(1903, Salvador) O Horripilante Caso da Jovem Marina Azevedo

No ano de 1903, Salvador ainda era uma cidade de contrastes violentos. O Pelourinho fervilhava com o comércio de escravos libertos que tentavam sobreviver, enquanto as famílias tradicionais baianas se refugiavam em seus sobrados coloniais, protegidas por grossas paredes de pedra e cal.

Foi nesse cenário que se desenrolou uma das histórias mais perturbadoras já registradas nos arquivos da Santa Casa de Misericórdia da Bahia. Marina dos Santos Azevedo tinha 22 anos quando desapareceu. Era filha única de Joaquim Manuel Azevedo, comerciante português estabelecido no Mercado Modelo, e de Esperança dos Santos, baiana nascida no Recôncavo.

A família vivia numa casa térrea, na Rua da Misericórdia, número 67, a poucos metros da igreja de mesmo nome, uma residência modesta, mas bem posicionada no centro da cidade baixa. Segundo os registros paroquiais da Igreja da Misericórdia, Marina era descrita pelos vizinhos como uma moça reservada de hábitos regulares. Levantava-se sempre antes do amanhecer para acender as velas do oratório familiar e preparar o café da manhã. Às 7 horas da manhã, acompanhava a mãe até o mercado para comprar peixe fresco. Às 9 voltava para casa e dedicava-se aos afazeres domésticos. Às tardes bordava no quintal, sempre sob a sombra de uma jaqueira centenária.

A rotina da família Azevedo seguia um padrão rígido. Joaquim saía para o trabalho às 5:30 da manhã e retornava apenas ao entardecer. Esperança passava as manhãs no mercado, onde vendia doces caseiros numa pequena barraca alugada. Marina ficava responsável pela casa. Aos domingos, os três assistiam à missa na Igreja do Rosário dos Pretos, onde Esperança havia sido batizada.

Os vizinhos comentavam que a casa da família Azevedo era diferente das outras, silenciosa demais, mesmo durante o dia. As janelas permaneciam fechadas na maior parte do tempo e raramente se ouvia conversa no quintal. Dona Francisca Pereira, que morava na casa ao lado, relatou anos depois que Marina falava pouco, mesmo quando cumprimentada na rua, sempre abaixava os olhos e respondia com monossílabos.

O Padre Antônio José da Silva, responsável pela paróquia da Misericórdia, registrou em suas anotações pessoais que a família Azevedo frequentava os serviços religiosos com regularidade, mas nunca participava dos eventos sociais da comunidade. Joaquim contribuía financeiramente para a igreja, mas evitava conversas prolongadas após as missas. Esperança trazia oferendas, mas mantinha-se afastada das outras mulheres.

Na casa da Rua da Misericórdia, as refeições aconteciam em silêncio. Marina servia o pai e a mãe, comia rapidamente e retirava-se para o quintal. Joaquim lia jornais antigos que comprava por alguns réis no mercado. Esperança costurava ou remendava roupas sob a luz de candeeiros. As conversas limitavam-se ao estritamente necessário: pedidos de mais comida, comentários sobre o tempo, recados de vizinhos.

Durante o mês de outubro de 1903, alguns eventos quebraram a rotina da família. Primeiro chegou uma carta endereçada à Marina. O carteiro, Sr. Benedito Rodriguez, lembrava-se claramente, porque era incomum solteira receber correspondência. A carta não tinha remetente identificado, apenas um carimbo dos correios da cidade baixa. Marina recebeu-a das mãos do pai e desapareceu no interior da casa.

No dia seguinte, Marina faltou à missa matinal, algo que jamais havia acontecido antes. Esperança explicou ao padre que a filha estava indisposta, mas não forneceu detalhes sobre a natureza do mal-estar. Durante aquela semana, os vizinhos notaram que as janelas da casa permaneceram fechadas por dias seguidos. Nenhum movimento no quintal, nenhum som de atividade doméstica.

Dona Francisca relatou que ouviu conversas abafadas durante as madrugadas, vozes que se alternavam entre sussurros e períodos de silêncio absoluto. Não conseguia distinguir as palavras, mas percebeu que eram sempre duas pessoas conversando, nunca três. Uma vez, por volta das 2 horas da manhã, escutou algo que parecia choro contido, mas não tinha certeza se vinha da casa dos Azevedo ou de outro lugar da vizinhança.

O açougueiro Francisco de Assis Bonfim, que fornecia carne para várias famílias da região, notou que os Azevedo pararam de fazer encomendas. Durante duas semanas consecutivas, Esperança não apareceu no mercado. Joaquim continuava saindo para o trabalho, mas retornava mais cedo que o habitual. Os vizinhos comentavam que ele caminhava com pressa, olhando sempre para os lados, como quem teme ser observado.

