Logo abaixo do portão de madeira envelhecida, oito corpos balançavam. Penduradas de cabeça para baixo, os pés atados a uma viga de madeira, seus longos cabelos caíam como cortinas negras esvoaçando ao vento. Eram oito garotas Apache, com os corpos machucados e a respiração tão tênue quanto um fio.
Jackson saltou do cavalo, o coração martelando forte no peito. Sentindo uma raiva fria e urgente, ele cortou cada uma delas, amparando-as nos braços que tremiam. Ninguém merecia ser tratado daquela forma. Ninguém.
Quando a última garota foi deitada no chão, Jackson olhou ao redor da terra desolada que ele havia passado a vida inteira tentando conquistar. E de repente, ele entendeu. A paz nunca é verdadeiramente encontrada em lugares comprados de forma muito barata, ou muito tarde. Mas ele estava ali. E aquelas oito garotas, à beira da morte, precisavam dele agora.
Dentro da velha cabana de madeira, a luz da lareira bruxuleava sobre os rostos exaustos das oito garotas Apache que Jackson acabara de resgatar. Ele estendeu cobertores um por um, colocando-os próximos para que pudessem se aquecer. Seus corpos estavam tão frios que suas mãos ficaram dormentes ao tocá-las.
Jackson aqueceu água e usou as ervas que havia trazido do norte para preparar um remédio. Ele não era um curandeiro, mas havia salvado a própria vida durante longos anos de peregrinação. Agora, ele tentava fazer o mesmo por outras pessoas.
Uma delas abriu os olhos primeiro. Uma garota com cabelos longos até a cintura, rosto fino e olhos afiados como sílex.
“Aria,” sua voz estava rouca, mal um sopro. “Você não está com os Daringer.”

Jackson soltou uma risada seca. “Se eu fosse um deles, você não estaria respirando para me perguntar isso.”
Aria olhou ao redor e viu suas irmãs cobertas por cobertores, recebendo água e cercadas pelos esforços desajeitados, mas sinceros, de Jackson. Ela tocou a bandagem em seu pulso e fez um pequeno aceno, o gesto Apache de agradecimento.
Outra garota, Lra, cujos olhos eram claros e irredutíveis, foi a primeira a se sentar. “Você nos salvou, mas por quê?”
Jackson fez uma pausa, olhando para o fogo. “Porque há coisas que simplesmente não se pode ignorar.” Ele não precisava dizer mais. Seus olhos entenderam tudo.
À medida que a força delas retornava lentamente, Aria respirou fundo e começou a falar. Cada palavra era como um espinho.
“Este rancho, ele nunca foi seu. Ele nunca pertenceu a nenhum homem branco. Esta é a terra do nosso pai, terra sagrada do nosso povo.”
Jackson sentou-se, ouvindo como um homem que acabara de gastar todas as suas economias em um pedaço de terra, apenas para descobrir que havia sido pago com o sangue de outra pessoa.
“Os Daringer, o clã Daringer, vieram aqui há dez anos. Eles queriam tomar o manancial subterrâneo, a única coisa que mantém esta terra viva durante a estação seca. Nosso pai disse não. Eles mataram nossa família, toda a nossa tribo, exceto nós oito,” acrescentou Lra, com a voz ligeiramente trêmula, mas firme.
“Nosso pai dividiu o mapa da nascente em oito pedaços. Cada uma de nós carrega uma peça. Os Daringer não puderam nos matar.”
“Porque ainda não tomaram o mapa completo.”
“Então, por que vocês estavam penduradas de cabeça para baixo no meu portão?” perguntou Jackson.
Aria olhou-o diretamente nos olhos, sem vacilar. “Para atrair alguém. Para ver quem ousaria vir por nós, capturá-lo e arrancar a verdade de sua boca.”
Jackson sentiu um arrepio percorrer seu corpo, apesar do fogo aceso ao lado. Ele havia entrado direto em uma armadilha, não por acaso, mas por pisar na linha de fogo de uma rixa de sangue com gerações de profundidade.
Nema, a mais jovem e fraca do grupo, falou com palavras tão tênues que se quebravam entre as respirações. “Se você nos deixar ir, ainda pode sair antes que eles voltem.”
