Joguem na no rio!” rugiu Gregor Velmont, o rosto contorcido em fúria. “Que se afogue com a bastarda que carrega!” Aana nem teve tempo de gritar. Mãos brutais a arremessaram da ponte. A água fria a engoliu como um abraço das trevas. E então, do alto da margem, uma voz cortou o ar como lâmina.
Se ela perecer, vocês a seguirão. O duque Adriano Darmont acabava de mergulhar. Era o ano de 1789 nas terras coloniais do Brasil, onde os engenhos de açúcar dominavam a paisagem e a crueldade era moeda corrente. A fazenda Velmont erguia-se como um império de cana e sangue, seus canaviais intermináveis, alimentados pelo suor de centenas de almas escravizadas.
Ali a liberdade era um sonho distante e a compaixão uma palavra desconhecida. Naquela manhã de setembro, o céu estava carregado de nuvens pesadas, como se pressentisse a tragédia que estava por vir. Aana Morel, aos 20 anos, caminhava em direção à Casa Grande, com passos lentos e cuidadosos.
Suas mãos tremiam enquanto seguravam a cesta de roupas limpas. O ventre arredondado de 5 meses de gestação tornava cada movimento uma batalha silenciosa contra a dor e o medo. Ela não escolhera carregar aquela vida. A criança fora concebida em uma noite de horror, quando Gregor Vmont, o herdeiro arrogante da fazenda, a arrastara para os estábulos.

Desde então, a Iana vivia em um estado de pavor constante, sabendo que sua gravidez era tanto uma sentença quanto uma vergonha aos olhos daquele homem cruel. Gregor nunca assumira o que fizera. Pelo contrário, quando a barriga de Aana começou a crescer, ele a culpou publicamente, dizendo que ela seduzira outros escravizados. A mentira espalhou-se como fogo e Ana tornou-se alvo de desprezo até mesmo entre os seus. Ninguém acreditava nela, ninguém a defendia.
Naquela manhã, enquanto cruzava o pátio em direção ao rio para lavar mais roupas, Aana sentiu o peso dos olhares. Gregor estava na varanda da Casagrande, cercado por outros jovens senhores que visitavam a fazenda. Ele a observava com um misto de repulsa e raiva, como se a simples existência dela fosse uma afronta pessoal. Olhem só”, disse Gregor em voz alta, o tom carregado de veneno.
“A bastarda ainda ousa caminhar por aqui como se fosse gente.” Os homens ao redor riram, mas a manteve a cabeça baixa, acelerando o passo. O coração disparava no peito e ela apertou a cesta contra o corpo, como se aquilo pudesse protegê-la do que estava por vir. Mas Gregor não estava disposto a deixá-la em paz.
Ele desceu as escadas da varanda com passos pesados, os olhos cinzentos fixos nela, como os de um predador. Aana sentiu o terror subir pela garganta quando percebeu que ele vinha em sua direção. “Pare aí”, ordenou Gregor, a voz cortante. Aana obedeceu, paralisada. O corpo inteiro tremia e ela instintivamente se encolheu, os ombros caindo para a frente como se pudesse desaparecer. Olhe para mim quando eu falar com você”, Gregor sibilou, agarrando-a pelo braço com força brutal.
Aana ergueu os olhos e, pela primeira vez em meses, permitiu-se encará-lo. Seus olhos cor de mel, normalmente doces e gentis, estavam agora repletos de uma dor silenciosa que poderia partir qualquer coração que ainda tivesse humanidade, mas Gregor não tinha. Você acha que pode carregar essa bastarda e continuar vivendo aqui, envergonhando minha família? Ele apertou ainda mais o braço dela, os dedos cravando-se na pele.
Você não passa de lixo e lixo precisa ser descartado. Antes que a pudesse processar as palavras, Gregor a arrastou pelo pátio. Ela tentou resistir, mas ele era forte demais. Os outros homens o seguiram rindo e fazendo comentários vulgares. Ninguém interferiu. Ninguém ousava desafiar o herdeiro Velmont. Eles a levaram até a ponte de madeira que cruzava o rio nos fundos da propriedade.
A água corria rápida e escura, alimentada pelas chuvas recentes. A Iana sentia as pernas fraquejarem e o pânico a consumia por completo. “Por favor”, ela sussurrou, a voz quebrando. “Por favor, não. Cale a boca!”, Gregor rosnou, jogando-a contra a balaustrada da ponte. Foi então que uma voz grave ecuou pela margem.
O que está acontecendo aqui? Todos se viraram. Do outro lado do rio, montado em um cavalo negro imponente, estava o duque Adriano Darmon. Ele observava a cena com olhos azuis gélidos, o rosto uma máscara de autoridade implacável. Mesmo à distância, sua presença irradiava poder e perigo.
Gregor hesitou por um instante, mas logo recuperou a arrogância, apenas cuidando de um problema. Duque, nada que deva preocupá-lo. Adriano desceu do cavalo com movimentos medidos e caminhou até a ponte. Seus olhos percorreram a rapidamente, notando o ventre arredondado, as marcas nos pulsos, o terror estampado no rosto. Algo dentro dele se mexeu, uma fissura quase imperceptível em sua couraça de frieza. “Solte-a”, ordenou Adriano.
A voz baixa e perigosa. Gregor soltou uma risada forçada. Com todo respeito, Duque, isso não é da sua conta. Ela é propriedade da minha família. E eu disse para soltá-la. A tensão no ar era palpável. Gregor apertou os dentes, a raiva fervendo dentro dele. Não suportava ser desafiado, especialmente por alguém cuja autoridade epsava a sua.
