“Ela pensou que o cowboy queria o corpo dela… mas a resposta dele deixou a viúva apache em lágrimas!”

O fogo estalava suavemente sob o vasto céu aberto do Arizona, lançando faíscas que subiam em direção às estrelas antes de desaparecerem na escuridão. Naelli, uma mulher Apache viúva, mantinha o olhar fixo nas chamas dançantes.
Seus longos cabelos negros balançavam com o vento do deserto, e as sombras projetadas pela fogueira brincavam em seu rosto. Eram sombras que pareciam carregar o peso de sua dor, de uma perda imensurável e de um passado que se recusava a deixá-la respirar livremente.
Sentado do outro lado do fogo estava Colt Maddox. Ele era um cowboy conhecido em todo o território por sua franqueza, seu saque rápido com o revólver e um coração que ele guardava atrás de barras de ferro.
No entanto, naquela noite, algo dentro dele havia amolecido. Talvez fosse a maneira como o luar repousava suavemente sobre os ombros de Naelli, iluminando sua postura rígida, ou talvez fosse a dor silenciosa que ele podia sentir irradiando por baixo de seu exterior calmo e controlado.
Eles haviam se conhecido apenas dois dias antes, em circunstâncias que pareciam ditadas pelo destino. Colt a encontrara lutando desesperadamente para puxar um mustang teimoso para longe de uma ravina profunda. O animal, selvagem e assustado, quase a arrastara para a beira do precipício.
Colt, que passava por ali a caminho do posto de trocas, não hesitou. Ele saltou de seu cavalo e correu para ajudá-la, usando sua força para estabilizar a besta selvagem e trazê-los de volta à segurança.
Naelli agradeceu a ele, mas o fez com a dignidade polida de uma mulher que aprendeu a não confiar em ninguém. Desde aquele momento, eles viajaram juntos pelas terras acidentadas dos cânions.
Colt insistiu em escoltá-la de volta ao assentamento de seu povo depois que rumores surgiram sobre bandidos perigosos vagando pela área. Naelli resistiu no início, seu orgulho e desconfiança formando uma barreira, mas depois de ver os rastros recentes que ele apontou na areia, ela concordou relutantemente.
Agora, enquanto acampavam para passar a noite, Colt notou que ela havia se distanciado novamente. Ela parecia recuar para dentro de si mesma. Seus dedos tremiam levemente, embora ela fizesse um esforço visível para nunca deixar transparecer qualquer fraqueza.
Algo a estava consumindo viva por dentro, corroendo sua paz.
Quando Colt se moveu para colocar mais lenha no fogo, o som da madeira quebrando o silêncio pareceu despertá-la. Ela falou de repente, sua voz tensa e baixa.
“Cowboy”, ela sussurrou, a palavra carregada de suspeita. “Por que você está realmente me ajudando?”
Colt piscou, pego de surpresa pela pergunta direta. Ele a olhou, confuso.
“Porque é a coisa certa a fazer”, respondeu ele, simples e honesto.
Naelli soltou uma risada amarga. Foi um som suave, triste e pesado com memórias antigas.
“Homens já disseram isso antes”, disse ela. “Homens com sorrisos gentis, palavras doces.”
Seus olhos brilharam com lágrimas não derramadas quando ela finalmente levantou o rosto para encará-lo. A dor em seu olhar era crua.
“Então, quando eles pensaram que eu confiava neles, estenderam a mão para o meu corpo como se eu não fosse nada além de uma viúva solitária para aquecer suas noites.”
O maxilar de Colt se contraiu. Ele tinha ouvido histórias de colonos, ou homens piores, tirando vantagem de mulheres Apache depois que seus maridos caíam em ataques ou guerras. Mas ouvir isso diretamente dos lábios dela, ver a ferida aberta em sua alma, fez seu sangue ferver de uma maneira que ele não esperava.
Então ela fez a pergunta. A pergunta que o cortou mais fundo do que qualquer faca poderia ter feito.
“Cowboy, você só quer meu corpo como os outros?”
Um longo e pesado silêncio preencheu a noite do deserto. Colt desviou o olhar, sua respiração presa na garganta. Não por causa da culpa, pois suas intenções eram puras, mas porque a voz dela carregava tanto medo, tanta história dolorosa, tanta expectativa de traição que algo se partiu dentro dele.
Ele se virou lentamente para ela, vendo não apenas uma mulher bonita, mas uma alma ferida implorando para não ser machucada novamente.
Ele abriu a boca para responder, para assegurar-lhe sua honra, mas antes que pudesse falar, um farfalhar distante ecoou pelo cânion.
Passos. Múltiplos e pesados.
Naelli congelou instantaneamente, seus instintos de sobrevivência assumindo o controle. A mão de Colt foi instintivamente para o revólver em seu quadril.
A noite e tudo o que existia entre eles estava prestes a mudar violentamente.
O farfalhar ficou mais alto, o som de botas esmagando cascalho ecoando entre as paredes do cânion como um tambor de aviso. Colt levantou-se, colocando-se entre o fogo e a escuridão. Naelli agarrou seu arco, seus olhos afiados e focados apesar do medo que se contorcia em seu estômago.
