Ele Estava Prestes a Assinar os Papéis de Adoção Até que o Menino Olhou nos Seus Olhos e Disse Isto…

O Dia em que Mason Ganhou uma Família

O relógio da parede marcava exatamente 15h40 quando Victor entrou no pequeno gabinete da assistente social. A sala era acolhedora, com paredes em tons pastel, quadros de paisagens serenas e uma grande janela que deixava entrar a luz dourada da tarde. Numa estante no canto, livros infantis coloridos enfeitavam o ambiente. O aroma de café acabado de fazer preenchia o ar.

Victor ajustou pela terceira vez a gravata azul-marinho. Aos 38 anos, nunca pensou que estaria tão nervoso. As mãos, que no seu trabalho de contabilista eram sempre firmes, agora tremiam levemente. Olhou para o telemóvel. No ecrã, uma foto de Norah, a esposa, sorria. “Ela devia estar aqui”, pensou. Mas o nascimento inesperado da sobrinha levara-a a outra cidade naquela semana.

A decisão de adotar tinha sido tomada por ambos, anos antes, num tranquilo domingo depois do almoço em família.

— Podemos não ter filhos biológicos, Victor — dissera Norah — mas há tantas crianças que precisam de um lar como o nosso…

Lembrava-se desse dia como se fosse hoje. Quando conheceram Mason no abrigo, sentiu-se como se uma luz se tivesse acendido. “Este é o nosso filho”, chorou Norah ao ler a história do rapaz.

A Sra. Palmer, assistente social de meia-idade, com um sorriso gentil e olhos experientes, indicou-lhe um lugar para se sentar. Organizou alguns papéis sobre a secretária de madeira clara e colocou-os numa pasta azul.

— O Mason chega dentro de minutos. Está a terminar de arrumar as coisas no abrigo — informou ela com voz calma.

Victor assentiu. A boca seca. Durante seis meses, tinham visitado o rapaz. Lembrava-se de como ele, inicialmente reservado, começara a abrir-se quando Norah lhe levou bolachas de chocolate. Jogaram futebol no parque. Conversaram sobre super-heróis. Mas hoje era diferente. Hoje, se tudo corresse bem, levariam Mason para casa.

A porta abriu-se suavemente. Mason entrou, seguido por uma educadora do abrigo. Com nove anos, parecia ainda mais pequeno na t-shirt verde gasta e nos jeans largos. Os ténis, embora limpos, já mostravam sinais de desgaste. Os olhos castanhos profundos traziam um peso que Victor reconheceu bem.

Mason agarrava com força a sua mochila azul. Lá dentro, tudo o que possuía: algumas roupas, um pequeno álbum de fotografias e um urso de peluche gasto que o acompanhava desde os quatro anos.

— Olá, Mason — disse Victor com um sorriso ao levantar-se. — Como te sentes hoje?

— Estou bem — sussurrou o menino, olhos fixos no chão.

A Sra. Palmer convidou-os a sentar e começou a explicar os termos do contrato de adoção. Victor ouvia, mas parte do seu pensamento estava naquele menino calado ao lado. Sabia da história de Mason: duas famílias de acolhimento que o devolveram, traumas antigos, noites mal dormidas, desconfiança cravada na alma.

Quando a assistente social indicou o local para a assinatura, Victor pegou na caneta com mãos trémulas. Olhou para Mason. O rapaz mantinha os olhos baixos, os ombros ligeiramente trémulos.

— E se eu falhar outra vez? — murmurou Mason com um fio de voz. — Vão desistir de mim?

As palavras cortaram como faca. Victor ajoelhou-se diante dele, segurou-lhe as mãos pequenas com firmeza e respondeu:

— Nunca vamos desistir de ti. Tu és o nosso filho agora.

O menino piscou, como se nunca tivesse ouvido nada assim.

— Mas… e se eu for difícil? E se vos desiludir?

Victor respirou fundo, lutando contra a emoção.

— Sabes… Eu cresci com um irmão adotivo, o David. Quando chegou à nossa casa, também tinha medo de errar e ser mandado embora. Mas a minha família nunca o abandonou. Porque o verdadeiro amor não exige perfeição. Perdoa. Dá novas oportunidades.

Mason escutava cada palavra como quem queria acreditar. Victor continuou:

— O David hoje é médico, tem uma família linda. Mas o que ele mais valoriza é o dia em que sentiu que tinha um lar. Que pertencia a alguém. Como tu pertences a nós agora.

— E se um dia tiverem um filho “de verdade”? — perguntou Mason, hesitante.

Victor olhou-o nos olhos.

— Não há filhos “de verdade” ou “não”. Família não se faz de sangue, faz-se de amor. Se um dia tivermos outro filho, ele será teu irmão. E tu serás sempre nosso filho. Para sempre.

— Prometes? — a voz embargada de Mason tremia. — Prometes que não me vais devolver?

Victor apertou-lhe as mãos.

— Prometo. Nos dias bons e nos dias difíceis. Quando tirares boas notas e quando precisares de ajuda. Quando sorrires e quando estiveres triste. Porque é isso que fazem os pais. Amam, sempre.

Mason, enfim, chorou. Largou a camisa que agarrava e lançou-se nos braços de Victor.

— Só quero uma chance de ser amado.

— Já és amado, filho. E vais ter todas as chances do mundo. Porque agora somos uma família.

Victor assinou os papéis. Naquele instante, começava não apenas uma nova vida para Mason — mas também para ele próprio.

Related Posts

Our Privacy policy

https://abc24times.com - © 2025 News