Em um gesto impulsivo e desafiador, ele agarrou a Iana pelos ombros. Joguem-na rio,” rugiu Gregor, “o rosto contorcido em fúria. Que se afogue com a bastarda que carrega antes de qualquer reação, antes que Adriano pudesse atravessar a ponte. Mãos brutais arremessaram a Iana para fora da bala austrada. Ela nem teve tempo de gritar.
O mundo girou em um segundo de terror absoluto e então a água gelada a engoliu. O impacto roubou-lhe o ar dos pulmões. A correnteza a puxou para baixo com força implacável e Aana lutou desesperadamente para subir à superfície. Mas o vestido encharcado pesava como chumbo, e o Charava, corpo grávido, já fragilizado, não conseguia vencer a força do rio.
Ela afundava, as trevas a envolviam. E então, no último segundo, antes de perder a consciência, Aana sentiu braços fortes ao seu redor. Adriano Darmon, o duque temido que jamais demonstrara piedade por ninguém, havia mergulhado no rio. Antes de continuarmos com essa história que promete mexer com cada fibra do seu coração, quero fazer uma pausa para agradecer por você estar aqui.
Sério, sua presença assistindo este vídeo é muito especial para mim. Cada visualização, cada minuto que você dedica a essa narrativa é o que me motiva a continuar trazendo essas histórias para vocês. Se você está gostando até agora, não se esqueça de se inscrever no canal e ativar o sininho para não perder nenhuma das próximas emoções que preparamos.
Agora vamos voltar, porque o que está prestes a acontecer vai mudar tudo. Quando Adriano emergiu a superfície carregando a Iana nos braços, o silêncio na margem era absoluto. Todos os homens que segundos antes riam e zombavam agora estavam paralisados, boqueabertos diante da cena impossível.
O duque, com água escorrendo pelos cabelos castanhos, caminhava pela margem com passos firmes, segurando a jovem inconsciente contra o peito. Seus olhos azuis, normalmente frios como gelo, ardiam com uma fúria controlada que fez Gregor recuar instintivamente. “Se ela perecer”, disse Adriano, “a voz baixa e letal vocês a seguirão. Todos vocês.” Não era uma ameaça vazia.
Todos ali sabiam que o Duque Darmon era um homem de palavra e suas palavras tinham o peso de sentenças de morte. Gregor, pálido e tremendo de raiva impotente, não ousou responder. Apenas observou enquanto Adriano montava em seu cavalo, ainda segurando a Iana com cuidado quase reverente e galopava em direção às suas terras. Naquele momento, algo mudou.
Uma rachadura se abriu no mundo rígido e cruel da colônia, e ninguém, nem mesmo o próprio duque, sabia até onde aquela fissura se estenderia. Aana despertou em um quarto que parecia pertencer a outro mundo. As paredes eram revestidas de madeira nobre e cortinas de veludo bordô filtravam a luz suave da tarde.
O colchão sob seu corpo era macio, tão diferente da palha úmida e áspera a que estava acostumada, que por um momento, pensou estar sonhando. Mas a dor que latejavam em seus pulmões era real demais para ser ilusão. Ela tentou se sentar, mas uma mão firme e gentil a impediu. Aana virou a cabeça e encontrou os olhos de uma mulher idosa de pele parda e cabelos grisalhos presos em um coque.
A mulher sorria com uma ternura que a Iana não via há anos. Devagar, menina, disse a senhora. A voz carregada de bondade, você quase não voltou. Seus pulmões ainda estão fracos. Onde? Onde estou? Aana sussurrou, a garganta arranhando. Nas terras do duque Darmon, ele a trouxe aqui depois de bem, depois do que aqueles homens fizeram, a Iana sentiu o coração disparar.
O duque, ela se lembrava vagamente de braços fortes ao seu redor, de uma voz grave, ordenando que a salvassem. Mas por quê? Porque um homem como ele, conhecido por sua crueldade e indiferença, teria arriscado a própria vida por uma escravizada. O bebê. Aana levou as mãos ao ventre com pânico. Meu bebê está bem? A mulher apressou-se em tranquilizar lá, colocando a mão sobre a dela.
O bebê está seguro. Você teve sorte, menina. Muita sorte. Lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Aana. Não de tristeza, mas de um alívio avaçalador. Ela apertou o ventre com delicadeza, sentindo o movimento sutil da criança dentro dela. Viva! Ambas estavam vivas. A porta do quarto se abriu silenciosamente e a Iana sentiu o ar mudar. Ela virou a cabeça e o viu.
Adriano Darmon estava parado na soleira, os ombros largos preenchendo o espaço, os olhos azuis fixos nela, com uma intensidade que fez o coração dela saltar. Ele não usava mais as roupas encharcadas. Agora vestia uma camisa branca impecável e calças escuras, os cabelos castanhos penteados para trás, revelando a cicatriz fina no maxilar.
Por um longo momento, nenhum deles disse nada, apenas se olharam, como se estivessem tentando decifrar um enigma impossível. Como está se sentindo? Adriano finalmente perguntou. A voz mais suave do que Aana esperava. Eu eu estou bem, senhor”, ela respondeu baixinho, abaixando os olhos por instinto. “Olhe para mim”, ele disse, “Não como uma ordem, mas como um pedido.” A hesitou, mas lentamente ergueu os olhos novamente.
Havia algo no olhar dele que a desconscertava. Não era piedade, nem desprezo. Era algo mais profundo, mais perturbador. Era como se ele estivesse vendo-a de verdade, não como uma propriedade, mas como uma pessoa. “Você não precisa me chamar de senhor aqui”, Adriano disse, surpreendendo até a si mesmo com as palavras. “Meu nome é Adriano.
