GÊMEAS POBRES PEDEM A JOVEM MILIONÁRIO PARA SER PAI NA FESTA ESCOLAR, SUA RESPOSTA É INESPERADA

Gêmeas pobres fazem um pedido a um jovem milionário. Você aceita ser nosso pai na festa da escola? A resposta vai te surpreender. Na hora da saída, Bia e Clara esperavam no pátio da escola primária Raio de Sol. Enquanto as outras crianças corriam para seus pais e contavam animadas sobre a festa junina que fariam na sexta-feira, as gêmeas permaneciam sentadas no banco, quietas, balançando as pernas que mal tocavam o chão.

 “Todo mundo já tá falando das roupas caipiras que vão usar e de como os pais vão filmar.” Clara murmurou, chutando uma pedrinha no chão. “Só a gente que vai ficar sozinha. Pelo menos a gente tem uma mãe”, Bia respondeu sempre mais prática. Mesmo que ela não possa vir. Clara fez um bico. Mas a mãe do Pedrinho nem trabalha e o pai dele vai tirar folga só para ver ele dançar quadrilha. E ele nem dança bem.

 As duas ficaram em silêncio, lembrando da conversa daquela manhã. A mãe delas, Sofia, havia encontrado o bilhete sobre a apresentação do dia da família e explicado, com lágrimas nos olhos, que não poderia faltar ao trabalho no restaurante na sexta-feira. Era o dia mais movimentado da semana e ela já estava pendurada por um fio depois de ter faltado quando Bia ficou doente no mês passado.

 Foi quando as gêmeas notaram um carro preto e brilhante estacionando do outro lado da rua. Um homem jovem, de terno escuro e bem cortado, desceu do veículo. Ele olhou para o relógio, impaciente e pegou o telefone. Olha aquele homem. Clara cutucou a irmã. Parece importante. Bia observou o estranho com curiosidade.

 Mas será que ele é pai de alguém? Não respondeu Clara, pensativa. Nunca vi ele antes. O homem começou a andar de um lado para outro na calçada, falando ao telefone, parecendo um pouco perdido ou atrasado. Clara, de repente levantou-se do banco. Vamos falar com ele. O quê? Por quê? Bia perguntou assustada com a sugestão da irmã. Ah, não sei. Clara deu de ombros, já determinada.

 Estou com um pressentimento. A mamãe falou para não falar com estranhos. Bia lembrou hesitante. A gente só vai perguntar se ele está perdido. Clara respondeu já puxando a irmã pela mão. Vem logo. Sem dar tempo para Bia protestar mais, Clara começou a caminhar decidida em direção ao portão. Bia a seguiu relutante, olhando para trás para ver se alguma professora as estava observando.

 As gêmeas saíram do portão da escola e pararam na calçada. O homem estava do outro lado da rua, ainda falando ao telefone. “Vamos esperar ele desligar”, Clara sussurrou como se estivessem em uma missão secreta. O homem estava tendo um dia complicado. O GPS o havia levado para o endereço errado e agora ele estava atrasado para uma reunião importante. “Diga ao Senr.

Silva que chegarei em 20 minutos, no máximo.” Ele falou ao telefone, desligando em seguida. Foi quando notou duas garotinhas idênticas o observando do outro lado da rua. Vestiam uniformes escolares simples e tinham cabelos castanhos claros presos em Maria Chiquinhas. Olhavam para ele com curiosidade nada disfarçada. Ele sorriu levemente, achando graça na situação.

Acenou brevemente para as meninas e voltou sua atenção para o telefone, tentando descobrir o caminho certo. Para sua surpresa, as gêmeas atravessaram a rua e pararam a poucos metros dele. Uma delas, aparentemente a mais ousada, deu um passo à frente. Oi, você está perdido? O homem ergueu as sobrancelhas, surpreso com a abordagem direta.

 um pouco. Estou procurando o endereço de uma empresa. A menina a sentiu como se aquilo fizesse todo sentido. Achei que você parecia importante. Está de terno. Ele não pôde deixar de sorrir. E você é muito observadora. Como se chama? Eu sou Clara e essa é minha irmã Bia. Somos gêmeas. Isso eu percebi.

 Ele respondeu guardando o telefone no bolso. Havia algo naquelas meninas que o intrigava. Talvez a confiança com que abordavam um estranho ou o contraste entre suas expressões, uma tímida, a outra destemida. “E você como se chama?”, perguntou Clara, olhando-o diretamente nos olhos. O homem hesitou um momento, como se ponderasse se deveria responder.

 Lucas, ele disse finalmente, Lucas Teixeira. Nome bonito comentou Bia falando pela primeira vez. Sua voz era mais suave que a da irmã. Obrigado. Lucas sorriu. Vocês não deveriam estar falando com estranhos, sabiam? Você não parece perigoso. Clara respondeu com simplicidade. E estamos bem na frente da escola. Todo mundo está vendo.

 Lucas olhou em volta, notando alguns adultos observando a cena com atenção. Ele fez questão de manter uma distância respeitosa das crianças. A gente tem uma festa na escola na sexta. Clara continuou mudando de assunto abruptamente. Vamos dançar quadrilha e mostrar desenhos da nossa família. Deve ser muito bonito. Lucas respondeu entrando na conversa.

 Nossa mãe não pode ir”, Bia, explicou, olhando para os próprios sapatos. “Ela tem que trabalhar para pagar as contas.” Lucas sentiu um aperto no peito com a franqueza da menina. “Sinto muito ouvir isso. Todo mundo vai levar os pais.” Clara acrescentou sua voz revelando a tristeza. “Só a gente que vai ficar sozinha no palco. A gente só tem a mamãe.” Bia continuou.

 “Mas ela tem dois empregos. A professora disse que é obrigatório ter alguém da família”, Clara disse, olhando para os próprios sapatos. “Mas a gente não tem mais ninguém. Deve ser difícil para vocês”, Lucas comentou genuinamente tocado. “É pior nas apresentações,” Bia disse baixinho.

 “Quando todo mundo tem alguém olhando e batendo palmas, o Pedrinho vai levar o pai e a mãe.” Clara contou, cruzando os braços. E ele nem canta direito, parece um sapo. Lucas não conseguiu conter uma risada. E vocês cantam bem? A professora disse que sim. Bia respondeu com um pequeno sorriso. A gente ensaiou muito. Eu sou a melhor da turma, Clara afirmou com convicção, mas ninguém vai ver.

 Tenho certeza que vocês vão se sair muito bem”, Lucas disse, olhando para o relógio. Ele realmente precisava ir, mas algo naquelas meninas o impedia de simplesmente se despedir e partir. “Você tem filhos?”, perguntou Clara, observando-o com curiosidade. Lucas balançou a cabeça. “Não, não sou casado.

” “Por quê?” Clara continuou ignorando o olhar de reprovação da irmã. Clara. Bia repreendeu corando. Isso não se pergunta. Lucas riu novamente. Tudo bem. Acho que nunca encontrei a pessoa certa. Nossa mãe também não tem marido. Bia explicou. Ela diz que somos só nós três contra o mundo. E vocês se viram bem, pelo que vejo.

 Lucas comentou com um sorriso gentil. Clara olhou para a irmã como se pedisse permissão para algo. Bia fez um leve aceno com a cabeça. Você podia ser nosso pai na apresentação. Clara disse de repente sua voz clara e direta só na sexta-feira para ver a gente cantar. Lucas ficou completamente sem reação. O pedido inesperado o pegou totalmente desprevenido. Seria só por um dia. Bia acrescentou timidamente.

 Ninguém ia saber que você não é nosso pai de verdade. A gente só precisa de alguém para aplaudir, Clara explicou. Para não sermos as únicas sem ninguém. Seria às 10 horas, Bia disse, seus olhos revelando esperança. Se você não tiver reunião nesse horário, Lucas olhou para as meninas, surpreso com a ousadia do pedido.

 Parte dele queria dizer sim imediatamente, movido pela tristeza nos olhos delas. Mas outra parte, mais racional, sabia que seria estranho um adulto aparecer fingindo ser pai de crianças que mal conhecia. Eu não sei se seria apropriado, ele disse finalmente. Mal conhecemos e a gente não ia contar para ninguém, Clara insistiu. Seria nosso segredo. Entendo que vocês estejam desapontadas por sua mãe não poder ir.

 Lucas disse gentilmente, mas não sei se posso ajudar dessa forma. Os rostos das gêmeas perderam um pouco do brilho. Clara abaixou a cabeça, tentando esconder a decepção. Tudo bem, Bia, disse com um pequeno sorriso. Foi só uma ideia. Uma ideia boba? Clara murmurou. Não é boba, Lucas apressou-se a dizer, tocado pela tristeza delas. É só e complicado.

 A gente entende, Bia respondeu, puxando a irmã pela mão. Desculpa por ter incomodado. Vocês não incomodaram. Lucas garantiu. Foi um prazer conhecê-las. A gente tem que ir, Clara disse. Sua voz menos animada que antes. A professora vai ficar preocupada. Claro. Lucas assentiu. Boa sorte na apresentação. Tenho certeza que vocês vão se sair muito bem.

