Fomos ensinados que a história do nosso país começa no ano de 1500, quando navegadores europeus “descobriram” o Brasil.
Mas como é possível descobrir uma terra que já era habitada por milhões de pessoas? Afinal, quando isso aconteceu, os povos indígenas já viviam aqui.
A verdade é que a história do Brasil começa muito antes da chegada dos europeus, e algumas das partes mais impressionantes dessa narrativa aconteceram em um local misterioso: a Amazônia.
Com sua mata densa e em uma região famosa pelo calor escaldante, a Amazônia é um dos lugares mais desafiadores do planeta. Sua beleza, famosa em todo o mundo, esconde grandes predadores, plantas venenosas e insetos mortais. É um lugar tão hostil que torna a sobrevivência praticamente impossível para pessoas como você e eu.
Seria essa a razão pela qual essa imensa floresta sempre foi vista como um vazio humano? Ou a verdadeira questão estaria em sua geografia? Afinal, dizem ser impossível construir cidades na Amazônia e que a região sequer tem terras férteis para o cultivo. O fato é que a Amazônia sempre foi vista como o “inferno verde”: selvagem e inalcançável.
Mas será mesmo impossível viver bem e abundantemente dentro desta floresta?
Em 1542, o frade espanhol Gaspar de Carvajal participou da primeira expedição europeia a percorrer todo o Rio Amazonas, e seu relato revela uma Amazônia completamente diferente da que imaginamos.
“Passamos por ilhas que julgávamos desabitadas, mas, uma vez que nos encontramos entre elas, havia tantos assentamentos que ficamos espantados. Quando nos viram, vieram em nossa direção no rio em 200 canoas, cada uma com vinte a trinta indígenas, algumas com quarenta.”
Essa mata, densamente ocupada por povos indígenas, continuou à vista da expedição enquanto seguiam pelo Rio Amazonas.
“Todo este rio, nas ilhas, nas margens e para o interior, é povoado por indígenas. São tantos que, se uma agulha caísse do céu, certamente atingiria a cabeça de um indígena, e não o chão.”
Por volta do ano 1500, Portugal era habitado por um milhão e meio de pessoas. A Espanha, maior, tinha quase nove milhões de habitantes. Mas e a Amazônia? Bem, ela abrigava nada menos que dez milhões de pessoas.
É exatamente isso que estamos aprendendo com as recentes descobertas arqueológicas que estão lançando uma nova luz sobre a história daquela floresta. Estamos compreendendo cada vez mais que a Amazônia foi o lar de muitos povos que construíram imensas cidades muito mais avançadas do que poderíamos imaginar.
O mais impressionante é que esses povos, literalmente, criaram a Amazônia que conhecemos hoje. Se você já se perguntou por que não há pirâmides ou outros monumentos na Amazônia, é porque estamos descobrindo que a floresta em si é uma pirâmide. A Amazônia é o maior monumento já construído no planeta.

E se eu lhe dissesse que a floresta amazônica que conhecemos só existe por causa dos povos que viveram nela no passado? Você pensaria que sou louco, certo? Mas a verdade é que agora podemos afirmar que esta floresta surpreendente é o grande legado de povos ancestrais que viveram nesta região séculos atrás.
Nos últimos anos, historiadores e arqueólogos têm encontrado cada vez mais evidências de que milhões de pessoas viveram na Amazônia. Ancestrais dos povos indígenas de hoje e de muitos outros brasileiros, essas civilizações eram imensas e organizadas de maneiras muito mais complexas do que podemos imaginar. Estamos falando de cidades enormes, muitas vezes conectadas por redes de estradas e com avanços tecnológicos surpreendentes.
Seja criando um poderoso sistema de gerenciamento ambiental que transformou para sempre o solo da floresta, seja cavando desenhos geométricos gigantes e misteriosos, esses povos viviam uma relação sustentável com a natureza. Não é à toa que se alimentavam melhor e eram mais saudáveis do que os europeus e muitos outros povos da época. E o grande feito desses povos foi nada menos que a maior floresta tropical do planeta.
Mas por que essas cidades estão sendo descobertas apenas agora? Como viviam esses povos? E se algumas dessas civilizações eram realmente tão avançadas, por que é tão difícil encontrar vestígios delas?
