Nolan Cassidy estava na borda do que deveria ser impossível. Um rancho de 100 acres vendido por exatos 1 dólar. A cerca de madeira envelhecida se estendia sem fim sob o sol implacável da tarde, e a casa principal ficava como uma oração esquecida à distância. Mas quando ele empurrou a porta da frente rangeante três horas depois, descobriu que o negócio vinha com algo que o vendedor esquecera de mencionar.
Alguém já estava morando lá.
O som chegou primeiro. Passos suaves no andar de cima, deliberados e cuidadosos, como alguém tentando não ser ouvido. Nolan congelou na porta, as mãos ainda segurando a maçaneta de bronze. A casa deveria estar vazia. Boom. Carter tinha jurado isso quando apertaram as mãos no escritório de terras. “Ninguém pisou nesse lugar há anos”, dissera o homem, seus olhos desviando. “Você vai ter tudo para si.” Mas ali estava ela. Uma jovem mulher apareceu no topo da escada de madeira, com os cabelos escuros caindo soltos sobre os ombros, vestindo um vestido simples que já vira dias melhores. Ela não gritou nem fugiu. Em vez disso, olhou para ele com uma expressão estranha. “Não medo, mas algo mais próximo da resignação, como se esperasse por esse momento há muito tempo.”
— Você deve ser o novo proprietário — disse ela, sua voz firme apesar das circunstâncias. — Eu sou Iris Quaid. Estive cuidando deste lugar.
A mente de Nolan corria. “Cuidando de quê? Para quem? E por que Carter não mencionou você?” Ele estudou o rosto dela, procurando por engano, mas encontrou apenas uma força silenciosa que lhe lembrava sua mãe nos momentos mais difíceis.
— O vendedor não falou nada sobre alguém morando aqui — conseguiu dizer.
Iris desceu a escada lentamente, cada passo medido e gracioso.
— Boon Carter não sabe tudo sobre este rancho — respondeu ela. — Há coisas nesta terra que vão mais fundo do que o que está escrito em qualquer escritura. Ela se aproximou da janela e puxou a cortina desbotada, revelando a vasta extensão de campos além. — Eu estou aqui há três anos. Este lugar me salvou quando eu não tinha onde ir. Eu mantive o telhado consertado, o poço limpo e as cercas reparadas. Acho que podemos dizer que nos cuidamos mutuamente.
Nolan sentiu seu futuro, cuidadosamente planejado, se deslocar sob seus pés. Ele havia economizado cada centavo por cinco anos para comprar sua própria terra, para construir algo que fosse dele. Este rancho, mesmo abandonado e deteriorado, representava tudo o que ele sonhara. Mas agora, de pé nesta sala empoeirada com essa mulher inesperada, ele percebeu que sua compra de 1 dólar lhe trouxera algo muito mais complicado do que um pedaço de terra.
— Por que Carter vendeu por tão pouco? — perguntou, embora suspeitasse que a resposta mudaria tudo.
Iris se afastou da janela, e pela primeira vez, ele viu o medo se refletir em seu rosto.
— Porque — disse ela em voz baixa — ele não é o único que sabe que eu estou aqui. E os outros… Eles não estão vindo para fazer negócios.
Nolan colocou sua bolsa de couro gasto sobre a mesa de madeira. Sua mente girava com perguntas que exigiam respostas. A luz da tarde, filtrada pelas janelas empoeiradas, projetava longas sombras sobre o rosto de Iris, e ele podia ver o peso dos segredos apertando seus ombros.
— Quem está vindo atrás de você? — perguntou, mantendo sua voz firme, apesar da tensão crescente em seu peito.
Iris se afastou da janela, suas mãos apertadas na frente dela.
— Homens que acreditam que eu tomei algo que lhes pertence — disse ela. — Algo valioso o suficiente para me caçarem por três anos.
— Você pegou? — Ela o olhou diretamente nos olhos, e ele não viu engano ali.
— Eu peguei algo, sim, mas me pertenceu muito antes deles colocarem a mão nisso. — Sua voz carregava uma dor que falava de feridas antigas. — A mina de ouro do meu pai. Ele morreu em um acidente de mineração. E esses homens apareceram com papéis falsificados dizendo que ele devia tudo a eles. Eles tomaram nossa casa, nossa terra, tudo o que tínhamos.
Nolan estudou o rosto dela, reconhecendo o olhar de alguém que fora empurrado além do seu ponto de ruptura. Ele já vira isso no espelho durante os piores anos depois da morte de sua esposa.
— Então você pegou de volta o que era seu. — Ele disse, com um suspiro.
— Eu peguei a escritura original e os mapas de pesquisa que provam que nossa reivindicação era legítima — disse Iris. — Documentos que destruiriam a operação deles se um dia chegassem a um tribunal. Ela riu amargamente. — Mas chegar a um tribunal com vida é o desafio.
O som de cascos de cavalo ao longe os fez congelar. Iris correu até a janela, puxando a cortina apenas o suficiente para olhar para fora. Nolan se juntou a ela, e juntos observaram três cavaleiros se aproximando pela trilha principal. Ainda longe o suficiente para não reconhecer quem eram, mas perto o suficiente para saber que estavam ali para algo sério.
— São eles? — Nolan sussurrou.
Iris balançou a cabeça.
— Não, mas — ela fez uma pausa, estudando mais atentamente os cavaleiros. — Isso é estranho. Aqueles cavalos estão se movendo rápido demais para viajantes casuais, mas devagar demais para urgência. Como se estivessem procurando algo.
Nolan sentiu seu estômago apertar. Ele comprou este rancho para escapar de complicações, para construir uma vida simples nos seus próprios termos. Mas ao assistir aquelas figuras distantes se aproximando, percebeu que seu investimento de 1 dólar o havia arrastado para algo muito mais perigoso do que ele imaginava.
— Eu devia ir embora — disse Iris de repente, se afastando da janela. — Já trouxe problemas demais para este lugar. Você não merece se envolver nos meus problemas.
— Onde você iria? — Nolan perguntou, embora não soubesse por que se importava. Três horas atrás, ele não sabia que ela existia.
Ela hesitou. E naquele momento de incerteza, ele viu a verdade. Ela não tinha mais para onde correr.
Os cavaleiros estavam se aproximando. Suas intenções, desconhecidas, mas sua presença, inegavelmente ameaçadora.
— Quanto tempo antes que os mais perigosos te encontrem aqui? — ele perguntou.
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Iris olhou de volta para os cavaleiros se aproximando, depois encontrou seu olhar.
— Se esses homens lá embaixo forem quem eu acho que são — disse ela baixinho. — Eles já me encontraram.