 As gêmeas acenaram um breve adeus e começaram a se afastar. Depois de alguns passos, Clara parou e se virou. É na escola primária Raio de Sol”, ela disse, apontando para o prédio atrás delas. Sexta-feira, 10 horas. Caso você mude pudesse responder, as meninas já tinham atravessado a rua e estavam entrando pelo portão da escola.

 Ele ficou observando-as até que desaparecessem no pátio. Seu telefone tocou, trazendo-o de volta à realidade. Era seu assistente, querendo saber porque ainda não tinha chegado à reunião. “Ce estou a caminho”, Lucas respondeu entrando no carro. Enquanto dirigia, não conseguia tirar da cabeça o encontro com as gêmeas.

 Havia algo nelas que o tocou profundamente. O pedido para que ele fingisse ser o pai delas por um dia era absurdo, claro. Ele mal as conhecia, não tinha nenhuma obrigação com elas. E ainda assim, a ideia de que estariam sozinhas no palco, enquanto todas as outras crianças teriam seus pais na plateia, o incomodava mais do que gostaria de admitir.

 Escola primária, raio de sol. Ele murmurou para si mesmo. Sexta-feira, 10 horas. Na sexta-feira, o auditório da escola Raio de Sol estava lotado de pais ansiosos, alguns com câmeras, outros com flores para entregar aos filhos após a apresentação. Nos bastidores, as crianças se preparavam, ajeitando roupas e ensaiando uma última vez suas falas.

Em meio à agitação, as gêmeas permaneciam quietas em um canto, já conformadas com o fato de que seriam as únicas sem ninguém na plateia. “Você acha que ele vem?”, Bia, perguntou enquanto ajeitava o laço do vestido da irmã. Clara deu de ombros, tentando parecer indiferente. “Claro que não.

 Ele nem disse que viria, mas também não disse que não viria.” Bia argumentou sempre a otimista. Ele é um homem importante. Clara respondeu. Deve ter coisas mais importantes para fazer do que fingir ser o pai de duas meninas que ele nem conhece. Foi uma ideia boba. Bia suspirou. Foi. Clara concordou.

 Embora seus olhos revelassem que ainda tinha uma pequena esperança. A professora começou a chamar as crianças para a formação. Turma do jardim, vocês são os próximos. Lembrem-se de sorrir. As gêmeas se posicionaram lado a lado, segurando seus desenhos. Enquanto a cortina se abria, seus olhos imediatamente vasculharam a plateia, mais por hábito do que por esperança.

 As fileiras estavam cheias de pais sorridentes, alguns com câmeras, outros acenando animadamente para seus filhos. Várias crianças apontavam orgulhosas para seus pais na plateia. As gêmeas sentiram aquela familiar pontada de tristeza ao ver todos os lugares ocupados por famílias completas, enquanto elas não tinham ninguém.

 E então, quase no fundo do auditório, encostado na parede, como se tivesse chegado tarde demais para conseguir um assento, elas ouviram. Lucas Teixeira estava lá vestindo um terno escuro, observando o palco com atenção. Quando seus olhos encontraram os das gêmeas, ele sorriu e acenou discretamente. Os rostos de Bia e Clara se iluminaram simultaneamente.

 A surpresa e a alegria foram tão intensas que, por um momento, elas esqueceram onde estavam. apertaram as mãos uma da outra, mal conseguindo conter a emoção. “Ele veio,” sussurrou Bia, sem tirar os olhos de Lucas. “Eu sabia”, respondeu Clara, embora seu tom de voz traísse que ela também estava surpresa. A apresentação começou uma a uma. As crianças mostraram seus desenhos e cantaram pequenas músicas sobre família.

 Quando chegou a vez das gêmeas, elas avançaram para o centro do palco com uma confiança que não sentiam momentos antes. Este é o desenho da nossa família, anunciou Clara, mostrando o papel colorido. Somos eu, minha irmã Bia e nossa mãe. Nossa mãe trabalha muito para cuidar da gente, Bia acrescentou sua voz surpreendentemente firme.

 Ela não pôde vir hoje, mas sabemos que ela nos ama muito. As gêmeas então começaram a cantar uma canção sobre família. Suas vozes, doces e afinadas, encheram o auditório. Durante toda a apresentação, seus olhos constantemente buscavam Lucas no fundo da sala. Ele sorria e as observava com atenção, como se realmente fosse o pai orgulhoso que tinham pedido que ele fingisse ser.

 Quando terminaram, o auditório explodiu em aplausos. Lucas aplaudia mais entusiasticamente que todos e as gêmeas podiam jurar que viram um brilho de emoção em seus olhos. No final da apresentação, enquanto as outras crianças corriam para abraçar seus pais, Bia e Clara desceram do palco e caminharam timidamente até Lucas.

 Você veio mesmo? Clara disse, seus olhos brilhando. Vocês foram incríveis, Lucas respondeu genuinamente impressionado. Cantam muito bem. Obrigada por vir”, disse Bia, mais contida, mas igualmente feliz. Ninguém nunca, ela não completou a frase, mas não precisava. Lucas entendeu o que ela queria dizer. “Foi um prazer”, ele respondeu, sentindo uma emoção inesperada.

 “Vocês me convidaram e eu não poderia perder. As outras crianças acharam que você era nosso pai de verdade. Clara contou orgulhosa. A gente não falou que não era. Lucas sentiu um nó na garganta. Como duas crianças que mal conhecia podiam afetá-lo tanto. Está tudo bem, ele disse sorrindo. Tá nosso segredo. As gêmeas sorriram de volta e naquele momento algo mudou dentro de Lucas.

 Talvez fosse a inocência delas ou a forma como o olhavam com admiração, ou simplesmente o fato de terem confiado nele um completo estranho para preencher, mesmo que por algumas horas um vazio em suas vidas. “Vocês foram ótimas”, ele repetiu sem saber bem o que mais dizer. De verdade.

 Obrigada por ser nosso pai hoje, Clara disse com aquela franqueza desconcertante que parecia ser sua marca registrada. Lucas assentiu sem confiar em sua voz para responder. A gente tem que ir agora Bia explicou. A professora está chamando todos de volta para a sala. Claro, Lucas respondeu, recompondo-se. Foi, foi muito bom conhecer vocês.

 As gêmeas acenaram uma última vez e se afastaram, de mãos dadas, como sempre. Lucas as observou até que desaparecessem entre a multidão de famílias felizes. Algo havia mudado nele. Um desejo que nunca soube que tinha. O desejo de proteger, de cuidar, de fazer parte da vida daquelas crianças agora se fazia presente.

 Enquanto saía da escola, Lucas já sabia que aquele encontro havia tocado seu coração de uma forma que não esperava. Aquele olhar triste das meninas, a coragem delas ao abordá-lo, a simplicidade do pedido, tudo isso havia despertado algo dentro dele que não conseguia explicar. O que ele não imaginava era como aquele simples pedido inocente mudaria sua vida para sempre.

 Enquanto as outras crianças eram abraçadas e fotografadas por seus pais orgulhosos, Lucas permaneceu no fundo do auditório, observando as gêmeas se afastarem com a professora. A apresentação havia terminado, mas ele não conseguia simplesmente ir embora. Aquelas meninas tinham atravessado barreiras que ele nem sabia que existiam e agora se via inexplicavelmente ligado a elas. Decidiu esperar na entrada da escola.

 As aulas ainda não haviam terminado, mas a apresentação do dia da família havia sido um evento especial. Conforme as outras famílias saíam do auditório, Lucas consultou o relógio. Já havia cancelado duas reuniões importantes para estar ali e agora considerava cancelar o resto do dia. Depois de quase uma hora, as portas das salas se abriram e as crianças começaram a sair.

 Lucas avistou as gêmeas imediatamente. Elas caminhavam de mãos dadas, conversando animadamente, seus rostos ainda iluminados pela alegria da apresentação bem-sucedida. Quando o viram, pararam por um instante, surpresas por ele ainda estar ali. Então, sorrisos idênticos se abriram em seus rostos enquanto corriam em sua direção.

 “Você ainda está aqui?”, exclamou Clara com um entusiasmo contagiante. “Achamos que já tinha ido embora”, Bia acrescentou. Mais contida, mas igualmente feliz. Lucas sorriu, surpreendendo-se com o próprio alívio ao vê-las novamente. “Eu queria me despedir propriamente”, explicou. Ué, vocês foram realmente incríveis lá em cima. Todo mundo achou que você era nosso pai de verdade.

 Clara contou, baixando a voz como se compartilhasse um segredo. A professora perguntou de onde você vinha e a gente só disse que era surpresa. Lucas riu fascinado pela espontaneidade da menina. Uma ideia repentina surgiu em sua mente e antes que pudesse pensar melhor, as palavras já haviam escapado. Vocês já almoçaram? Eu estava pensando que poderíamos comer algo juntos para comemorar a apresentação. Os olhos das gêmeas se arregalaram em sincronia perfeita.

 Tipo, em um restaurante? Clara perguntou incrédula. E se vocês quiserem? Lucas respondeu, percebendo tarde demais que talvez estivesse cruzando alguma linha. Claro, se não tiverem outros planos ou se não precisarem voltar para casa, a gente não tem planos. Bia apressou-se a dizer.