Para descobrir as cidades perdidas da Amazônia, precisamos voltar ao tempo em que os primeiros humanos começaram a caminhar pelo planeta.
A chegada de nossos ancestrais às Américas está diretamente conectada ao povoamento da Amazônia. A teoria mais aceita é que isso aconteceu graças a uma ponte terrestre que não existe mais.
O Homo sapiens, ou seja, os humanos modernos, surgiram na África há cerca de 300 mil anos. Há 200 mil anos, alguns desses povos deixaram o continente africano e começaram a se espalhar pelo planeta.
Há cerca de 30 mil anos, alguns humanos alcançaram o extremo leste da Ásia. No planeta que conhecemos hoje, esse seria o fim da jornada. Afinal, esses povos teriam encontrado um oceano impossível de atravessar. No entanto, naquela época, o planeta passava por um período de baixas temperaturas, e a formação de grandes geleiras no Hemisfério Norte reduziu os níveis do mar. Com isso, a Beríngia, uma massa de terra agindo como uma ponte conectando a Sibéria e o Alasca, ficou acima da água.
Por um bom tempo, muitos humanos ocuparam essa ponte terrestre. Eles foram os primeiros americanos. No entanto, há cerca de 15 mil anos, a temperatura do planeta começou a subir, as geleiras derreteram e a Beríngia começou a ser coberta pela água. Muitos dos humanos na ponte marcharam para o leste, espalhando-se pelas Américas. O resultado é que, dois mil anos depois, já havia regiões habitadas por todo o continente, do Alasca ao sul do Chile.
Com o passar do tempo, esses assentamentos deram origem a diferentes civilizações, cada uma com sua própria cultura, idioma e traços.
Você certamente já ouviu falar dos Maias (grandes astrônomos e matemáticos com pirâmides imponentes), dos Astecas (construtores de templos gigantes no que hoje é o México) e dos Incas (que expandiram seu império pela região da Cordilheira dos Andes).
Essas três civilizações são sempre as mais lembradas ao falarmos de povos americanos antigos. E elas eram realmente avançadas. O problema é que essa lista está incompleta!
Estudos recentes estão mostrando que em outras partes das Américas existiam civilizações com organização social complexa e desenvolvimentos tão impressionantes quanto os dos povos antigos mais conhecidos. Estamos descobrindo, por exemplo, que a Amazônia também foi palco de um enorme desenvolvimento humano. Estamos falando de populações capazes de:
Criar extensas estradas no meio da floresta.
Construir barragens e canais para prevenir secas e inundações.
Produzir solos super férteis (Terra Preta).
Criar fazendas de peixes e tartarugas.
Conseguir modificar vastas áreas da floresta.
Então, por que vemos essas civilizações amazônicas como menos desenvolvidas do que outros povos antigos? Por que não são famosas como os Incas ou os Astecas?
Para responder a isso, precisamos primeiro nos perguntar: De onde veio essa ideia de que a Amazônia sempre foi desabitada?
No século XVI, quando os europeus começaram a pisar nas Américas, a família Pizarro espanhola veio com força total. O objetivo era encontrar riquezas e expandir o controle espanhol. Francisco Pizarro liderou a conquista do Império Inca, mas o que nos interessa é seu irmão, Gonzalo Pizarro.
Em 1542, Gonzalo organizou uma expedição partindo de Quito, Equador, em busca da “terra da canela”, uma região dentro da Amazônia rica em especiarias. Devido a imprevistos, algumas pessoas se separaram da expedição. Esse grupo, liderado pelo explorador Francisco de Orellana e acompanhado pelo frade Gaspar de Carvajal, acabou navegando por aquele imenso rio que corta a floresta.
Assim surgiu o primeiro relato europeu da Amazônia.
Carvajal descreveu um encontro com um grupo de mulheres guerreiras (o que resultou na perda de um olho para o frade), e ele as chamou de “Amazonas”, em referência às guerreiras da mitologia grega. Isso se tornou tão famoso que seu relato foi chamado de “Relato da Descoberta do Rio Amazonas”, dando o nome que usamos hoje ao rio.
