
Você já parou para pensar no que realmente faz uma criança sorrir? Será que é dinheiro, mansões, carros importados? Ou será algo muito mais simples? Algo que não pode ser comprado?
A história que você vai ouvir hoje vai te fazer questionar tudo o que você acredita sobre sucesso, amor e o que realmente importa na vida. Prepare-se, porque em algumas horas, você vai descobrir como uma simples faxineira conseguiu fazer algo que um milionário não conseguia há meses: devolver a alegria para duas crianças que haviam perdido a vontade de viver.
Eduardo Mendes tinha 45 anos e era dono de um império financeiro avaliado em mais de milhões de reais. Ele tinha tudo o que o dinheiro podia comprar, mas havia perdido a única coisa que realmente importava. Há oito meses, Helena, sua esposa por quinze anos, havia morrido num acidente de carro. Eduardo ficou viúvo, com dois filhos pequenos: Miguel, de oito anos, e Sofia, de apenas cinco.
O que ele não esperava era como a morte de Helena afetaria as crianças. Miguel, que antes era um menino alegre e tagarela, tornou-se quieto e arredio. Sofia, o raio de sol da casa, agora chorava por qualquer motivo e recusava-se a comer na maioria das refeições. Os dois pareciam fantasmas, perambulando pelos corredores da mansão, perdidos numa tristeza que nem Eduardo sabia como curar.
Eduardo tentou de tudo. Contratou psicólogos infantis, comprou todos os brinquedos que as crianças pediam, mas nada funcionava. As crianças comiam apenas o suficiente para sobreviver. As amas que Eduardo contratou não duravam nem um mês. Eduardo sentia-se completamente perdido. Ele, que fechava negócios de milhões, não conseguia fazer os seus próprios filhos sorrirem.
A mansão, que antes era cheia de risadas, agora parecia um mausoléu. O piano de cauda, onde Helena tocava, permanecia fechado e empoeirado. As refeições aconteciam em completo silêncio.
Foi então que Larisa chegou à vida deles. Larisa Santos, 42 anos, moradora de Cidade Tiradentes, na periferia leste de São Paulo. Ela não veio como ama; Eduardo havia desistido de contratar cuidadoras. Larisa foi contratada como faxineira.
A primeira impressão de Eduardo sobre Larisa foi superficial e preconceituosa. Ela chegou na segunda-feira de manhã, vestindo um uniforme simples, cabelo preso num coque, sem maquilhagem, carregando uma bolsa de tecido surrada e sapatos gastos.
O que Eduardo não sabia era que Larisa carregava consigo uma bagagem de experiências que nenhuma das amas caras e especializadas que ele havia contratado possuía. Larisa era mãe de três filhos, que havia criado sozinha, trabalhando em três empregos diferentes para pagar os estudos dos filhos.
Mas havia algo que Eduardo jamais poderia imaginar sobre aquela mulher simples que chegara para limpar a sua casa. Larisa era formada em Pedagogia e havia feito especialização em Psicopedagogia Infantil. Trabalhara durante oito anos como professora antes de a vida a forçar a mudar de rumo.
Durante os primeiros dias, Larisa observava tudo em silêncio. Ela via Miguel e Sofia a tomarem o pequeno-almoço sob os cuidados da nova ama, Fernanda. As crianças mal tocavam na comida. Larisa limpava a casa, prestando atenção em cada detalhe que contava a história daquela família. Viu dezenas de brinquedos caros, intocados, no quarto de Miguel. Viu a coleção de bonecas importadas de Sofia, todas ainda nas suas caixas.
Mas o que mais lhe chamou a atenção foram as fotografias espalhadas pela casa e o caderno de receitas manuscrito de Helena: bolos de chocolate, brigadeiros caseiros. Larisa notou que o frigorífico estava sempre cheio de comidas caras e sofisticadas, mas as crianças mal tocavam nessas delícias.