Em novembro, a situação tornou-se ainda mais estranha. Marina voltou a aparecer, mas algo havia mudado drasticamente em sua aparência. Dona Francisca descreveu que a moça parecia ter perdido muito peso em pouco tempo. Caminhava de forma diferente, como se cada passo lhe causasse dor. Os cabelos, antes sempre penteados com cuidado, estavam constantemente desarranjados. As roupas pareciam largas demais para seu corpo.

O Padre Antônio José registrou que Marina voltou a frequentar a igreja, mas comportava-se de maneira estranha durante as missas. Sentava-se no último banco, mantinha a cabeça baixa durante toda a celebração e saía antes do final. Quando o padre tentava cumprimentá-la na saída, ela desviava o olhar e apressava o passo. Em uma ocasião, ele notou marcas escuras nos pulsos de Marina, mas ela cobriu-as rapidamente com as mangas do vestido.

Esperança também mudou seu comportamento. Voltou ao mercado, mas vendia seus doces em silêncio absoluto. Não respondia às perguntas das outras vendedoras e evitava contato visual com os clientes. Quando questionada sobre a saúde da filha, limitava-se a dizer que Marina estava se recuperando de uma febre prolongada. Nunca fornecia detalhes adicionais, mesmo quando as pessoas insistiam em saber mais.

As mudanças na dinâmica familiar tornaram-se evidentes para toda a vizinhança. As janelas da casa continuavam fechadas durante o dia, mas à noite era possível ver luz fraca através das frestas das madeiras. Dona Francisca observou que a luz movia-se de um cômodo para outro, como se alguém caminhasse pela casa carregando uma vela. Os movimentos seguiam sempre o mesmo padrão: da sala para o quintal, do quintal para o que parecia ser um quarto nos fundos.

Durante o mês de dezembro, aconteceu o evento que mudaria definitivamente a história da família Azevedo. Na madrugada do dia 15, Dona Francisca foi acordada por gritos que vinham da casa vizinha. Não eram gritos de dor física, mas de desespero absoluto. Uma voz feminina que gritava palavras incompreensíveis intercaladas com períodos de silêncio. Os gritos duraram aproximadamente uma hora e depois cessaram completamente.

Na manhã seguinte, Dona Francisca notou que a casa dos Azevedo estava estranhamente silenciosa. Nenhum movimento, nenhum som de atividade doméstica. As janelas permaneceram fechadas durante todo o dia. Joaquim não saiu para o trabalho. Esperança não foi ao mercado. À tarde, uma vizinha bateu na porta para perguntar se precisavam de algo, mas ninguém respondeu.

No terceiro dia de silêncio absoluto, o Padre Antônio José decidiu verificar pessoalmente a situação da família. Acompanhado por dois homens da paróquia, dirigiu-se à casa da Rua da Misericórdia. Bateram na porta várias vezes. Chamaram pelos nomes dos moradores, mas não obtiveram resposta. As janelas estavam fechadas, mas não trancadas.

Através de uma fresta conseguiram ver o interior da sala. A casa parecia habitada, mas deserta. Móveis em seus lugares habituais, roupas estendidas no quintal, restos de comida na mesa da cozinha. Tudo indicava que as pessoas haviam saído momentaneamente e retornariam em breve. Porém, havia algo perturbador na organização dos objetos. As cadeiras estavam dispostas em círculo no centro da sala. Sobre a mesa, três pratos com comida intocada, como se uma refeição tivesse sido interrompida abruptamente.

O padre decidiu entrar pela janela da cozinha. O interior da casa confirmou suas suspeitas de que algo grave havia acontecido. Na sala encontrou cartas espalhadas pelo chão. Não eram cartas comuns. A caligrafia era a mesma em todas elas, mas o conteúdo variava drasticamente. Algumas continham palavras de amor e saudade, outras ameaças veladas. Algumas eram incompreensíveis, apenas sequências de palavras soltas, sem conexão lógica.

No quarto dos fundos, o padre fez a descoberta mais perturbadora. O colchão estava revirado, como se alguém tivesse procurado algo escondido no seu interior. No chão encontrou mechas de cabelo feminino cortadas de forma irregular. As paredes apresentavam marcas estranhas, como se alguém tivesse passado as unhas repetidamente sobre a cal. Em um canto do quarto, uma boneca de pano estava despedaçada com o enchimento espalhado pelo chão.

A investigação preliminar revelou que a família Azevedo havia desaparecido durante a madrugada, deixando para trás todos os seus pertences. Joaquim abandonara sua barraca no mercado sem avisar aos colegas comerciantes. Esperança deixara seus doces em casa, alguns ainda em processo de preparo. Marina não levara nenhuma peça de roupa, nem mesmo seus objetos pessoais mais básicos.