 Normalmente voltamos sozinhas e fazemos um sanduíche em casa. A mamãe só chega do primeiro trabalho às 3. Clara explicou. Lucas sentiu uma pontada de tristeza ao imaginar as meninas voltando para um apartamento vazio, preparando seu próprio almoço. Crianças de se ou 7 anos não deveriam passar tanto tempo sozinhas. Então, o que acham? Perguntou.

 Conheço um lugar aqui perto com os melhores milkshakes da cidade. Milkshake? Os olhos de Clara brilharam. A gente pode mesmo? É claro. Lucas sorriu. Vocês merecem depois daquela apresentação. Bia, sempre a mais cautelosa, hesitou. A mamãe disse para não irmos a lugares com estranhos. Ela está certa. Lucas concordou seriamente.

 É uma regra muito importante, mas nós já nos conhecemos, não é? E estamos em público, onde todo mundo pode nos ver. Bia considerou por um momento. Então assentiu. Acho que tudo bem. Só desta vez. O que você acha, Clara? Eu acho que estou com fome. Clara respondeu prontamente, fazendo Lucas rir.

 Está decidido, então ele disse, oferecendo uma mão para cada uma. Vamos celebrar a apresentação de vocês. As gêmeas aceitaram suas mãos sem hesitação e juntos caminharam até o carro. Lucas as ajudou a colocar os cintos de segurança no banco traseiro, impressionado com aquilo parecia natural. como se tivesse feito isso centenas de vezes antes.

 O restaurante que Lucas escolheu não era muito longe, um lugar familiar com mesas ao ar livre e um cardápio variado. Não era o tipo de estabelecimento que frequentava normalmente, mas pareceu apropriado para a ocasião. Sentados em uma mesa na varanda com guarda-sóis coloridos, protegendo-os do sol, Lucas observou as gêmeas estudarem o cardápio com expressões solenes, como se fosse uma tarefa de extrema importância.

 “Posso pedir qualquer coisa?”, Clara perguntou, seus olhos passeando pelas imagens coloridas. “Claro, Lucas respondeu: “Ui, o que vocês quiserem mesmo batata frita?”, Bia perguntou quase em um sussurro, como se temesse estar abusando da sorte, especialmente batata frita, Lucas confirmou, sentindo uma estranha mistura de alegria e tristeza.

 Era evidente que um simples almoço em um restaurante era uma raridade para elas. Depois de fazerem os pedidos, hambúrgueres, batatas fritas e milkshakes de chocolate para as meninas e um sanduíche para Lucas, eles caíram em uma conversa surpreendentemente fácil. Então vocês sempre voltam sozinhas da escola?”, Lucas perguntou, tentando manter o tom casual. Bia assentiu.

 A maioria das vezes a mamãe trabalha em uma loja de manhã e em um restaurante à noite. “Ela só tem folga aos domingos”, Clara acrescentou brincando com o canudinho do milkshake. “Mas mesmo assim, às vezes ela pega um turno extra”. “Deve ser difícil para vocês”, Lucas comentou. A gente se vira.

 Bia respondeu com uma maturidade que não combinava com sua idade. Eu sei esquentar comida no microondas e a gente já sabe tomar banho sozinha e fazer o dever de casa. Clara acrescentou orgulhosa. Eu ajudo a Bia com matemática e ela me ajuda com leitura. Lucas sentiu um nó se formar em sua garganta. Aquelas crianças já tinham aprendido a ser independentes de uma forma que nenhuma criança deveria precisar.

 A mamãe disse que vai ser mais fácil quando ela terminar a faculdade”, Bia explicou. Como se sentisse necessidade de defender a mãe. Ela estuda à noite quando a gente já está dormindo. “Sua mãe parece ser uma pessoa incrível”, Lucas comentou sinceramente, “trabalhando, estudando e cuidando de vocês. Ela é a melhor mãe do mundo.” Clara afirmou com convicção.

“Mas às vezes a gente queria ter um pai também”. Bia cutucou a irmã como se a repreendesse pela franqueza, mas Clara apenas deu de ombros. “É verdade”, ela insistiu. “Todo mundo na escola tem um pai, menos a gente.” “Vocês nunca conheceram o pai de vocês?”, Lucas perguntou hesitante, incerto se estava entrando em território proibido.

 As gêmeas balançaram a cabeça simultaneamente. “A mamãe disse que ele foi embora antes da gente nascer”, Bia explicou. Ela não gosta muito de falar sobre isso, mas a gente tem fotos dele. Clara acrescentou. A mamãe guarda numa caixa embaixo da cama. Clara. Bia censurou. A gente não devia mexer nas coisas da mamãe.

 Eu não mexi. Clara se defendeu. Eu vi quando estava procurando minha meia perdida. Lucas observa a interação com fascínio. Era evidente que, apesar da aparência idêntica, as personalidades das meninas eram completamente diferentes. Uma cautelosa e responsável, a outra impulsiva e direta. “Vocês têm muitos amigos na escola?”, Lucas perguntou, mudando deliberadamente de assunto.

 A conversa fluiu com naturalidade enquanto comiam. As gêmeas contaram sobre seus professores, as matérias preferidas. Os colegas de classe, Lucas as ouvia com genuíno interesse, fazendo perguntas e rindo das histórias que elas contavam com tanto entusiasmo. “E você?”, Clara perguntou de repente enquanto terminava seu milkshake.

 “Você sempre foi rico?” “Clara”, Bia, exclamou, parecendo mortificada. “Desculpe”, ela acrescentou, olhando para Lucas. “Ela não tem filtro”. Lucas riu. Está tudo bem? E não, não nasci rico. Na verdade, cresci em condições bem diferentes das que tenho hoje. As gêmeas o olharam com curiosidade renovada. Como assim? Perguntou Bia. Lucas hesitou.

 Não estava acostumado a falar sobre seu passado, especialmente com pessoas que acabara de conhecer. Mas havia algo na sinceridade daquelas crianças que o fazia querer ser igualmente sincero. Bem, quando eu era criança, mais ou menos da idade de vocês, minha família não tinha muito dinheiro. Ele começou: “Se a minha mãe também trabalhava em dois empregos como a de vocês. Sério?” Clara parecia genuinamente surpresa.

 “Mas você tem um carro tão bonito?” Lucas sorriu. Isso veio muito tempo depois. Quando eu era pequeno, morávamos em um apartamento bem pequeno e às vezes era difícil pagar todas as contas. “Você também ficava sozinho em casa?”, Bia perguntou. “Muitas vezes,”, Lucas confirmou. “E também tive que aprender a me virar cedo.

” “E seu pai?” Clara perguntou diretamente. “Ele foi embora como o nosso?” Lucas sentiu uma pontada ao lembrar do pai. Não, exatamente. Ele estava presente fisicamente, mas ele tinha problemas. Bebia muito e não era uma pessoa muito responsável. As gêmeas o observavam com uma atenção absoluta, como se cada palavra fosse importante. Mas como você ficou rico? Clara quis saber. Lucas riu da franqueza da pergunta. Estudei muito.

 Consegui uma bolsa para a faculdade, pai. Depois trabalhei duro. Tive algumas ideias boas e um pouco de sorte também, viu? Bia Clara cutucou a irmã. A mamãe está certa. Se a gente estudar, a gente pode ser rica um dia também. Não é só sobre dinheiro, Lucas acrescentou gentilmente. É sobre fazer algo que você goste e que faça diferença.

 Quando terminaram de comer, Lucas percebeu que havia passado quase duas horas conversando com as meninas. O tempo tinha voado de uma forma que raramente acontecia em seus almoços de negócios. “Acho que está na hora de levar vocês para casa”, ele disse, olhando para o relógio. Um breve olhar de decepção cruzou os rostos das gêmeas, mas elas a sentiram compreensivas.

Foi o melhor almoço da minha vida”, declarou Clara solenemente, fazendo Lucas sorrir. “O meu também”, ele respondeu, surpreendendo-se com a sinceridade da afirmação. No caminho para o carro, Lucas tomou uma decisão impulsiva. “Se vocês me disserem o endereço, posso levá-las em casa. É mais seguro que voltarem sozinhas.

 As meninas trocaram olhares como se consultassem uma à outra silenciosamente. A mamãe só chega às 3. Bia lembrou. Mas acho que não tem problema. Apartamento 302, edifício Colibri, rua das orquídeas. Clara recitou prontamente durante o curto trajeto até o apartamento, Lucas se pegou pensando em como aquele dia havia tomado um rumo completamente inesperado.

 O que começara como um gesto impulsivo de bondade, comparecer à apresentação escolar de duas meninas que mal conhecia, havia se transformado em algo mais significativo. O edifício Colibri era um prédio modesto de quatro andares, sem elevador, na parte mais simples da cidade. Lucas estacionou o carro e acompanhou as gêmeas até o terceiro andar. É aqui! Anunciou Bia, parando diante da porta 302.