” A mulher idosa ao lado da cama arregalou os olhos, mas não disse nada. Ana, por sua vez, sentiu o mundo girar. Nenhum nobre jamais havia permitido que ela usasse seu nome. Era impensável. Era perigoso. Eu não posso. Ela começou, mas Adriano a interrompeu. Pode e vai. Ele deu alguns passos em direção à cama, as mãos cruzadas nas costas.
Você ficará aqui até se recuperar completamente. Ninguém a tocará. Ninguém a machucará. Isso é uma promessa. A Iana não sabia o que dizer. Parte dela queria acreditar. Mas anos de sofrimento haviam ensinado que promessas eram frágeis como vidro. Ainda assim, havia algo na voz dele, na forma como olhava para ela, que fazia uma pequena chama de esperança as acender em seu peito.
“Por que o senhor? Por que você fez isso?”, ela perguntou, a voz trêmula. “Por que me salvou?” Adriano ficou em silêncio por um tempo que pareceu eterno. Ele desviou o olhar, fixando-o na janela, como se buscasse uma resposta que ele mesmo não entendia completamente, porque era o certo a fazer. Ele finalmente respondeu. Mas ambos sabiam que havia mais por trás daquelas palavras. Nos dias que se seguiram, Ana começou a se recuperar lentamente.
O quarto que ocupava ficava em uma ala afastada da mansão principal, longe dos olhares curiosos dos outros empregados. A mulher idosa, que se apresentou como dona Beatriz, cuidava dela com dedicação maternal, trazendo sopas quentes, chás calmantes e histórias reconfortantes sobre sua própria juventude. Mas era Adriano quem mais intrigava a Iana.
Ele visitava o quarto todos os dias, sempre ao cair da tarde, quando as sombras alongavam-se pelas paredes. Nunca ficava muito tempo, nunca dizia muito, mas sua presença era constante e estranhamente reconfortante. Em uma dessas visitas, Adriano trouxe um livro.
Aana o observou com curiosidade enquanto ele se sentava em uma cadeira ao lado da cama. “Você sabe ler?”, ele perguntou. Aana a sentiu tímidamente. Minha mãe me ensinou quando eu era pequena. Antes de Ela não precisou terminar. Adriano entendeu antes de perder tudo. Então talvez goste disto. Ele estendeu o livro para ela. Era um volume de poesias francesas. A capa gasta pelo tempo, mas ainda bonita.
Aana pegou o livro com mãos trêmulas, como se estivesse segurando um tesouro inestimável. E de certa forma estava. Ninguém nunca lhe dera um presente antes. Ninguém nunca se importara com o que ela gostava ou precisava. Obrigada!”, ela sussurrou, apertando o livro contra o peito. Adriano apenas a sentiu, mas algo em seu rosto amoleceu.
Por um breve instante, a máscara de frieza caiu e Aana viu o homem por trás do título, um homem solitário, assombrado por fantasmas que ele jamais compartilharia. À noite, quando a Iana estava sozinha, ela abria o livro e lia os poemas à luz de velas. As palavras dançavam na página falando de amor, perda, esperança e redenção. E enquanto lia, ela se pegava pensando no duque, no homem que mergulhara em águas turbulentas por ela, no homem que a olhava como se estivesse tentando entender um mistério. Ela não deveria pensar nele daquela forma. sabia disso.
Era perigoso, impossível, condenado desde o início. Mas o coração, descobriu Aana, não obedece a razão. Uma noite, enquanto caminhava pelos corredores silenciosos da mansão em busca de água, Aana ouviu vozes vindas do escritório do duque.
A porta estava entreaberta e ela reconheceu a voz grave de Adriano, embora nunca o tivesse ouvido falar daquela forma antes. uma dor crua em seu tom, uma vulnerabilidade que ele jamais mostrara na presença dela. “Eu não consigo parar de pensar nela”, Adriano dizia. E Aana sentiu o coração parar. É como se como se algo dentro de mim tivesse acordado depois de anos adormecido.
“Adriano, você precisa ter cuidado”, respondeu outra voz masculina, mais velha e ponderada. A sociedade não perdoará isso. Você é um duque. Ela é. Eu sei o que ela é. Adriano cortou a voz subitamente dura. E sei exatamente o que isso significa, mas pela primeira vez em anos sinto algo além de vazio. Aana recuou, o coração batendo descompassado. Ela não deveria ter ouvido aquilo.
Não deveria saber que o duque, o homem temido e implacável, sentia algo por ela. Era perigoso demais para ambos. Mas enquanto voltava silenciosamente para o quarto, uma verdade innegável a atingiu. Ela também sentia algo por ele. No dia seguinte, Adriano apareceu no quarto mais cedo do que o habitual. Havia uma tensão em seus ombros, uma urgência em seus olhos azuis que a Iana não conseguia decifrar.
Preciso lhe mostrar algo”, ele disse, estendendo a mão. A Iana hesitou apenas um segundo antes de colocá-la mão na dele. O toque foi elétrico, enviando uma onda de calor por todo o corpo dela. Adriano a ajudou a se levantar e a guiou pelos corredores da mansão até chegarem a uma porta trancada no buzitas e final de uma ala abandonada. Ele abriu a porta revelando um quarto pequeno, mas acolhedor.
