Atenção redobrada. A arena política brasileira acaba de ser palco de uma das mais cínicas e perigosas manobras já vistas, onde a doença de um ex-presidente é utilizada como biombo para esconder uma guerra declarada contra a Justiça e um movimento desesperado para blindar o crime organizado dentro do Congresso Nacional. O que está em jogo não é apenas o destino de Jair Bolsonaro, mas a própria estabilidade do sistema judicial brasileiro. A Justiça não tem como recuar, e o que se desenrola em Brasília é um confronto existencial entre a lei e a criminalidade institucionalizada.
O estopim dessa nova escalada é a chamada PEC da Blindagem, apelidada nos corredores do poder como a “PEC do PCC”, em uma alusão chocante à sua verdadeira finalidade: salvar a pele de congressistas ameaçados por investigações que se aprofundam a cada dia.

O Uso Cínico da Tragédia Pessoal
A estratégia é de uma frieza calculista: parlamentares, desesperados com o avanço de investigações que chegam cada vez mais perto de seus gabinetes, decidiram usar o câncer de Jair Bolsonaro como um motor de engajamento popular para um projeto inconstitucional de anistia.
A narrativa é simples e emocional: o ex-presidente, enfrentando problemas de saúde, deveria ser beneficiado por um “Projeto Pró-Anistia” que, na superfície, parece um ato de clemência, mas que, no fundo, serve a propósitos muito mais sombrios. A ideia, divulgada por certos círculos da direita, é que a doença seria uma justificativa humanitária para libertar não apenas Bolsonaro, mas também os envolvidos nos crimes de 8 de janeiro.
Mas aqui reside a farsa, o engodo político que beira o criminoso.
A pergunta fundamental é: quem tem o poder de emitir um documento para que os condenados sejam libertos por causa de um projeto de lei de anistia? Somente o Poder Judiciário.
E o Poder Judiciário, notadamente o Supremo Tribunal Federal (STF), já deixou claro, de forma inequívoca, que não existe a possibilidade de anistia para esses crimes. Isso significa que o projeto de lei de anistia, desde a sua concepção, é um natimorto jurídico, uma peça de propaganda política destinada exclusivamente a incentivar e legitimar uma guerra aberta contra o STF.
Se um projeto é inconstitucional, nenhum nível de mobilização popular pode viabilizá-lo. Podemos engajar no Brasil 200 milhões de pessoas pedindo pena de morte, mas a Constituição é clara: a pena de morte só é permitida em caso de guerra declarada. Há limites que simplesmente não podem ser deliberados, e a anistia para crimes contra o Estado Democrático de Direito é um deles. O próprio STF já respondeu isso.
Portanto, o movimento de utilizar a questão do câncer de Bolsonaro para criar esse oba-oba popular não visa uma solução legal. O objetivo é outro. Se eles estão planejando essa mobilização, é porque a estratégia é bem diferente de um projeto de anistia.
A Grande Farsa: A Sequência do Golpe Pela Força
A estratégia não é mais uma tentativa legal de fazer coisas estranhas, como a exploração do Artigo 142 para justificar intervenção militar. É a mesma historinha, mas com uma roupagem mais desesperada.
O que está sendo planejado, por trás da cortina de fumaça da anistia, é a sequência da ideia do golpe: levantar pessoas para derrubarem a Presidência da República e derrubarem o STF na força.
O Congresso Nacional está justificando, através da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a ideia de mudar na Constituição aquilo que a própria Constituição fala que não pode ser mudado. Eles buscam forçar uma mudança que destrói as cláusulas pétreas, as garantias imutáveis da nossa República, sob o pretexto de uma causa nobre (a saúde de um ex-presidente). Essa é uma manobra que atenta contra a própria essência do direito constitucional brasileiro e que revela a verdadeira natureza do conflito.
É uma questão de sobrevivência para muitos congressistas. Por que o Congresso quer essa guerra?