 Ela tirou uma chave presa a um cordão escondido sob a blusa do uniforme. Vocês querem entrar?”, Clara convidou enquanto Bia abria a porta. “A gente pode mostrar nossos desenhos.” Lucas hesitou. Entrar no apartamento de duas crianças sem a presença dos pais parecia inapropriado. Por outro lado, deixá-las sozinhas também o preocupava.

 Só por um momento, ele decidiu finalmente, até ter certeza de que vocês ficarão bem. O apartamento era pequeno, mas surpreendentemente acolhedor. Uma sala combinada com cozinha, dois quartos pequenos visíveis por portas entreabertas e uma estante repleta de livros que ocupava quase uma parede inteira. Havia plantas nas janelas e desenhos infantis colados na geladeira.

O lugar exalava simplicidade, mas também cuidado e esforço. A mamãe fez aquela estante. Bia explicou orgulhosamente, notando o olhar de Lucas. Ela gosta de consertar coisas e aquelas são nossas plantas. Clara apontou para os pequenos vasos na janela. A gente cuida delas todos os dias. Lucas estava prestes a comentar sobre o apartamento quando ouviu o som de Chaves na porta. As gêmeas se viraram surpresas.

É a mamãe!”, exclamou Bia. Ela nunca chega cedo assim. A porta se abriu e uma mulher jovem entrou carregando uma sacola de compras. Ela parecia cansada, mas sorriu ao ver as filhas até notar Lucas de pé na sala. O sorriso desapareceu instantaneamente, substituído por uma expressão de choque. A sacola escorregou de suas mãos, espalhando maçãs pelo chão.

 “Cai, meninas, quem é?”, Ela começou, mas sua voz falhou ao olhar diretamente para Lucas. Mamãe, esse é o Lucas, Clara explicou animadamente, aparentemente alheia, atenção súbita. Ele foi na nossa apresentação hoje e depois nos levou para almoçar. Bia acrescentou. Comemos hambúrguer e milkshake. Sofia Teixeira permaneceu imóvel. Seu rosto agora pálido como papel.

 Seus olhos, idênticos aos das filhas, estavam fixos em Lucas, uma mistura de reconhecimento e pânico mal disfarçado. “Praazer em conhecê-la”, Lucas disse, estendendo a mão automaticamente, mesmo sentindo que algo estranho estava acontecendo. As meninas me convidaram para entrar. “Epero que não se importe.” Seu rosto me parece familiar”, ele acrescentou, tentando entender porque a mulher à sua frente parecia tão perturbada com sua presença.

 Sofia engoliu em seco, forçando um sorriso tenso enquanto se abaixava para recolher as maçãs espalhadas. Você deve estar confundindo com outra pessoa”, ela respondeu rapidamente, o evitando seu olhar. Nunca nos vimos antes, mas havia algo na forma como ela disse isso, uma tensão subjacente, quase um tremor na voz que fez Lucas duvidar imediatamente.

 Ele conhecia aquela mulher de algum lugar, tinha certeza. Mas de onde, mamãe? O Lucas também cresceu sem ter muito dinheiro, igual a gente. Clara exclamou. Alheia a atenção palpável entre os adultos e agora ele é rico e tem um carro incrível. Clara, Bia, por que vocês não vão trocar de roupa? Sofia sugeriu, finalmente olhando para as filhas.

 Preciso conversar com o senhor Teixeira. As meninas pareceram prestes a protestar, mas algo no tom da mãe as fez obedecer sem questionar. Relutantes, elas se dirigiram ao quarto, lançando olhares curiosos por cima dos ombros. antes de fecharem a porta. Quando finalmente ficaram sozinhos, o silêncio entre Lucas e Sofia era quase palpável.

 Ele a observou com mais atenção, os cabelos castanhos claros presos em um coque simples, os olhos cansados, mas ainda assim intensamente verdes, idênticos aos das filhas. Eu realmente sinto que a conheço de algum lugar, Lucas insistiu suavemente. Sofia respirou fundo, como se reunisse coragem.

 Seus olhos finalmente encontraram os dele e naquele momento, Lucas sentiu algo, uma conexão, uma memória tentando emergir. “Você deveria ir embora”, ela disse. Sua voz um pouco mais firme agora. E por favor, não volte. As meninas não precisam de falsas esperanças em suas vidas. Falsas esperanças? Lucas repetiu confuso. Sofia, do que você está falando? E por que faria isso? Sofia questionou, cruzando os braços defensivamente.

Por que um homem como você se interessaria por duas crianças que mal conhece? A pergunta o pegou desprevenido. Por que, de fato, o que o havia motivado a comparecer à apresentação, a convidá-las para almoçar, a trazê-las para casa? Elas me pediram, ele respondeu simplesmente porque era a verdade.

 Elas queriam alguém na plateia e eu não consegui dizer não. Por um instante, a expressão de Sofia suavizou, como se compreendesse exatamente o que ele queria dizer. Suas filhas tinham esse efeito nas pessoas, a capacidade de derrubar barreiras com sua sinceridade desarmante. Mas então, tão rapidamente quanto apareceu, a suavidade se foi substituída pela determinação.

 “Agradeço o que fez”, ela disse, abrindo a porta em um convite óbvio para que ele saísse. “Mas seria melhor para todos se isso não se repetisse.” Lucas sentiu uma estranha relutância em sair, como se estivesse deixando algo importante para trás, mas respeitou o desejo dela, dirigindo-se à porta. “Elas são crianças extraordinárias”, ele disse, parando no limiar. “Você deve ter muito orgulho.

” Por um momento, Sofia pareceu prestes a dizer algo mais. Havia uma luta visível em seus olhos, como se debatesse internamente alguma decisão importante, mas no final ela apenas a sentiu. Obrigada, senhor, Teixeira. Enquanto a porta se fechava atrás dele, Lucas não pôde deixar de sentir que aquele não era realmente um adeus.

 Havia algo inexplicável naquela família, algo que o atraía de uma forma que não conseguia compreender. E aquela sensação de familiaridade ao olhar para Sofia não era apenas impressão. Ele a conhecia, disso tinha certeza. Só não conseguia lembrar de onde. Três dias haviam-se passado desde o encontro tenso no apartamento das gêmeas e Lucas não conseguia parar de pensar nelas.

 A imagem das meninas cantando no palco, seus rostos iluminados ao vê-lo na plateia, a simplicidade com que compartilharam suas vidas durante o almoço. Tudo isso ficava voltando à sua mente nos momentos mais inesperados. E havia também Sofia com seu olhar assustado ao reconhecê-lo. Lucas ainda não conseguia lembrar onde a havia conhecido antes, mas tinha certeza de que seus caminhos já haviam se cruzado em algum momento.

 A forma como ela reagiu deixava claro que não havia sido um encontro qualquer. Sentado em seu escritório luxuoso, Lucas se pegou, ignorando relatórios importantes e olhando pela janela, perdido em pensamentos. Sua assistente já havia perguntado duas vezes se estava tudo bem, notando sua distração em comum. Senr. Teixeira. Sara chamou da porta, interrompendo suas reflexões.

 O diretor financeiro está esperando para a reunião das 2 horas. Cancele Lucas respondeu abruptamente. Cancele todos os meus compromissos pelo resto do dia. A assistente hesitou, surpresa com o pedido. Em se anos trabalhando para ele, raramente o vira cancelar reuniões sem um motivo urgente. Aconteceu alguma coisa? Ela perguntou preocupada.

 Lucas balançou a cabeça já pegando o palitó. Não, nada grave. Só preciso resolver um assunto pessoal. 20 minutos depois, ele estacionava seu carro em frente a um grande centro comercial. Não tinha um plano específico, apenas um impulso que não conseguia explicar nem para si mesmo.

 Enquanto caminhava pelos corredores brilhantes da loja de departamentos, parou na sessão infantil. Uniformes escolares, tênis, mochilas, cadernos. As prateleiras estavam cheias de itens que a maioria dos pais comprava sem pensar duas vezes, mas que para algumas famílias representavam sacrifícios significativos. Lucas lembrou-se do comentário casual de Bia durante o almoço sobre como tinham que economizar tudo, até mesmo os lápis de cor para durar o ano inteiro.

 Sem hesitar, começou a selecionar itens, dois conjuntos completos de uniformes para cada uma, mochilas novas, cadernos, estojos cheios de lápis coloridos e tênis, confortáveis e de boa qualidade, não os mais baratos da prateleira. pensou em como as meninas haviam mencionado que gostavam de desenhar. Então, acrescentou blocos de papel especial e um kit de pintura aquarela.

Quando chegou ao caixa, a atendente olhou para a quantidade de compras com curiosidade. “Gêmeas?”, ela perguntou, sorrindo enquanto passava os itens duplicados. Lucas assentiu, surpreendendo-se com a ideia não parecia estranha. “Sim, duas meninas.

 Que sorte! a delas”, a mulher comentou, olhando para a qualidade dos itens que ele havia escolhido. “Elas vão amar, principalmente estas aquarelas. Minha filha tem um conjunto igual.” Lucas pagou sem prestar atenção ao valor total, uma quantia que para ele era insignificante, mas que provavelmente representava um mês inteiro de salário para Sofia. com os braços cheios de sacolas, dirigiu até o edifício Colibri.