Havia um berço de madeira entalhada, um armário cheio de roupas minúsculas e brinquedos delicados espalhados sobre uma cômoda. “Este o quarto do meu filho, Adriano”, disse baixinho. A voz carregada de uma tristeza antiga. Ele nunca chegou a usá-lo. Nasceu e partiu no mesmo dia junto com minha esposa. Aana sentiu lágrimas picar em seus olhos.
Ela olhou para Adriano e viu pela primeira vez a extensão completa de sua dor. Ele não era apenas o duque frio e cruel que todos temiam. Era um homem quebrado, tentando sobreviver em um mundo que não permitia fraquezas. Eu quero que você use este quarto. Adriano continuou olhando para ela, para o seu bebê.
Quando chegar a hora, as palavras ficaram suspensas no ar entre eles, carregadas de um significado que ia muito além do gesto. Não era apenas generosidade, era uma declaração silenciosa de que ele havia, que a criança que ela carregava importava, que ambas mereciam mais do que o mundo cruel lhes oferecia. Por quê? Ana sussurrou, a voz quebrando. Por que está fazendo tudo isso por mim? Adriano deu um passo em direção a ela, tão perto que a Iana podia sentir o calor emanando de seu corpo.
Ele ergueu a mão lentamente, como se tivesse medo de assustá-la, e tocou gentilmente seu rosto, os dedos traçando a linha de sua bochecha. Porque quando olho para você, ele disse, a voz rouca, vejo algo que pensei ter perdido para sempre. Aana fechou os olhos, permitindo-se, apenas por um momento, acreditar que aquilo era real, que um homem como ele poderia genuinamente se importar com alguém como ela. Mas a realidade, como sempre, veio bater à porta de forma brutal.
Um grito ecoou pelos corredores da mansão, seguido de passos apressados. Dona Beatriz apareceu na soleira, o rosto pálido de pavor. “Duque, ela o fegou. Tem visitas na entrada. É o Barão Velmont e ele trouxe Gregor. Estão exigindo a devolução da escravizada. O salão principal da mansão Darmont era um espetáculo de opulência.
Lustres de cristal pendiam do teto alto e tapetes persas cobriam o piso de mármore. Mas naquela tarde a beleza do ambiente contrastava violentamente com a tensão que pairava no ar, como uma tempestade prestes a desabar. Adriano desceu as escadas com passos medidos, cada movimento calculado para transmitir a autoridade absoluta.
Seus olhos azuis estavam gélidos, a máscara de frieza firmemente no lugar. Atrás dele, escondida em uma alcova do segundo andar, aana observava tudo, o coração disparado, as mãos apertadas sobre o ventre, em um gesto instintivo de proteção. No centro do salão, o barão Velmont aguardava com uma postura rígida de indignação.
Era um homem corpulento, de bigodes volumosos e rosto avermelhado pela idade e pelo excesso de vinho. Ao seu lado, Gregor exibia um sorriso arrogante, que não chegava aos olhos cinzentos, agora fixos nas escadas, como se estivesse caçando uma presa. Duque Dar monte o barão começou, a voz trovejante ecoando pelas paredes. Agradeço por nos receber, mas venho aqui em uma missão que não admite delongas.
Minha propriedade foi tomada e exijo sua devolução imediata. Adriano desceu o último degrau e parou a alguns metros dos visitantes, as mãos cruzadas nas costas. Sua expressão não revelava nada. Propriedade, ele repetiu a palavra soando como uma lâmina desembanhada. Refere-se à jovem que seu filho tentou afogar.
Gregor deu um passo à frente, o rosto contorcendo-se em fúria mal disfarçada. Ela é uma escravizada fugitiva e carrega uma bastarda que, cuidado com suas próximas palavras, Adriano cortou a voz baixa, mas carregada de perigo. Muito cuidado. O barão colocou a mão no ombro do filho em um gesto de advertência, mas seus próprios olhos faiscavam de raiva contida. Com todo respeito, Duque, isso é uma questão de propriedade legal.
Aquela mulher pertence à minha família há anos. O Senhor não tem direito de retê-la. Direito Adriano murmurou quase para si mesmo. Então ergueu os olhos e o que havia neles fez até o barão recuar. Falaremos de direitos.
Então, que direito tinha seu filho de jogar uma mulher grávida em um rio? Que direito tinha de tentar tirar duas vidas por puro capricho? Ela não é uma mulher. Gregor cuspiu perdendo a compostura. é uma escravizada, uma posse, e se eu decidi descartá-la, é meu direito fazer como bem entender. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Adriano deu um passo em direção a Gregor e algo em seu olhar fez o jovem empalidecer.
Se você der mais um passo em direção a ela, Adriano disse: “Cada palavra pronunciada com precisão mortal, não haverá título, fortuna ou influência que o salve do que farei com você”. O barão interveio rapidamente, percebendo que a situação estava escapando do controle. Duque Darmon.
Sei que o senhor é conhecido por sua justiça, mas precisa entender a posição delicada em que isso nos coloca. A sociedade espera que as leis sejam cumpridas. Se começarmos a permitir que escravizados fujam para as terras de nobres protetores, ela não fugiu. Adriano interrompeu. Foi jogada para a morte. Há uma diferença, uma diferença técnica que não mudará a percepção pública.
O barão retrucou, recuperando parte de sua compostura. O Senhor sabe tão bem quanto eu, que proteger uma escravizada de outra família causará escândalo. Sua reputação, sua posição, tudo estará em risco. Adriano sabia que o Barão estava certo. Aquele gesto de misericórdia, aquele ato impulsivo de salvar a Iana, já havia plantado sementes de rumores por toda a região.