Mas o que chama a atenção dos historiadores é que o relato de Carvajal mostra uma quantidade impressionante de pessoas vivendo nas margens do Amazonas! As aldeias eram tão grandes quanto cidades e chegavam a ter bairros. Uma delas se estendia por 12 quilômetros ao longo da margem do rio. Algumas até tinham docas. Esta Amazônia superpovoada está presente em todo o relato do frade e, hoje, a evidência arqueológica mostra que, a esse respeito, os textos de Carvajal estavam longe de serem fantasia ou superstições europeias. Ele escreveu sobre uma floresta amazônica cheia de gente porque foi, provavelmente, o que ele de fato encontrou.
Isso nos leva a 1661, quando o Padre João Bettendorf viajou para a mesma região (próximo à foz do Rio Tapajós), encontrando uma aldeia muito populosa. Ele fundou uma missão jesuíta neste local, e com isso, a aldeia do Tapajós cresceu ainda mais. Hoje, essa aldeia é Santarém, uma das maiores cidades do Pará.
Oficialmente, a primeira cidade do Brasil é São Vicente, fundada em 1532. Mas se pensarmos em termos de ocupação humana contínua, Santarém (que surgiu de uma aldeia que existia muito antes dos europeus pensarem em vir para as Américas) teria uma reivindicação histórica muito mais antiga.
Mas, se a Amazônia tinha tanta gente, de onde veio a ideia de uma floresta hostil a humanos e habitada apenas por plantas e animais?
Em 1711, o governo português proibiu a entrada de estrangeiros no Brasil sem autorização. As expedições na Amazônia praticamente pararam. Isso só mudou em 1808, quando a família real portuguesa veio morar no Rio de Janeiro e abriu os portos, permitindo a entrada de estrangeiros.
As novas expedições, agora incluindo cientistas explorando a região para catalogar plantas e animais, encontraram uma Amazônia muito diferente da vista no início da colonização. Era uma floresta densa e praticamente intocada por humanos, exceto por pequenas aldeias isoladas.
Tínhamos, então, duas Amazônias: uma no início da colonização, cheia de indígenas, e outra a partir do século XIX, praticamente vazia. O que aconteceu nesse período para mudar a geografia humana da Amazônia?
A resposta é uma combinação de fatores:
Conflitos e Violência: Os confrontos entre povos indígenas e portugueses frequentemente terminavam com aldeias inteiras sendo dizimadas ou abandonadas, forçando os indígenas a se esconderem no interior da floresta, longe dos rios.
Epidemias: As populações nativas não tinham anticorpos para combater doenças europeias comuns (gripe, sarampo, varíola) e foram devastadas. A redução brutal da população indígena foi tão maciça que é considerada uma das causas da chamada Pequena Idade do Gelo, causada pela redução da atividade humana e o aumento do número de árvores tomando conta das aldeias abandonadas.
Os cientistas do século XIX encontraram uma floresta densa e desabitada, sem ver sinais de aldeias abandonadas, pois a vegetação já havia tomado conta. Eles concluíram que os relatos do século XVI eram fantasia. E foi essa imagem de uma Amazônia sem gente que se espalhou e perdurou até hoje.
É fácil entender por que os naturalistas dos séculos XVIII e XIX pensavam que os relatos de uma Amazônia cheia de gente eram fantasia. Afinal, a floresta está cheia de lendas.
Muitos dos mitos iniciais, como El Dorado (a cidade feita de ouro), surgiram da superstição europeia de que o ouro crescia sob a influência do sol nas regiões mais quentes. Exploradores como o espanhol Lope de Aguirre, que se autodenominava “A Ira de Deus” e “O Príncipe da Liberdade”, se perderam na busca por essas riquezas fantásticas.
Já na virada do século XIX para o XX, os mitos ganharam um tom mais científico. O explorador inglês Percy Fawcett (o Indiana Jones da vida real) desapareceu em 1925 em busca da Cidade Perdida de Z, que ele acreditava ter sido construída por gregos ou fenícios, e não pelos indígenas. Isso diz muito sobre a perspectiva europeia da época: era impensável que os indígenas, vistos como selvagens e primitivos, pudessem construir algo tão grandioso.
No entanto, estamos em um momento em que cidades perdidas reais estão sendo encontradas na Amazônia.
Por que demorou tanto?