 A cada metro que se aproximava, questionava sua decisão. Sofia havia deixado claro que não queria vê-lo novamente. Será que estava ultrapassando limites, invadindo a vida de uma família que mal conhecia? Mas então lembrou do olhar das gêmeas ao mencionar como tinham que economizar material escolar, dos uniformes visivelmente desbotados e pequenos demais, e decidiu seguir adiante.

 No pior cenário, Sofia recusaria as coisas e ele as doaria para alguma instituição de caridade. Subiu os três lances de escada e parou diante da porta 302. Respirou fundo e tocou a campainha. Foram as gêmeas que atenderam, seus rostos idênticos se iluminando instantaneamente ao vê-lo. Lucas! Exclamaram em unísono, Clara, imediatamente se jogando para abraçá-lo enquanto Bia sorria mais timidamente.

Você voltou? Clara continuou praticamente pulando de excitação. A mamãe disse que você não ia mais vir. Clara. Bia a repreendeu suavemente, sempre mais atenta aos detalhes sociais. Ele trouxe um monte de sacolas. Lucas sorriu genuinamente feliz com a recepção calorosa. Trouxe algumas coisas para vocês. Posso entrar? Claro.

 Clara o puxou pela mão enquanto Bia olhava hesitante para o interior do apartamento. “A mamãe está no banho”, ela explicou. “Acabou de chegar do trabalho. Melhor ainda, Lucas comentou entrando e colocando as sacolas no chão da pequena sala. Quero fazer uma surpresa para vocês três. Os olhos das gêmeas se arregalaram ao ver a quantidade de pacotes.

 É tudo isso pra gente? Clara perguntou incrédula. Abram, vejam. Lucas incentivou, sentindo uma onda de satisfação ao ver a excitação delas. Não precisou falar duas vezes. As meninas começaram a explorar as sacolas com entusiasmo, tirando cada item com cuidado quase reverencial. Seus olhos se arregalavam mais a cada descoberta.

 “Olha a Tibia”, Clara exclamou, segurando um dos uniformes novos. “É do nosso tamanho certo?” Bia já estava examinando o estojo cheio de lápis coloridos, passando os dedos por cada um como se fossem pequenos tesouros. “Tem 36 cores diferentes”, ela murmurou maravilhada. “Mas foi quando encontraram os tênis que Lucas viu a reação que mais o tocou.

 Bia pegou um dos pares e o segurou com tanto cuidado que parecia estar segurando algo extremamente frágil. “Meu pé doía, mas a mamãe não tinha dinheiro”, ela disse baixinho, quase como se falasse consigo mesma. Seus olhos grandes encontraram os de Lucas. “Como você sabia?” Lucas sentiu um nó na garganta. Não havia como ele saber.

 tinha sido apenas um palpite baseado em sua própria infância, quando um par de tênis novo era um luxo raro. “Só achei que vocês gostariam”, ele respondeu simplesmente. Nesse momento, a porta do banheiro se abriu e Sofia apareceu, vestindo roupas simples e com os cabelos úmidos.

 Ela congelou ao ver Lucas e então seus olhos registraram as sacolas abertas, os presentes espalhados e os rostos radiantes das filhas. “O que está acontecendo aqui?”, ela perguntou. Sua voz uma mistura de surpresa e preocupação. “Mamãe, olha o que o Lucas trouxe!” Clara! exclamou correndo para mostrar o uniforme novo. E tem mochilas e lápis e tênis e até aquarelas de verdade.

 Sofia olhou para as sacolas de lojas caras, para os itens claramente dispendiosos, e seu rosto corou intensamente. Ela cruzou os braços como se tentasse proteger. Meninas, podem ir para o quarto um minutinho? Preciso falar com o senhor Teixeira. As gêmeas trocaram olhares preocupados, sentindo a tensão no ar.

Mas mamãe Clara começou a protestar. Só um minutinho. Sofia repetiu mais firmemente. Relutantes. As meninas saíram da sala carregando alguns dos presentes, lançando olhares por cima dos ombros. Quando ficaram sozinhos, Sofia se virou para Lucas, mantendo a voz baixa para que as meninas não ouvissem. “O que você está fazendo?”, ela perguntou.

 Não pedi para ficar longe das minhas filhas. Lucas manteve a calma. Só queria ajudar. Vi que elas precisavam dessas coisas e eu posso cuidar das minhas filhas. Sofia interrompeu, seu orgulho claramente ferido. Não precisamos de caridade. Não é caridade. Lucas respondeu suavemente. É apenas um presente. As meninas me receberam de braços abertos quando precisei estar em algum lugar naquele dia. Fizeramme sentir parte de algo.

 Isso não tem preço para mim. Sofia o encarou. estudando seu rosto como se tentasse encontrar algum sinal de falsidade. Mas tudo o que viu foi sinceridade. Exausta, após um longo dia de trabalho, ela desabou no sofá toda a postura defensiva, subitamente desmoronando. “Você não entende”, ela disse. Sua voz agora quase um sussurro.

 Não é só sobre os presentes, é sobre expectativas. Elas já se apegaram a você. E quando você se cansar e desaparecer, quem vai explicar para elas? A pergunta atingiu Lucas como um soco. Ele nunca havia considerado isso o que aconteceria depois. Tinha agido por impulso, movido por uma conexão que não conseguia explicar.

 “Eu não vou desaparecer”, ele respondeu surpreso com sua própria certeza. “A menos que você realmente queira que eu vá embora.” Sofia suspirou profundamente, passando as mãos pelo rosto cansado. Por um momento, pareceu muito mais velha que seus prováveis 30 anos. “Olha”, ela disse finalmente, “Eu aprecio o gesto de verdade, mas você tem que entender.

 Somos pessoas de mundos diferentes. Você tem uma vida ocupada, empresas para administrar. As meninas são são apenas duas crianças comuns. Não para mim, Lucas respondeu, surpreendendo-se novamente com a firmeza em sua voz. Não sei explicar, mas desde que as conheci, algo mudou. Sinto que que preciso estar aqui. Sofia o olhou longamente. Uma luta interna claramente visível em seus olhos.

 Os tênis eram realmente necessários ela admitiu finalmente, sua voz baixa e um pouco envergonhada. Eu estava juntando dinheiro, mas a geladeira quebrou no mês passado. E não precisa explicar. Lucas interrompeu gentilmente. Eu cresci em uma casa onde cada centavo era contado cuidadosamente. Sei como é. Algo no rosto de Sofia mudou ao ouvir isso.

 Uma curiosidade, talvez até uma surpresa. Você disse isso para as meninas também? Ela comentou que não cresceu com dinheiro. Lucas assentiu. É verdade. O que tenho hoje construído zero. E entendo seu orgulho, Sofia. Minha mãe era exatamente como você. Preferia trabalhar até a exaustão a aceitar ajuda.

 Um pequeno sorriso, o primeiro genuíno que ela dirigia a ele, surgiu brevemente nos lábios de Sofia. “Obrigada”, ela disse finalmente. Sua voz quase um sussurro. pelos presentes, as meninas realmente precisavam. Lucas sentiu uma onda de alívio. Posso chamá-las de volta? Acho que estavam no meio de uma grande descoberta quando você apareceu. Sofia hesitou, depois assentiu. Bia, Clara, podem voltar.

 Ela chamou. As meninas reapareceram instantaneamente, como se tivessem estado esperando com os ouvidos colados à porta, o que provavelmente era o caso. “Podemos ficar com tudo, mamãe?”, Clara perguntou esperançosamente. Sofia olhou para os rostos expectantes das filhas e depois para Lucas. “Sim”, ela respondeu suavemente.

 “E o que devemos dizer ao senhor Teixeira?” Obrigada!”, as gêmeas, exclamaram em unísono correndo para abraçar Lucas, que se surpreendeu com a força do sentimento que o invadiu ao sentir os pequenos braços ao seu redor. “Que tal experimentarem os uniformes?”, ele sugeriu, emocionado demais para dizer qualquer outra coisa. As meninas não precisaram de outro incentivo.

 Correram para o quarto, carregando os pacotes, deixando Lucas e Sofia novamente sozinhos. Elas gostam de você”, Sofia comentou, observando-o atentamente. “E eu delas?” Lucas respondeu com simplicidade. “Faz que parece estranho. Mal conhecemos, mas eu entendo.” Sofia o interrompeu, surpreendendo-o. Elas têm esse efeito nas pessoas. Sempre tiveram.

 Um silêncio confortável se estabeleceu entre eles, quebrado apenas pelos sons animados vindos do quarto das meninas. E se precisar de qualquer coisa? Lucas disse finalmente, quero que saiba que pode contar comigo, não apenas coisas materiais, qualquer coisa. Sofia o estudou por um longo momento, como se tentasse resolver um quebra-cabeça complicado. Por quê? Ela perguntou finalmente.

 Por que se importa tanto? Era uma pergunta para a qual Lucas não tinha resposta clara. Como explicar uma conexão que nem ele mesmo entendia completamente? Não sei”, ele respondeu honestamente. “Só sei que é importante para mim estar aqui para vocês.” As gêmeas reapareceram então, vestindo os uniformes novos, girando para mostrar como ficavam bem.