“Fique atrás de mim”, sussurrou Colt.
“Eu sou Apache”, ela sibilou de volta, desafiadora. “Eu fico com você.”
As silhuetas apareceram na borda da luz do fogo. Quatro homens, com rifles pendurados nos ombros e olhos brilhando com ganância sob o luar pálido. Eram os bandidos, aqueles sobre os quais Colt ouvira rumores. E agora eles os haviam encontrado.
“Ora, veja o que temos aqui”, zombou o líder, dando um passo à frente com um sorriso malicioso. “Um cowboy e uma linda viúva Apache, sozinhos no escuro.”
Colt deu um passo à frente, bloqueando a visão que eles tinham dela. Sua postura era relaxada, mas pronta para matar.
“É melhor vocês darem meia-volta. Não há nada para vocês aqui.”
“Pelo contrário”, o bandido riu, seus olhos rastejando sobre o ombro de Colt em direção a Naelli. “Há exatamente o que queremos.”
O coração de Naelli martelava dentro do peito. A última vez que estranhos a olharam daquela maneira foi na noite após a morte de seu marido, quando dois traidores bêbados tentaram arrastá-la para um galpão fora do assentamento. Ela havia lutado contra eles e vencido, mas a memória era uma cicatriz que ela pensava ter enterrado. O terror daquela noite voltou com força total.
O maxilar de Colt trincou, seus olhos estreitando-se.
“Toquem nela e vocês vão se arrepender.”
“Ah é?” O bandido levantou seu rifle, desafiador. “Você vai nos impedir, cowboy?”
Colt nem se preocupou em responder com palavras. Sua arma brilhou à luz do fogo, sacada mais rápido do que um piscar de olhos.
Um tiro soou, alto e claro, atingindo o chão a centímetros da bota do bandido, levantando poeira e cascalho.
“Um aviso”, disse Colt, sua voz fria como aço. “O próximo não será.”
Mas os bandidos não eram do tipo que se intimidava facilmente. Eles avançaram, e o caos explodiu no silêncio do deserto.
Naelli soltou uma flecha com precisão mortal, atingindo a perna de um homem. Ele gritou e caiu. Colt disparou novamente, derrubando outro atacante, mas os dois restantes avançaram sobre ele, derrubando-o no chão com a força de seus corpos.
Eles lutaram na terra, socos e chutes voando. Naelli, vendo Colt em desvantagem, agiu por instinto. Ela agarrou um galho em chamas da fogueira e o brandiu contra um dos homens, as chamas faiscando como espíritos irados na noite.
“Corra, Naelli!” gritou Colt, com sangue escorrendo de um corte no lábio.
Mas ela não correu. Ela não recuaria. Ela balançou o galho novamente, gritando não de medo, mas de fúria. Fúria contra cada homem que já tentara tirar algo dela, contra cada injustiça que sofrera.
Colt conseguiu dar uma cotovelada no rosto do bandido que o segurava, atordoando-o, e bateu o punho com força na mandíbula do homem.
O último atacante, vendo seus companheiros caídos, investiu contra Naelli justamente quando a aljava de flechas caiu de seu ombro. Ela se preparou para o impacto, segurando o galho em chamas como sua última defesa.
Bang!
Colt disparou do chão. O tiro ecoou pela noite, final e decisivo. O bandido caiu antes de alcançar Naelli.
O silêncio retornou, mas agora era espesso e pesado, pontuado apenas pela respiração ofegante dos dois sobreviventes.
Naelli deixou cair o galho em chamas, o peito subindo e descendo rapidamente. Colt levantou-se com dificuldade, machucado, sujo de terra e sangue, mas vivo.
Seus olhos se encontraram. Os dela estavam cheios de choque, incrédulos de que ele tivesse arriscado tudo por ela. Os dele estavam cheios de raiva — não dela, mas do fato de que ela precisava de tanta proteção em um mundo tão cruel.
“Você me perguntou mais cedo”, disse Colt calmamente, limpando o sangue de sua bochecha com as costas da mão.
A respiração de Naelli prendeu. Ela sabia a que ele se referia.
“Se eu só queria seu corpo.”
Ele deu um passo em direção a ela, não como um predador, mas como um homem despido de qualquer pretensão.
“Eu quero sua segurança”, disse ele. “Sua paz. Sua confiança.”
Ele parou a uma distância respeitosa, sua voz tremendo levemente com a honestidade crua de suas palavras.
“E talvez, algum dia, seu coração. Mas nunca o seu corpo sem a sua escolha.”
Os lábios de Naelli se separaram, mas nenhuma palavra saiu. Não ainda. O choque e a adrenalina ainda corriam por suas veias.
A noite ainda não tinha acabado de testá-los.
Ao amanhecer, a cena no acampamento havia mudado. Os bandidos estavam amarrados, suas armas confiscadas e empilhadas longe de seu alcance. Colt havia acendido uma fogueira de sinalização em um ponto alto, esperando que batedores que passassem pudessem avistar a fumaça.