Os registros oficiais da época são escassos, mas o delegado responsável pelo caso, Coronel João Batista Ferreira, anotou em seu relatório que a casa apresentava sinais de luta: móveis revirados, louças quebradas no chão da cozinha, manchas escuras em algumas paredes que não puderam ser identificadas com precisão. No quintal encontraram uma enxada com cabo quebrado e terra revolvida próxima à jaqueira, como se alguém tivesse cavado e depois coberto novamente o buraco.

A busca pela família estendeu-se por toda Salvador e cidades vizinhas. Cartazes com os nomes e descrições dos desaparecidos foram afixados em mercados, igrejas e repartições públicas. Joaquim era descrito como homem de estatura mediana, cabelos grisalhos, cicatriz na mão esquerda. Esperança, mulher mulata de 40 anos, sempre vestida de preto, dente de ouro no sorriso. Marina, moça de 22 anos, cabelos cacheados, marca de nascença no pescoço.

Durante as primeiras semanas após o desaparecimento, surgiram alguns relatos de pessoas que alegavam ter visto membros da família em diferentes locais. Um pescador disse ter visto uma mulher parecida com Marina, caminhando sozinha pela praia de Itapuã ao amanhecer. Um comerciante do Mercado Modelo relatou ter visto alguém semelhante a Joaquim comprando provisões no cais, mas quando se aproximou para cumprimentar, o homem desapareceu entre a multidão.

As investigações revelaram aspectos da vida da família que antes eram desconhecidos pelos vizinhos. Joaquim mantinha correspondência regular com parentes em Portugal, mas as cartas haviam cessado abruptamente no mês de setembro. Esperança frequentava discretamente terreiros de candomblé no subúrbio de Salvador, prática que escondia do marido e da filha. Marina, segundo descobriu-se depois, recebia visitas secretas de um jovem seminarista durante as tardes em que os pais estavam ausentes.

O jovem em questão era Padre José Maria dos Santos, ordenado recentemente e designado para auxiliar nas atividades da paróquia do Rosário dos Pretos. Durante os interrogatórios, ele admitiu conhecer Marina, mas negou qualquer envolvimento romântico. Segundo seu depoimento, Marina procurava orientação espiritual para questões pessoais, que não se sentia à vontade para discutir com os pais. As conversas aconteciam no quintal da casa, sempre em horários em que Joaquim e Esperança estavam ausentes.

O Padre José Maria revelou detalhes perturbadores sobre o estado mental de Marina durante suas últimas conversas. Ela relatava pesadelos constantes, envolvendo uma criança que chorava durante as madrugadas. Descrevia vozes que ouvia vindas do porão da casa, embora a construção não possuísse porão. Mencionava uma sensação constante de estar sendo observada, mesmo quando estava sozinha. Em várias ocasiões, pediu ao padre que benzesse a casa, mas ele não compreendia o motivo da solicitação.

As revelações do Padre José Maria levaram as autoridades a realizar uma segunda inspeção na casa da Rua da Misericórdia. Desta vez, a busca concentrou-se no quintal, especificamente na área próxima à Jaqueira, onde haviam encontrado terra revolvida. Utilizando ferramentas apropriadas, começaram uma escavação sistemática do local.

A aproximadamente 1 metro de profundidade, encontraram uma caixa de madeira enterrada há vários anos. O conteúdo da caixa surpreendeu os investigadores: roupas de bebê cuidadosamente dobradas, uma certidão de nascimento datada de 1898 e um frasco contendo um líquido escuro que nunca foi identificado. A certidão estava em nome de uma criança chamada Antônio dos Santos Azevedo, filho de Joaquim e Esperança.

A descoberta do documento levantou questões que ninguém conseguiu responder satisfatoriamente. Segundo os registros paroquiais, Joaquim e Esperança nunca tiveram outros filhos além de Marina. Não havia registro de nascimento ou óbito de nenhuma criança com o nome encontrado na caixa. Os vizinhos mais antigos não se recordavam de Esperança ter estado grávida em 1898, nem de qualquer criança ter vivido na casa além de Marina. O Padre Antônio José, responsável pelos registros da paróquia, verificou cuidadosamente todos os livros de nascimento, batismo e óbito dos anos correspondentes. Não encontrou nenhuma referência a Antônio dos Santos Azevedo. Também não havia registro de que Esperança tivesse solicitado batismo para uma segunda criança. Os únicos documentos oficiais envolvendo a família datavam do batismo de Marina em 1881.

A investigação sobre a criança misteriosa levou os investigadores a questionar pessoas que conheciam a família há mais tempo. Dona Maria das Dores, parteira que assistira o nascimento de Marina, foi encontrada vivendo numa casa simples no bairro da Liberdade. Já com mais de 70 anos e saúde debilitada, ela relutava em falar sobre os acontecimentos do passado.

