
Babá lavou o recém-nascido dentro da pia da cozinha, mas o pai herdeiro viu e surtou. Ricardo Almeida sentiu o sangue ferver quando viu a cena através da câmera de segurança do seu celular. A babá, que havia contratado há apenas dois dias, estava lavando seu filho recém-nascido dentro da pia da cozinha da mansão, como se fosse um utensílio qualquer.
Aos 32 anos, o empresário herdeiro de uma das maiores construtoras do interior de São Paulo não conseguia acreditar no que estava vendo. Larissa, a jovem de 28 anos que parecia tão educada durante a entrevista, segurava seu bebê de apenas três semanas com as mãos dentro daquela pia de inox, enquanto a água corria sobre o pequeno corpo.
Ricardo deixou os documentos caírem sobre a mesa do escritório e disparou em direção ao elevador. Seus passos ecoavam pelo corredor de mármore, enquanto subia os dois andares que separavam seu home office da cozinha. A fúria crescia a cada segundo, alimentada pela sensação de que havia sido enganado, pela aparência humilde e pelo currículo impecável daquela mulher.
Quando chegou à cozinha, a cena estava ainda mais absurda aos seus olhos. Larissa Silva, com seu uniforme bege impecavelmente limpo e os cabelos presos em um coque perfeito, segurava o bebê com uma delicadeza que contrastava com o que Ricardo considerava um absurdo total. O que você pensa que está fazendo?”, gritou ele, fazendo Larissa se sobressaltar ligeiramente, mas sem soltar a criança.
O bebê, que estava tranquilo até então, começou a chorar mingar com o tom agressivo da voz paterna. Larissa olhou para Ricardo com calma, seus olhos castanhos transmitindo uma serenidade que o irritou ainda mais. “Senhor Ricardo, posso explicar?” “Explicar?” Ele se aproximou com os punhos cerrados. Você está dando banho no meu filho na pia da cozinha, na pia onde lavamos a louça, onde preparamos comida.
Larissa continuou segurando o bebê com cuidado, envolvendo-o em uma toalha macia que estava preparada ao lado da pia. Sua voz permaneceu baixa e controlada, mesmo diante da explosão de raiva do patrão. O aquecedor do banheiro do quarto dele quebrou durante a madrugada, senhor. A temperatura da água não estava adequada para o banho. Quando acordei às 5 da manhã para a mamada, percebi que o pequeno Gabriel estava com a temperatura corporal muito baixa.
Ele precisava de um banho morno urgentemente. E você achou que a solução era usar a minha cozinha, a pia onde os funcionários lavam as mãos? A água aqui estava na temperatura ideal e eu esterilizei toda a pia antes. O bebê estava começando a apresentar sinais de hipotermia, Sr. Ricardo, não podia esperar até manhã para chamar um técnico.
Querido ouvinte, se você está gostando da história, aproveite para deixar o like e, principalmente se inscrever no canal. Isso ajuda muito a gente que está começando. Agora, continuando, Ricardo sentiu as palavras de Larissa como uma afronta. Hipotermia. Aquela mulher simples achava que sabia mais do que ele sobre seu próprio filho.
A casa tinha calefação central, ar condicionado com controle de temperatura perfeito. “Como seu bebê poderia estar com hipotermia?” Você está demitida”, disse ele com uma frieza que fez Larissa piscar lentamente. “Arrume suas coisas e saia da minha casa agora.” “Senhor Ricardo, por favor, me deixe explicar melhor.
Bebês recém-nascidos têm dificuldade para regular a temperatura corporal. Quando o aquecedor quebrou, eu disse que você está demitida.” Ele elevou a voz novamente. Entregue meu filho e suma daqui. Larissa respirou fundo e estendeu o bebê para o pai. Suas mãos tremeram ligeiramente ao fazer a transferência, não de medo, mas de uma tristeza profunda que Ricardo não conseguiu interpretar.
O bebê imediatamente começou a chorar mais forte nos braços do pai. Suas coisas estarão na portaria em 10 minutos. Ricardo virou as costas e se dirigiu para fora da cozinha, deixando Larissa sozinha. A jovem olhou para a pia onde havia banhado o bebê com tanto cuidado. Limpou uma lágrima que insistia em escorrer pelo rosto e se dirigiu ao quarto de empregada, onde havia dormido apenas duas noites.
em sua mente, ecoavam as palavras que sua mãe sempre dizia: “Filha, há pessoas neste mundo que olham para nós e só enxergam nossa roupa velha, nossa casa simples, não conseguem ver nosso coração.” Enquanto arrumava suas poucas roupas na mala pequena, Larissa pegou um pedaço de papel da cômoda e escreveu algumas palavras.
dobrou cuidadosamente e deixou sobre a mesa ao lado de um pequeno frasco de óleo essencial de lavanda que havia trazido de casa. 20 minutos depois, quando Ricardo desceu para ter certeza de que Larissa havia ido embora, encontrou apenas o bilhete. “Senor Ricardo, quando a aparência engana, perdemos a chance de ver quem realmente se importa. O óleo de lavanda ajuda bebês prematuros a relaxar.
Que Deus abençoe você e o pequeno Gabriel, Larissa. Ele amassou o papel e jogou no lixo junto com o frasco de óleo. Sua irritação ainda pulsava forte, alimentada pela sensação de que havia sido manipulado emocionalmente. Contrataria uma babá de agência no mesmo dia.
Alguém com referências de famílias conhecidas? Não, uma desconhecida, que apareceu através de um anúncio simples no jornal local. O resto da manhã passou em ligações para agências especializadas. Ricardo explicava a situação sempre da mesma forma. Havia demitido a babá anterior por incompetência e precisava de uma substituta imediatamente. Três candidatas foram entrevistadas no mesmo dia.
A primeira, Fernanda, tinha 45 anos e 20 anos de experiência com famílias de classe alta. Seu currículo impecável incluía referências de empresários conhecidos da região. A segunda, Paula, era uma jovem de 24 anos recém formada em pedagogia com especialização em cuidados infantis. A terceira Mônica, tinha 38 anos e se apresentou com um uniforme impecável e uma postura extremamente profissional.
Ricardo escolheu Fernanda, impressionado com suas referências e com a segurança que ela demonstrava ao falar sobre rotinas e cuidados com recém-nascidos. Ela começaria no dia seguinte com um salário 30% maior do que o que ele pagava para Larissa. Na manhã seguinte, quando Fernanda assumiu os cuidados com Gabriel, Ricardo finalmente conseguiu se concentrar no trabalho.
Tinha uma reunião importante com investidores japoneses interessados em um projeto de condomínios de luxo na região. O negócio poderia render milhões para a construtora da família. Por volta das 3 da tarde, durante uma pausa na reunião, Ricardo ouviu um choro persistente vindo do andar superior. O som atravessava as paredes grossas da mansão, algo que raramente acontecia quando Larissa cuidava do bebê.
Pediu licença aos investidores e subiu para verificar a situação. Encontrou Fernanda andando de um lado para o outro no quarto do bebê com Gabriel no colo, claramente frustrada. O bebê chorava inconsolavelmente com o rosto vermelho e os punhos fechados. “O que está acontecendo?”, perguntou Ricardo. “Não sei, senor Ricardo. Ele começou a chorar há uma hora e não para de jeito nenhum.
Já tentei mamadeira, troca de fralda, ninar. Nada funciona. Ele estava bem pela manhã?” “Sim, senhor. Dormiu normalmente até meio-dia, tomou a mamadeira sem problemas. Mas depois do cochilo da tarde, começou essa agitação. Ricardo pegou o filho no colo e sentiu que a pele do bebê estava mais fria que o normal. Uma pontada de preocupação atravessou seu peito.
Gabriel continuava chorando, agora com uma intensidade que parecia quase desesperada. “Talvez ele esteja com cólica”, sugeriu Fernanda. “É comum em bebês dessa idade”. Mas ele nunca teve cólica antes. Ricardo balançava Gabriel suavemente, tentando acalmar os choros. Durante os próximos dias, a situação se repetiu.
Gabriel chorava por horas seguidas, especialmente no período da tarde e início da noite. Fernanda tentava todas as técnicas que conhecia, mas nada parecia funcionar. Ricardo começou a questionar se havia feito a escolha certa. No quarto dia, durante uma madrugada particularmente difícil, Ricardo acordou com o choro do filho ecoando pela casa. Desceu até o quarto do bebê e encontrou Fernanda, visivelmente exausta, segurando Gabriel, que chorava com uma intensidade preocupante. “Senor Ricardo, acho que devemos considerar levar ele ao médico.
Esse choro não é normal. Pela primeira vez desde que demitiu Larissa, Ricardo pensou na tranquilidade com que ela lidava com Gabriel. O bebê raramente chorava quando estava sob seus cuidados. E quando chorava, ela sempre conseguia acalmá-lo rapidamente. “Vou ligar para o pediatra”, disse ele pegando o telefone. Dr.
Henrique Moreira, pediatra da família há mais de 15 anos, atendeu mesmo sendo 4 da manhã. Conhecia Ricardo desde criança e sabia da importância da construtora Almeida na cidade. Ricardo traga o Gabriel ao consultório ainda hoje, na primeira hora. Bebês recém-nascidos que choram desse jeito podem estar sinalizando algum problema. Às 7 da manhã, pai e filho estavam no consultório médico. Dr.
Henrique examinou Gabriel com cuidado, verificando temperatura, reflexos, respiração. O bebê estava mais calmo no ambiente médico, mas ainda demonstrava sinais de desconforto. “A temperatura dele está um pouco baixa”, observou o médico. “Está difícil para ele manter o calor corporal. Me fale sobre a rotina dele, a alimentação, o ambiente onde ele fica.
Ricardo explicou sobre a mudança de Babá, sobre as dificuldades que Fernanda estava enfrentando para acalmar Gabriel. Omitiu deliberadamente o episódio da pia da cozinha. Ricardo, sei que você prefere não falar sobre isso, mas preciso saber como estava o comportamento do Gabriel com a babá anterior. A pergunta pegou Ricardo desprevenido. Ele não havia mencionado Larissa, mas Dr.
Henrique parecia suspeitar que havia algo mais na história. Por que pergunta? Porque bebês dessa idade criam vínculos rapidamente com quem cuida deles com carinho e competência. Uma mudança abrupta pode causar estresse, que se manifesta através de choro excessivo e dificuldade para regular a temperatura corporal. Ricardo sentiu um incômodo crescente.
Não queria admitir que talvez tivesse cometido um erro ao demitir Larissa tão precipitadamente. A babá anterior, ela cuidava bem dele, mas fez algo que considerei inadequado. O que exatamente? Ricardo hesitou. Contar sobre a pia da cozinha faria ele parecer exagerado, especialmente se Dr. Henrique considerasse a atitude de Larissa justificável.
Deu banho nele em um local que achei impróprio. Dr. Henrique levantou uma sobrancelha, aguardando mais detalhes. Quando Ricardo não se mostrou disposto a elaborar, o médico continuou o exame. Vou prescrever algumas medidas para ajudar Gabriel a se acalmar. Mantenham a temperatura do quarto sempre estável. Usem roupas adequadas para bebês prematuros, mesmo que ele não tenha nascido prematuro.
E considerem técnicas de massagem relaxante. Massagem? Sim, movimentos suaves no peito e nas costas, com olhos apropriados. Lavanda é particularmente eficaz para acalmar bebês agitados. A menção à lavanda fez Ricardo lembrar do frasco que Larissa havia deixado e ele jogado fora. Uma pontada de arrependimento o atingiu, mas ele a afastou rapidamente.