Naelli sentou-se ao lado dele perto das brasas da fogueira principal, envolvendo um pano limpo ao redor do corte profundo no braço dele. Suas mãos trabalhavam com habilidade e cuidado. Seus dedos eram gentis, mas o silêncio entre eles era denso, carregado com tudo o que ainda não havia sido dito.
“Você poderia ter morrido”, sussurrou ela, recusando-se a encontrar os olhos dele, concentrando-se inteiramente no curativo.
“Você também”, respondeu Colt, observando o perfil dela.
Ela apertou a bandagem com um pouco mais de força, suas mãos parando por um momento.
“Estou acostumada com o perigo”, disse ela, sua voz vazia de emoção.
“Isso não é algo a que você deveria estar acostumada, Naelli”, retrucou Colt suavemente.
Quando ela finalmente levantou o rosto, os primeiros raios de sol pintavam sua pele de dourado. Ela o estudou com uma suavidade que ele não vira antes. Havia algo frágil em sua expressão agora, como o momento em que um incêndio florestal se acalma e se transforma em brasas brilhantes e quentes.
“Meu marido…”, começou ela, a voz trêmula. “Ele era um guerreiro forte. Ele me protegia. Mas depois que ele morreu, os homens pararam de me ver como uma mulher, como uma pessoa. Eles me viam apenas como uma conveniência.”
Ela engoliu em seco, a dor evidente em sua garganta.
“Eu pensei que era isso que você queria também.”
Os olhos de Colt se suavizaram, perdendo qualquer traço da dureza do pistoleiro.
“Eu não sou santo, Na. Mas não sou um ladrão da dignidade de uma mulher. Nem da sua, nem de ninguém.”
A respiração dela estremeceu, como se estivesse lutando contra lágrimas e perdendo a batalha.
“Ontem à noite, quando aqueles homens olharam para mim, senti aquele mesmo medo novamente. O medo paralisante.” Ela fez uma pausa, procurando as palavras certas. “Mas quando você se colocou na minha frente… algo dentro de mim se quebrou.”
Colt estendeu a mão lentamente, palma para cima, dando a ela todas as chances de se afastar. Ela não o fez.
“O que quebrou?” ele perguntou gentilmente.
“A parte de mim que acreditava que nenhum homem poderia me ver como nada além de um corpo”, a voz dela falhou. “Você lutou por mim. Não para me reivindicar, não para me possuir, mas para me proteger.”
Colt soltou um suspiro frio, o alívio lavando-o como um rio fresco.
“Eu lutaria contra o mundo inteiro por você, se fosse preciso.”
Ela lhe deu o menor e mais tímido sorriso, um sorriso que ele sabia que ela não mostrava a ninguém há muito tempo. Era um presente precioso.
Mas o momento deles foi interrompido pelo som de cascos. Cavalos se aproximavam rapidamente.
Batedores Apache surgiram na crista do cânion, cavalgando com arcos desenhados e prontos para atirar. A tensão disparou novamente até que eles reconheceram Naelli.
Ela se levantou, caminhando para encontrá-los e explicando rapidamente o que havia acontecido na língua de seu povo. Ela gesticulou para os bandidos amarrados e depois para Colt.
Os batedores olharam com desprezo para os prisioneiros antes de arrastá-los para longe. Um dos anciãos, um homem com o rosto marcado pelo tempo, aproximou-se de Colt.
Ele olhou para o cowboy, depois para os bandidos derrotados, e finalmente assentiu.
“Você protegeu uma das nossas”, disse ele com voz grossa. “Você é bem-vindo entre nosso povo.”
Colt tocou a aba do chapéu respeitosamente. “Obrigado, senhor.”
Quando os batedores começaram a se mover, preparando-se para levar os prisioneiros e escoltar Naelli o resto do caminho, ela se virou para Colt. Havia uma sugestão de nervosismo em seus olhos escuros agora, uma incerteza sobre o futuro imediato.
“Então, o que acontece agora, cowboy?” perguntou ela baixinho.
Colt deu um passo mais perto, invadindo suavemente o espaço pessoal dela. Ele levantou a mão e inclinou o queixo dela para cima com dedos gentis.
“Agora? Agora você me diz o que quer. Não o que você teme, não o que os outros esperam de você.”
O coração dela batia forte contra as costelas. Ela olhou profundamente nos olhos dele e viu apenas verdade.
“Eu quero confiar de novo”, sussurrou ela, a confissão flutuando no ar da manhã. “Eu quero me sentir segura com alguém.”
“Você se sente segura comigo?” ele perguntou.
Ela assentiu lentamente, um movimento deliberado e certo.
“Então isso é o suficiente por enquanto”, disse Colt com um sorriso quente que alcançou seus olhos. “Vamos devagar. Tão devagar quanto você precisar.”
Pela primeira vez desde a morte do marido, Naelli sentiu esperança. Não era uma esperança frágil que quebraria ao primeiro sinal de tempestade, mas algo forte, vivo, queimando como o sol da manhã que agora subia totalmente sobre o cânion.
E ali, parada ao lado do cowboy que se recusava a vê-la como qualquer coisa menos do que uma mulher completa, dona de si mesma, ela finalmente se permitiu acreditar em recomeços.