Jackson se levantou e foi até a janela, olhando para a escuridão que se adensava. Os sinais estranhos ao redor do rancho não deixavam mais dúvidas em sua mente. Eles sabiam que alguém havia resgatado as oito garotas, e logo voltariam.
Jackson respondeu suavemente, sem virar a cabeça. “Passei a vida inteira para comprar esta terra, mas se esta terra pertence a vocês, eu não vou deixá-las sozinhas nela.”
Aria olhou para as irmãs, depois para Jackson. Em seus olhos, um fraco vislumbre de esperança tremeluzia no coração de um deserto morto.
O vento noturno do deserto trazia um frio cortante, esgueirando-se por cada fresta nas paredes de madeira deterioradas do rancho. Lá dentro, as oito garotas Apache caíram em um sono exausto, deixando Jackson sozinho perto da janela, com um rifle Winchester apoiado sobre os joelhos. Ele podia sentir o perigo se aproximando como a sombra de uma cobra, lento, mas certo.
Sem aviso, o som de cascos ecoou ao longe, ressoando como um tambor de guerra pelo deserto. Jackson se levantou rapidamente. O retinir de ferro aumentou, e então parou bem no portão.
Uma voz ressoou da escuridão, arrastada e preguiçosa, mas carregada de intenção letal. “Jackson Hail, eu sei que você está aí dentro.”
A porta de madeira estremeceu suavemente. As oito garotas acordaram sobressaltadas, com os olhos arregalados de medo. Aria colocou a mão no braço de Jackson e balançou a cabeça levemente, mas ele apenas levou o dedo aos lábios, um apelo silencioso por silêncio.
Jackson saiu para a varanda. O luar projetava sua sombra contra a figura de um homem a cavalo: Vandrich Boon.
Boon não era do tipo que matava em segredo. Ele se portava com autoconfiança, até arrogância. Seus cabelos longos estavam presos na nuca. Um casaco de couro preto gasto pendia sobre seus ombros, e uma corda enrolada estava pendurada em sua sela, uma que vira mais do que sua parte em enforcamentos.
Boon deu um sorriso frio. “Ora, você fez uma bela jogada, Hail! Tocando no que pertence aos Daringer sem perguntar.”
Jackson encostou uma mão no poste da varanda, seu olhar calmo. “De vocês, é? Tudo o que vi foram oito pessoas penduradas como animais. Eu as cortei. É isso.”
Boon riu, um som carregado de aço. “Deveria tê-las deixado morrer. Teria sido mais fácil para elas. E para você.”
Jackson respondeu com firmeza. “Não vou entregá-las.”
O canto da boca de Boon estremeceu, uma rachadura rara em sua compostura. “Essas garotas estão segurando pedaços do mapa da nossa família. Esta terra, essa água, o vale inteiro, tudo pertence aos Daringer. Eu vim para levar de volta o que é nosso.” Ele se inclinou na sela, a voz baixa. “Entregue-as agora.”
Jackson não se moveu. “Você não vai levar nada daqui.”
Boon o encarou por um longo momento. O silêncio era espesso como brasas em uma fornalha. Então, ele respirou fundo e se endireitou.
“Tudo bem. Hoje eu vim sozinho. Como cortesia,” ele inclinou a cabeça, a voz afiada como uma lâmina. “Amanhã eu volto com o bando. E então não haverá mais conversa.”
Ele puxou as rédeas, girou o cavalo em uma volta dramática e galopou na escuridão, deixando para trás um uivo de vento e o eco de uma promessa sangrenta.
Jackson ficou parado até que o som dos cascos desapareceu na noite. Quando voltou para dentro, as oito garotas olharam para ele, não com medo, mas com uma mistura de horror e gratidão.
Aria deu um passo à frente, a voz baixa e firme. “Você não é um de nós. Você ainda tem tempo de ir embora antes do nascer do sol.”
Jackson soltou o ar e fechou a cortina. “Comprei esta terra com cada dólar que economizei na minha vida. Mas agora percebo algo.” Ele olhou para cada uma delas, por sua vez. “Eu não comprei terra. Eu comprei uma guerra.” E ele sabia que a guerra chegaria com a primeira luz da aurora.
A noite caiu rápido como um cobertor preto jogado sobre a terra. Por volta da meia-noite, o vento mudou, trazendo um fraco cheiro de fumaça. Jackson correu para fora. Atrás do velho celeiro de gado, chamas bruxuleavam na escuridão. Boon havia feito sua jogada.