Pressionada pelas autoridades, Dona Maria das Dores revelou que, de fato, havia assistido um segundo nascimento na casa da família Azevedo. O evento aconteceu no final de 1898, durante um período de chuvas intensas que isolaram a cidade baixa do restante de Salvador. O nascimento foi difícil, durou mais de 20 horas e a criança nasceu com problemas graves que ela não soube especificar. Segundo o relato da parteira, a criança viveu apenas três dias. Durante esse tempo, permaneceu no quarto dos fundos da casa, assistida exclusivamente por Esperança. Joaquim não permitiu que outras pessoas soubessem do nascimento. Marina, então com 17 anos, foi enviada para ficar com parentes no Recôncavo durante todo o período.

O enterro aconteceu no próprio quintal, numa cerimônia privada da qual participaram apenas os pais e a parteira. Dona Maria das Dores descreveu o ambiente da casa durante aqueles três dias como opressor e silencioso. Esperança não chorava, mas também não demonstrava alegria. Joaquim permanecia a maior parte do tempo em seu quarto, saindo apenas para providenciar os itens necessários para os cuidados da criança. A parteira foi instruída a não comentar o acontecimento com ninguém, nem mesmo com outras famílias para as quais prestava serviços.

A revelação da parteira explicava a presença da caixa enterrada no quintal, mas levantava outras questões perturbadoras. Por que a família decidiu esconder a existência da criança? Por que Marina foi afastada de casa durante esse período? E mais importante, qual era a conexão entre esses eventos do passado e o desaparecimento recente da família.

O Padre José Maria, quando confrontado com essas informações, revelou detalhes adicionais sobre suas conversas com Marina. Ela havia mencionado que ouvia choro de criança durante as madrugadas, especificamente vindo da direção do quintal. Descrevia uma sensação de que alguém caminhava pela casa durante a noite, mas quando verificava não encontrava ninguém. Em várias ocasiões encontrava objetos fora de lugar pela manhã: cadeiras movidas, portas que havia deixado fechadas, encontradas abertas, velas acesas em locais onde não as havia deixado.

Marina também relatou ao padre episódios em que acordava com a sensação de que alguém havia estado em seu quarto durante a noite. Encontrava marcas de pés pequenos na poeira do chão, como se uma criança tivesse caminhado pelo cômodo. Em uma ocasião encontrou uma pequena mão impressa na condensação do vidro da janela, mas quando chamou os pais para ver, a marca já havia desaparecido.

Os relatos de Marina, combinados com as descobertas no quintal, sugeriram aos investigadores que a família vivia assombrada pela memória da criança morta. Esperança, segundo observaram os vizinhos, havia mudado drasticamente após 1898. Tornou-se mais reservada, evitava conversas sobre família e raramente sorria. Joaquim passou a trabalhar longas horas e a beber com frequência nas tavernas do porto.

A busca pela família Azevedo continuou por meses, mas sem resultados concretos. Cartazes foram afixados em cidades do interior da Bahia, em Aracaju e até mesmo no Recife. Algumas pessoas relataram avistamentos, mas nenhum foi confirmado. A casa da Rua da Misericórdia permaneceu fechada durante todo o ano de 1904, causando desconforto aos vizinhos que evitavam passar em frente à propriedade durante a noite.

No final de 1904, chegou uma carta aos cuidados do Padre Antônio José. Não tinha remetente identificado, mas o carimbo dos Correios indicava que havia sido postada em Feira de Santana. A carta era assinada apenas com a inicial M e continha poucas palavras: “Encontramos paz longe da cidade. Não nos procurem mais. A criança finalmente descansa.” A caligrafia da carta foi comparada com documentos deixados na casa da família, mas os resultados não foram conclusivos. Algumas características sugeriam que poderia ter sido escrita por Marina, mas havia diferenças significativas que poderiam indicar que a pessoa estava escrevendo sob extremo estresse ou tentando disfarçar sua identidade. O padre optou por não divulgar o conteúdo da carta, temendo que gerasse falsas esperanças entre os vizinhos.

Durante o ano de 1905, a casa da família Azevedo foi vendida por ordem judicial a uma família de comerciantes vindos do sertão. Os novos proprietários, entretanto, permaneceram na propriedade apenas seis meses. Relataram eventos similares aos descritos anteriormente por Marina: sons de passos durante a madrugada, objetos que mudavam de lugar, sensação constante de estar sendo observados.

A família que comprou a casa era formada por Manuel Ferreira da Silva, sua esposa Antônia, e dois filhos pequenos. Manuel trabalhava como comerciante de couro e havia se mudado para Salvador em busca de melhores oportunidades de negócio. Durante os primeiros meses, adaptaram-se bem à cidade e ao novo lar. Os problemas começaram quando decidiram fazer reformas no quintal.

Ao remover a jaqueira centenária para construir uma área de depósito, encontraram uma segunda caixa enterrada próxima às raízes. Esta era menor que a anterior e continha apenas um objeto: uma boneca de porcelana com o rosto parcialmente quebrado. A boneca estava envolvida em um tecido branco que, quando removido, revelou-se ser um pequeno vestido de batizado com manchas escuras que nunca conseguiram identificar.