 Lucas notou que o tecido de qualidade caía perfeitamente, substituindo as roupas desgastadas e pequenas demais que usavam antes. “Está perfeito”, Clara exclamou, admirando-se. “E muito confortável.” Bia acrescentou passando as mãos pelo tecido macio. Lucas sorriu sentindo uma satisfação que raramente experimentava em sua vida profissional, mesmo depois de fechar os negócios mais lucrativos.

Nas semanas seguintes, estabeleceu-se uma rotina inesperada. Lucas começou a visitar o pequeno apartamento duas ou três vezes por semana, sempre trazendo algo. Às vezes apenas um sorvete ou um livro novo, outras vezes itens mais necessários que notava estarem faltando. Sofia inicialmente mantinha uma distância cautelosa, sempre educada, mas reservada.

 Porém, aos poucos, as barreiras foram caindo. Ela começou a aceitar sua presença, talvez percebendo a alegria genuína. que ele trazia para as meninas. Em uma tarde de sábado, Lucas sentou-se no chão da sala com as gêmeas, desenhando com as aquarelas que havia trazido. Tinham espalhado jornais para proteger o piso e os três estavam completamente absortos na atividade.

“Olha, Lucas, fiz você”, Clara anunciou, mostrando um desenho colorido, onde uma figura alta de terno segurava as mãos de duas meninas idênticas. “Está incrível, Lucas! elogiou, genuinamente impressionado com o talento da menina. “Você tem futuro como artista?” “Eu quero ser médica.” Clara respondeu prontamente. “Já masas vou desenhar nas horas vagas.

” “E você é, Bia?”, Lucas perguntou, notando que a outra gêmea estava concentrada em um desenho mais detalhado de uma casa grande com jardim. “Ainda não sei”, ela respondeu pensativamente. “Talvez arquiteta. Gosto de desenhar casas”. Lucas sorriu observando como eram diferentes em suas aspirações, apesar da aparência idêntica.

 Estava prestes a sugerir que pintassem algo juntos quando notou um movimento na porta do quarto de Sofia. Ela estava parada lá, observando a cena silenciosamente. Havia algo em seu olhar, uma mistura de emoções complexas, preocupação, culpa, mas também, pela primeira vez algo que parecia esperança.

 Seus olhos encontraram os de Lucas e, por um breve momento, uma comunicação silenciosa passou entre eles. Era como se ela finalmente estivesse vendo algo nele que a tranquilizava, talvez a genuína afeição que sentia pelas meninas, a ausência de qualquer motivo ulterior. Sofia desviou o olhar rapidamente, voltando para seu quarto, mas Lucas tinha visto o suficiente para entender que algo havia mudado. Uma barreira havia caído.

 Mais tarde, depois que as gêmeas foram para a cama, Sofia o acompanhou até a porta. Elas nunca tiveram uma figura masculina na vida delas”, ela disse suavemente. “Estão se apegando muito rápido a você. Isso te preocupa?”, Lucas observou. “Não como uma pergunta, mas uma constatação. Sofia assentiu no início. Sim, muito.

 Mas agora ela hesitou como se pesasse cuidadosamente suas próximas palavras. Agora estou começando a pensar que talvez seja bom para elas. Fico feliz em ouvir isso, Lucas respondeu, sentindo um alívio que não sabia que estava esperando. Elas são crianças incríveis, Sofia. Você fez um trabalho incrível, criando-a sozinha. Um rubor suave coloriu as bochechas de Sofia. “Obrigada”, ela murmurou.

 E obrigada por tudo o que tem feito, não apenas as coisas materiais, mas por estar presente. Enquanto descia as escadas do prédio, Lucas refletiu sobre como sua vida havia mudado em tão pouco tempo. Antes eram apenas trabalho e mais trabalho, reuniões intermináveis e negócios lucrativos, mas sem qualquer conexão real.

 Agora, seus dias mais aguardados eram aqueles em que visitava o pequeno apartamento na rua das orquídeas. O que começara como um pedido inocente, ser pai por um dia, havia se transformado em algo muito mais profundo e significativo. Sofia fechou a porta e encostou-se nela, respirando fundo. Caminhou silenciosamente até o quarto das gêmeas e ficou observando-as dormir.

Seus rostinhos idênticos, relaxados e pacíficos. Nos últimos dias havia notado uma mudança nelas. Estavam mais alegres, mais confiantes. Os novos uniformes e materiais escolares haviam feito maravilhas para sua autoestima. Mas era mais do que isso.

 Era a presença constante de Lucas, o interesse genuíno que demonstrava por suas pequenas conquistas e sonhos. Sofia sentou-se na beirada da cama, um nó formando-se em sua garganta. Um dilema que a atormentava há anos agora ganhava novos contornos. A verdade que mantinha guardada pesava cada vez mais em seu peito. “Será que devo contar?”, ela sussurrou para si mesma, acariciando suavemente os cabelos de Bia.

 Ele tem o direito de saber. O medo do que poderia acontecer a paralisava. E se ele ficasse furioso por ela ter escondido a verdade por tanto tempo? E se quisesse tirar as meninas dela, ou pior, e se, após saber, perdesse o interesse e desaparecesse completamente? Mas havia também outra possibilidade, uma que começava a parecer cada vez menos improvável.

 E se ele realmente fosse diferente do que ela temia? Se realmente se importasse com as meninas tanto quanto parecia? Sofia enxugou uma lágrima silenciosa. A decisão mais difícil de sua vida estava se aproximando e ela sabia que não poderia adiá-la por muito mais tempo. O relógio marcava quase 9 horas quando Lucas chegou ao pequeno apartamento das gêmeas. Não era seu horário habitual de visita.

 Geralmente vinha mais cedo para ter tempo de brincar com as meninas antes do jantar. Mas hoje Sofia havia ligado, pedindo que viesse depois que as crianças estivessem dormindo. Havia algo em sua voz, uma tensão, uma urgência contida que o deixou preocupado durante todo o dia. Bateu suavemente na porta, tentando não fazer muito barulho.

 Sofia atendeu quase imediatamente, como se estivesse esperando próxima à entrada. Seus olhos pareciam cansados, com pequenas sombras embaixo, que ele nunca havia notado antes. “Obrigada por vir”, ela disse baixinho, dando um passo para o lado para que ele entrasse. As meninas acabaram de dormir. “Aconteceu alguma coisa?”, Lucas perguntou, mantendo a voz igualmente baixa. Você parecia preocupada ao telefone.

Sofia não respondeu de imediato, fechou a porta cuidadosamente e fez um gesto em direção à pequena cozinha. Podemos conversar ali? Não quero acordá-las. Lucas assentiu, seguindo-a até a cozinha apertada, mas impecavelmente organizada. A mesa redonda, que ocupava o centro do espaço mal comportava quatro cadeiras.

Sofia indicou que ele se sentasse e ocupou a cadeira oposta a dele. Seus dedos tamborilavam nervosamente sobre a superfície da mesa. “Quero um café”, ela ofereceu claramente procrastinando o que quer que precisasse dizer. “Estou bem, obrigado.” Lucas respondeu gentilmente: “Sofia, o que está acontecendo? Você está me deixando preocupado.

” Ela respirou fundo, como se reunisse coragem. Seus olhos, tão parecidos com os das filhas, encontraram os dele por um momento. Depois desviaram para suas próprias mãos. “Eu preciso te contar algo”, ela começou. Sua voz quase um sussurro. Algo que deveria ter contado há muito tempo. Lucas sentiu uma súbita apreensão.

 Nos últimos dois meses, desde que conhecera as gêmeas, havia se tornado uma presença constante na vida delas. visitava-as regularmente, ajudava com o dever de casa, as levava ao parque nos finais de semana. Sofia havia se tornado mais receptiva à sua presença, embora sempre mantivesse uma certa reserva.

 Agora parecia que finalmente entenderia o porquê. “Tem a ver com aquela sensação de que já nos conhecíamos?”, ele perguntou, lembrando-se da estranha familiaridade que sentira ao vê-la pela primeira vez. Sofia assentiu mordendo levemente o lábio inferior. “Eu nunca fui boa em esconder coisas”, ela disse com um sorriso triste.

 “E cada vez que você olha para as meninas, cada vez que brinca com elas ou as ajuda com algo, a culpa só aumenta.” “Culpa?” Lucas repetiu confuso. “Sofia, do que você está falando?” Ela fechou os olhos por um momento, como se tomasse uma decisão final. Quando os abriu novamente, havia uma determinação ali que não estava presente antes. Nós nos conhecemos e sim. Ela disse finalmente, sua voz trêmula, mas firme.

 Eu era garçonete naquela festa. Foi só uma noite. Eu não sabia quem você era. Depois que descobri que estava grávida, não sabia como te procurar. As palavras pairaram no arreadas de um peso quase tangível. Lucas sentiu como se o tempo tivesse congelado. Sua mente corria, tentando processar o que acabara de ouvir, tentando encaixar as peças de um quebra-cabeça que nem sabia que estava tentando resolver.