A Amazônia tem quase sete milhões de quilômetros quadrados, e grande parte desse território é coberta por florestas. A pesquisa arqueológica é lenta e cara. Além disso, a floresta rapidamente toma conta dos espaços abandonados, e o calor e a umidade aceleram a deterioração dos vestígios, especialmente os orgânicos.
Mas as descobertas sempre existiram. Há 13 mil anos, já havia vestígios humanos na Amazônia. Há 7 mil anos, surgiram os primeiros sambaquis (montes de terra, conchas e restos de comida, usados como moradias ou cemitérios). Também há 7 mil anos, a produção de cerâmica começou na Amazônia, um avanço importantíssimo para a alimentação e armazenamento. Os povos que construíram o sambaqui de Taperinha, na região de Santarém, foram os primeiros a fazer cerâmica em todo o continente americano.
A tecnologia que realmente revolucionou a pesquisa na Amazônia é o LiDAR (Light Detection And Ranging). O LiDAR, um sensor remoto que emite raios laser de um avião ou drone, consegue mapear o solo em áreas completamente cobertas por árvores, identificando qualquer irregularidade, como plataformas de terra ou valas.
Com o LiDAR, revelações impressionantes surgiram:
Bolívia (Cultura Casarabe): Foram descobertos dois sítios gigantescos (Cotoca e Landívar), centros urbanos conectados por plataformas de terra e que floresceram entre 500 e 1400 d.C.
Equador (Vale do Rio Upano): Vários centros urbanos conectados por estradas que se estendem por até dez quilômetros, com habitações, campos irrigados e terraços. Algumas praças rituais formam complexos comparáveis em área às pirâmides egípcias.
Mas podemos realmente chamar isso de “cidades”? Onde estão as pedras e as ruínas de edifícios?
Sim, podemos chamá-las de cidades.
No caso da Amazônia, as cidades foram construídas com terra, a matéria-prima disponível na floresta. Isso não significa que eram menos avançadas. Cahokia, na América do Norte, foi uma cidade mais populosa que Paris na época, construída com montes de terra. Em Uruk, no Iraque, as casas eram feitas de tijolos de barro. O fato de as cidades amazônicas não serem feitas de pedra não tem nada a ver com serem mais ou menos desenvolvidas. Eram cidades construídas por povos indígenas que viviam em sociedades complexas, e algumas delas tinham avanços que deixariam os Astecas ou os Egípcios de boca aberta.
Vamos olhar para a Ilha de Marajó (Pará). Por volta do ano 400 d.C., começaram a surgir os “tesos” — grandes plataformas de terra construídas pelos indígenas. Os tesos maiores eram espaços cerimoniais, com cerâmicas complexas, como urnas funerárias. Mais impressionante é que, ao lado de cada teso, havia áreas escavadas que formavam um sistema de controle hidráulico. Canais e barragens retinham água durante as secas e preveniam inundações nas chuvas. Esse sistema também criava lagos artificiais para criação de peixes e tartarugas. Muitos anos antes dos europeus, os Marajoaras já sabiam lidar com as variações climáticas de forma totalmente integrada ao ambiente.
Outro exemplo é o Alto Xingu. A ocupação começa por volta do ano 800, em aldeias de layout circular, com casas comunais dispostas em torno de uma praça central para rituais e enterros.
Ao redor da aldeia, os indígenas trabalhavam em hortas e pomares, construíam estradas e cuidavam do lixo orgânico. Por volta de 1400, a paisagem do Xingu estava completamente cheia de assentamentos como esse. Muitas aldeias eram fortificadas e conectadas por um sistema de estradas, formando uma rede de comunidades.
Essas comunidades eram gigantes. A famosa Kuhikugu era uma rede de cerca de vinte aldeias, com uma área de aproximadamente 250 km². No seu auge, Kuhikugu abrigava 50.000 indígenas, que viviam entre construções complexas, como trincheiras, pontes e fortificações. A abundância de alimentos (mandioca, milho, pesca) proporcionava uma qualidade de vida superior. Enquanto na Europa Medieval a falta de recursos e higiene significava fome e doença, na Amazônia, esqueletos encontrados por arqueólogos mostram que os indígenas eram extremamente saudáveis e se alimentavam muito bem. Sua saúde bucal, inclusive, era melhor do que a dos europeus da época.