A descoberta da boneca coincidiu com o início dos eventos perturbadores na casa. Os filhos de Manuel, de 6 e 8 anos, começaram a relatar que brincavam com uma menina que aparecia no quintal durante as tardes. Descreviam uma criança de idade similar à deles, sempre vestida de branco, que brincava apenas com brinquedos antigos e desaparecia quando os adultos se aproximavam.

Antônia, inicialmente cética quanto aos relatos dos filhos, começou a prestar atenção quando notou que brinquedos eram movidos durante a noite. Encontrava bonecas organizadas em círculo no centro da sala, blocos de madeira empilhados formando torres complexas, livros de história infantil abertos em páginas específicas. Os arranjos eram sempre feitos com cuidado e precisão que suas crianças não possuíam.

A situação escalou quando Antônia começou a ouvir conversas vindas do quarto das crianças durante as madrugadas. Eram vozes infantis que conversavam em tom baixo, como se tentassem não acordar os adultos. Quando ela se levantava para verificar, encontrava os filhos dormindo profundamente, mas os brinquedos estavam dispostos pelo chão, como se uma brincadeira tivesse sido interrompida abruptamente.

Manuel, inicialmente relutante em aceitar que algo sobrenatural estava acontecendo, mudou de opinião após um evento específico. Durante uma noite de setembro de 1905, foi acordado por sons vindos da cozinha. Encontrou todos os pratos da casa organizados sobre a mesa, com pequenas porções de comida, servidas como se fosse um jantar para muitas pessoas. Na cabeceira da mesa, a boneca de porcelana estava sentada numa cadeira com um guardanapo amarrado ao redor do pescoço.

A família Silva decidiu abandonar a casa após esse evento. Venderam a propriedade rapidamente por um preço muito abaixo do valor de mercado para um homem que planejava demolir a construção e erguer um pequeno armazém comercial. Manuel jamais revelou publicamente os motivos que os levaram a deixar Salvador tão precipitadamente, mas contou ao Padre Antônio José que não conseguia mais dormir tranquilo, sabendo que seus filhos brincavam com uma criança que não existia.

O homem que comprou a casa era Coronel Antônio Pereira Guedes, proprietário de várias terras no interior da Bahia e interessado em investir no comércio urbano. Seus planos de demolição, entretanto, foram interrompidos quando trabalhadores contratados para o serviço se recusaram a continuar após o primeiro dia de trabalho. Segundo relataram, durante a demolição das paredes internas da casa, encontraram uma terceira caixa enterrada, desta vez sob o piso da sala.

O conteúdo era mais perturbador que as descobertas anteriores: fotografias da família Azevedo que incluíam uma quarta pessoa. As fotos mostravam Joaquim, Esperança, Marina e uma criança pequena que nenhum dos vizinhos se lembrava de ter visto. As fotografias eram de qualidade profissional, tiradas em um estúdio da cidade alta. Nas imagens, a família aparecia vestida com suas melhores roupas, posando de forma formal típica da época. A criança, que aparentava ter aproximadamente três anos, estava sempre posicionada entre Marina e Esperança. Em todas as fotos, entretanto, o rosto da criança estava borrado, como se ela tivesse se movido durante a exposição.

O Coronel Antônio Pereira decidiu interromper a demolição e consultar as autoridades sobre as descobertas. As fotografias foram enviadas para análise em Salvador e, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde especialistas tentaram determinar quando e onde haviam sido tiradas. Os resultados foram inconclusivos, mas sugeriram que as imagens datavam de aproximadamente 1899.

A descoberta das fotografias levou a uma nova investigação sobre o desaparecimento da família Azevedo. Desta vez, os investigadores concentraram-se em locais onde a família poderia ter se refugiado após deixar Salvador. Verificaram registros de hospedagens, vendas de propriedades e movimentação de documentos em cartórios de várias cidades baianas.

Em Feira de Santana encontraram evidências de que alguém, usando nomes similares aos da família, havia comprado uma pequena propriedade rural. Em janeiro de 1904, a descrição dos compradores correspondia aproximadamente às características de Joaquim e Esperança, mas havia discrepâncias nos nomes que sugeriam o uso de identidades falsas.

A propriedade ficava numa região afastada da cidade, cercada por plantações de fumo e cana-de-açúcar. Quando as autoridades chegaram ao local, em março de 1906, encontraram a casa abandonada há pelo menos um ano. Os vizinhos mais próximos, que viviam a alguns quilômetros de distância, relataram que uma família havia morado na propriedade por aproximadamente 2 anos, mas mantinha pouco contato com a comunidade local.