Querido ouvinte, se você está gostando da história, aproveite para deixar o like e principalmente se inscrever no canal. Isso ajuda muito a gente que está começando agora, continuando. De volta à mansão, Ricardo instruiu Fernanda sobre as orientações médicas. Ela tentou implementar as massagens, mas suas mãos pareciam desajeitadas e Gabriel continuava resistindo aos cuidados.
O choro persistia, agora acompanhado de uma recusa em se alimentar adequadamente. No final da semana, a situação havia se tornado insustentável. Gabriel havia perdido peso, chorava quase constantemente e Fernanda demonstrava sinais claros de esgotamento. Ricardo começou a questionar se havia algo errado com seu filho que os médicos não estavam conseguindo identificar.
Foi dona Mercedes, a governanta da família há mais de 20 anos, quem trouxe uma informação que mudaria tudo. Ela havia trabalhado na casa desde antes do nascimento de Ricardo e conhecia cada canto da mansão. Senhor Ricardo, posso falar com o senhor em particular? Eles se encontraram na biblioteca, longe de Fernanda e do bebê que chorava no andar superior.
“É sobre a moça que o senhor demitiu na semana passada”, começou dona Mercedes, suas mãos entrelaçadas nervosamente. “Larissa, o que tem ela?” “Eu a vi fazendo algo estranho na noite antes do senhor chegar e encontrar ela na cozinha.” Ricardo se inclinou para a frente interessado.
Ela estava na sala de estar, olhando as fotos antigas da família. aquelas que ficam no álbum da sua mãe, senhor. Ela olhava e chorava baixinho. Chorava? Por quê? Não sei, senhor. Mas ela ficou muito tempo olhando uma foto específica, uma foto do senhor quando era bebê. Uma sensação estranha percorreu a espinha de Ricardo.
Por que uma estranha estaria interessada em fotos antigas da sua família? Por que choraria olhando uma foto dele, bebê? Tem mais, Senr. Ricardo. Eu a ouvi sussurrando uma oração. Ela dizia algo sobre proteger mais uma vez. Como protegi? Mais uma vez. Como proteg? Ricardo repetiu as palavras tentando entender o significado. Acho que a moça conhecia a família de alguma forma, senhor.
A maneira como ela olhava as fotos não era curiosidade de empregada, era algo pessoal. Ricardo sentiu um aperto no estômago. Havia algo sobre Larissa que ele não sabia, algo que talvez explicasse a dedicação com que ela cuidava de Gabriel e a tristeza em seus olhos quando foi demitida.
Dona Mercedes, onde estão essas fotos? No quarto da sua mãe, senhor, no álbum azul que ela sempre mantém na cômoda. Ricardo subiu as escadas em direção ao quarto de sua mãe, Helena Almeida. Ela estava visitando a irmã em Campinas e só voltaria na semana seguinte, mas sempre deixava a chave do quarto com dona Mercedes para a limpeza.
O álbum azul estava exatamente onde sempre esteve, sobre a cômoda de madeira maciça que pertencia à família há décadas. Ricardo o abriu com cuidado, foliando as páginas até encontrar as fotos de quando era bebê. Havia dezenas de imagens. Ele nos braços da mãe recém- saída da maternidade, os primeiros banhos. as primeiras risadas, mas uma foto específica chamou sua atenção.
Nela, ele aparecia como um bebê de poucas semanas nos braços de uma jovem mulher que não era sua mãe. A mulher na foto tinha cerca de 20 anos, cabelos escuros, presos em um rabo de cavalo simples e sorria com ternura enquanto segurava o bebê Ricardo. Havia algo familiar naquele rosto, mas ele não conseguia identificar o que era.
No verso da foto, em letra cursiva de sua mãe, estava escrito: “Ricardo com três semanas. Lourdes cuidando dele após a crise de temperatura. Maio de 1992. Lourdes. Ricardo nunca havia ouvido esse nome em conexão com sua infância. Crise de temperatura. Que crise de temperatura! Continuou foliando o álbum e encontrou mais fotos da mesma mulher.
Em uma delas, ela estava dando banho no bebê Ricardo em uma pia, não a pia da cozinha atual, mas uma piaor, provavelmente do lavabo antigo da casa. O mundo pareceu parar ao redor de Ricardo. A semelhança entre aquela cena fotografada há mais de 30 anos e o que ele havia visto Larissa fazendo era perturbadora, mas mais perturbador ainda era o rosto da mulher na foto.
Mesmo com as décadas de diferença, mesmo com as mudanças que o tempo trouxe, Ricardo começou a enxergar semelhanças entre Lourdes e Larissa. o formato dos olhos, a maneira delicada de segurar o bebê, até mesmo a postura corporal. Sua mente correu tentando processar as informações. Seria possível que Larissa fosse filha de Lourdes? Seria possível que ela soubesse sobre a conexão entre sua família e a família Almeida? Mas se isso fosse verdade, por ela não havia mencionado nada durante a entrevista? Porque se apresentou como uma completa estranha. Ricardo desceu correndo até o quarto de dona Mercedes, que estava organizando o armário de roupas de cama.
Dona Mercedes, preciso que me conte tudo o que sabe sobre uma mulher chamada Lourdes, que trabalhou aqui quando eu era bebê. A governanta parou o que estava fazendo e o olhou com uma expressão de surpresa misturada com algo que parecia nostalgia. Lourdes, faz muito tempo que não ouço esse nome. A senhora se lembra dela? Como poderia esquecer? Lourde Silva salvou sua vida, Sr.
Ricardo. O impacto das palavras foi como um soco no estômago. Salvou sua vida? Como assim salvou minha vida? Dona Mercedes se sentou na cadeira ao lado da cama, como se precisasse de apoio para contar a história. O senhor tinha menos de um mês quando ficou muito doente, uma febre alta que não baixava, dificuldade para respirar.
Os médicos disseram que era uma infecção rara, difícil de tratar. Sua mãe estava desesperada. E Lourdes? Lourdes havia começado a trabalhar aqui poucos dias antes. Era muito jovem, mas tinha um jeito especial com crianças. Quando o Senhor ficou doente, ela se ofereceu para cuidar do Senhor dia e noite. Ela dizia que conhecia os sinais, que sabia como ajudar.
Ricardo sentiu as pernas bambas, sentou-se na cama tentando absorver as informações. Os médicos não acreditavam muito nela, claro, uma moça pobre, sem estudo formal, mas sua mãe estava tão desesperada que aceitou a ajuda. O que ela fez? Lourdes criou uma rotina especial. Banhos mornos para controlar a febre, massagens para ajudar na respiração, uma mistura de ervas que ela aprendeu com a mãe dela. E ela nunca saiu do lado do Senhor.
Dormia na cadeira ao lado do berço. Acordava de hora em hora para verificar se estava tudo bem. E funcionou? O senhor melhorou gradualmente. Levou quase duas semanas, mas a febre baixou, a respiração normalizou. Os médicos ficaram surpresos. Disseram que foi um milagre. Ricardo lembrou da foto de Lourdes dando banho nele na pia. Agora fazia sentido.
Por que ela saiu de casa? Dona Mercedes suspirou profundamente. Lourdes engravidou. Naquela época era difícil para uma empregada solteira continuar trabalhando em casa de família. Sua mãe a ajudou financeiramente, mas ela teve que procurar outro trabalho. Ela teve uma filha? Sim, uma menina. uma menininha linda. Mas depois disso perdemos contato.
Lourdes sumiu da cidade. Ricardo sentiu o coração acelerar. As peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar. Dona Mercedes, a filha de Lourdes. A senhora chegou a conhecer o nome dela? Não me lembro, senhor, mas era um nome bonito, comum. Começava com L também, acho. Larissa. Dona Mercedes arregalou os olhos. Pode ser, pode ser sim.
Por que? Pergunta a Babá que demiti, o nome dela é Larissa Silva. O silêncio que se seguiu foi pesado. Dona Mercedes levou a mão ao peito, claramente chocada com a revelação. Meu Deus do céu, a filha de Lourdes voltou para cuidar do seu filho? Parece que sim.
E o senhor a demitiu? A pergunta carregava um tom de incredulidade que fez Ricardo se sentir ainda pior. Não apenas havia demitido a filha da mulher que salvou sua vida, como havia feito isso da maneira mais humilhante possível. Eu não sabia, dona Mercedes. Ela não disse nada sobre a conexão da família dela com a nossa. Talvez ela quisesse provar seu valor por si mesma, sem usar o passado da mãe.
Ricardo se levantou e começou a andar de um lado para o outro do quarto. Sua mente estava em turbilhão, processando a enormidade do que havia descoberto. “Preciso encontrá-la”, disse ele. “Preciso conversar com ela, pedir desculpas.” “Senhor Ricardo, tem algo mais que precisa saber.
” “O quê, Gabriel? Ele tem os mesmos sintomas que o senhor tinha quando bebê, o choro constante, a dificuldade para manter a temperatura corporal. Lourdes reconheceu os sinais na primeira noite. Por isso ela deu banho nele na pia da cozinha. Ela sabia que era urgente. A revelação atingiu Ricardo como um raio. Larissa não havia agido por descaso ou ignorância.
Ela havia reconhecido em Gabriel os mesmos sintomas que seu pai apresentara décadas atrás e havia agido com a mesma dedicação e conhecimento que sua mãe demonstrara. Onde posso encontrá-la? Não sei, senhor, mas posso tentar descobrir. Conheço algumas pessoas no bairro onde Lourdes morava antigamente.
Enquanto dona Mercedes saía para fazer suas investigações, Ricardo voltou ao quarto de Gabriel. Fernanda ainda tentava acalmar o bebê, que chorava com uma intensidade que partia o coração. Fernanda, pode deixar ele comigo por um momento? Claro, Senr. Ricardo. Vou descansar um pouco. Sozinho com o filho, Ricardo sentiu o peso da responsabilidade e do arrependimento.
Gabriel estava claramente sofrendo e ele havia afastado a única pessoa que parecia saber como ajudá-lo. Pegou o bebê no colo e caminhou até a janela que dava para o jardim. O sol da tarde criava sombras longas nos gramados perfeitamente cuidados. Tudo na sua vida parecia perfeito por fora, mas por dentro estava se desfazendo. “Desculpa, meu filho”, sussurrou ele. Papai cometeu um erro muito grande.
Gabriel continuou chorando, mas parecia se acalmar ligeiramente com o calor do colo paterno. Ricardo começou a balançá-lo suavemente, tentando lembrar como Larissa fazia quando queria acalmá-lo. Ela sempre cantarolava baixinho, uma melodia simples que Ricardo não reconhecia. Seus movimentos eram fluidos, naturais, como se cuidar de bebês fosse algo instintivo para ela.
Agora ele entendia de onde vinha essa naturalidade. Larissa havia crescido ouvindo histórias sobre bebês, sobre cuidados especiais, sobre como reconhecer sinais de perigo. Sua mãe havia sido uma espécie de anjo da guarda para ele e ela estava tentando ser a mesma coisa para Gabriel. Dona Mercedes voltou no final da tarde com informações preciosas. Encontrei a vizinha antiga de Lourdes.
Ela me disse que Larissa mora em um apartamento pequeno na Vila Nova, perto do hospital público. Trabalha como voluntária lá, cuidando de bebês abandonados. Voluntária? Sim, senhor. Ela é enfermeira neonatal aposentada. Trabalhou durante anos no hospital infantil até se machucar nas costas. Agora faz trabalho voluntário.