Nobres coxixavam em salões, comerciantes especulavam nos mercados. A notícia se espalhava como fogo em palha seca, mas quando pensava em devolver a emgá-la de volta para aquelas mãos cruéis, algo dentro dele se revoltava com uma intensidade que o assustava. A lei disse: “Adriano lentamente pode ser interpretada de muitas formas.
E como duque destas terras, cabe a mim decidir como aplicar lá. O Senhor está cometendo um erro.” O Barão disse, a voz agora carregada de ameaça velada, um erro que pode custar muito caro. Gregor, incapaz de conter-se mais, avançou. Ela é minha. Aquela bastarda é minha propriedade e a criança que carrega também.
A confissão escapou antes que ele pudesse detê-la lá. O barão fechou os olhos brevemente, percebendo o erro fatal do filho. Adriano, por sua vez, sentiu uma fúria fria e calculista tomar conta de cada fibra de seu ser. “Então você admite”, Adriano disse, “A voz perigosamente calma, que a criança é sua.” E mesmo assim tentou assassiná-la. Gregor percebeu tarde demais o que havia dito.
Sua arrogância transformou-se em pânico enquanto procurava uma forma de se retratar. Eu não, eu quis dizer. Saia da minha casa Adriano ordenou a voz ecoando pelo salão como um trovão. Agora, antes que eu me esqueça dos códigos de hospitalidade que nos separam dos animais, o barão, percebendo que haviam perdido, agarrou o braço do filho e o arrastou em direção à saída.
Mas antes de cruzar a porta, virou-se uma última vez. Isto não terminou, Duque. A sociedade ouvirá sobre isso. E quando ouvirem, nem mesmo seu título o protegerá do julgamento que virá. Quando a porta se fechou atrás deles, Adriano permaneceu imóvel por um longo momento. Então, lentamente ergueu os olhos para a Alcova, onde sabia que Aana estava escondida.
Ela desceu as escadas devagar, as pernas tremendo, o rosto banhado em lágrimas silenciosas. Quando chegou ao salão, mal conseguia ficar em pé. “Você não deveria ter feito isso.” Aana sussurrou, a voz quebrada. Você arriscou tudo por mim. Sua reputação, sua posição. Eles vão destruir você por minha causa.
Adriano caminhou até ela e, pela primeira vez, desde que se conheceram, permitiu-se tocar seu rosto com ambas as mãos, segurando-a com uma ternura que contrastava violentamente com a dureza que mostrara momentos antes. Que destruam ele disse simplesmente: “Prefiro perder tudo do que entregar você para aqueles monstros.” As palavras ficaram suspensas entre eles, pesadas de significado. Aana sentiu o coração se partir e se reconstruir ao mesmo tempo. Ninguém jamais a defendera assim.
Ninguém jamais a escolhera. Por que eu? Ela perguntou, as lágrimas correndo livremente agora. Por que arriscar tudo por alguém como eu? Adriano hesitou, lutando contra as palavras que queriam escapar. Mas então, em um momento de rendição completa, ele disse a verdade que vinha negando até para si mesmo.
Porque quando olho para você, sinto-me vivo novamente. E isso, Aana, vale mais do que qualquer título ou fortuna. Era a primeira vez que ele dizia seu nome. O som dele em seus lábios fez algo dentro de Aana se desfazer completamente. Ela se deixou cair contra o peito dele e Adriano a envolveu em seus braços, segurando-a como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Mas o mundo ao redor deles não estava disposto a permitir aquela conexão impossível.
Nos dias que se seguiram, os rumores explodiram como pólvora. A notícia de que o duque Darmon havia protegido uma escravizada, desafiando o outro nobre, espalhou-se por toda a colônia. Nos salões da nobreza, seu nome era pronunciado com escândalo e indignação. Nas ruas, o povo especulava sobre os verdadeiros motivos do duque. E então chegou a carta.
Elvira Monteblan, a filha do Visconde, anunciava sua visita. Era uma mulher que Adriano conhecia desde a infância, alguém que sempre deixara claro suas intenções de se casar com ele. Bela, influente e implacável, Elvira era exatamente o tipo de aliança que a sociedade esperava dele. E ela vinha pessoalmente descobrir a verdade sobre os rumores.
Estou curiosa para saber de que cidade ou estado vocês estão acompanhando essa história? Me conta nos comentários. É incrível imaginar como nossas histórias viajam e alcançam cantos tão diferentes do mundo. Mal posso esperar para descobrir até onde chegaremos juntos. Agora prepare-se, porque o que está prestes a acontecer vai abalar tudo.
Quando eu vira a Monteblan chegou à mansão Darmon, foi como se uma tempestade elegante tivesse entrado pelas portas. Seus cabelos ruivos estavam presos em um penteado elaborado, e o vestido verde esmeralda que usava era uma demonstração clara de riqueza e poder, mas eram seus olhos verdes que mais chamavam atenção, afiados e calculistas, examinando cada detalhe ao seu redor.
Adriano, ela disse, a voz doce como melvenado. Quanto tempo eu vira? Ele respondeu com um aceno formal. Não esperava sua visita. Ohó, mas eu simplesmente precisava vir”. Ela disse, ajustando as luvas brancas em um gesto habitual. Os rumores chegaram até minha família e eu disse ao meu pai que deveria haver algum mal entendido.
Afinal, o homem que conheço jamais arriscaria sua posição por, bem, por alguém tão inferior. A provocação estava clara, mas Adriano manteve a compostura. Os rumores costumam ser exagerados. Então, é verdade que há uma escravizada vivendo em sua casa?”, Elvira perguntou diretamente, os olhos brilhando com uma curiosidade perigosa.