A casa em Feira de Santana mostrava sinais de ter sido habitada recentemente. Móveis simples, utensílios de cozinha, roupas esquecidas nos armários. Na sala principal encontraram mais fotografias da família Azevedo. Mas estas eram diferentes das descobertas anteriormente. Mostravam apenas três pessoas: Joaquim, Esperança e Marina. A qualidade das imagens era inferior, como se tivessem sido tiradas por um fotógrafo amador.

No quintal da propriedade rural, próximo a uma pequena capela que os antigos proprietários haviam construído, encontraram uma quarta sepultura. Diferente das caixas encontradas em Salvador, esta continha restos mortais reais. Os ossos eram de uma pessoa jovem, provavelmente mulher, que havia morrido há aproximadamente dois anos. Junto aos ossos encontraram fragmentos de um vestido azul e um crucifixo de madeira.

A análise dos restos mortais foi realizada por um médico legista de Salvador, Dr. Carlos Ferreira Magalhães. Segundo seu relatório, tratava-se de uma mulher de aproximadamente 20 a 25 anos, que havia morrido de causas que não puderam ser determinadas devido ao estado de decomposição avançado. Não havia sinais evidentes de violência, mas também não havia indicações de morte natural.

A descoberta em Feira de Santana levantou a possibilidade de que Marina havia morrido durante o período em que a família viveu na propriedade rural. As fotografias encontradas na casa, mostrando apenas três pessoas, sugeriam que ela havia morrido antes de 1905, data aproximada das últimas imagens. Os investigadores começaram a considerar a hipótese de que Joaquim e Esperança haviam fugido de Salvador após a morte da filha.

Entretanto, essa teoria foi questionada quando surgiram novos relatos de pessoas que alegavam ter visto Marina em diferentes locais da Bahia durante 1906. Uma comerciante de Cachoeira relatou ter vendido tecidos para uma moça que correspondia à descrição de Marina. Um padre de Santo Amaro mencionou ter confessado uma jovem mulher que falava sobre culpa relacionada à morte de uma criança. Os relatos eram inconsistentes e muitas vezes contraditórios, mas mantinham viva a possibilidade de que Marina ainda estivesse viva. Algumas pessoas descreviam-na como uma mulher perturbada, que falava sozinha e parecia não reconhecer completamente onde estava. Outras relataram conversas lúcidas, mas sempre centradas em temas relacionados à morte, culpa e redenção.

A investigação oficial foi encerrada em dezembro de 1906, sem conclusões definitivas sobre o destino da família Azevedo. O Coronel Antônio Pereira doou a casa da Rua da Misericórdia para a Igreja, que a transformou em depósito de objetos religiosos. A propriedade em Feira de Santana foi vendida a uma família de agricultores que removeu todos os vestígios da ocupação anterior.

O caso continuou gerando interesse e especulação entre os moradores de Salvador durante vários anos. Algumas pessoas afirmavam que a família havia sido vítima de algum tipo de maldição relacionada à morte da criança misteriosa. Outras sugeriam que Marina havia enlouquecido devido ao peso de algum segredo familiar e que os pais haviam fugido para protegê-la.

O Padre Antônio José, que acompanhou toda a investigação, registrou em suas anotações pessoais uma teoria diferente. Segundo ele, a família Azevedo havia sido destruída pela culpa coletiva relacionada à morte da criança em 1898. Marina, que havia sido afastada de casa durante o nascimento e morte do bebê, nunca soube a verdade sobre o que havia acontecido, mas sentia inconscientemente o peso do segredo familiar. De acordo com a teoria do padre, os eventos perturbadores que Marina relatava — sons de criança chorando, objetos que se moviam, sensação de ser observada — eram manifestações de sua própria culpa e confusão em relação ao segredo que os pais escondiam. A descoberta da verdade, possivelmente através das cartas misteriosas que recebia, teria causado um colapso mental que levou ao desaparecimento da família.

Durante os anos seguintes ao encerramento da investigação, surgiram ocasionalmente relatos de pessoas que alegavam ter encontrado membros da família Azevedo, vivendo em condições precárias em diferentes partes do Nordeste. Esses relatos nunca foram confirmados, mas mantiveram viva a esperança de que pelo menos alguns membros da família tivessem sobrevivido. Em 1910, uma mulher idosa que vivia num asilo em Aracaju afirmou ser Esperança dos Santos Azevedo. Estava em estado mental debilitado e não conseguia fornecer informações consistentes sobre sua identidade ou sobre o que havia acontecido com sua família. Morreu no mesmo ano sem que sua verdadeira identidade fosse confirmada.

Durante a década de 1920, a casa da Rua da Misericórdia, que havia se tornado depósito da igreja, começou a apresentar problemas estruturais que levaram à sua demolição. Durante os trabalhos de demolição, não foram encontrados novos objetos ou evidências relacionados à família Azevedo. O terreno foi transformado numa pequena praça que existe até hoje. A propriedade em Feira de Santana continuou sendo habitada por diferentes famílias durante as décadas seguintes. Algumas relataram eventos estranhos, similares aos experimentados pelos Silva em Salvador, mas nada tão intenso que justificasse o abandono da propriedade. A capela construída pelos antigos proprietários foi restaurada e continua sendo usada pela comunidade local.