 “Que festa?”, ele perguntou automaticamente, ainda em choque. “A inauguração do Hotel Grand Plaza”, Sofia respondeu. Os olhos fixos nos dele agora. Há quase 7 anos. Eu estava trabalhando como garçonete extra. Precisava do dinheiro para pagar a faculdade. Você estava lá celebrando algum tipo de acordo de negócios. Lentamente, a memória começou a emergir.

 O Hotel Grand Plaza, um dos primeiros grandes projetos que havia financiado. A festa de inauguração havia sido extravagante, com champanhe fluindo livremente e a elite da cidade toda presente. Ele havia bebido mais do que o costume, celebrando o sucesso do empreendimento. “Você usava um uniforme preto?”, ele murmurou, a lembrança voltando agora.

 cabelo preso, diferentes dos cachos que tem agora. Sofia assentiu, uma lágrima escorrendo silenciosamente por sua bochecha. Você esbarrou em mim perto do banheiro? Ela continuou. Derrubei uma bandeja de taças. Você se ofereceu para pagar. Disse que não contaria a ninguém. Começamos a conversar e acabamos no meu quarto de hotel.

 Lucas completou a memória agora cristalina. Uma noite, uma única noite com uma garçonete bonita, cujo nome ele mal lembrava na manhã seguinte. Um encontro casual que não significou nada, ou assim pensou na época. “Eu nunca tinha feito algo assim antes”, Sofia disse, como se precisasse explicar. Nunca fui o tipo de pessoa que, mas havia algo em você, uma conexão.

 E eu era jovem e você era tão Ela não terminou a frase, mas não precisava. Lucas lembrava do charme que usara, do senso de poder que sentia naquela noite, jovem e recém rico, celebrando seu primeiro grande sucesso. Na manhã seguinte, você já tinha ido. Ele recordou. Deixei dinheiro na mesa de cabeceira. Sofia fez uma careta. Eu não peguei.

 Saí porque tinha outro turno no café da manhã e quando voltei para falar com você, já tinha feito o checkout. O silêncio caiu entre eles, pesado com a realidade das implicações. Lucas olhou para a porta fechada do quarto das meninas, sentindo uma onda de emoção tão intensa que o deixou sem fôlego. As gêmeas, ele começou mal conseguindo formar as palavras.

 Elas são suas filhas. Sofia completou, a voz quase sumindo. Sim. Lucas sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. As gêmeas, Bia e Clara, eram suas filhas. As pequenas mãos que seguravam as suas quando iam ao parque, os sorrisos idênticos que o recebiam na porta, as perguntas curiosas sobre seu trabalho.

Todo esse tempo havia estado construindo uma relação com suas próprias filhas sem saber. “Por que não me procurou?”, Ele perguntou, a voz rouca de emoção. Eu tentei Sofia respondeu, as lágrimas agora correndo livremente. Quando descobri quem você era de verdade, não apenas um hóspede qualquer, mas Lucas Teixeira, o empresário, pensei em te procurar.

 Cheguei a ir até o seu escritório uma vez, mas o quê? Eu vi você saindo com uma modelo e acho entrando em uma limusine. Parecia um mundo tão diferente do meu”, ela explicou, enxugando as lágrimas com as costas da mão. “Quem era eu? Uma garçonete grávida que você mal lembraria. Que tipo de recepção eu teria? E se você pensasse que eu estava atrás do seu dinheiro? Ou pior, se exigisse um teste de DNA e tentasse tirar as bebês de mim?” Lucas fechou os olhos.

 sentindo o peso da situação, entendeu o medo dela. Na época, ele provavelmente teria reagido exatamente como ela temia, com desconfiança, possivelmente até hostilidade. Então você decidiu criá-las sozinha. Ele concluiu. Sofia assentiu. Nunca pensei que nos encontraríamos novamente.

 Quando você apareceu naquela apresentação escolar, foi como se o destino estivesse zombando de mim. E quando as meninas te pediram para me apresentar a elas, Lucas começou. As peças finalmente se encaixando. Eu entrei em pânico. Sofia admitiu. Não sabia o que fazer. Parte de mim queria contar tudo naquele mesmo dia, mas estava com tanto medo. Medo do quê? Lucas perguntou suavemente.

 De perder minhas filhas? Ela respondeu. A voz embargada. De você usar seu dinheiro e poder para tirá-las de mim, ou pior, de você rejeitar a ideia completamente e partir o coração delas. Lucas ficou em silêncio, absorvendo tudo. Olhou novamente para a porta do quarto, imaginando as meninas dormindo, alheias à conversa que mudaria suas vidas para sempre.

 “Mas agora você está me contando”, ele observou, voltando a olhar para Sofia. “O que mudou?” Sofia respirou fundo, seu olhar agora mais firme. Você mudou? ou talvez a forma como te vejo tenha mudado nos últimos dois meses. Você tem sido diferente do que eu imaginava. A forma como trata as meninas, como respeita nossos limites, como se importa genuinamente. Ela hesitou, depois continuou.

 Elas merecem saber quem é o pai delas e você merece saber que tem duas filhas maravilhosas. Lucas sentiu as peças finalmente se encaixarem. A conexão inexplicável que sentia ao conhecer as gêmeas, a familiaridade no rosto de Sofia, a forma como se sentia tão confortável naquele pequeno apartamento, tudo fazia sentido. Agora, ele era pai, pai de duas meninas incríveis que já haviam conquistado seu coração antes mesmo de saber que compartilhavam seu sangue. A noite havia sido longa para Sofia.

 Depois que Lucas saiu, ela permaneceu sentada na pequena cozinha por horas, revivendo a conversa, a expressão de choque no rosto dele, quando finalmente entendeu a verdade. Ele não havia gritado ou feito ameaças como ela temia há tantos anos. Ao contrário, havia ficado em silêncio, processando a informação, fazendo perguntas com uma calma que ela não esperava.

 Quando finalmente se despediram, Lucas pediu um tempo para absorver tudo. Preciso pensar, ele havia dito. Sua voz rouca de emoção. Isso muda tudo. Sofia concordou, sabendo que ele merecia esse espaço. Combinaram que ela falaria com as meninas primeiro, preparando-as para a verdade que, de certa forma, elas já pareciam intuir.

 Agora, na manhã seguinte, Sofia sentia-se exausta, mas estranhamente leve, como se um peso enorme tivesse sido removido de seus ombros. A verdade estava finalmente exposta depois de tantos anos de segredo. Bia e Clara acordaram cedo, como sempre aos sábados, ansiosas para aproveitar o dia. Normalmente, Lucas apareceria por volta das 10, talvez para levá-las ao parque ou ao museu infantil. As meninas já estavam na sala.

 desenhando com as aquarelas que ele havia trazido semanas atrás. Meninas, Sofia chamou suavemente, sentando-se no sofá. Podemos conversar um pouquinho? As gêmeas ergueram os olhos de seus desenhos, curiosas com o tom sério da mãe. “É algo ruim?”, Bia perguntou imediatamente. “Sempre a mais perceptiva quanto às mudanças de humor dos adultos.” Não, meu amor. Sofia respondeu tentando sorrir. Na verdade, é algo importante.

Podem vir sentar aqui comigo? As meninas trocaram olhares, aquela comunicação silenciosa que sempre tiveram, e se levantaram, deixando os desenhos no chão. Sentaram-se uma de cada lado de Sofia no pequeno sofá. Sofia passou os braços pelos ombros das filhas, puxando-as para mais perto. Seu coração batia acelerado, nervoso, mas sabia que precisava fazer isso.

 Lembram quando vocês me perguntaram sobre o pai de vocês? Ela começou mantendo a voz calma. As gêmeas a sentiram simultaneamente, repentinamente atentas. E eu disse que ele tinha ido embora antes de vocês nascerem e que não sabia como encontrá-lo. Sim. Bia respondeu. Você disse que ele não sabia sobre a gente.

 Sofia respirou fundo. Isso mesmo. Eu nunca consegui contar para ele que vocês existiam, mas algo incrível aconteceu. O quê? Clara perguntou. Seus olhos grandes fixos no rosto da mãe. Sofia acariciou os cabelos idênticos das filhas, tentando encontrar as palavras certas.

 Às vezes, a vida nos surpreende de maneiras que não podemos imaginar. Às vezes, pessoas que perdemos de vista reaparecem quando menos esperamos. Mamãe! Clara interrompeu, impaciente como sempre. O que você está tentando dizer? Sofia sorriu, apesar do nervosismo. Clara sempre ia direto ao ponto.

 “O Lucas é o papai de vocês”, ela disse finalmente, sua voz suave, mas clara. Houve um momento de silêncio absoluto. As gêmeas se entreolharam. aquela comunicação silenciosa mais uma vez, seus rostos idênticos registrando a mesma surpresa inicial, seguida por algo que Sofia não esperava, uma espécie de compreensão, quase como se uma suspeita tivesse sido confirmada. “A gente já achava que ele era nosso papai.” Bia disse finalmente, sua voz pequena, mas segura.