“Há uma jovem sob minha proteção.” “Sim, proteção.” Elvira repetiu, saboreando a palavra. “Que termo interessante.” Naquele momento, como se o destino quisesse testar os limites da tensão, a Iana apareceu no topo das escadas. Ela vinha descendo distraída, carregando o livro de poesias que Adriano lhe dera quando percebeu a visita. Seus olhos encontraram os de Elvira e o mundo pareceu congelar.
Elvira examinou a Iana da cabeça aos pés, notando o vestido simples, mas limpo, o ventre arredondado, os cabelos crespos soltos sobre os ombros. E então algo mudou em sua expressão. O que antes era apenas curiosidade transformou-se em algo muito mais perigoso, ciúme. Então esta é ela. Euvira disse. A voz baixa, mas carregada de veneno.
A razão pela qual toda a sociedade está falando de você. Aana sentiu o sangue gelar nas veias. Ela deu um passo para trás, querendo desaparecer, mas Adriano falou antes que pudesse se mover. Aana é minha convidada e será tratada com respeito sob este teto. A declaração foi uma bomba silenciosa. Elvira virou-se para Adriano, os olhos arregalados em choque e fúria.
“Convidada,” ela repetiu a voz subindo uma oitava. Adriano, você perdeu completamente o juízo. Sabe o que estão dizendo? Que você está envolvido com ela, que abandonou todo o senso de decoro e posição por uma escravizada grávida. O que a sociedade diz? Não me interessa. Deveria. Euvira explodiu, perdendo toda a compostura elegante.
Você é um duque, tem responsabilidades, expectativas e eu, eu esperei anos por você. Anos? E agora descubro que está jogando tudo fora por por ela. A confissão ficou suspensa no ar. Aana sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Ela finalmente entendeu. Elvira não estava ali apenas por escândalo social.
estava ali porque amava Adriano, ou pelo menos amava a ideia dele. Eu vira a Adriano começou, mas ela o interrompeu. Não ela disse erguendo a mão. Não precisa dizer nada agora, mas saiba disso, Adriano. Se continuar por este caminho, não serei apenas eu quem perderá. Você perderá tudo. E quando isso acontecer, quando a sociedade virar as costas para você, quando sua família te repudiar, quando perceber o erro que cometeu, será tarde demais.
Com essas palavras, Elvira virou-se e saiu do salão, seus passos ecoando como sentença final. Adriano ficou parado por um longo momento, os ombros tensos, o maxilar cerrado. Então, lentamente ergueu os olhos para Aana. Ela estava de pé no meio das escadas, o rosto banhado em lágrimas, o livro apertado contra o peito e nos olhos cor de mel. Adriano viu não apenas medo, mas uma decisão se formando.
“Eu preciso ir embora”, Aana sussurrou, a voz quebrada. Antes que você perca tudo por minha causa. Não, Adriano, você ouviu o que ela disse. A sociedade vai destruir você, sua família, seus aliados, tudo que construiu, tudo será perdido por minha causa. Adriano subiu as escadas até ela, cada passo medido e deliberado.
Quando finalmente ficou diante de Aana, segurou seu rosto com ambas as mãos. Então, que se perca”, ele disse, os olhos azuis ardendo com uma determinação que não admitia dúvidas. Porque pela primeira vez em anos tenho algo que vale a pena lutar para proteger.
Mas enquanto se olhavam, nenhum dos dois percebeu a figura escondida nas sombras do corredor. Uma figura que havia escutado cada palavra e que agora sorria com um sorriso cheio de malícia e vingança. Eu vira Monteblan não estava disposta a aceitar a derrota.
E se Adriano não abriria a mão da escravizada por vontade própria, ela encontraria outra forma de separá-los, uma forma definitiva e brutal, que não deixaria espaço para escolhas ou arrependimentos. A noite caiu sobre a mansão da Armon com um peso sinistro. A Iana estava deitada no quarto que Adriano preparara para ela, as mãos sobre o ventre, sentindo os movimentos do bebê.
A criança estava inquieta, como se pressentisse a tempestade que se aproximava. Foi então que ouviu os gritos. Aana levantou-se rapidamente e correu até a janela. Lá fora, no pátio principal, tochas iluminavam dezenas de rostos furiosos, homens e mulheres da nobreza local, alguns que ela reconhecia dos jantares de gala, que costumava servir na fazenda Velmont.
Outros completamente desconhecidos, mas todos compartilhavam a mesma expressão de indignação e repulsa. E à frente de todos, vestida em um elegante vestido roxo, estava Elvira Monte Blanck. Tragam a escravizada. A voz de Elvira cortou a noite como um chicote. Tragam essa criatura que ousa manchar a honra de um duque.
Aana sentiu as pernas fraquejarem. Dona Beatriz entrou correndo no quarto, o rosto marcado pelo terror. Menina, você precisa se esconder. Eles vieram buscá-la. Onde está o duque? Ana perguntou, a voz trêmula, descendo para enfrentá-los. Mas são muitos, menina, muitos demais.
No pátio, Adriano saiu da mansão com passos firmes, o rosto uma máscara de fúria contida. Seus olhos azuis varreram a multidão, parando em Euvira. Isto é uma invasão à minha propriedade, ele disse a voz baixa, mas carregada de autoridade. Todos vocês estão violando as leis que juraram defender. Não, Adriano Elvira retrucou, dando um passo à frente.