Mais uma peça se encaixou no quebra-cabeça. Larissa não era apenas uma babá comum, era uma profissional qualificada que havia dedicado a vida inteira ao cuidado de recém-nascidos. O senhor quer o endereço? Sim, vou até lá agora. Senhor Ricardo, posso dar uma sugestão? Claro. Leve o Gabriel com o senhor. Ele precisa dos cuidados da Larissa e ela precisa ver que o senhor reconhece isso.
Ricardo assentiu. Dona Mercedes estava certa. Era hora de engolir o orgulho e fazer o que era melhor para seu filho. 20 minutos depois, Ricardo dirigia pela cidade com Gabriel no banco de trás, ainda chorando intermitentemente. O endereço o levou a um bairro simples, com casas pequenas e apartamentos modestos. Um contraste gritante com a mansão onde ele morava.
O prédio onde Larissa morava era antigo, mas bem cuidado. Ricardo subiu até o terceiro andar com Gabriel no colo, o coração batendo forte de nervosismo e expectativa. Quando tocou a campainha, ouviu passos do outro lado da porta. A porta se abriu lentamente, revelando Larissa com uma expressão de completa surpresa. Ela estava diferente.
Usava roupas simples, uma camiseta clara e calça jeans, e seus cabelos estavam soltos pelos ombros. Mas o que mais chamou a atenção de Ricardo foram seus olhos. Estavam vermelhos, como se ela tivesse chorado recentemente. “Senor Ricardo”, sua voz saiu em um sussurro. “Larissa, preciso falar com você. por favor.
Ela olhou para Gabriel, que havia parado de chorar no momento em que a viu. Era como se o bebê a reconhecesse, como se sua presença por si só fosse reconfortante. Aconteceu alguma coisa com Gabriel? Posso entrar? Larissa hesitou por um momento, depois abriu a porta completamente. O apartamento era pequeno, mas impecavelmente limpo e organizado.
As paredes eram decoradas com fotos de bebês, provavelmente crianças de quem ela havia cuidado ao longo dos anos. “Por favor, sente-se.” Ela indicou o sofá simples na sala. Ricardo se sentou, ainda segurando Gabriel. O bebê estava agora completamente calmo, seus olhinhos fixos em Larissa. Larissa, descobri quem você é. Ela abaixou a cabeça como se tivesse esperado por esse momento.
Descobri sobre sua mãe, sobre o que ela fez por mim quando eu era bebê e descobri que você é enfermeira neonatal. Era, ela corrigiu. Era enfermeira. Agora sou aposentada por problemas de saúde. Por que não me contou isso durante a entrevista? Larissa levantou os olhos para encontrar os dele. Havia tristeza ali, mas também uma dignidade que Ricardo não havia notado antes, porque queria que o senhor me contratasse pelo que eu sou hoje, não pelo que minha mãe fez no passado.
Mas você sabia que Gabriel estava doente, não sabia? Sim. Ela admitiu, reconheci os sintomas na primeira noite. São os mesmos que o senhor teve quando bebê, segundo os relatos que minha mãe me contou durante toda a minha infância. E o banho na pia. O aquecedor quebrou. A temperatura da água do banheiro estava inadequada. Gabriel estava com hipotermia.
Eu precisava agir rapidamente. Ricardo sentiu a culpa pesar sobre seus ombros como uma montanha. Larissa, eu peço desculpas. Peço desculpas por ter reagido daquela forma, por não ter escutado suas explicações, por ter te humilhado. O senhor não precisa se desculpar. Eu entendo porque reagiu assim.
Para quem não conhece os detalhes, deve ter parecido inadequado mesmo. Preciso que você volte, ele disse, a voz carregada de urgência. Gabriel, não para de chorar desde que você saiu. Já levei ele ao médico, tentei outras babás, mas nada funciona. Ele precisa de você. Larissa olhou para o bebê, que agora sorria levemente em seus braçozinhos. Senr. Ricardo, não posso voltar.
Por quê? Por causa do salário, posso dobrar o que eu pagava antes. Não é questão de dinheiro, ela balançou a cabeça. É questão de dignidade. O Senhor me demitiu na frente de seu filho. Me tratou como se eu fosse uma pessoa ignorante e descuidada. Como posso voltar depois disso? Ricardo entendeu a posição dela. Havia ferido não apenas seu orgulho profissional, mas sua dignidade como pessoa.
O que posso fazer para reparar o que fiz? Nada. Ela disse com gentileza: “O que está feito está feito, mas posso te dar algumas orientações sobre como cuidar do Gabriel até encontrar em alguém adequado.” Querido ouvinte, se você está gostando da história, aproveite para deixar o like e principalmente se inscrever no canal. Isso ajuda muito a gente que está começando agora, continuando.
Durante a próxima hora, Larissa explicou a Ricardo todos os detalhes sobre a condição que Gabriel estava apresentando. Era uma síndrome rara, genética, que afetava a capacidade de regular a temperatura corporal em bebês. Ela havia estudado extensivamente sobre isso depois de cuidar de Ricardo décadas atrás.
A mãe de Gabriel foi consultada sobre o histórico médico durante a gravidez, Renata? Sim, mas ela disse que não havia nenhum problema genético na família dela. Larissa fez uma pausa significativa. Senor Ricardo, essa condição é transmitida pelo lado paterno. Como assim? O senhor teve essa condição quando bebê. Há uma chance de 40% de passar para os filhos.
Gabriel herdou isso do Senhor. A revelação foi como um balde de água fria. Ricardo havia passado a condição genética para o próprio filho e nem sabia que a tinha. Por que eu nunca soube disso? Porque sua mãe e minha mãe decidiram não preocupá-lo. Naquela época não havia muito que a medicina pudesse fazer além dos cuidados especiais que minha mãe aplicou. O senhor se curou e nunca mais teve problemas.
E Gabriel, com os cuidados adequados, ele também vai superar, mas precisa de alguém que entenda os sinais, que saiba quando agir rapidamente. Você, eu ou alguém com conhecimento específico sobre essa condição. Ricardo olhou para o filho em seus braços. Gabriel estava tranquilo, mas ele sabia que assim que saíssem dali o choro voltaria. Larissa, eu imploro.
Não pelo meu orgulho, não pela minha conveniência, pelo bem do Gabriel. Ele precisa de você, senhor Ricardo. Chamá-la de senhor. Ele a interrompeu. Isso também foi parte da humilhação, não foi? Te tratar como subordinada quando você tem mais conhecimento sobre bebês do que eu jamais terei.
Larissa não respondeu, mas algo em sua expressão se suavizou. Me chame de Ricardo e me deixe chamá-la pelo nome, como deveria ter feito desde o início. Não vai funcionar, ela disse baixinho. As pessoas da sua classe social não misturam as coisas. Eu seria sempre a empregada. Não importa como me tratasse quando estivéssemos sozinhos. Que pessoas da minha classe social, sua mãe, seus amigos, suas namoradas, a mãe do Gabriel.
A menção de Renata fez Ricardo se lembrar de outro complicador na situação. Renata havia desaparecido logo após o nascimento de Gabriel, deixando apenas um bilhete, dizendo que não estava preparada para ser mãe. Mas e se ela voltasse? Como reagiria ao saber que uma simples babá estava cuidando de seu filho? Renata não faz parte da minha vida”, disse ele.
Ela abandonou Gabriel, não tem direito de opinar sobre quem cuida dele e sua mãe. Minha mãe vai entender quando eu contar a história completa. Dona Helena sempre foi grata ao que sua mãe fez por mim. Larissa pareceu considerar as palavras dele. Gabriel começou a fazer pequenos sons, não de choro, mas de contentamento. Era óbvio que ele se sentia bem na presença dela.
Posso pensar no assunto? Claro. Ricardo se levantou, mas não demore muito, por favor. Gabriel está sofrendo e eu eu não sei mais o que fazer. A vulnerabilidade na voz dele pareceu tocar Larissa. Ela também se levantou e se aproximou para dar uma última olhada em Gabriel. Posso? Ela estendeu os braços. Ricardo entregou o bebê para ela sem hesitar.
Gabriel imediatamente se aconchegou contra o peito de Larissa, fechando os olhinhos com um suspiro de contentamento. “Ele lembra de mim?” Ela sussurrou, uma lágrima escorrendo pelo rosto. “Você cuidou dele com amor”, disse Ricardo. “Bebê, sentem isso”. Larissa ficou alguns minutos segurando Gabriel, cantarolando baixinho a mesma melodia que Ricardo se lembrava.
O bebê dormiu profundamente em seus braços, mais relaxado do que estivera em uma semana. Posso dar uma resposta amanhã? Claro. Quando Ricardo pegou Gabriel de volta, o bebê acordou e imediatamente começou a chorar mingar. A diferença era gritante. “Larissa,” ele disse antes de sair. “Obrigado por me receber aqui.
Sei que não mereço sua consideração depois do que fiz. Todo mundo merece uma segunda chance”, ela respondeu. “Minha mãe sempre dizia isso.” No caminho de volta para casa, Ricardo pensou em todas as decisões que havia tomado na última semana. Quantas vezes havia julgado situações pela aparência? Quantas vezes havia deixado o preconceito de classe social influenciar suas decisões.
Gabriel chorou durante todo o trajeto, parando apenas quando Ricardo parou o carro e tentou acalmá-lo, cantarolando a melodia que ouvira Larissa cantar. Ele não sabia a letra, não conhecia a música, mas algo na melodia parecia familiar. Em casa, Fernanda estava empacotando suas coisas. Senhor Ricardo, preciso ser honesta com o senhor.
Não estou conseguindo cuidar adequadamente do Gabriel. Ele precisa de alguém com mais experiência em casos especiais. Entendo disse Ricardo. Obrigado pela honestidade. Posso sugerir algumas colegas que têm especialização em Não precisa. Ele a interrompeu gentilmente. Acho que já sei quem pode ajudar. Naquela noite, Ricardo mal dormiu.
Gabriel acordou várias vezes chorando e cada vez se tornava mais difícil acalmá-lo. Por volta das 4 da manhã, o bebê estava inconsolável, chorando com uma intensidade que assustou até dona Mercedes. “Senor Ricardo, acho melhor ligar para o médico”, disse ela preocupada. “Não”, ele respondeu pegando o telefone.
“Vou ligar para alguém melhor.” Ligou para Larissa. O telefone tocou várias vezes antes que ela atendesse com voz sonolenta. Alô, Larissa. Sou eu, Ricardo. Gabriel está muito mal. O choro não para. Ele não consegue se alimentar direito. Por favor, preciso da sua ajuda. Houve uma pausa do outro lado da linha. Onde estão agora? Em casa. Ele está no meu quarto. Não consigo deixá-lo sozinho. Vou aí.
Tem certeza? Gabriel precisa de mim. Estarei aí em 20 minutos. Quando Larissa chegou, vestida com roupas simples e uma expressão determinada, Ricardo sentiu um alívio imenso. Ela não perguntou sobre contratos ou salários. Foi direto ao quarto, onde Gabriel chorava no berço. Quanto tempo ele está assim? Umas duas horas intensamente, mas tem piorado durante a semana toda.
Larissa pegou Gabriel no colo e imediatamente ele começou a se acalmar. Ela o examinou com mãos experientes, verificando temperatura, pulsação, respiração. “Ele está entrando em uma crise mais intensa”, disse ela. “Preciso preparar um banho morno específico. Onde fica o banheiro mais próximo da cozinha? O lavabo do térrio. Lá vai ser perfeito.