Na segunda semana a trabalhar na mansão, Larisa presenciou uma cena que a marcou profundamente. Ela estava a limpar a sala de jantar quando ouviu Sofia a chorar na cozinha.
— Mamã, eu quero comer o seu bolo de chocolate. Por que é que você não volta para fazer bolo comigo? — chorava Sofia.
Fernanda, a ama, tentava consolá-la com um pedaço de torta cara, mas Sofia empurrava-a, gritando que não era igual ao da mamã. Larisa sentiu o coração apertar. Ela conhecia aquela dor.
Larisa ajoelhou-se ao lado de Sofia e disse, suavemente:
— Oi, princesa. Você pode contar-me como era o bolo de chocolate da sua mamã?
Sofia levantou os olhos vermelhos de tanto chorar e, pela primeira vez em semanas, falou sobre Helena. Contou como a mãe a deixava partir os ovos, como lambiam a tigela juntas.
Fernanda, irritada com a intromissão da faxineira, disse rispidamente:
— Sofia, você sabe que não pode ficar a conversar com a moça da limpeza. O seu pai não vai gostar.
Mas Sofia ignorou a ama. Quando Miguel chegou da escola, encontrou Sofia ainda a conversar com Larisa. Ele aproximou-se, intrigado.
— Eu ajudava a mamã a fazer brigadeiro — disse Miguel, baixinho. — Ela deixava-me enrolar as bolinhas.
Pela primeira vez em oito meses, Miguel sorriu. Foi um sorriso pequeno, quase impercetível, mas Larisa percebeu.
Larisa percebeu que havia ali uma oportunidade única. Essas crianças não precisavam de mais brinquedos caros. Elas precisavam de alguém que entendesse que a saudade da mãe não era um problema a ser resolvido, mas uma parte natural do amor que sentiam por Helena.
Na sexta-feira daquela semana, Larisa tomou uma decisão que mudaria tudo. Chegou ao trabalho carregando, além dos produtos de limpeza, uma sacola discreta com ingredientes simples: ovos, farinha, chocolate em pó, açúcar, leite. Havia decidido fazer um bolo de chocolate convosco.
— Que tal se, em vez de só conversarmos, a gente fizesse alguma coisa juntos? Que tal se a gente fizesse um bolo de chocolate?
— Mas a Fernanda disse que crianças não podem mexer na cozinha sem supervisão de adulto — disse Miguel.
— Eu sou adulta, não sou? E sei muito bem como cozinhar com crianças. Cozinhar junto é uma das melhores formas de demonstrar amor.
Larisa colocou um avental em Sofia e deu outro a Miguel. Ensinou Sofia a quebrar os ovos com cuidado. Mostrou a Miguel como peneirar a farinha. Enquanto trabalhavam, Larisa contava histórias sobre quando ensinava os seus próprios filhos a cozinhar.
Pela primeira vez em oito meses, Miguel e Sofia riram de verdade. Riram quando Sofia derramou farinha no chão. Riram quando Miguel ficou com o rosto todo sujo de chocolate.
Quando o bolo ficou pronto, o cheiro a bolo caseiro tomou conta da cozinha.
— Não é igual ao da mamãe — disse Sofia, ao dar a primeira mordida, com os olhos cheios de lágrimas de saudade boa. — Mas é gostoso do mesmo jeito. É gostoso porque fizemos juntos.
— A mamãe ficaria feliz vendo a gente fazer bolo — disse Miguel.
Fernanda, que finalmente veio à cozinha, ficou chocada ao encontrar as crianças a comer bolo e a conversar animadamente com a faxineira.
— Que bagunça é essa, Sofia? Miguel, você sabe que não pode comer doce antes do jantar!
As crianças, pela primeira vez em meses, defenderam algo que queriam fazer.
— Eu quero ficar aqui com a Larisa.
— Eu não quero ir para a sala, aqui está mais legal — disse Miguel.
Fernanda saiu da cozinha irritada, murmurando. Larisa continuou ali, limpando a bagunça enquanto conversava com Miguel e Sofia.