“Não saia lá fora!” Lra agarrou o braço de Jackson. “Eles estão tentando atrair você.”
Jackson hesitou por um segundo. Por mais furioso que estivesse, ele sabia que ela tinha razão. Se corresse, seria o primeiro alvo. Mas ao ver o fogo devorar o celeiro – o lugar que ele planejara reconstruir para começar uma nova vida – seu peito se apertou. Boon não estava apenas queimando um celeiro; estava queimando seu sonho.
Então Soui, a mais calma das oito irmãs, pegou um cobertor e correu para trás com Nema. Jackson as seguiu, e os três trabalharam para apagar as brasas restantes antes que as chamas atingissem a casa.
Enquanto trabalhavam, o grito distante de um cavalo rasgou a noite como uma lâmina. Paha correu até o portão, depois caiu de joelhos, atordoada. “Jackson, seu cavalo!”
Apenas a sela permanecia, jogada na areia, as rédeas desfiadas. Eles não precisavam matá-lo. Só precisavam garantir que ele não pudesse escapar. Boon havia deixado uma mensagem clara como uma assinatura: Você vai ficar e você vai morrer.
Quando o fogo foi finalmente extinto, todos voltaram para dentro. Exaustos, mas ninguém conseguia dormir. Eles se reuniram ao redor da lareira.
“Os Daringer, eles nunca param,” sussurrou Mirasu. “Qualquer um que nos ajude também se torna um alvo.”
Jackson encostou-se à parede, limpando a fuligem das mãos. “Eu sei, mas hoje vocês me salvaram. Pelo menos vocês todas.” Oito pares de olhos se voltaram para ele. Seguiu-se um longo silêncio, não de medo, mas de algo novo. Uma conexão fina como um fio, mas forte o suficiente para começar a uni-los.
Aria falou. “Costumávamos acreditar que estranhos nunca ficariam ao nosso lado.” Ela olhou diretamente para Jackson, seu olhar suave, mas afiado como aço forjado. “Talvez estivéssemos erradas.”
Jackson não respondeu imediatamente. Simplesmente entregou uma xícara de água morna a cada uma delas. Uma por uma, suas mãos tremendo de frio e medo, elas aceitaram.
Enquanto estavam sentados no brilho do fogo, uma pedra de repente atingiu a janela. Enrolado na pedra, havia um pedaço de papel áspero. A mensagem estava rabiscada: “Amanhã levaremos as pessoas. Levaremos a terra. Quem resistir será enterrado com elas.”
Jackson leu, dobrou e jogou o bilhete no fogo. Seus olhos brilharam com uma resolução fria e assustadora. “De agora em diante,” ele disse, “ninguém aqui está sozinho.”
A manhã seguinte chegou com uma luz pálida. Ao amanhecer, o som de cascos lentos e firmes subiu da distância, nada parecido com o ritmo ameaçador de Boon. Jackson saiu para a varanda, rifle ainda na mão. Atrás dele, as oito garotas preparavam suas flechas e facas de sílex.
Um homem de meia-idade se aproximou a cavalo. Seu cabelo era grisalho, e seus olhos carregavam o peso de uma vida que vira demais. Um distintivo desbotado brilhava sob a poeira do deserto. Marshall Roven Pike.
“Ponha a arma no chão, Hail. Não estou aqui para causar problemas.”
Jackson não baixou o rifle. “Quem você está procurando?”
“Não estou procurando,” respondeu Pike. “Estou aqui para avisar.” Ele desmontou, abriu uma sacola de couro e tirou um maço de arquivos amarrados com um barbante fino. Os papéis estavam manchados de fumaça, as bordas chamuscadas.
“Os Daringer. Eu os tenho rastreado por mais de oito anos. Assassinato, suborno de juízes, roubo de terras, eliminando todos os vestígios de seus crimes contra as tribos nativas.”
Aria deu um passo à frente, seu olhar afiado como uma flecha Apache. “Você sabia e os deixou viver.”
Pike soltou um suspiro pesado. “Garota, os Daringer não são apenas ricos. Eles têm raízes nos tribunais, nos bancos, nas mãos de cada comandante de patrulha. Toda vez que tentei levá-los a julgamento, uma testemunha desapareceu. A evidência sumiu. Ou eu recebi um caixão.”