Desta vez, Ricardo não protestou quando Larissa levou Gabriel para baixo. Ele a seguiu, observando enquanto ela preparava com cuidado uma bacia com água morna, testando a temperatura várias vezes. “A temperatura tem que estar exata”, ela explicou enquanto trabalhava. “Muito fria e a condição piora, muito quente e pode causar outros problemas”.
Como sua mãe aprendeu isso? Ela cuidou de muitos bebês com problemas semelhantes ao longo da vida. Algumas famílias da região confiavam nela quando os médicos não sabiam o que fazer. Larissa baixou Gabriel suavemente na água morna. O bebê imediatamente parou de chorar, seus músculos relaxando visivelmente. “Veja”, ela disse suavemente.
“A água morna ajuda a regular a temperatura corporal dele. O choro diminui porque a angústia física diminui.” Ricardo observou fascinado. Gabriel parecia outro bebê na água, calmo e alerta, olhando para Larissa com confiança total. “Quanto tempo ele precisa ficar assim?” uns 15 minutos. Depois vou fazer uma massagem específica com óleo morno e ele vai dormir tranquilo por algumas horas.
O óleo de lavanda, entre outros, é uma mistura que minha mãe desenvolveu ao longo dos anos. Enquanto Gabriel relaxava na água, Ricardo e Larissa conversaram mais sobre a condição e os cuidados necessários. Isso vai durar quanto tempo? Geralmente a fase mais crítica dura entre quatro a se semanas. Depois disso, o organismo do bebê aprende a se regular sozinho, mas ele sempre vai precisar de cuidados especiais nos primeiros meses de vida.
E depois, depois ele vai ser um bebê normal, sem sequelas. O senhor é prova disso. Ricardo olhou para o filho na água e sentiu uma mistura de alívio e gratidão. Sem Larissa, Gabriel poderia ter sofrido muito mais ou pior. Larissa, ele disse, preciso que você volte oficialmente, não como empregada, mas como como uma parceira no cuidado do Gabriel. Como assim? Você é uma profissional especializada.
Quero que trabalhe conosco, não como babá, mas como enfermeira neonatal privada do Gabriel, com salário adequado à sua qualificação, benefícios e o respeito que merece. Larissa parou de mexer na água por um momento. O senhor está falando sério, completamente. E quero que more na casa, não quarto de empregada, mas em uma das suítes de hóspedes com total liberdade para ir e vir. Por que está fazendo isso? Porque é o certo a fazer.

Porque Gabriel precisa de você e porque eu preciso aprender a ser um pai melhor. Larissa considerou a proposta enquanto terminava o banho de Gabriel. O bebê estava completamente relaxado agora, quase dormindo na água morna. E se sua família não aprovar? Minha família vai ter que entender que o bem-estar do Gabriel vem em primeiro lugar.
E se a mãe dele voltar? Renata perdeu o direito de opinar quando abandonou o filho. Mas se ela voltar genuinamente interessada em ser mãe, vamos lidar com isso quando acontecer. Larissa retirou Gabriel da água e o envolveu em uma toalha aquecida. O bebê suspirou contentemente, claramente se sentindo melhor. “Está bem”, ela disse.
Aceito, mas com algumas condições. Quais? Primeira, se eu perceber que Gabriel não está sendo tratado com o amor que merece por qualquer pessoa da família, eu vou embora imediatamente. Concordo. Segunda, quero total liberdade para aplicar os tratamentos que considerar necessários, sem questionamentos. Concordo.
Terceira, se em algum momento o senhor se sentir desconfortável com minha presença, me avise diretamente. Não quero passar por outra situação de humilhação. Isso nunca vai acontecer de novo. Ricardo disse com convicção. Você tem minha palavra. Larissa assentiu e se dirigiu para a cozinha para preparar a massagem com olhos. Ricardo a seguiu carregando.
Gabriel, posso fazer uma pergunta pessoal? Claro. Por que você não se casou, não teve filhos próprios? Larissa parou de mexer os olhos por um momento. Tive uma filha, disse ela baixinho. Ela nasceu prematura, com vários problemas. Cuidei dela sozinha por trs anos antes de antes de perdê-la. Ricardo sentiu o coração apertar.
Agora entendia de onde vinha a dedicação de Larissa com bebês, especialmente com aqueles que precisavam de cuidados. especiais. Sinto muito, foi há muito tempo. Ela continuou mexendo os olhos. Depois disso, decidi dedicar minha vida a cuidar dos filhos de outras pessoas. Era minha forma de honrar a memória da minha filha. Como ela se chamava? Gabriela.
O nome atingiu Ricardo como um raio. Gabriela. Gabriel. A coincidência era perturbadora, mas também parecia ter um significado especial. Você acha que você acha que cuidar do Gabriel é uma forma de Não acredito em coincidências, ela disse suavemente.
Acredito que algumas pessoas entram na nossa vida no momento certo, pelo motivo certo. Larissa terminou de preparar a mistura de olhos e pediu para Ricardo deitar Gabriel no sofá da sala. Com movimentos suaves e experientes, ela começou a massagear o peito e as costas do bebê. Sua ajuda a circulação e acalma o sistema nervoso”, explicou ela. “Minha mãe me ensinou essa técnica quando eu era adolescente.
” Gabriel relaxou ainda mais sob as mãos delicadas de Larissa. Em poucos minutos estava dormindo profundamente, respirando de forma regular e tranquila. “Pronto”, ela sussurrou. “Ele vai dormir por pelo menos 4 horas agora”. Ricardo olhou seu filho dormindo peacefully e sentiu uma gratidão imensa. “Obrigado”, ele disse, “Não só por esta noite, mas por tudo, por cuidar dele quando eu não soube reconhecer seu valor, por perdoar minha ignorância, por dar uma segunda chance para nossa família.” Todo mundo merece uma segunda chance”,
ela repetiu as palavras da mãe. Inclusive o senhor Ricardo, ele corrigiu. “Me chame de Ricardo”. Ela sorriu pela primeira vez desde que havia chegado naquela madrugada. Ricardo, nos dias seguintes, a dinâmica da casa mudou completamente.
Larissa se instalou na suí de hóspedes do segundo andar, que tinha vista para o jardim, e uma pequena sala anexa, onde ela organizou seus materiais de trabalho. Gabriel respondeu magnificamente aos cuidados dela. Os episódios de choro diminuíram drasticamente. Ele começou a se alimentar melhor e a dormir por períodos mais longos. mais importante, estava visivelmente mais feliz, sorrindo com frequência e reagindo positivamente à presença das pessoas.
Ricardo começou a participar mais ativamente dos cuidados com o filho. Larissa o ensinou as técnicas de massagem, como reconhecer os sinais de desconforto e como preparar os banhos terapêuticos. A paternidade não é instintiva para todos”, disse ela uma manhã enquanto ensinava Ricardo a trocar fraldas adequadamente, “mas pode ser aprendida com dedicação e amor.
Meu pai nunca participou muito da minha criação.” Ricardo admitiu. Ele acreditava que cuidar de crianças era trabalho de mulher. E como isso te fez sentir? Distante dele, sempre senti que tinha que provar meu valor, nunca que era amado incondicionalmente. Então, já sabe o que não fazer com Gabriel. A observação de Larissa o fez refletir.
Quantos padrões familiares ele estava repetindo sem perceber, quantas oportunidades de conexão com o filho estava perdendo por seguir modelos antigos. Durante a segunda semana de trabalho oficial de Larissa, Dona Helena voltou da viagem. Ricardo estava nervoso sobre como apresentar a situação para a mãe, mas Larissa parecia tranquila.
“Sua mãe é uma mulher inteligente”, disse ela. “Ela vai entender.” Quando dona Helena entrou na sala e viu Larissa segurando Gabriel, parou no meio do caminho. Seus olhos se arregalaram de reconhecimento. “Meu Deus, você é filha da Lourdes?” “Sim, senhora”.
Dona Helena se aproximou lentamente, as lágrimas nos olhos. Você tem o mesmo jeito delicado dela, a mesma forma carinhosa de segurar um bebê. Minha mãe me ensinou tudo o que sei, onde ela está, como está. Larissa abaixou os olhos. Minha mãe faleceu há 5 anos, dona Helena. Câncer. Ó, minha querida. Dona Helena tomou as mãos de Larissa.
Lourdes foi um anjo na vida da nossa família. Ela salvou meu filho e agora eu espero poder ajudar a salvar o neto dela. Dona Helena olhou para Ricardo, que observava a cena com emoção. Você contratou a filha da Lourdes para cuidar do Gabriel? Contratei Larissa como enfermeira neonatal especializada, ele corrigiu. Ela é extremamente qualificada.
E Gabriel está respondendo bem? Veja você mesma. Gabriel estava alerta e sorrindo nos braços de Larissa, claramente confortável e feliz. A diferença em relação ao bebê agitado e choroso de duas semanas atrás era impressionante. “É impressionante”, admitiu dona Helena. “ele parece outro bebê”. Durante o almoço, Ricardo contou para a mãe toda a história.
A demissão precipitada, a descoberta sobre a identidade de Larissa, a condição genética de Gabriel e, finalmente, a decisão de trazê-la de volta em uma posição que respeitasse suas qualificações. “Estou orgulhosa de você”, disse dona Helena. Admitir um erro e corrigi-lo adequadamente é sinal de maturidade. Ainda me sinto culpado pela forma como tratei a Larissa inicialmente.
A culpa só é útil se nos ensina a fazer melhor da próxima vez, observou dona Helena. O importante é que você aprendeu. A aceitação de dona Helena foi fundamental para estabelecer Larissa definitivamente como parte da família. Ela não apenas aprovou a presença da jovem enfermeira, como passou a tratá-la com o carinho e respeito de uma filha. “Sua mãe foi muito especial para nós”, disse ela a Larissa em uma conversa privada.
“E vejo que você herdou não apenas seus conhecimentos, mas também seu coração generoso. Obrigada, dona Helena. Isso significa muito para mim. Agora você faz parte desta família, não como empregada, mas como alguém que escolhemos ter conosco. A rotina da casa se estabeleceu de forma harmoniosa.
Larissa cuidava de Gabriel com dedicação profissional, mas também com amor genuíne. Ricardo participava cada vez mais dos cuidados, aprendendo não apenas as técnicas, mas também a linguagem silenciosa do bebê. Dona Mercedes observa tudo com satisfação. “É bonito ver como as coisas se encaixaram”, comentou ela com dona Helena. “É como se a família estivesse completa de novo.
” “Lourdes sempre dizia que as coisas acontecem no tempo certo”, respondeu dona Helena. Talvez Larissa tenha voltado para nossa vida exatamente quando mais precisávamos dela. Mas a paz da família seria testada algumas semanas depois, quando Renata reapareceu. Era uma tarde de sábado e Ricardo estava no jardim com Gabriel, tentando ensinar ao filho de dois meses a apreciar o ar livre quando ouviu a campainha.
Larissa estava preparando o banho da tarde e dona Helena havia saído para visitar uma amiga. Dona Mercedes atendeu a porta e voltou com uma expressão preocupada. Senor Ricardo, tem uma moça na porta dizendo que é a mãe do Gabriel. O coração de Ricardo disparou. Renata, após dois meses de silêncio total, ela estava de volta. Mande ela entrar. Renata Carvalho entrou na sala com a mesma elegância de sempre.
Aos 26 anos, era uma mulher bonita, de classe alta, acostumada a conseguir o que queria. Vestia roupas de grife e carregava uma bolsa que custava mais do que muitas pessoas ganhavam em um mês. “Ricardo”, ela disse como se não tivesse acontecido nada. “Como você está, Renata?” Ele respondeu friamente. Dois meses sem dar notícias e agora aparece como se nada tivesse acontecido.