A Surpresa Explosiva: O PCC Está no Congresso
O Congresso deseja essa guerra porque o cerco judicial se fechou de maneira dramática. De uma hora para outra, a bomba explodiu: o PCC, que a maioria da população e até mesmo a imprensa pensavam que ficava restrito às favelas e periferias, está, na verdade, na Faria Lima (o coração financeiro do Brasil) e, o mais aterrorizante, dentro do Congresso Nacional.
Essa é a dura realidade que a Justiça brasileira está desvendando. Repentinamente, coisas estranhas que não aconteciam antes no Brasil começaram a se desenrolar:
Flávio Dino investigando congressistas por desvio de dinheiro público nas emendas parlamentares (o famoso Bolsolão).
Alexandre de Moraes investigando parlamentares envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
O avanço das investigações sobre a rachadinha e o desvio de verbas expõe a ligação direta entre o crime organizado e a alta política. A PEC da Blindagem é, em sua essência, a resposta desesperada de um grupo de congressistas que, ligados a esses esquemas de corrupção sistêmica, veem no enfraquecimento do Judiciário a sua única chance de salvação. A sobrevivência política e, em muitos casos, a liberdade, de muitos parlamentares dependem da capacidade de derrubar o poder judiciário.
A Resposta de Flávio Dino: A Reabertura da Guerra da Cloroquina
Diante da PEC da Blindagem e da tentativa de chantagem política, a Justiça brasileira, representada pelo ministro Flávio Dino, não abaixou a guarda. A resposta foi imediata e na mesma moeda: o ministro trouxe de volta as investigações relacionadas à questão da COVID-19.
Bolsonaro e uma série de outras pessoas, entre elas vários deputados e senadores, serão investigados sobre a sua conduta durante a pandemia, com foco especial na famigerada cloroquina e no Kit COVID.
A investigação não é apenas sobre erro de gestão; é sobre corrupção e lobby. Sabe-se que a defesa e o incentivo ao uso da cloroquina, por parte desses políticos, não era baseada em ciência, mas sim em interesses da indústria farmacêutica que estava lucrando com a venda massiva de medicamentos ineficazes.
Neste momento, temos uma guerra declarada entre o crime organizado brasileiro (representado por congressistas ligados a esquemas de corrupção) e a Justiça brasileira. E a prova de que a Justiça não vai recuar é precisamente o timing da reabertura das investigações da COVID-19. Enquanto o PCC e seus aliados tentam aprovar a PEC da blindagem na Câmara, Dino responde com a ameaça da investigação que pode levar a condenações por má-conduta na pandemia. A Justiça não tem como voltar atrás, a guerra está declarada.
A Guerra de Sobrevivência e o Alerta Máximo
A guerra está declarada e a Justiça brasileira não tem como voltar atrás. O embate é total. O que vemos é um Congresso Nacional que, em uma ala significativa, está agindo com a única intenção de sobreviver à limpeza que está sendo feita pelo Judiciário e pela Polícia Federal.
A tentativa de manipular a Constituição e de usar uma tragédia pessoal como arma de guerra política exige atenção redobrada de toda a sociedade. A narrativa de que a Constituição permite “brecha para golpe” deu lugar à tentativa de mudar na Constituição aquilo que não pode ser mudado, tudo para garantir a impunidade.
O nível de desespero é tão alto que, segundo a narrativa do confronto, a situação escalou para além das fronteiras. A alegação, por mais controversa que seja, de que os Estados Unidos estariam do lado do PCC nesta guerra entre o crime organizado e a Justiça brasileira, demonstra o quão longe e profundo se tornou este conflito.
O que se exige da população é uma vigilância constante. É necessário barrar o engajamento popular cego que está sendo orquestrado sob a bandeira da clemência. A anistia para crimes contra a democracia é o caminho para a destruição do Estado de Direito e para a consolidação do poder da criminalidade institucionalizada.
A PEC do PCC não é uma proposta de lei; é um manifesto de guerra. E a resposta da Justiça é firme: as investigações da COVID-19 e o avanço contra o Bolsolão mostram que o Judiciário está determinado a vencer este embate. O futuro do Brasil depende de quem prevalecerá nesta guerra sem volta.