta propriedade do jeito fácil ou difícil.”

Boon sentiu a mão mover-se para sua arma, mas conteve-se. “Como eu disse, não vi ninguém.”

Sterling o estudou, depois ordenou que seus homens se espalhassem. Enquanto revistavam, Sterling permaneceu montado, vigiando. Boon tentou trabalhar, mas sua mente corria. A garota estava em perigo mortal.

Minutos depois, Pike gritou da floresta. Ele emergiu segurando um pedaço de tecido rasgado e escuro.

“Rasgo fresco!” Pike anunciou. “Ainda tem o cheiro dela.”

Sterling sorriu predatoriamente. “Comecem a rastrear. Ela não foi longe.” Ele virou-se para Boon. “Parece que sua memória falhou, Carter.”

“Poderia ser de qualquer um”, Boon insistiu.

“Gente usando pele de lobo?” Sterling riu sem humor.

Um tiro de rifle estalou pelo vale. Dalton gritou: “Movimento! Ela está correndo para o riacho!”

Boon tomou sua decisão. Ele largou o martelo e saltou a cerca. “Espere! Ela não é perigosa! Deixe-me falar com ela!”

Sterling sacou o rifle. “Então você a viu. Esteve mentindo.”

Outro tiro ecoou. Depois um terceiro, seguido por um grito de dor distintamente feminino. A garota fora atingida.

“Acertei ela!” Pike gritou.

“Parece que não precisaremos da sua ajuda, Carter”, Sterling zombou.

Mas Boon já estava correndo em direção ao riacho, ignorando as ameaças. Ele irrompeu pelo matagal, seguindo os gritos de dor até encontrá-la agachada atrás de um tronco, segurando o ombro sangrando. A bala a havia raspado feio.

“Calma”, Boon sussurrou, ajoelhando-se. “Estou aqui para ajudar.”

Ela rosnou, olhos selvagens de pânico, mas estava fraca demais para fugir. Dalton emergiu das árvores, rifle pronto.

“Lá está ela.”

Boon jogou-se na frente dela quando Dalton atirou. A bala passou raspando.

“Não atire! Ela está ferida!” Boon gritou.

“Saia da frente, Carter!” Dalton recarregou. “Essa coisa precisa ser abatida.”

Pike apareceu do outro lado. Cercados. Sterling chegou por trás, calmo e letal. “Afaste-se, Carter. Isso acaba agora.”

Boon levantou-se, servindo de escudo humano. “Ela está sangrando. Não é uma ameaça assim.”

“Ótimo”, disse Sterling. “Torna mais fácil.”

Os olhos da garota encontraram os de Boon. Medo e uma esperança desesperada brilhavam neles. “Por favor”, ela sussurrou, a voz rouca. “Por favor, não deixe.”

Aquele apelo humano atingiu Boon com força. Ele não estava protegendo um animal; estava protegendo uma pessoa que escolheu confiar nele.

“Última chance”, avisou Sterling. “Mova-se ou atiro através de você.”

Boon levou a mão ao seu Colt. “Três contra um. Mas eu só preciso derrubar um de vocês antes que os outros pensem duas vezes.”

A garota, ganhando força da presença dele, sussurrou seu nome: “Willa“.

“Willa”, Boon repetiu.

“Comovente”, Sterling cuspiu. “Pike, flanqueie o tronco. Dalton, mantenha a mira. Vamos acabar com isso.”

Tudo parecia perdido quando o primeiro uivo ecoou pelo vale.

Profundo, lamentosos e não humano. Todos congelaram. Willa ergueu a cabeça e, com um sorriso feroz, respondeu ao chamado com um uivo próprio, alto e primal.

A floresta explodiu em resposta.

“Eles estão vindo”, disse Pike, a voz trêmula.

Sterling tentou manter a ordem. “Matem a garota e os lobos fugirão!”

Mas os lobos não fugiram. Eles invadiram a clareira, uma dúzia de formas cinzentas cercando o riacho, liderados por um macho enorme de pelagem prateada. Eles não atacaram cegamente; posicionaram-se para proteger.

Sterling apontou o rifle para Willa. Boon sacou sua arma num movimento rápido e atirou. O impacto atingiu Sterling no ombro, jogando seu rifle longe.

“Você atirou em mim!” Sterling gritou, caindo.

Os lobos avançaram, rosnando. Pike entrou em pânico, atirou para o alto e fugiu para seu cavalo. Dalton recuou, tremendo demais para mirar.

“Eles não estão atacando”, Boon percebeu. “Estão protegendo-a.”

Sterling, ferido e furioso, tentou alcançar sua arma, mas o lobo líder rosnou, parando-o.

“Isso não acabou, Carter”, Sterling prometeu. “Voltarei com um exército.”

“Então traga um exército”, Boon respondeu, arma firme. “Porque eu não vou sair daqui.”

Os caçadores, derrotados e aterrorizados pela alcateia organizada, bateram em retirada. Os lobos observaram até que eles sumissem, depois o grande macho cutucou Willa gentilmente antes de desaparecer nas árvores com o bando.

Willa olhou para Boon, lágrimas riscando seu rosto sujo. “Obrigada. Eles teriam me matado.”

“Precisamos cuidar desse ombro”, disse Boon, ajudando-a a levantar. Ele sabia que sua vida tranquila acabara, mas, olhando para ela, não se importou.

Três semanas depois, Boon observava da varanda enquanto Willa emergia da floresta com ervas. Seu ombro cicatrizara. Ela se movia com mais confiança, vestindo roupas simples, embora ainda preferisse os pés descalços.

Sob a orientação de Boon, ela recuperara a fala e lembranças de sua humanidade.

“Bom dia, Boon!” ela chamou, a voz mais forte.

Ela juntou-se a ele na varanda. Os lobos ainda vinham visitá-la, sabendo que o rancho era seguro. Sterling nunca mais voltara; a história do fazendeiro e da garota dos lobos mantinha os curiosos afastados.

“Ele estava com medo”, disse Willa, olhando o vale. “Não de armas, mas do que eu representava. Algo que ele não podia controlar.”

“E você?” Boon perguntou. “Arrepende-se de não voltar para a alcateia?”

“Os lobos são família”, ela respondeu. “Mas você me mostrou que humanos podem escolher a bondade. Isso vale a pena aprender. Além disso,” ela sorriu, “alguém precisa impedir que você fique solitário.”

O sol subia sobre o vale, iluminando os dois companheiros improváveis: a garota selvagem e o fazendeiro solitário, construindo uma vida que pertencia inteiramente a eles.

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