Em 1930, um pesquisador da Universidade Federal da Bahia, Professor Joaquim Nabuco de Araújo, interessou-se pelo caso da família Azevedo como parte de um estudo sobre desaparecimentos não resolvidos no Brasil. Ele coletou todos os documentos oficiais relacionados ao caso e entrevistou pessoas que ainda se lembravam dos eventos. O Professor Nabuco publicou um artigo acadêmico sobre o caso em 1932, intitulado Desaparecimentos Familiares na Bahia Colonial: O Caso Azevedo. O artigo apresentava uma análise detalhada de todos os aspectos da investigação, mas não chegava a conclusões definitivas sobre o que havia acontecido com a família. O trabalho foi arquivado na biblioteca da universidade e raramente consultado por outros pesquisadores.

Durante a década de 1940, alguns dos últimos contemporâneos dos eventos começaram a morrer, levando consigo suas memórias pessoais sobre a família Azevedo. Dona Francisca Pereira, a vizinha que havia relatado os eventos mais detalhados, morreu em 1942, sem nunca ter mudado sua versão dos fatos. O Padre Antônio José, que havia documentado meticulosamente todos os aspectos da investigação, morreu em 1945. Seus arquivos pessoais foram transferidos para os arquivos da diocese de Salvador, onde permaneceram sem catalogação adequada durante várias décadas.

Em 1950, durante uma reforma nos arquivos da diocese, foram descobertos documentos relacionados ao caso que não haviam sido incluídos na investigação oficial. Entre eles, cartas que Marina havia escrito ao Padre José Maria durante os meses que antecederam o desaparecimento da família. As cartas revelavam detalhes perturbadores sobre o estado mental de Marina durante seus últimos meses em Salvador. Ela descrevia visões noturnas de uma criança que caminhava pela casa tentando encontrar seus pais. Relatava conversas que ouvia entre Joaquim e Esperança durante as madrugadas, nas quais discutiam sobre um erro do passado que precisava ser corrigido.

Uma das cartas mencionava especificamente que Marina havia descoberto a existência do irmão que morreu em 1898. Ela escreveu que encontrou a certidão de nascimento e outros documentos escondidos no armário dos pais. A descoberta havia causado um confronto familiar que resultou na deterioração das relações entre os três membros da família. Segundo as cartas, Marina cobrava dos pais uma explicação sobre por que havia sido mandada embora durante o nascimento e morte do irmão. Questionava se sua ausência havia contribuído de alguma forma para a morte da criança. Expressava culpa por não ter conhecido o irmão e raiva por ter sido excluída de um evento tão importante na família.

As cartas também revelavam que Marina havia começado a receber visitas noturnas de alguém que se identificava como sendo enviado pelo irmão morto. Essas visitas aconteciam durante as madrugadas, quando os pais estavam dormindo. A pessoa que a visitava trazia objetos que haviam pertencido à criança morta – roupas, brinquedos, fotografias. O conteúdo das cartas sugeria que Marina estava sendo manipulada por alguém que conhecia detalhes íntimos sobre a história da família. As visitas noturnas incluíam pressão psicológica para que ela confrontasse os pais sobre suas ações em 1898. O visitante misterioso alegava que a criança morta não poderia descansar em paz até que a verdade fosse revelada.

A descoberta das cartas levou a uma reavaliação do caso por parte das autoridades eclesiásticas. O Bispo de Salvador, Dom Carlos Alberto Santos, ordenou uma investigação interna para determinar se havia aspectos do caso que não tinham sido adequadamente investigados na época.

A investigação eclesiástica, conduzida em 1951, concentrou-se na identificação do visitante misterioso que havia manipulado Marina durante os meses que antecederam o desaparecimento. As cartas sugeriam que essa pessoa possuía conhecimento detalhado sobre a família que só poderia ter sido obtido através de alguém muito próximo aos Azevedo. Durante a investigação, descobriu-se que o Padre José Maria dos Santos, que havia sido interrogado na época, omitiu informações importantes sobre suas conversas com Marina.

Confrontado com as evidências das cartas, ele admitiu que Marina havia mencionado as visitas noturnas, mas que ele havia decidido não revelar essa informação porque acreditava que fossem alucinações causadas por extremo estresse emocional. O Padre José Maria também revelou que Marina havia pedido ajuda para identificar a pessoa que a visitava durante as madrugadas. Ela descreveu o visitante como um homem jovem, sempre vestido de preto, que conhecia detalhes sobre a família que nem mesmo ela sabia. Em várias ocasiões, Marina expressou medo de que esse homem fosse perigoso, mas também se sentia compelida a continuar os encontros.