Precisava de um tempo para pensar, para me organizar. E chegou a alguma conclusão. Sim. Ela olhou para Gabriel nos braços de Ricardo. Quero meu filho de volta. A declaração caiu como uma bomba na sala. Ricardo sentiu a raiva subir, mas se controlou por causa de Gabriel. Seu filho. Você abandonou Gabriel quando ele tinha uma semana de vida.
Deixou um bilhete dizendo que não estava preparada para ser mãe. Estava confusa, assustada. Toda mulher passa por isso após o parto. Não, Renata, nem toda mulher abandona o filho quando ele mais precisa. Renata se aproximou e tentou pegar Gabriel, mas o bebê imediatamente começou a chorar. Era óbvio que ele não a reconhecia.
Ele não me reconhece”, disse ela ferida. “É natural. Bebês se lembram de quem cuida deles com carinho e constância. E quem tem cuidado dele?” Foi nesse momento que Larissa desceu para buscar Gabriel para o banho. Ela parou na entrada da sala ao ver Renata claramente percebendo a tensão no ar. “Desculpe, não sabia que tinham visita”, disse ela.
“Posso voltar depois?” Não”, disse Ricardo. “Renata, esta é Larissa, enfermeira neonatal do Gabriel.” “Do Larissa. Esta é Renata, a mãe biológica do Gabriel. O encontro entre as duas mulheres foi eletrizante. Renata olhou Larissa de cima a baixo, avaliando suas roupas simples e sua postura profissional. Enfermeira neonatal.
” Renata ergueu uma sobrancelha. “Que fence! Ricardo sempre gostou de dar nomes pomposos para babás. A provocação foi calculada para diminuir Larissa, mas ela manteve a compostura. “Sou formada em enfermagem com especialização em neonatologia”, disse ela calmamente. “Trabalho com Gabriel porque ele tem uma condição que requer cuidados especializados.
” “Que condição?” Renata se virou para Ricardo. “O que há de errado com meu filho? É uma síndrome genética rara que afeta a regulação de temperatura corporal”, explicou Ricardo. “Ele herdou de mim. E você não me contou isso? Você não deu oportunidade, desapareceu antes que pudéssemos descobrir o que estava acontecendo.
Renata pareceu processar a informação, claramente desconfortável com a ideia de que o filho tinha problemas de saúde.” “É grave?” “Com os cuidados adequados?” “Não,”, respondeu Larissa. Gabriel está respondendo muito bem ao tratamento. Em algumas semanas, a fase crítica vai passar. E você acha que pode cuidar do meu filho melhor do que eu? A pergunta carregava hostilidade, mas Larissa manteve o tom profissional.
Acho que posso oferecer os cuidados especializados que ele precisa neste momento específico da vida dele. Ricardo Renata se virou para ele. Quero conversar com você sozinho. Larissa faz parte da família, disse ele. Pode falar na frente dela. Família? Renata riu com sarcasmo. Ricardo, você sempre foi ingênuo. Mas contratar uma babá cara e chamá-la de família é demais até para você. Renata.
A voz de Ricardo ficou perigosamente baixa. Sugiro que escolha suas palavras com cuidado. Por que vai me defender como um cavaleiro medieval? Que romântico. Larissa se aproximou. Vou levar Gabriel para o banho”, disse ela. “Vocês podem conversar com mais privacidade.” Quando ela estendeu os braços para pegar o bebê, Gabriel imediatamente parou de chorar e se aconchegou contra ela.
O contraste com a reação que ele havia tido com Renata foi evidente para todos na sala. “Por que ele reage assim com ela e não comigo?”, perguntou Renata claramente ferida. Porque ela cuida dele com amor todos os dias”, respondeu Ricardo. Porque ela acorda de madrugada quando ele chora. Porque ela conhece cada som que ele faz, cada expressão do rosto dele.
Eu sou a mãe dele. Não, Renata, você é quem deu a luz a ele. Mãe é quem cuida, quem se preocupa, quem sacrifica o próprio bem-estar pelo bem-estar da criança. As palavras atingiram Renata como bofetadas. Ela se sentou no sofá, visivelmente abalada. “Eu não sabia que seria tão difícil”, disse ela baixinho. “Ninguém me preparou para a intensidade de ter um bebê e por isso fugiu.
Precisava pensar organizar minha vida. Minha carreira estava decolando, tinha oportunidades aparecendo e decidiu que Gabriel atrapalharia seus planos.” “Não foi bem assim.” Ela se defendeu. “Pensei que talvez fosse melhor para ele ficar com você. Você tem mais recursos, mais estabilidade. E agora mudou de ideia.
Minha psicóloga disse que é normal sentir essa confusão inicial, que muitas mulheres passam por isso e depois se arrependem. Ricardo suspirou. Parte dele sentia a pena de Renata. Ela era jovem, carregava pressões sociais e familiares, não havia recebido o apoio adequado durante a gravidez, mas outra parte dele estava furiosa com o egoísmo dela.
O que você quer, Renata? Quero uma chance de ser mãe de verdade. Quero levar Gabriel comigo. Para onde? Para São Paulo. Consegui um apartamento. Tenho uma babá já contratada. Uma babá? Ricardo não conseguiu esconder a ironia. Pensei que queria ser mãe de verdade. Você sabe o que quero dizer. Quero que Gabriel more comigo, que eu seja a figura materna principal na vida dele.
E sobre a condição médica dele. Contrato os melhores médicos de São Paulo. Dinheiro não é problema. Ricardo balançou a cabeça. Não é questão de dinheiro, Renata. Gabriel precisa de cuidados específicos, de alguém que entenda os sinais, que saiba reagir rapidamente em caso de crise. A babá que contratei tem ótimas referências. Não é a mesma coisa.
Nesse momento, Larissa voltou com Gabriel limpo e relaxado após o banho. O bebê estava sorrindo claramente confortável e feliz. “Olhe para ele”, disse Ricardo. “veja como está bem, como está saudável. Isso é resultado de meses de cuidados especializados e dedicação integral. E você acha que eu não posso oferecer isso? Sinceramente, não sei.
Você nunca tentou. A conversa foi interrompida pela chegada de dona Helena, que entrou na sala e imediatamente percebeu atenção. “Renata”, disse ela com educação formal. “Que surpresa vê-la aqui. Dona Helena. Vem buscar meu filho. Seu filho? A senhora ergueu as sobrancelhas. Interessante.
Nos últimos dois meses, seu filho chorou, ficou doente, precisou de cuidados médicos especializados e você não estava em lugar nenhum. Já expliquei que precisava de um tempo. Tempo? Dona Helena se sentou elegantemente na poltrona. Minha querida, maternidade não é algo que você pode pausar quando fica difícil. Com todo respeito, dona Helena, questões entre Ricardo e eu não são da sua conta.
Ah, mas são sim. A voz da senhora ficou mais fria. Gabriel é meu neto. Eu estava aqui quando ele nasceu, quando você decidiu ir embora, quando ele adoeceu. Eu vi meu filho desesperado tentando cuidar sozinho de um bebê doente. Eu não sabia que ele estava doente. Não sabia porque não quis saber, porque não ficou para descobrir.
Renata olhou ao redor da sala, claramente se sentindo cercada. Seus olhos pousaram em Larissa, que segurava Gabriel com naturalidade. E ela apontou para Larissa. Quanto tempo ela está aqui? Tempo suficiente para salvar a vida do Gabriel duas vezes respondeu Ricardo. Duas vezes? Ricardo contou sobre a primeira noite de hipotermia e sobre a crise que havia levado Larissa de volta para a casa.
A cada detalhe, Renata parecia mais desconfortável. Por que ninguém me ligou quando ele ficou doente? Porque você deixou claro que não queria ser incomodada, disse dona Helena, porque mudou de telefone sem avisar ninguém. Eu precisava de espaço e Gabriel precisava da mãe retrucou Ricardo. O silêncio que se seguiu foi pesado.
Gabriel começou a fazer pequenos sons de contentamento nos braços de Larissa, alheio a atenção dos adultos ao redor. “Posso segurá-lo?”, perguntou Renata baixinho. Larissa olhou para Ricardo que a sentiu. Ela estendeu Gabriel para Renata cuidadosamente. Renata pegou o filho com cuidado, claramente nervosa. Gabriel a olhou com curiosidade, mas não demonstrou descontentamento.
Era um bebê naturalmente calmo, desde que suas necessidades básicas estivessem atendidas. “Ele cresceu tanto”, disse ela, lágrimas nos olhos. Está tão diferente. Bebês mudam rapidamente nos primeiros meses disse Larissa gentilmente. É uma fase de desenvolvimento muito rápida. Como você sabe tanto sobre bebês? Trabalhei como enfermeira neonatal por 15 anos antes de me aposentar.
Por que se aposentou tão jovem? Problemas de saúde? Larissa não elaborou. Renata continuou segurando Gabriel, que permanecia calmo. Por alguns minutos, a cena parecia quase normal. Uma mãe segurando seu bebê. Ele é lindo disse ela. Tem seus olhos, Ricardo, e seu nariz. Ele respondeu. Mas então, Gabriel começou a mostrar sinais de desconforto, pequenos gemidos, movimentos inquietos.
Renata tentou balançá-lo, mas os gemidos se transformaram em choro. “O que eu faço?”, perguntou ela claramente em pânico. “Tente cantarolar alguma coisa”, sugeriu Ricardo. Renata tentou, mas sua voz estava tensa e Gabriel chorou mais alto. Ela olhou para Larissa em desespero. “Por favor, você pode?” Larissa se aproximou e começou a cantar o lar baixinho, sem pegar Gabriel das mãos de Renata. Imediatamente o bebê se acalmou, reconhecendo a voz familiar.
“Como você faz isso?”, perguntou Renata. “Prática,” respondeu Larissa e conhecimento dos padrões dele. Gabriel tem horários específicos para tudo. Agora é quase hora da soneca da tarde. Como você sabe? Porque cuidar de bebês é minha profissão há muitos anos.
Renata entregou Gabriel de volta para Larissa, claramente frustrada com sua própria inexperiência. Ricardo, preciso falar com você sozinho. Larissa, pode levar Gabriel para o quarto? Claro. Quando ficaram sozinhos, Renata se desabou no sofá. Não sei o que estou fazendo, admitiu ela. Pensei que seria mais fácil. Ser mãe nunca é fácil, Renata. especialmente com um bebê que tem necessidades especiais.
Você acha que eu sou uma mãe terrível? Ricardo considerou suas palavras cuidadosamente. Acho que você é uma mulher jovem que tomou decisões impulsivas. Isso não te faz terrível, apenas humana, mas também não me faz uma boa mãe. Isso depende do que você fizer a partir de agora. O que você quer dizer? Se realmente quer ser mãe do Gabriel, precisa se comprometer de verdade, não apenas com a ideia romântica de maternidade, mas com a realidade diária, as noites mal dormidas, as preocupações constantes, os sacrifícios pessoais. E se eu não conseguir, então precisa ser honesta sobre isso.
Gabriel merece alguém que esteja 100% comprometido com seu bem-estar. Renata ficou em silêncio por alguns minutos, claramente lutando com seus próprios sentimentos. “Posso fazer uma proposta?”, disse ela finalmente. “Qual? Que tal um período de adaptação? Eu poderia ficar aqui algumas semanas, aprender a cuidar dele, ver se realmente estou preparada.” Ricardo considerou a proposta.