Quem viola as leis é você, protegendo uma escravizada que não lhe pertence, desafiando a ordem natural da sociedade, manchando o nome de sua família por uma mulher que não vale nada. Murmúrios de concordância se espalharam pela multidão. Adriano percebeu queira tinha orquestrado aquilo com perfeição. Não era apenas um grupo de nobres indignados.
Era um tribunal improvisado com a multidão como juízes e a Iana como condenada. Ela está sob minha proteção. Adriano declarou, e ninguém a tocará. Então você admite, Elvira triunfou, admite publicamente que escolhe uma escravizada sobre sua própria classe, sobre tudo que sua linhagem representa. Admito, Adriano respondeu sem hesitar, e faria de novo. O silêncio que se seguiu foi absoluto.
Ninguém esperava que o duque confirmasse os rumores tão abertamente. vira por um momento, pareceu genuinamente chocada, mas então recuperou-se e o sorriso que curvou seus lábios era pura malícia. Muito bem, se é assim que quer jogar, Adriano, então que todos aqui testemunhem sua queda.
A partir deste momento, você não é mais bem-vindo nos salões da nobreza. Seus negócios serão boicotados, seus aliados afastados e quando estiver sozinho e arruinado, verá que sua escolha foi um erro fatal. Adriano deu um passo em direção a ela, os olhos ardendo. Ameaças não me assustam, vira. Já perdi tudo uma vez. Não tenho medo de perder novamente.
Foi quando Gregor Velmont emergiu da multidão, cambaleando levemente, claramente embriagado. Seus olhos estavam injetados de ódio enquanto apontava para a mansão. Aquela mulher carrega meu filho! Ele gritou. E o duque quer roubá-lo de mim. Isso é rapto, é crime. A confissão pública detonou um caos imediato. Gritos de indignação misturaram-se a acusações. A multidão começou a avançar em direção à mansão.
Adriano recuou, posicionando-se na entrada, bloqueando a passagem com o próprio corpo. “Quem ousar cruzar esta soleira”, ele disse, “a mão indo ao cabo da espada que trazia a cintura enfrentará as consequências.” Mas então uma voz suave cortou através do tumulto. Parem. Todos se viraram.
No topo das escadas da entrada, iluminada pelas tochas, estava a Iana. Ela descia lentamente, cada passo custando-lhe um esforço visível. O rosto estava pálido, as mãos tremiam, mas seus olhos cor de mel brilhavam com uma determinação inabalável. Aana, não. Adriano começou, mas ela ergueu a mão pedindo silêncio. Eu não posso permitir que ele perca tudo por minha causa ela disse.
A voz firme, apesar das lágrimas que corriam por seu rosto. Eu irei com vocês. Farei o que for necessário, mas por favor poupem-no. Não. Adriano rugiu correndo até ela e segurando-a pelos braços. Você não vai a lugar nenhum. Aana olhou para ele e naquele olhar havia tanto amor quanto desespero. “Eu preciso”, ela sussurrou.
“Porque te amo demais para deixar que te destruam.” As palavras caíram como um raio. Adriano sentiu o mundo girar ao seu redor. Ela amava-o, apesar de tudo, apesar do abismo social entre eles, apesar do impossível, ela amava-o. E naquele momento, algo dentro dele se quebrou completamente. “Então, nos destruiremos juntos.
” Ele disse, puxando-a para seus braços. Porque não há mundo onde eu aceite viver sem você. Foi quando Aana soltou um grito de dor, dobrando-se sobre si mesma. Líquido, escorreu por suas pernas, manchando o chão de pedra. O bebê, ela o fegou. O bebê está chegando. O pânico tomou conta do pátio. A multidão recuou atônita.
Elvira ficou paralisada, o triunfo morrendo em seus olhos. E Adriano, pela segunda vez desde que conhecera a Iana, sentiu verdadeiro medo. “Chamem o médico”, ele ordenou, carregando a nos braços. Agora, mas enquanto subia as escadas de volta para a mansão, uma voz cruel ecoou atrás dele.
Se a criança nascer com vida, Gregor gritou, ela será minha propriedade por lei e você não poderá fazer nada para impedir. As horas que se seguiram foram as mais longas da vida de Adriano. Ele permaneceu do lado de fora do quarto, onde a Iana lutava para trazer a criança ao mundo. Os punhos cerrados, o coração martelando contra as costelas.
Cada grito de dor que atravessava a porta era uma lâmina cravando-se em sua alma. Lá embaixo, a multidão esperava. Elvira, Gregor, os nobres, indignados, todos aguardando o desfecho daquela noite impossível. Alguns por curiosidade mórbida, outros por sede de justiça distorcida. Dona Beatriz entrava e saía do quarto trazendo toalhas e água quente, o rosto grave, mas gentil.
Em um desses momentos, ela parou ao lado de Adriano e colocou a mão em seu ombro. Ela é forte do que mais forte do que imagina. Vai sobreviver. E se não sobreviver? Adriano sussurrou, a voz quebrando pela primeira vez. E se eu a perder como perdi? Ele não conseguiu terminar. As memórias da esposa e do filho vieram como uma avalanche.
A sala de parto banhada em sangue, os gritos que cessaram abruptamente, o silêncio pesado que se seguiu tão final quanto a morte. Você não vai perder lá. Dona Beatriz disse com firmeza. Porque desta vez você está aqui, está lutando, está escolhendo o amor ao invés do medo. As palavras tocaram algo profundo em Adriano. Ela tinha razão.
Quando sua esposa morrera, ele estava longe, resolvendo negócios que pareciam importantes na época. não estivera lá para segurá-la, para dizer que a amava, para lutar ao lado dela, mas agora era diferente. Agora ele estava presente. De repente, um choro ecoou do quarto. Um choro agudo, forte, vibrante de vida.