Jackson abriu o arquivo. Dentro havia fotos de ranchos queimados, corpos enterrados às pressas, mapas marcando terras ricas em água que haviam sido roubadas. Cada página parecia uma facada no passado desta terra.
Pike olhou para Jackson. “Mas desta vez é diferente. Eu tenho testemunhas vivas: oito delas.”
“Se vocês estiverem dispostas a testemunhar no tribunal federal, os Daringer cairão. Não apenas Boon, mas toda a família por trás dele.”
Miasu balançou a cabeça. “Se testemunharmos, os Daringer nos matarão antes que cheguemos a um tribunal.”
Pike assentiu lentamente. “Não vou mentir para vocês. Os Daringer sabem que vocês estão vivas e virão aqui para terminar o trabalho, para enterrar a última peça de evidência.”
Jackson apertou a pasta com força. “Boon disse que voltaria com o bando inteiro. O que você vai fazer sobre isso?”
“Antes de vir para cá, enviei um sinal para os federais, mas eles precisam de tempo. Até lá,” ele olhou para Jackson, “temos que manter a linha. Sobreviveremos, não importa o quê.”
Aria se ergueu, a voz inabalável. “Se testemunharmos, os Daringer realmente serão expostos?”
Pike respondeu com olhos pesados de verdade. “Esta é a última chance. Para vocês. Para esta terra.”
Marshall Pike voltou logo após o pôr do sol, liderando duas mulas carregadas de suprimentos: arame farpado, sacos de areia, lamparinas a óleo, tábuas de madeira. Eles se preparavam para a defesa. “Eles virão antes do amanhecer,” Pike disse. “Os Daringer não dormem quando seus interesses são ameaçados e nunca perdem a chance de silenciar testemunhas.”
O grupo imediatamente começou a trabalhar. Tala e Paha, as melhores em terreno, guiaram Jackson e Pike pelo rancho, apontando pontos fracos, um canto cego atrás do celeiro, uma seção quebrada da cerca. Lra e Nema trabalharam em armadilhas de laço, daquelas usadas para caça, agora transformadas em uma linha de defesa mortal. Mirisu, Soui e Yara reuniram pedras, galhos, construindo barricadas, remendando buracos nas paredes. Ninguém falava de medo, embora ele pairasse no ar. Apenas tensão e resolução.
Quando a escuridão caiu completamente, eles acenderam uma única lamparina dentro da casa. Jackson observou as irmãs se moverem: precisas, deliberadas, endurecidas pela dor, mas nunca quebradas. Elas não tremiam. Não hesitaram. E Jackson percebeu que haviam sobrevivido não por sorte, mas porque eram mais fortes do que o mundo jamais esperaria que fossem.
Pike colocou a mão no ombro de Jackson. “Hail, você ainda pode ir embora. Eu não o culparia.”
Jackson apertou o rifle. “Não vou deixar nenhuma garota para trás. Nenhuma.”
Aria sentou-se ao lado de Jackson. “Se amanhã não conseguirmos, não diga que você só salvou nossas vidas. Você salvou nosso povo.”
Jackson a olhou. “Amanhã,” ele disse, “nós vivemos. Todos nós.”
Aria apenas sorriu, o primeiro sorriso que ele via desde que se conheceram.
A noite ainda não havia se dissipado quando o rancho de Jackson mergulhou em um silêncio estranho. “Eles estão vindo,” sussurrou Aria, no sótão do celeiro. Jackson não ouviu cavalos, mas acreditou nela.
Segundos depois, o chão começou a tremer. Não um cavalo, mas um bando inteiro. Das sombras orientais, uma onda de figuras escuras emergiu, cercando o rancho. Boon os liderava.
“Jackson Hail! Seu caminho acabou!”
Jackson se manteve firme. “Não tenho intenção de fugir.”
Boon riu, e o primeiro tiro soou. Uma bala atingiu a tábua ao lado de Jackson. Tala e Nema acionaram uma linha de armadilhas, jogando dois pistoleiros para fora de seus cavalos. Boon sibilou: “Acendam a casa!”
Mas Lra, da velha torre de vigia, disparou duas flechas, perfurando as mãos dos homens que tentavam acender o fogo. Os Archotes caíram na areia e se apagaram. Marshall Pike respondeu com uma rajada de tiros precisa.