Quando Eduardo chegou a casa, encontrou uma cena que não via há meses. Miguel e Sofia ainda estavam acordados na cozinha, a terminar de comer pedaços do bolo.
— Papai, a gente fez bolo! Olha como ficou gostoso — disse Sofia, correndo para ele.
— Pai, a Larisa ensinou a gente a fazer bolo igual a mamãe fazia. Foi muito legal — completou Miguel.
Eduardo provou um pedaço do bolo. Era simples, caseiro, mas tinha o gosto de casa, o gosto de amor.
— Onde está a Larisa?
— Ela já foi embora, mas disse que amanhã vai ensinar a gente a fazer brigadeiro.
Eduardo ficou surpreso. Uma simples faxineira havia conseguido, numa tarde, o que ele não conseguia com todo o seu dinheiro.
— Senhora Fernanda — disse Eduardo, após alguns minutos de reflexão. — Obrigado pelos seus serviços, mas não vamos mais precisar deles a partir de amanhã.
— Senhor Eduardo, eu sou qualificada, tenho formação!
— Sim, você tem formação. Mas formação não é tudo. Amanhã, conversarei com Larisa.
No dia seguinte, Eduardo estava à espera de Larisa na cozinha.
— Larisa, gostaria de conversar com você. Você não fez nada errado, pelo contrário, você fez algo que eu não estava a conseguir fazer: devolveu a alegria aos meus filhos.
Eduardo contou a Larisa sobre os últimos oito meses, sobre a morte de Helena, sobre como Miguel e Sofia haviam perdido a vontade de viver, sobre todas as tentativas frustradas de ajudá-los.
— Senhor Eduardo, o senhor não é um mau pai. O senhor é um pai que está a sofrer tanto quanto os seus filhos, mas não sabe como lidar com isso. As crianças não precisam esquecer a mãe para ficarem bem. Elas precisam aprender a guardar o amor que sentem por ela num lugar especial do coração, enquanto criam novas memórias felizes.
— Larisa, eu gostaria de fazer uma proposta. Você aceitaria trabalhar não só como faxineira, mas também a ajudar com as crianças? Eu pagaria o dobro do que você ganha.
— Senhor Eduardo, eu não tenho diploma de pedagogia.
— Eu contratei várias pessoas com diploma. Nenhuma delas conseguiu o que você conseguiu numa tarde. Você tem algo mais importante que diplomas. Você tem coração.
— Senhor Eduardo — disse Larisa. — Há algo que o senhor precisa de saber sobre mim. Eu sou formada em Pedagogia, havia trabalhado durante anos como professora. Mas tive que abandonar a carreira dos sonhos quando o ex-marido desapareceu, deixando dívidas. Precisava de trabalhos que pagassem imediatamente.
Eduardo sentiu-se envergonhado.
— Eu a subestimei completamente. Eu olhei para você e vi apenas uma faxineira, quando deveria ter visto uma pessoa, uma profissional, uma mãe experiente que sabe como cuidar de crianças melhor do que qualquer um que eu contratei antes.
— Eu aceito — disse Larisa, emocionada. — Não apenas pelo dinheiro, mas porque me apaixonei por estas crianças feridas que precisavam tanto de amor e compreensão.
E assim começou uma nova fase. Larisa não era mais apenas a faxineira; ela se tornou parte da família. Eduardo renegociou o contrato, aumentou o salário significativamente. Mas o mais importante, Eduardo começou a passar mais tempo em casa. Com Larisa ali para dar suporte e orientação, ele começou a reaprender como ser pai, como estar presente, como honrar a memória de Helena.
Nos fins de semana, os quatro passaram a cozinhar juntos. Larisa criou tradições especiais para honrar Helena. Todo domingo eles faziam o pavê de chocolate favorito dela. Enquanto preparavam, conversavam sobre Helena, contavam histórias engraçadas, lembravam momentos especiais.