Adriano quase derrubou a porta ao entrar. Lá dentro, a Iana estava deitada na cama, pálida e exausta, mas viva. E nos braços de dona Beatriz, envolto em um cobertor branco, um bebê chorava com toda a força de seus pequenos pulmões. É uma menina dona Beatriz anunciou, os olhos brilhando de lágrimas. Uma menina linda e saudável.
Adriano caminhou até a cama como se estivesse em transe. Ana ergueu os olhos para ele e naquele olhar havia tanto alívio quanto medo. “Ela está viva”, Aana sussurrou. “Nossa filha está viva. A palavra nossa ecoou no coração de Adriano. Ele estendeu os braços e dona Beatriz colocou a criança neles com cuidado. Era tão pequena, tão frágil, mas perfeita. Tinha a pele morena de Aana e um tufo de cabelos escuros.
Quando abriu os olhos pela primeira vez, eram grandes e curiosos. “Ela é perfeita”, Adriano murmurou completamente encantado. “Mas a realidade bateu a porta de forma brutal. Passos pesados ecoaram pelo corredor e Gregor invadiu o quarto, seguido por Elvira e vários outros nobres.” Está feito. Então, Gregor disse, os olhos fixos no bebê.
A bastarda nasceu e agora, por lei, pertence a mim. Adriano virou-se lentamente, ainda segurando a criança contra o peito. Seus olhos azuis estavam tão frios que Gregor instintivamente recuou. Esta criança não pertence a ninguém além de sua mãe. Adriano disse: “Cada palavra medida e você não vai tocar lá.
A lei está do meu lado”, Gregor insistiu, mas sua voz tremia. “A mãe é escravizada. A criança é minha propriedade por herança.” Foi então que uma voz idosa e compassiva ecoou da entrada do quarto. Na verdade, não é. Todos se viraram. Frei Maurício Valcour estava na soleira segurando um documento envelhecido. Seus olhos pardos eram gentis, mas firmes. Ana Morel nunca deveria ter sido escravizada.
O Frei continuou entrando no quarto. Sua mãe era indígena livre, seu pai um comerciante francês. Quando ambos faleceram, a tutela dela foi roubada ilegalmente pela família Velmont. Tenho aqui os documentos que provam sua liberdade de nascimento. O silêncio que se seguiu foi absoluto. Gregor ficou lívido.
Eu vira a boca aberta e Adriano sentiu uma esperança feroz acender em seu peito. Isto é mentira, Gregor gritou. Documentos forjados são autênticos. Frei Maurício retrucou calmamente. Registrados nos arquivos da igreja. A Iana sempre foi livre, e uma mulher livre não pode ser propriedade, nem ela, nem sua filha. A verdade caiu sobre todos como um raio. Ana, deitada na cama começou a chorar, mas eram lágrimas de alívio avaçalador. Livre.
Ela era livre, sempre fora. Adriano ajoelhou-se ao lado da cama, ainda segurando o bebê, os olhos brilhando de emoção. “Você ouviu?” Ele sussurrou para Aana. “Você é livre. Vocês duas são livres. Gregor, percebendo que perdera, recuou em direção à porta. Euvira o seguiu, mas antes de sair, lançou um último olhar para Adriano.
Você escolheu sua ruína? Ela disse amargamente. Não, Adriano respondeu, olhando para Aana e a criança. Escolhi minha redenção. Nos meses que se seguiram, o escândalo gradualmente se dissipou. Alguns nobres viraram as costas para Adriano, mas outros, surpresos por sua coragem, tornaram-se aliados inesperados. A sociedade, sempre volúvel, encontrou novos escândalos para se ocupar.
Adriano pediu a em casamento uma semana após o nascimento da menina. A cerimônia foi simples, realizada na capela da mansão, com poucos convidados, mas muito amor. A pequena Helena cresceu forte e saudável, cercada pelo amor de ambos os pais. Adriano descobriu que ser pai era a maior alegria que jamais experimentara, e cada sorriso da filha curava um pouco mais das feridas antigas. Aana florescia na liberdade.
Sua força natural, antes sufocada pela escravidão, agora brilhava em tudo que fazia. Ela transformou parte da mansão em um refúgio para outras pessoas escravizadas que fugiam de senhores cruéis, trabalhando ao lado de Frei Maurício para devolver dignidade a quem havia perdido tudo.
E Adriano, o homem que fora conhecido por sua frieza implacável, tornou-se exemplo de que até os corações mais endurecidos podem aprender a amar novamente. Numa tarde ensolarada, anos depois, Adriano observava a Iana brincar no jardim com Helena, agora uma menina vibrante de 5 anos. Dona Beatriz aproximou-se dele. Quem diria, Duque, que um mergulho em águas turbulentas mudaria tudo. Adriano sorriu, um sorriso genuíno e pleno.
Às vezes, precisamos mergulhar nas profundezas para encontrar o que realmente vale a pena salvar. E assim o duque, que nunca mostrara piedade, descobriu que a verdadeira força não está em ser implacável, mas em ter coragem de escolher o amor, mesmo quando todo mundo se volta contra você, porque no final são essas escolhas corajosas que definem quem realmente somos.
E assim terminamos essa jornada emocionante. Muito obrigado por ter acompanhado essa história até o final. Se você se emocionou com a trajetória de Aana e Adriano, não se esqueça de deixar seu like e se inscrever no canal para não perder as próximas histórias que preparamos com todo carinho para você. Nos vemos na próxima novela. Até breve.
M.