Não era o que ele queria ouvir, mas talvez fosse a solução mais justa para todos. E se no final desse período você decidir que não quer ser mãe, então abre o mão legalmente da guarda e você pode cuidar dele como achar melhor. E se decidir que quer, aí vamos ter que negociar um arranjo que funcione para todos, incluindo Gabriel. Ricardo assentiu lentamente.
Está bem, mas com algumas condições. Quais? Primeira, Larissa continua como enfermeira principal do Gabriel. Você pode aprender com ela, mas ela tem autoridade final sobre os cuidados médicos. Concordo. Segunda, nada de mudanças bruscas na rotina do Gabriel. Ele está estável agora e não pode ser submetido a estresse desnecessário.
Concordo. Terceira, se em qualquer momento eu perceber que sua presença está prejudicando Gabriel, você vai embora imediatamente. Concordo. E quarta, este é um teste para você, não uma garantia. Gabriel não é um brinquedo que você pode devolver se não gostar. Entendo. Ricardo respirou fundo.
Parte dele achava que estava cometendo um erro, mas outra parte reconhecia que Gabriel tinha direito a conhecer sua mãe biológica, mesmo que fosse para confirmar que ela não estaria presente em sua vida. Quando você quer começar? Posso ficar a partir de amanhã? Pode, mas vai se hospedar na suí de hóspedes do primeiro andar. Larissa fica no segundo andar, perto do quarto do Gabriel.
Por quê? Porque se Gabriel tiver alguma crise durante a noite, Larissa precisa estar por perto. Você ainda não sabe reconhecer os sinais. Renata pareceu aceitar a explicação, embora Ricardo percebesse que ela não gostou da hierarquia implícita. “Vou buscar minhas coisas”, disse ela. “Voltarei amanhã de manhã”. Renata.
Ricardo a chamou quando ela se dirigia para a porta. Espero que você esteja sendo sincera sobre querer aprender a ser mãe. Gabriel já sofreu suficiente instabilidade na vida dele. Estou sendo sincera, ela respondeu. Pelo menos espero estar. Após Renata sair, Ricardo subiu para conversar com Larissa. Encontrou-a no quarto de Gabriel, organizando as roupas limpas do bebê enquanto ele dormia peacefully no berço.
“Como você está se sentindo sobre tudo isso?”, perguntou ele. Não é sobre como eu me sinto, ela respondeu. É sobre o que é melhor para Gabriel. Mas você tem sentimentos sobre a situação. Larissa parou o que estava fazendo e o encarou. Tenho medo admitiu ela. Medo de que Renata não esteja realmente comprometida e que Gabriel sofra com isso.
Medo de que ela me veja como uma ameaça em vez de uma aliada. E eu, você, você não tem medo de que eu escolha Renata sobre você? Que decida que Gabriel deve ficar com a mãe biológica, independentemente das consequências?” Larissa considerou a pergunta. “Não”, disse ela finalmente. “Porque vi como você cuida dele, como se preocupa com o bem-estar dele.
Você pode cometer erros, mas sempre coloca Gabriel em primeiro lugar. Mesmo quando demiti você, mesmo quando me demitiu, você estava tentando proteger seu filho da maneira que achava certa. Estava errado, mas suas intenções eram boas. Ricardo se sentiu grato pela compreensão dela, mas também preocupado com o que estava por vir.
O que você acha que vai acontecer? Sinceramente, acho que Renata vai perceber que a maternidade é mais difícil do que ela imagina. A questão é se ela vai admitir isso ou se vai tentar fingir até conseguir. E se ela tentar fingir, então vamos ter problemas, porque Gabriel vai perceber. Bebês sentem quando não são genuinamente amados.
Na manhã seguinte, Renata chegou com duas malas grandes e uma série de produtos para bebês caros que havia comprado durante a noite. “Trouxe algumas coisas que achei que Gabriel poderia precisar”, disse ela, mostrando roupas de grife, brinquedos sofisticados e produtos de higiene importados. Larissa examinou os produtos educadamente. São muito bonitos disse ela.
Mas Gabriel tem pele sensível por causa da condição dele. Precisamos usar produtos específicos hipoalergênicos. Estes são os melhores do mercado. Pode ser, mas não são adequados para ele especificamente. O primeiro conflito do dia estava armado. Renata claramente havia gastado muito dinheiro nos produtos e se sentia ofendida por eles serem rejeitados. Não pode ser tão complicado assim”, disse ela. “É só um bebê”.
Gabriel não é só um bebê, respondeu Larissa pacientemente. Ele tem necessidades específicas que precisam ser respeitadas. Durante o café da manhã, Ricardo estabeleceu as regras da casa para o período de adaptação. “Larissa vai te ensinar a rotina do Gabriel”, disse ele. “Horários de alimentação, técnicas de banho, sinais de desconforto.
É importante que você aprenda tudo antes de tentar fazer sozinha. Por quanto tempo?” “Pelo tempo que for necessário. Não há pressa.” “Mas eu sou a mãe dele. Não deveria ser instintivo.” Larissa e Ricardo trocaram olhares. A ingenuidade de Renata sobre maternidade estava ficando clara. “Cuidar de bebês é uma habilidade que se aprende”, explicou Larissa.
Algumas mulheres têm mais facilidade natural, outras precisam de mais tempo. Não há problema nenhum em precisar aprender. O primeiro dia foi desafiador. Renata tentou participar de todas as atividades, mas sua inexperiência ficava evidente a cada momento. Ela segurava Gabriel de forma tensa, falava alto demais, se movia bruscamente.
O bebê, sensível a essas nuances ficou mais agitado que o normal. Por que ele está tão inquieto?”, perguntou Renata após várias tentativas frustradas de acalmar Gabriel. “Porque você está tensa?”, explicou Larissa. Bebês captam nossa energia. Se você está nervosa, ele fica nervoso também. “Como faço para relaxar?” “Respire fundo, fale baixinho, mova-se devagar.
Gabriel precisa sentir que você está confiante e calma, mas relaxar era mais fácil de falar do que fazer. Renata havia construído uma imagem mental de maternidade baseada em filmes e fotos de revista. A realidade era muito mais complexa e cansativa. No segundo dia, ela acordou tarde e encontrou Larissa já cuidando da rotina matinal de Gabriel.
Por que não me acordou? Perguntou ela. Você parecia cansada. Achei melhor deixar você descansar, mas eu quero participar. Gabriel acorda às 5:30 para a primeira mamada”, explicou Larissa. Depois dorme até às 7, quando é hora do banho e da segunda alimentação. 5:30 da manhã, todos os dias, Renata pareceu assimilar a informação com desconforto.
Era óbvio que não havia considerado o aspecto prático dos horários de bebês. No terceiro dia, ela tentou assumir mais responsabilidades. Quis preparar a mamadeira sozinha, mas não testou a temperatura adequadamente. Gabriel recusou o leite e começou a chorar. A temperatura está errada”, disse Larissa, “Muito quente.” “Como você sabe?” Experiência.
E por que Gabriel me disse? Ele não fala, não com palavras, mas comunica do jeito dele. O tipo de choro, os movimentos do corpo, as expressões faciais, tudo isso é comunicação. Renata passou a observar mais atentamente as interações entre Larissa e Gabriel. Era como ver uma dança silenciosa. Larissa antecipava as necessidades do bebê, respondia aos sinais mais sutis, mantinha uma calma constante que tranquilizava Gabriel.
“Quanto tempo levou para você aprender tudo isso?”, perguntou ela. Anos, respondeu Larissa honestamente. Trabalhei com centenas de bebês ao longo da carreira e cada um é diferente. E eu vou levar anos para aprender, não necessariamente, mas vai levar tempo e dedicação. No final da primeira semana, Renata estava visivelmente exausta.
Os horários irregulares, a constante atenção que Gabriel exigia, a responsabilidade de tomar decisões sobre o bem-estar de outra pessoa, tudo isso pesava sobre ela. “É mais difícil do que eu imaginava”, admitiu ela para Ricardo uma noite. “A maioria das pessoas subestima o que significa cuidar de um recém-nascido”, disse ele, “Especialmente um com necessidades especiais”.
“Como você aguenta?” Porque é meu filho, porque não há alternativa, porque cada sorriso dele, cada pequeno progresso, compensa todas as dificuldades. E você sente isso desde o primeiro dia? Ricardo refletiu. Não, para ser honesto, no início eu estava em pânico a maior parte do tempo. Foi a Larissa quem me ensinou a ver além do medo e da insegurança.
E se eu nunca conseguir sentir isso, então será melhor para todos. Especialmente para Gabriel, que você seja honesta sobre isso. A segunda semana trouxe novos desafios. Gabriel teve uma crise leve de temperatura durante a madrugada. Larissa cuidou da situação com eficiência, mas Renata acordou em pânico. O que está acontecendo? Ele vai ficar bem? Vai sim, disse Larissa calmamente, preparando um banho morno. É uma crise leve, muito controlável. Isso vai acontecer sempre.
com menos frequência à medida que ele crescer, mas sim pode acontecer ocasionalmente até que o sistema de regulação térmica dele amadureça completamente. Renata observou Larissa trabalhar, admirada com a competência e tranquilidade dela, mas também se sentiu inútil. “Eu não saberia o que fazer”, disse ela. “Por isso estou aqui para ensinar.
E se você não estivesse? E se eu estivesse sozinha com ele em São Paulo e isso acontecesse, então você ligaria para o médico e faria o que ele mandasse, ou me ligaria e eu tentaria orientar por telefone. A possibilidade de lidar sozinha com uma emergência médica de Gabriel assustou Renata mais do que ela estava disposta a admitir.
No meio da segunda semana, ela recebeu uma ligação da agência de modelos, oferecendo um trabalho importante. É uma campanha internacional. explicou ela para Ricardo. Três semanas em Milão, uma oportunidade única. E você quer aceitar? É tentador. Minha carreira estava decolando quando engravidei. Mas você está aqui para aprender a ser mãe do Gabriel.
Não posso fazer as duas coisas? Ricardo a olhou com incredulidade. Renata, você mal está conseguindo lidar com a rotina do Gabriel aqui, com toda a estrutura e apoio disponível. Como pretende conciliar isso com viagens internacionais? Posso levar ele comigo? Levar um bebê de dois meses com problemas de saúde para outro país. Bebês viajam o tempo todo.
Bebês saudáveis, com mães experientes e estrutura médica adequada. Renata ficou em silêncio, claramente dividida entre o que queria fazer e o que sabia que deveria fazer. Preciso pensar. Não, Renata, não precisa pensar. Se está considerando abandonar Gabriel de novo para seguir sua carreira, então já sabe qual é sua prioridade.
Não é tão simples assim. É exatamente assim de simples. Ou Gabriel é sua prioridade ou sua carreira é. Não dá para ser as duas coisas ao mesmo tempo nesta fase da vida dele. A discussão escalou rapidamente. Renata se sentia pressionada, julgada e incompreendida. Ricardo se sentia frustrado com o que percebia como egoísmo dela.
“Você não entende”, disse ela. “Eu tenho sonhos, ambições. Não posso simplesmente desistir de tudo.” Ninguém está pedindo para você desistir de tudo, mas ser mãe significa fazer escolhas, estabelecer prioridades. E você nunca teve que escolher entre Gabriel e sua carreira? Todos os dias, admitiu Ricardo, e todos os dias escolho o Gabriel, porque você pode, você tem dinheiro suficiente para contratar ajuda, pode trabalhar de casa, pode delegar responsabilidades. Eu não tenho essas opções.
