Ela Achava que Suas Curvas Não Tinha Lugar no Oeste – Até que o Pecuarista Bateu à Sua Porta à Meia-Noite e Tudo Mudou

O vento cortante do inverno atravessava Cedar Falls como uma promessa quebrada, enquanto Margaret O’Sullivan estava parada na plataforma da estação de trem, com nada além de uma mala de carpete e uma mentira. Ela havia enviado a Harrison Caldwell uma fotografia, mas não era sua. A foto era do rosto da sua irmã falecida, jovem e esbelta, com um sorriso que parecia de uma ramagem de salgueiro.

Agora, com 32 anos, os contornos de Maggie preenchiam seu vestido de viagem de maneira que fazia os homens olharem e as mulheres sussurrarem. Ela sabia o que tinha feito. Sabia no momento exato em que lacrou aquele envelope em Chicago. Mas uma mulher sem lugar onde ir faz escolhas desesperadas. Harrison deu um olhar rápido nela quando ela desceu do trem, seus olhos calculistas, como se estivesse pesando pó de ouro.

“Você não é a mulher da fotografia.”

As palavras pairaram no ar congelado entre eles, e todos na plataforma se viraram para olhar. Maggie sentiu o peso do julgamento, o calor da curiosidade queimando através de seu casaco de lã. O que acontece quando a última esperança de uma mulher se desfaz? Qual o preço que ela deve pagar por uma mentira desesperada?

“Isso é fraude, pura e simples”, disse Harrison, com a voz que soava como um martelo de juiz.

“Esposas de correspondência devem ser verdadeiras sobre seus bens”, continuou ele, e Maggie sentiu as bochechas queimarem, mas manteve a coluna reta. Ela já enfrentara piores humilhações do que a de um banqueiro arrogante.

“O contrato diz uma esposa disposta e de bom caráter. Nada sobre aparência.”

Harrison riu, cruelmente. “Uma mulher que engana sobre algo tão básico tem caráter duvidoso, de fato.”

Foi aí que ela o viu. O ferreiro, observando do canto. Seus olhos escuros absorviam cada palavra trocada. William Brennan era grande, com 1,80m de força marcada pelo tempo. Sua mão esquerda faltava dois dedos. A maioria dos homens teria virado o rosto diante de tal humilhação pública. Este não. Ele se adiantou.

“Qual é o problema aqui, Caldwell?”, perguntou com uma voz firme.

Harrison endireitou o colete. “Assunto privado, Brennan. A senhora e eu estamos discutindo um contrato quebrado.”

“Me parece que a senhora merece mais do que ser repreendida em público”, disse Will, com uma calma que fez algo dentro de Maggie se agitar. Não gratidão, mas reconhecimento. Aquela voz tinha a autoridade silenciosa de quem não precisava gritar.

Quando ele lhe ofereceu o braço, ela o tomou sem hesitação. O toque dele fez algo vibrar por dentro de sua luva. Ela havia esquecido o que sentia ao ser tocada assim. Sem exigências, mas oferecido.

“Obrigada,” sussurrou.

“William Brennan”, ele se apresentou. “E você não é a primeira pessoa em Cedar Falls a recomeçar.”

Do lado de fora, a neve caía como segredos. Maggie apertou mais o xale em torno de seu pescoço, sentindo o quão longe estava de tudo que lhe era familiar.

“Eu deveria procurar um lugar para ficar enquanto arranjo passagem de volta para Chicago.”, disse Maggie.

“Chicago?”, Will perguntou, e seu fôlego formou uma nuvem na fria noite. “É uma pena viajar toda essa distância só para voltar.”

“Eu não tenho escolha. Harrison deixou claro que não sou adequada.”

Algo piscou nos olhos de Will. “Harrison Caldwell não saberia o que é adequado, se isso o mordesse nas costas de banqueiro.” Apesar de tudo, Maggie sorriu. Quando foi a última vez que um homem a fez sorrir?

“Há uma vaga para professora”, Will continuou, o tom sério. “As crianças dos mineiros precisam de educação. O pagamento é bom, e a Sra. Henderson mantém uma pensão respeitável.”

Maggie olhou-o de novo, desconfiada. “Por que ajudaria uma estranha?”

“Talvez porque eu sei o que é começar de novo”, ele respondeu. “A guerra ensina um homem sobre segundas chances.”

Ela viu que havia histórias ali, histórias difíceis, mas honestas.

“Eu precisaria provar que sou digna do cargo.”

“Você se levantou contra Harrison Caldwell na frente da cidade inteira. Eu diria que isso já prova seu caráter.” Will olhou para ela de forma sincera.

No fundo, Maggie sentiu algo que não sentia há muito tempo. Esperança.

Três semanas depois, ela descobriu que a esperança poderia ser perigosa.

A rotina começava a tomar forma. Pela manhã, ela dava aulas para as crianças dos mineiros; à tarde, preparava materiais; à noite, ficava na pensão de Sra. Henderson, tentando não pensar no ferreiro que lhe deu essa chance.

Mas Will tinha uma maneira de aparecer nos momentos mais inesperados.

“Boa tarde, Miss O’Sullivan”, sua voz quebrou o silêncio enquanto ela corrigia os problemas de aritmética. Ele estava na porta, com a neve cobrindo seu casaco escuro, segurando um balde de carvão. “Acho que o fogão não vai aguentar muito com o frio que faz aqui”, disse, alimentando o fogo.

Ela sentiu o aroma novamente, e seu pulso acelerou sem que ela quisesse.

“Isso é muito atencioso”, ela disse, com a voz um pouco trêmula.

A tensão entre eles crescia como vapor em uma chaleira. Ela sentia os pequenos gestos de Will – ele estava sempre se colocando entre ela e o vento, oferecendo ajuda, nunca exigindo.

À noite, Harrison apareceu na pensão, trazendo flores e uma proposta disfarçada. “A cidade precisa de uma primeira-dama para minha campanha para prefeito”, disse ele com um sorriso calculista. “Você se provou aqui. Que tal começarmos de novo?”

Maggie sentiu a taça de chá esfriar em suas mãos. “Começar de novo” parecia mais uma obrigação do que uma proposta. Harrison queria algo muito diferente de respeito.

Ela não sabia se poderia confiar em seu próprio desejo.

Will estava certo ali, sempre no fundo, sempre a seu lado. Mas agora, o peso da sociedade, a moralidade de todos, parecia esmagadora.

Depois que Harrison foi embora, Will apareceu. “Eu ouvi sobre a proposta”, ele disse suavemente.

“Não é o que você pensa, Will.” Ela sentia a mentira se formando em sua boca, mas não poderia deixar de ser honesta.

“Eu sei”, ele respondeu. “Mas você merece mais. Não se deixe encurralar.”

Aquele beijo inesperado no momento da última oportunidade. A sensação de estar viva novamente. Ele sabia como fazer com que ela se sentisse vista, desejada, respeitada.

Na manhã seguinte, Harrison chegou com sua ameaça velada. Se ela não se casasse com ele, ele a destruiria publicamente. Mas Will estava ali, com sua presença protetora, com seus olhos ferozes. Harrison ameaçou, mas Will o enfrentou.

No fim, Maggie encontrou uma solução. Não era segurança, mas verdade.

E finalmente, com as palavras ditas, os braços de Will ao seu redor, Maggie sentiu pela primeira vez em anos que poderia recomeçar sua vida.

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