A sustentabilidade era o DNA de todas essas civilizações, que criaram um tipo de urbanismo verde. As áreas residenciais estavam ligadas às agrícolas, perfeitamente integradas à floresta. A floresta fornecia benefícios à cidade e, em troca, a cidade beneficiava a floresta. Era uma parceria.
Um dos resultados dessa parceria é a Amazônia que conhecemos hoje.
A floresta, um dos maiores tesouros da Terra, só existe porque os povos indígenas a criaram. As civilizações não construíram a floresta literalmente, mas sua interferência no ambiente moldou completamente a floresta amazônica.
A principal evidência disso está no solo da Amazônia. Se você cavar, notará que o solo é amarelado. Mas há áreas onde o solo é mais escuro, a chamada “Terra Preta”, que cobre pelo menos 3% da bacia amazônica e é extremamente fértil.
Hoje sabemos que a Terra Preta foi criada pelos povos indígenas. O lixo orgânico criado nas aldeias era transformado em fertilizante, em um processo semelhante à compostagem. Este solo é um resultado direto das ações dos indígenas que viveram nesses locais, e é um ciclo que se mantém há 7.000 anos em algumas regiões.
Outra evidência está nas árvores, ou melhor, na domesticação de árvores. A Amazônia é um dos maiores centros de domesticação de plantas e árvores do mundo, com cerca de 80 espécies domesticadas, incluindo amendoim, abacaxi, mandioca, batata-doce, cacau e guaraná.
Um estudo mostrou que, das 16.000 espécies de árvores na Amazônia, 227 são hiperdominantes. E a hiperdominância de árvores domesticadas (cerca de cinco vezes maior) é muito maior perto dos locais onde as pessoas costumavam viver. Isso é um resultado direto das ações indígenas.
Os europeus do século XIX, que pensavam que a Amazônia era uma floresta virgem, não perceberam que, na verdade, partes da floresta são imensos pomares cheios de árvores frutíferas que não cresceram ali por acaso. A Amazônia é uma agrofloresta gerida, moldada pelos povos indígenas.
Isso nos remete ao início do vídeo. As pirâmides são os maiores feitos de algumas civilizações antigas. Por essa lógica, a Amazônia também é um monumento. Afinal, é o maior feito dos povos que viveram nesta região. É um monumento único, construído com terra e vida, e que não pode ser visto como algo que se formou sozinho.
A Amazônia que conhecemos hoje só existe por causa dos povos indígenas. Eles foram os construtores e engenheiros deste monumento e, junto com a natureza, transformaram a floresta e, até hoje, ajudam a preservá-la.
Os egípcios construíram as maiores pirâmides do mundo. Os chineses construíram a maior muralha da história. E os povos da Amazônia criaram a maior floresta tropical do planeta.
E, como todo monumento, a Amazônia é um legado. É parte da sua história. É parte da história de todos os brasileiros.
Se tudo o que vimos neste vídeo aconteceu antes de 1500, por que só aprendemos a história do Brasil a partir de 1500?
O problema é que fomos ensinados a ver a história através de uma lente europeia, e para os europeus, tudo o que aconteceu no Brasil antes da colonização portuguesa é visto como curiosidade de pouca importância. É por isso que nos é ensinado que a história do nosso país realmente começa em 1500, com a chegada dos europeus. Mas essa visão não se encaixa mais aqui. A ciência já provou que ela está desatualizada.
Estamos descobrindo que o Brasil que existia antes do Brasil era muito mais grandioso do que o ensinado na escola. O conhecimento dos povos indígenas tem perdurado por séculos e ainda está presente no cotidiano de praticamente todo brasileiro, desde técnicas agrícolas ao nosso vocabulário, pratos tradicionais e remédios.
A história de um país é, acima de tudo, a história do povo que construiu esse país. Portanto, a história do Brasil não começa em 1500 com o desembarque português. Ela começa muito antes disso, com os milhões de povos indígenas que viviam aqui. Os verdadeiros fundadores do Brasil, foram eles que começaram a moldar a terra onde vivemos hoje e, com seus costumes e conhecimentos, ajudaram a criar o que é um dos nossos maiores tesouros: a cultura do povo brasileiro.