Outro grupo começou a contornar o rancho em direção à cerca quebrada. Soui e Yara puxaram uma corda, ativando uma armadilha que jogou areia no ar, cegando os atacantes. Nesse momento de caos, Jackson avançou, golpeando o primeiro homem com a coronha do rifle.
Boon esporeou seu cavalo, sacando a arma, mirando em Jackson. “Acabou, Hail!”
Mas antes que ele pudesse puxar o gatilho, Aria saltou do telhado, a flecha mirando diretamente em Boon. Ele desviou, mas a flecha atingiu seu cavalo, que empinou violentamente. Boon perdeu o controle e caiu no chão.
Jackson já estava lá, rifle engatilhado, parado sobre ele.
“Você acha que salvar essas oito garotas muda alguma coisa?”
A voz de Jackson era calma, mas inabalável. “Muda tudo.”
Boon tentou alcançar uma faca, mas Aria já estava ao lado de Jackson, sua flecha apontada para o peito de Boon.
Naquele momento, o trovão de cascos veio do oeste. Dezenas de lamparinas a óleo iluminaram a escuridão. Marshall Pike gritou: “A Cavalaria Federal chegou!”
O bando Daringer, vendo os reforços, largou as armas. Boon foi amarrado, a raiva queimando em seus olhos. A luta durou menos de dez minutos, mas deixaria marcas para toda a vida. Ninguém morreu, mas tudo havia mudado.
Na manhã seguinte, a luz do sol se derramou sobre o rancho, como se tivesse decidido dar a este lugar mais uma chance. Jackson olhou para os escombros. Tudo falava da noite em que eles estiveram à beira da vida e da morte. Mas as oito irmãs Apache ainda estavam de pé.
Aria se aproximou de Jackson e entregou-lhe um pequeno pedaço de madeira. “Começamos aqui,” ela disse.
Jackson assentiu. “Tudo bem, vamos começar.”
Eles dividiram o trabalho. Paha e Tala começaram a reconstruir a cerca. Lra e Mirisu cavaram uma vala temporária para a água. Nema, Yara e Zoe reuniram pedaços de madeira utilizáveis e começaram a montar o novo canto do celeiro.
Marshall Pike estudou as marcas de queimadura. “Os Daringer ficarão presos por muito tempo. Com os testemunhos de vocês e meus antigos arquivos, os federais não deixarão isso passar.”
Aria assentiu. “A justiça pode vir tarde, mas ela vem.”
Ao meio-dia, Jackson e as oito irmãs compartilharam sua primeira refeição desde que tudo começou.
Nema, a mais jovem, segurou um pedaço do mapa. “Nosso pai dividiu o mapa em oito partes para que nenhuma de nós pudesse ser forçada a entregá-lo. Mas agora, nós ainda precisamos dele?”
Aria olhou para Jackson, depois para a terra ao redor. “Não. A pessoa que detém esta terra agora não são os Daringer ou qualquer outro invasor.” Ela colocou seu pedaço do mapa na mesa. Uma por uma, as outras fizeram o mesmo.
Jackson olhou para as oito peças. “Vocês podem reivindicar tudo. Eu não vou ficar com nada.”
Aria balançou a cabeça. “Você não entende. Não viemos tomar a terra de volta de você.” Ela se aproximou, a voz firme e baixa. “Viemos compartilhar esta terra com você.”
“Por quê?”
Aria sorriu, um sorriso raro, mas que aqueceu o céu ocidental. “Porque você ficou quando podia ter ido embora. Porque você escolheu proteger aqueles que o mundo decidiu que não valiam a pena ser salvos. E porque você nos salvou de um destino que ninguém mais ousaria enfrentar.”
Todas as oito irmãs assentiram. Jackson olhou para elas por um longo momento. Então, finalmente, ele disse: “Então, de agora em diante, reconstruiremos este lar juntos.”
A vasta paisagem do deserto observava em silêncio. E num lugar que antes enterrava segredos e dor, eles começaram a construir uma família, no coração de um deserto brutal. Jackson e as oito irmãs Apache provaram que a justiça não vem apenas de balas. Ela vem de corações corajosos o suficiente para amar em meio às ruínas.