A nova informação levou os investigadores a considerar a possibilidade de que o desaparecimento da família Azevedo havia sido resultado de coerção ou ameaças por parte do visitante misterioso. As cartas de Marina sugeriam que ele havia prometido revelar toda a verdade sobre a morte da criança caso ela não conseguisse obter confissões dos pais.

A investigação eclesiástica tentou identificar pessoas que poderiam ter tido acesso às informações íntimas sobre a família Azevedo. A lista incluía a parteira Dona Maria das Dores, que já havia morrido, o Padre Antônio José, que havia conduzido parte da investigação original, e outras pessoas que haviam tido contato próximo com a família durante os anos anteriores ao desaparecimento. Entretanto, a investigação não conseguiu identificar conclusivamente a identidade do visitante misterioso. Os documentos disponíveis não forneciam descrição física suficientemente detalhada e as pessoas que poderiam confirmar ou negar as suspeitas já haviam morrido ou não podiam ser localizadas.

Em 1952, a investigação eclesiástica foi encerrada sem conclusões definitivas. O relatório final sugeria que a família Azevedo havia sido vítima de manipulação psicológica por parte de pessoa desconhecida, mas não conseguia determinar se isso havia resultado em morte ou desaparecimento voluntário. Os documentos da investigação eclesiástica foram classificados e arquivados na biblioteca do seminário de Salvador. O acesso aos documentos foi restrito a pesquisadores autorizados e poucas pessoas tiveram oportunidade de estudar o material durante as décadas seguintes.

Durante a década de 1960, o interesse acadêmico pelo caso da família Azevedo ressurgiu quando uma estudante de história da Universidade Federal da Bahia, Maria José Cunha Santos, escolheu o caso como tema de sua tese de graduação. Ela conseguiu acesso aos documentos eclesiásticos e conduziu nova análise de todas as evidências disponíveis.

A tese de Maria José, defendida em 1968, apresentou uma teoria completamente nova sobre o caso. Segundo sua análise, o visitante misterioso que manipulou Marina poderia ter sido o próprio Padre José Maria dos Santos. A teoria baseava-se em inconsistências em seu depoimento e no fato de que ele possuía conhecimento detalhado sobre a história da família.

De acordo com a teoria apresentada na tese, o Padre José Maria havia desenvolvido uma obsessão não religiosa por Marina durante suas conversas espirituais. Quando descobriu sobre a existência da criança morta, decidiu usar essa informação para manipular psicologicamente Marina e aproximar-se dela. As visitas noturnas eram encontros secretos durante os quais ele exercia pressão psicológica sobre a jovem.

A teoria sugeria que o desaparecimento da família havia sido o resultado direto da manipulação psicológica exercida pelo padre. Marina, incapaz de lidar com a pressão e com as revelações sobre o passado familiar, teria sofrido um colapso mental que levou os pais a fugirem de Salvador para protegê-la de exposição pública.

A tese de Maria José foi bem recebida academicamente, mas gerou controvérsia na comunidade religiosa de Salvador. O Padre José Maria, que ainda estava vivo em 1968, negou veementemente as acusações. Ameaçou processar a universidade caso a tese fosse publicada sem modificações que removessem as acusações diretas contra ele. Devido às pressões legais e religiosas, a tese de Maria José nunca foi publicada integralmente. Uma versão censurada que apresentava as teorias como possibilidades hipotéticas sem acusações diretas, foi arquivada na biblioteca da universidade. A versão completa permaneceu restrita até a morte do Padre José Maria em 1969.

Após a morte do Padre José Maria, surgiram novas informações que pareciam confirmar algumas das suspeitas apresentadas na tese censurada. Durante a organização de seus pertences pessoais, foram encontrados objetos que haviam pertencido à família Azevedo, incluindo fotografias e cartas que não deveriam estar em sua posse. Entre os objetos encontrados estava a boneca de porcelana, que havia sido descoberta no quintal da casa em Salvador. O padre havia mantido a boneca em seu quarto durante décadas, junto com outras lembranças da família Azevedo.

Também foram encontradas cartas de Marina que não haviam sido incluídas nos arquivos da investigação original. As cartas encontradas entre os pertences do Padre José Maria continham detalhes ainda mais perturbadores sobre sua relação com Marina. Em algumas delas, ela relatava medo das visitas noturnas, mas também expressava confusão sobre seus próprios sentimentos em relação ao visitante misterioso. As cartas sugeriam que ela estava sendo manipulada através de técnicas de persuasão psicológica sofisticadas.

A descoberta dos objetos pertencentes à família Azevedo levou à reabertura não oficial do caso por parte de algumas autoridades eclesiásticas. Entretanto, como o Padre José Maria havia morrido, não havia possibilidade de confrontá-lo com as novas evidências. A investigação limitou-se à catalogação dos objetos encontrados e à análise de sua relevância para o caso original.

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