Você tem mais opções do que admite. A questão é se quer usá-las. A briga foi ouvida por toda a casa. Larissa tentou manter Gabriel distraído, mas era impossível ignorar a atenção. Dona Helena interveio no dia seguinte. Renata, querida, posso falar com você? Elas se sentaram no jardim, longe dos outros. Sei que está passando por um momento difícil, começou dona Helena.
Maternidade não é fácil para ninguém. Todo mundo parece achar que deveria ser natural para mim. Não deveria não. Eu tive dificuldades terríveis quando Ricardo nasceu. Chorava todos os dias, me sentia incompetente, questionava se havia tomado a decisão certa de ter filhos. Sério? Sério. A diferença é que na minha época mulheres não falavam sobre essas coisas.
Fingíamos que estava tudo bem e sofrínamos em silêncio. Como superou? tempo, apoio e, principalmente, aceitando que minha vida havia mudado para sempre, que algumas coisas que eu queria fazer teriam que esperar, outras teriam que ser abandonadas. E você não se arrependeu? Algumas vezes sim. Dona Helena foi honesta.
Houve momentos em que me perguntei como seria minha vida se tivesse feito escolhas diferentes, mas no geral não. Ricardo trouxe mais alegria do que sacrifício. E se eu não conseguir sentir isso por Gabriel? Então será melhor para todos que você seja honesta sobre isso.
Melhor para Gabriel ter um pai que o ama incondicionalmente do que uma mãe que o vê como um fardo. A conversa com dona Helena foi um momento de clareza para Renata. Ela passou o resto do dia observando as interações entre Gabriel e as pessoas que cuidavam dele. Viu Ricardo chegando cansado do trabalho, mas imediatamente se iluminando ao ver o filho. Viu Larissa acordando no meio da noite para verificar se Gabriel estava bem.

Viu dona Mercedes fazendo questão de preparar as papinhas com ingredientes especiais que Gabriel tolerava melhor e se perguntou: “Algum dia ela sentiria essa dedicação natural? No final da segunda semana, ela tomou uma decisão. “Ricardo, preciso falar com você”, disse ela na manhã de domingo.
Eles se encontraram na biblioteca, o mesmo lugar onde haviam tido muitas conversas difíceis. “Tomei uma decisão sobre a proposta de trabalho”, disse ela. “Qual? Vou aceitar.” Ricardo sentiu uma mistura de alívio e tristeza. “E Gabriel? Gabriel fica com você definitivamente. Tem certeza?” Tenho. Essas duas semanas me mostraram que eu não estou preparada para ser mãe. Talvez nunca esteja.
Renata, não tente me convencer do contrário. Ela o interrompeu. Sei que isso me faz parecer uma pessoa terrível, mas é a verdade. Eu olho para Gabriel e vejo responsabilidade, sacrifício, limitações. Vocês olham para ele e veem amor, alegria, propósito. Sentimentos podem mudar com o tempo. Podem, mas não deveria apostar o bem-estar dele nisso. Ricardo a sentiu.
Era doloroso ouvir, mas ele respeitava a honestidade dela. O que você quer em termos legais? Quero abrir mão da guarda oficialmente. Você pode adotar Gabriel como pai solo ou ela hesitou. Ou o quê? Se você e Larissa, se vocês decidirem formalizar a situação, ela poderia adotá-lo também. A sugestão pegou Ricardo desprevenido.
Renata, Larissa é a enfermeira do Gabriel. Nossa relação é profissional. É. Ela ergueu uma sobrancelha. Porque de fora não parece profissional, parece uma família. Não sei do que você está falando, Ricardo. Você olha para ela como meu pai olhava para minha mãe e ela olha para Gabriel como se fosse filho dela.
As palavras de Renata ecoaram na mente de Ricardo pelo resto do dia. Seria verdade? Havia desenvolvido sentimentos por Larissa além da gratidão profissional? observou as interações dela com Gabriel durante o jantar, a delicadeza com que o segurava, a maneira como seu rosto se iluminava quando ele sorria, o cuidado meticuloso com cada detalhe da rotina dele.
Havia amor ali, não apenas competência profissional. E quando ela olhava para Ricardo, havia algo nos olhos dela que ia além do respeito entre colegas, uma cumplicidade, uma conexão que havia se desenvolvido ao longo dos meses de cuidarem juntos de Gabriel. Mas seria apropriado considerar uma relação romântica com alguém que havia contratado como funcionária? Não haveria um desequilíbrio de poder problemático? Ricardo decidiu conversar com dona Helena sobre seus sentimentos confusos.
Mãe, posso fazer uma pergunta pessoal? Claro, filho. Como você sabia que amava papai? Que pergunta mais inesperada. Ela sorriu. Por que quer saber? Curiosidade. Soube porque ele me fazia sentir completa. Não no sentido romântico, bobo, mas no sentido de que nossa vida juntos era mais rica do que nossas vidas separadas.
E se vocês tivessem se conhecido em circunstâncias complicadas? Como assim? Se ele fosse seu funcionário, por exemplo, ou se houvesse uma diferença de classe social? Dona Helena olhou para o filho com um sorriso sapiente. Isso é sobre a Larissa? Ricardo suspirou. É tão óbvio assim para mim é a maneira como vocês trabalham juntos, como se preocupam um com o outro, como cuidam do Gabriel como se fossem uma equipe. É bonito de ver.
Mas e as complicações? a diferença social, o fato de ela trabalhar para mim. Ricardo, sua avó era filha de imigrantes pobres. Seu avô era de família rica. Eles superaram essas diferenças porque o amor era genuíno e os valores eram compatíveis. E quanto ao trabalho, Larissa não é uma funcionária comum. Ela é uma parceira no cuidado do Gabriel.
E se houver sentimentos mútuos, vocês podem renegociar a relação profissional. Você acha que ela sente alguma coisa por mim? Acho que você deveria perguntar para ela. Mas antes que Ricardo pudesse considerar como abordar o assunto com Larissa, uma nova crise surgiu. Renata havia partido para Milão, mas deixou para trás uma bomba relógio legal.
Seus pais, que haviam sido contra a gravidez desde o início, decidiram que queriam a guarda de Gabriel. O advogado deles apareceu na mansão numa manhã de terça-feira com uma intimação judicial, exigindo que Gabriel fosse entregue aos avós maternos. “Sob que alegação?”, perguntou Ricardo ao advogado. “Meus clientes alegam que um pai solteiro não pode oferecer o ambiente familiar adequado para uma criança, especialmente uma criança com necessidades médicas especiais. Isso é ridículo. Gabriel está bem cuidado.
Tem toda a assistência médica necessária, mas não tem uma figura materna estável. Tem sim. Larissa cuida dele como se fosse o próprio filho. Uma babá não é uma figura materna legal, respondeu o advogado. Especialmente uma babá solteira, sem filhos próprios. A batal legal que se seguiu foi intensa.
Os pais de Renata contrataram os melhores advogados de São Paulo, alegando que tinham recursos superiores e estabilidade familiar para criar Gabriel. Ricardo contratou seus próprios advogados, mas sabia que a luta seria difícil. Tribunais brasileiros ainda favoreciam arranjos familiares tradicionais e um pai solteiro com uma babá poderia ser visto como menos ideal do que avós casados há décadas.
Durante o processo legal que durou várias semanas, Larissa se tornou um alvo específico dos advogados dos avós de Gabriel. “Que tipo de relacionamento a senhora tem com meu cliente?”, perguntou o advogado deles durante uma audiência. Sou enfermeira neonatal do Gabriel. Apenas profissional? Sim. Não há nenhum envolvimento romântico com o pai da criança? Não.
A senhora não acha problemático que uma mulher solteira, sem filhos próprios, seja a principal cuidadora de uma criança? Acho problemático que estejam questionando minha competência profissional baseados no meu estado civil. Não estou questionando sua competência. Estou questionando se este arranjo é o melhor para a criança. O melhor para Gabriel é estar com pessoas que o amam e sabem cuidar adequadamente das necessidades médicas dele.
E a senhora acha que ama esta criança? A pergunta pegou Larissa desprevenida. Ela olhou para Gabriel nos braços de Ricardo, depois para o juiz, depois de volta para o advogado. “Sim”, disse ela firmemente. “Amo Gabriel como se fosse meu próprio filho. A admissão pública dos sentimentos de Larissa mudou a dinâmica de todo o processo.
Agora era óbvio para todos na sala que havia mais do que uma relação profissional entre ela, Ricardo e Gabriel. Durante o recesso, o advogado de Ricardo o puxou para o lado. Precisamos falar. disse ele. “A declaração da Larissa pode ajudar ou prejudicar nosso caso, dependendo de como a apresentarmos.
” Como assim? Se ela é apenas uma funcionária que ama a criança, pode parecer inadequado, mas se ela é uma figura materna real na vida do Gabriel, isso fortalece nosso argumento. O que você está sugerindo? Que vocês considerem formalizar a relação? Casamento daria estabilidade legal ao arranjo. Ricardo ficou chocado com a sugestão.
Você está falando de casamento de conveniência? Estou falando de casamento baseado em amor genuíno por uma criança e carinho mútuo entre adultos. Vi como vocês interagem. Não seria uma farsa, mas seria justo com a Larissa propor casamento para ganhar uma batalha legal? Só você pode responder isso, mas pense, se perder a guarda do Gabriel, todos saem perdendo, especialmente Gabriel.
Aquela noite, Ricardo não conseguiu dormir. A sugestão do advogado ecoava em sua mente, misturada com os sentimentos confusos que vinha desenvolvendo por Larissa. Seria justo propor casamento em circunstâncias tão complicadas? Por outro lado, seria justo deixar Gabriel ir para pessoas que não conheciam suas necessidades médicas específicas apenas por orgulho ou medo de complicações romantíes.
Encontrou Larissa na cozinha às 2as da manhã, preparando uma mamadeira para Gabriel, que havia acordado chorando. “Não consegue dormir também?”, perguntou ela. “Estou pensando no que aconteceu hoje no tribunal. sobre minha declaração, entre outras coisas. Larissa terminou de preparar a mamadeira e se virou para encará-lo. Ricardo, se minha presença está complicando o processo legal, posso me afastar.
Não quero que Gabriel sofra por minha causa. Não é sua presença que está complicando as coisas. É o fato de que temos uma família não tradicional numa sociedade que valoriza aparências convencionais. Uma família é o que somos, não é? Você, eu e Gabriel, pode não ser o arranjo tradicional, mas funcionamos como família. Larissa assentiu devagar.
Sim, funcionamos. Gabriel está feliz, saudável, amado. Isso deveria ser o que importa. Mas não é o que importa para o sistema legal. Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, ouvindo os sons de Gabriel se alimentando contently. Larissa.
Ricardo disse: “Finalmente, posso fazer uma pergunta pessoal?” “Claro, se as circunstâncias fossem diferentes, se não houvesse toda essa pressão legal, você você consideraria uma relação romântica comigo?” A pergunta ficou no arre. Larissa pousou a mamadeira e olhou nos olhos de Ricardo. “Por que está perguntando isso agora?” “Porque percebi que meus sentimentos por você mudaram.
Começou como gratidão profissional, mas se transformou em algo mais profundo. Ricardo, sei que as circunstâncias são complicadas. Sei que pode parecer que estou confundindo gratidão com amor, mas quando imagino minha vida sem você, não consigo, não apenas por causa do Gabriel, mas por causa de quem você é. Larissa se afastou alguns passos, claramente processando as palavras dele.
E você acha que eu sinto o mesmo? Espero que sim. Mas mesmo que sinta, seria justo começar uma relação romântica em meio a tudo isso? Não sei. Ela admitiu. Meus sentimentos também mudaram ao longo desses meses, mas não sei se é por você especificamente ou se é por ter uma família de novo, mesmo que temporariamente.