Larisa criou um programa de bolsas de estudo para funcionários que, como ela, tinham potencial, mas haviam sido obrigados pelas circunstâncias a aceitar trabalhos abaixo de sua qualificação. Meses depois, Eduardo ofereceu a Larisa a oportunidade de voltar à área de educação, criando uma posição especial para ela, coordenadora educacional das creches e escolas que as suas empresas mantinham para filhos de funcionários.
— Larisa, você gostaria de se mudar para cá? Esta casa é grande demais para nós três. Seus filhos poderiam vir também. Nós seríamos uma família grande, misturada, mas uma família de verdade.
Larisa aceitou, com uma condição: “Quero continuar a vir aqui nos fins de semana para cozinhar convosco.”
Três meses depois, a casa dos Mendes estava completamente transformada. A cozinha havia sido ampliada, e as paredes estavam decoradas com fotos da família a cozinhar junta, misturadas com fotos antigas de Helena.
Num domingo de sol, quase um ano depois da morte de Helena, Eduardo regressou mais cedo a casa. Ele entrou pela porta da frente e caminhou silenciosamente em direção à cozinha.
O que ele viu quando chegou à porta o deixou completamente paralisado. Larisa estava sentada à mesa da cozinha, com Miguel no colo esquerdo e Sofia no colo direito, mesmo eles já sendo grandes demais para isso. Os três estavam a dividir um pedaço gigante de bolo de cenoura, comendo com a mesma colher e rindo de algo que Sofia havia acabado de contar.
Mas o que realmente emocionou Eduardo foi a expressão no rosto de Larisa. Ela olhava para Miguel e Sofia com um amor tão puro, tão genuíno, tão maternal, que era impossível não reconhecer. Aquela mulher amava os seus filhos como se fossem dela própria.
Eduardo observou por alguns minutos sem ser percebido. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Larisa não estava ali apenas pelo salário. Ela havia se apaixonado por Miguel e Sofia, da mesma forma que uma mãe se apaixona pelos próprios filhos.
Sofia percebeu a presença do pai.
— Papai! — gritou ela, correndo para ele.
Eduardo abraçou os filhos, mas os seus olhos continuavam fixos em Larisa.
— Larisa, você não precisa se desculpar por nada, pelo contrário, eu preciso te pedir desculpas. Desculpas por ter demorado tanto para reconhecer o que você realmente é para esta família. Você não é uma cuidadora contratada. Você é uma segunda mãe para eles. Você os ama como se fossem seus filhos, não é?
— Senhor Eduardo, eu sei que eles não são meus filhos, mas sim, eu os amo como se fossem. Não consigo evitar.
— Larisa, você salvou os meus filhos. Você os trouxe de volta à vida quando eu não conseguia fazer isso. Você devolveu a alegria, o apetite, a vontade de brincar.
— E eles amam você da mesma forma — disse Eduardo. — Miguel, Sofia, o que a Larisa representa para vocês?
— Ela é como uma segunda mamã — disse Sofia. — Papai, eu sei que a mamã Helena é a nossa mãe verdadeira e está no céu, mas a Larisa cuida da gente igual a mamã cuidava.
— Ela senta comigo, e a gente conversa sobre a mamã até eu me sentir melhor — disse Miguel. — É como se ela entendesse que sentir saudade é normal.
Eduardo olhou para Larisa com uma gratidão infinita.
— Larisa, você é minha parceira. Eu te amo.
A rede de escolas que criaram (Eduardo e Larisa) cresceu. Larisa implementou programas onde as famílias participavam ativamente da educação das crianças, cozinhando juntas, contando histórias. A família Mendes Santos, como passaram a se chamar, se espalhou pela comunidade.
Eduardo se tornou um empresário diferente, conhecido por valorizar os seus funcionários como pessoas. Larisa é uma das educadoras mais respeitadas de São Paulo. A história da família Mendes Santos prova que milagres acontecem todos os dias, disfarçados de pessoas simples que entram em nossas vidas quando mais precisamos.