Como podemos descobrir? Talvez seja melhor focar no Gabriel agora e deixar nossos sentimentos pessoais para depois que a situação legal se resolver. E se perdermos, Gabriel? E se ele for morar com os avós? Então teremos outras preocupações além dos nossos sentimentos. A conversa foi interrompida por Gabriel terminando a mamadeira.
Larissa o pegou no colo para ajudá-lo a arrotar e Ricardo observou a cena com uma mistura de amor e medo de perder tudo. No dia seguinte, o advogado de Ricardo propôs uma estratégia diferente. Em vez de focar na relação entre você e Larissa, vamos focar na competência médica dela e na estabilidade que Gabriel tem atualmente. Como? Vamos trazer o pediatra para testemunhar sobre a melhora de Gabriel sobre os cuidados da Larissa.
Vamos mostrar registros médicos, fotos, vídeos do progresso dele. Isso vai ser suficiente? Vamos descobrir. A próxima audiência foi diferente. Em vez de atacar o arranjo familiar, o advogado de Ricardo defendeu o bem-estar de Gabriel como prioridade absoluta.
Doutor Henrique testemunhou sobre a condição médica rara de Gabriel e como os cuidados especializados de Larissa haviam sido fundamentais para o recovery dele. Sem esses cuidados específicos, disse o médico, Gabriel poderia ter desenvolvido complicações sérias, talvez irreversíveis. “E qualquer pessoa pode aprender esses cuidados?”, perguntou o advogado dos avós.
Teoricamente, sim, mas exige conhecimento técnico, experiência prática e dedicação integral. Larissa Silva possui essas três qualificações e os avós da criança não poderiam contratar profissionais igualmente qualificados? Poderiam tentar. Mas encontrar alguém com a combinação específica de competência técnica e dedicação pessoal seria muito difícil.
O depoimento médico foi convincente, mas o advogado dos avós não desistiu. “Meritíssimo”, disse ele. “Não estamos questionando a competência da enfermeira. Estamos questionando se uma criança deve ser criada por pessoas sem laços familiares reais com ela.” “Larissa Silva não tem laços familiares com Gabriel.” perguntou o juiz.
Não legalmente. Ela é uma funcionária, não importa quão dedicada seja. Foi então que Ricardo tomou uma decisão que surpreendeu a todos na sala. Meritíssimo. Ele se levantou. Posso fazer uma declaração? Pode. Quero oficializar minha intenção de casar com Larissa Silva e de adotarmos Gabriel juntos. O silêncio na sala foi absoluto.
Larissa o olhou com uma expressão de choque total. “Senhor Almeida, disse o juiz, esta é uma decisão muito importante. Tem certeza? Tenho meritíssimo. Larissa e eu formamos uma família de fato há meses. Queremos tornar isso oficial.” O advogado dos avós saltou. Isso é claramente uma manobra legal, um casamento de conveniência para ganhar a guarda.
“Posso responder a isso?”, perguntou Larissa, se levantando. Pode, meritíssimo. Amo Ricardo Almeida e aceito me casar com ele, não por conveniência legal, mas porque construímos algo real e bonito juntos, centrado no amor por Gabriel. As palavras de Larissa foram como um raio para Ricardo. Ela havia aceito publicamente na frente de todos, assumindo o risco de parecer calculista ou oportunista. O juiz pediu um recesso para considerar os novos desenvolvimentos.
Durante o intervalo, Ricardo e Larissa se encontraram no corredor do tribunal. “Por que fez isso?”, perguntou ela. “Por que me colocou nessa posição? Porque percebi que prefiro correr o risco de parecer manipulador do que correr o risco de perder Gabriel. E você?” E se eu tivesse negado publicamente? Então teria sido humilhado publicamente, mas pelo menos saberia onde estamos.
E agora que aceitei publicamente, agora precisamos decidir se queremos fazer isso de verdade ou se foi apenas uma performance para o tribunal. Larissa o olhou nos olhos por um longo momento. Se vamos fazer isso, tem que ser real. Não posso fingir amar você para salvar Gabriel e depois viver uma mentira pelo resto da vida.
E você pode amar de verdade, não apenas a situação, mas a mim. Já amo, ela admitiu. Venho lutando contra isso há semanas, achando que seria inadequado, complicado demais, mas já amo você. Ricardo sentiu um alívio imenso. Beijou-a ali mesmo no corredor do tribunal, selando o compromisso que haviam assumido publicamente. O juiz voltou com uma decisão surpreendente.
Considerando todos os depoimentos e evidências apresentados, disse ele, determino que Gabriel permaneça sob a guarda atual por mais três meses, período durante o qual observarei a estabilidade da nova configuração familiar. Como assim, meritíssimo?”, perguntou o advogado dos avós.
Se o senhor Almeida e a senora Silva se casarem e demonstrarem que podem oferecer um ambiente familiar estável e amoroso para Gabriel, considerarei definitiva a guarda paterna. Se houver qualquer instabilidade ou evidência de que foi apenas um arranjo de conveniência, reconsiderarei a guarda em favor dos avós.
Era uma vitória condicional, mas era uma vitória. Saindo do tribunal, Ricardo, Larissa e Gabriel, que havia dormido placidamente durante toda a audiência, se dirigiram para casa como uma família oficial. Então, disse Ricardo no carro, vamos nos casar? Vamos, respondeu Larissa. Mas quero fazer as coisas direito, com família, festa, tudo certinho.
Por quê? Porque quero que Gabriel cresça sabendo que seus pais se casaram por amor, não por conveniência legal. E quanto tempo precisamos para organizar tudo? Um mês? Perfeito. O mês seguinte passou como um furacão. Dona Helena se encarregou da organização do casamento com uma energia que surpreendeu a todos.
Finalmente vou ter uma nora que me deu um neto saudável”, disse ela para Larissa e que salvou meu filho de virar um workaholic solitário. Dona Helena, não salvi ninguém, apenas fiz meu trabalho. Querida, amar alguém nunca é apenas trabalho. O casamento foi realizado na Capela da Família, com uma festa pequena no Jardim da Mansão. Gabriel, agora com 4 meses e visivelmente mais forte e saudável, foi o pagem especial carregado no colo por dona Mercedes durante a cerimônia.
Durante os votos, Ricardo disse: “Larissa, você entrou na minha vida para cuidar do meu filho, mas acabou cuidando de toda a nossa família. Prometo ser o marido que você merece e o pai que Gabriel precisa.” Larissa respondeu: “Ricardo, você me deu a chance de ser mãe novamente, de ter uma família novamente. Prometo amar você e Gabriel com todo o meu coração em todas as circunstâncias.
” Quando o padre os declarou marido e mulher, Gabriel deu seu primeiro gargalhada alta, como se estivesse comemorando junto. Três meses depois, o juiz concedeu oficialmente a guarda definitiva de Gabriel ao casal. Os avós maternos desistiram de recorrer, reconhecendo que o menino estava claramente feliz e bem cuidado.
Um ano depois do casamento, Ricardo e Larissa estavam no jardim observando Gabriel dar seus primeiros passos. Aos 15 meses, ele estava completamente saudável, sem nenhum sinal da condição que havia complicado seus primeiros meses de vida. “Você se arrepende de alguma coisa?”, perguntou Ricardo. “Do quê?” de ter aceitado minha proposta maluca no tribunal, de ter se casado comigo em circunstâncias tão complicadas.
Larissa olhou para Gabriel, caminhando cambaliante em direção a eles, depois para Ricardo. Se não tivesse aceitado, não teria essa vida. Não seria mãe desse menino maravilhoso, não seria casada com o homem que amo. E eu não seria o pai que sou hoje se você não tivesse entrado na nossa vida”, disse Ricardo.
“Aliás, Gabriel provavelmente nem estaria aqui se você não soubesse reconhecer os sinais naquela primeira noite.” Gabriel chegou até eles e se jogou nos braços de Larissa, rindo. “Mamãe”, disse ele claramente. era uma das primeiras palavras dele e a escolha não poderia ter sido mais perfeita. “Ouviu isso?”, disse Larissa com lágrimas nos olhos. “Ele me chamou de mamãe.
Porque é isso que você é”, disse Ricardo em todos os sentidos que importam. Naquela noite, depois de colocar Gabriel para dormir, Ricardo e Larissa se sentaram na varanda olhando as estrelas. “Sabe o que é engraçado?”, disse Larissa. Tudo começou com você, achando que eu havia feito algo terrível, dando banho nele na pia da cozinha.
E agora? Agora você sabe que às vezes as aparências enganam, que o que parece errado por fora pode ser exatamente o que é certo. Como nosso casamento. Como nosso casamento. Para quem olha de fora, pode parecer que nos casamos por conveniência, mas nós sabemos a verdade. Que verdade? que nos casamos por amor, amor por Gabriel, amor um pelo outro, amor pela família que construímos juntos.
Ricardo beijou a esposa, grato por todos os erros de julgamento que o haviam levado até aquele momento de perfeita felicidade. Gabriel cresceu sabendo que havia sido muito amado desde o primeiro dia, que seus pais haviam lutado por ele, que sua família havia sido escolhida com cuidado e intenção.
Aos 5 anos, quando estava velho suficiente para entender histórias mais complexas, Larissa lhe contou sobre a primeira noite em que cuidou dele. Você estava doentinho e papai não sabia como te ajudar, mas eu sabia porque minha mamãe havia me ensinado. E você me deu banho na pia da cozinha? Dei. Porque às vezes temos que fazer coisas que parecem estranhas para outras pessoas quando queremos ajudar alguém que amamos. E papai ficou bravo. Ficou muito bravo, tanto que me mandou embora.
Mas você voltou. Voltei porque você precisava de mim e porque acabei descobrindo que precisava de vocês também. Gabriel processou a história com a seriedade de uma criança inteligente. Então você salvou minha vida? Nós salvamos uns aos outros, disse Larissa. Você me deu uma família, papai me deu um lar e eu dei para vocês todo o amor que tinha guardado no coração.
Anos mais tarde, quando Gabriel estava na universidade estudando medicina, ele voltou para casa durante as férias e perguntou para ver fotos antigas da família. Havia centenas de fotos. Gabriel bebê nos braços de Larissa, os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro dia de escola.
Mas a foto que mais chamou sua atenção era uma do seu batizado. Na foto, Ricardo segurava Gabriel enquanto Larissa derramava água morna sobre sua cabeça em uma bacia especial. Era um batismo íntimo, familiar, cheio de significado. “Por que escolheram fazer o batizado assim?”, perguntou ele. “Porque quisemos homenagear a forma como sua vida foi salva?”, explicou Ricardo com água morna, cuidado delicado e muito amor.
Na pia da cozinha, riu Larissa. Aprendemos nossa lição. Fizemos na pia do lavabo que era mais apropriada. Gabriel sorriu, entendendo finalmente a ironia poética de sua própria história. Então, minha vida começou de verdade numa pia. Sua vida começou de verdade quando pessoas que se amavam se reuniram para cuidar de você”, disse Larissa.
A pia foi apenas o cenário. Fim da história. Agora me contem o que acharam desta história de amor e superação. Gabriel teve sorte de ter pessoas que lutaram tanto por ele, não acham? Deixem nos comentários suas opiniões sobre as escolhas que Ricardo e Larissa fizeram.
Acreditam que fizeram o certo ao se casarem naquelas circunstâncias? Gostariam de ouvir mais histórias assim? Não esqueçam de deixar seu like e se inscrever no canal para não perderem outras histórias emocionantes.