 Sofia piscou surpresa. “Vocês achavam?” Clara assentiu vigorosamente. Ele se parece com a gente, tem o mesmo sorriso que a Bia e os mesmos olhos que eu. E ele começou a aparecer do nada depois que a gente pediu um pai. Bia acrescentou com a lógica simples e direta das crianças. Parecia mágica demais para ser coincidência. Sofia sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos.

 Todo esse tempo, enquanto ela se torturava com segredos e medos, suas filhas haviam feito a conexão com a intuição pura que só as crianças possuem. “Mas você disse que não sabia onde nosso pai estava.” Clara lembrou, franzindo a testa em confusão. “E não sabia?” Sofia confirmou. Foi realmente uma coincidência que ele apareceu na escola de vocês aquele dia.

 Eu não tinha como saber que ele estaria lá ou que vocês o encontrariam. Então, foi mesmo mágica. Clara concluiu com convicção. Sofia sorriu através das lágrimas. Talvez tenha sido. Às vezes a vida funciona de maneiras misteriosas. Por que você não contou antes? Bia perguntou. Sempre a mais prática. Quando ele começou a nos visitar, Sofia suspirou.

 Eu estava com medo admitiu honestamente. Medo de como ele reagiria, medo de que ele pudesse ficar bravo comigo por não ter contado antes. E ele ficou bravo? Clara perguntou, seus olhos grandes revelando um toque de preocupação. Não Sofia respondeu, lembrando-se da reação contida de Lucas na noite anterior.

 Ele ficou surpreso, claro, mas não bravo. Ele ainda vai voltar? Bia perguntou. A verdadeira preocupação emergindo agora. Sofia abraçou as duas mais forte. Claro que vai. Ele só precisa de um tempinho para absorver a notícia. Imaginem como é descobrir de repente que tem duas filhas maravilhosas. Quando ele vem, Clara quis saber, já animada com a perspectiva.

 Logo Sofia prometeu, esperando estar certa. Ele só precisa de um pouco de tempo. As meninas pareciam satisfeitas com a explicação, embora Sofia pudesse ver que tinham milhares de perguntas. Passaram o resto da manhã falando sobre Lucas, sobre como ele havia entrado em suas vidas, sobre todas as pistas que as gêmeas achavam ter notado que indicavam o parentesco.

 Sofia escutava maravilhada a perspectiva delas, percebendo que de muitas formas suas filhas haviam entendido a situação melhor que ela própria. Os dias seguintes foram de espera ansiosa. Sofia havia tentado ligar para Lucas uma vez, mas caiu na caixa postal. decidiu respeitar o espaço que ele havia pedido, embora cada dia de silêncio aumentasse sua preocupação.

As meninas perguntavam sobre ele todas as manhãs antes da escola e todas as noites antes de dormir. Ele vem hoje? Tornou-se uma pergunta constante à qual Sofia só podia responder com talvez ou logo, sentindo o próprio coração apertar com a incerteza. Três dias se transformaram em quatro e depois cinco. Não havia notícias de Lucas.

 Sofia alternava entre preocupação e raiva. Será que ela havia se enganado? Será que ele, confrontado com a realidade da paternidade decidira simplesmente desaparecer? Na manhã do sexto dia, Bia fez a pergunta que mais doía. Mamãe, o Lucas não quer mais ser nosso pai? Sofia sentiu o coração partir ao ver a tristeza nos olhos da filha.

 Não é isso, querida. Tenho certeza que não é isso. Então por que ele não veio? Clara insistiu, nem ligou. Às vezes adultos precisam de mais tempo para entender as coisas, Sofia tentou explicar, embora ela mesma estivesse começando a duvidar. Naquela tarde, as meninas insistiram em esperar na entrada do prédio, sentadas no pequeno muro junto ao portão. E se ele vier hoje? Argumentou Clara.

Queremos ser as primeiras a vê-lo. Sofia não teve coragem de negar. Permitiu que ficassem lá, visíveis da janela da cozinha, observando cada carro que passava com esperança renovada. O sol começava a se pôr quando um carro preto familiar estacionou do outro lado da rua. As gêmeas, que já estavam quase desistindo, imediatamente se endireitaram.

 Da janela, Sofia viu Lucas sair do veículo. Ele parecia cansado, com olheiras visíveis mesmo à distância, mas havia algo em sua postura, uma determinação, uma certeza que a fez prender a respiração. As meninas não se moveram, como se temessem que qualquer movimento pudesse fazê-lo desaparecer novamente.

 Lucas as viu e parou por um momento, claramente surpreso por encontrá-las esperando. então caminhou em direção a elas, seu passo firme, mas cauteloso. Sofia desceu as escadas rapidamente, querendo estar presente para o que quer que acontecesse, mas parou a uma distância respeitosa, permitindo que as meninas tivessem seu momento.

 Lucas se aproximou das gêmeas, que ainda estavam sentadas no muro, seus pequenos rostos sérios e expectantes. Ele se ajoelhou diante delas, ficando na altura de seus olhos. Oi”, ele disse simplesmente, sua voz rouca de emoção. “Oi”, as gêmeas responderam em uníssono, ainda sem sorrir. Houve um momento de silêncio carregado de tudo que precisava ser dito.

 “Foi clara, como sempre, quem falou primeiro?” “A gente achou que você não queria mais ser nosso pai”, ela disse, sua voz normalmente confiante, agora reduzida a um sussurro inseguro. A expressão de Lucas se quebrou ao ouvir aquelas palavras. Sofia pôde ver mesmo de onde estava a dor genuína em seus olhos. Não ele respondeu imediatamente, sua voz firme, apesar da emoção evidente. Nunca 

penseem isso. Nunca. Ele estendeu as mãos uma para cada menina e elas as seguraram após apenas um momento de hesitação. “Desculpem por eu ter sumido”, ele continuou. Eu precisava resolver algumas coisas importantes para ter certeza de que poderia cumprir tudo o que quero prometer a vocês. Que coisas? Bia perguntou. Sempre a pragmática. Lucas sorriu.

 Um sorriso gentil que transformou seu rosto cansado. Coisas de adulto, trabalho, principalmente. Tive que reorganizar muita coisa para ter mais tempo livre. Tempo para quê? Clara quis saber. Tempo para vocês”, Lucas respondeu simplesmente: “Tempo para ser pai”. As gêmeas trocaram olhares, aquela comunicação silenciosa que sempre tiveram. Sofia podia ver a esperança voltando lentamente aos seus rostos.

 Lucas respirou fundo, ainda segurando as mãos das meninas. Quero que saibam de uma coisa e quero que nunca esqueçam, não importa o que aconteça. As gêmeas o olharam com atenção absoluta. “Nada no mundo vai me afastar de vocês”, ele declarou, sua voz carregada de uma certeza inabalável. “Sai! Quero registrar vocês, quero dar meu nome a vocês, quero estar presente em tudo.

 Nas apresentações da escola, nos aniversários, nos dias comuns, em todos os momentos. Quero ser o pai que vocês merecem ter. Os olhos das meninas se arregalaram com suas palavras. Por um momento, ninguém falou, o peso da promessa pairando no ar entre eles. Então, como se respondessem a um sinal invisível, as gêmeas se jogaram nos braços de Lucas simultaneamente.

Ele as abraçou com força, fechando os olhos enquanto as segurava contra o peito. Sofia sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto ao testemunhar a cena. 7 anos de preocupação, de dúvidas, de noites acordadas se perguntando se havia feito a escolha certa. Tudo isso parecia se dissipar diante da imagem à sua frente.

 Lucas ergueu os olhos e a viu parada ali. Sem soltar as meninas, estendeu uma mão em sua direção, convidando-a a se juntar a eles. Sofia hesitou apenas por um segundo antes de se aproximar. Quando ela pegou sua mão, Lucas a apertou com firmeza. Seus olhos transmitindo mil palavras não ditas. Gratidão, perdão, promessa. Vamos fazer isso funcionar, ele disse.

 O nós englobando os quatro juntos. Sofia assentiu, incapaz de falar através das lágrimas de alívio que agora corriam livremente. Pela primeira vez em anos, permitiu-se acreditar que talvez, apenas talvez, eles pudessem realmente ser uma família. Três semanas haviam-se passado desde a revelação.

 Três semanas de ajustes, conversas e pequenas mudanças que juntas começavam a transformar quatro vidas individuais em uma família. Lucas havia cumprido sua promessa. Compareceu ao cartório com Sofia para oficializar a paternidade das gêmeas, dando a elas sobrenome.

 Agora, Bia e Clara Teixeira carregavam oficialmente o nome do pai, um fato que anunciavam com orgulho a qualquer um que quisesse ouvir. Na pequena rotina que estabeleceram, Lucas passava as noites em seu próprio apartamento, mas aparecia quase todas as manhãs para levar as meninas à escola e retornava no final da tarde, frequentemente ficando para o jantar.

 Sofia observava maravilhada como ele assumira o papel de pai com uma naturalidade que ninguém esperaria de alguém que acabara de descobrir ter filhas gêmeas de 7 anos. Numa sexta-feira, Lucas chegou mais cedo que o habitual. As gêmeas ainda estavam na escola e Sofia havia conseguido uma folga rara no trabalho. Tenho uma surpresa, ele anunciou assim que ela abriu a porta. Um sorriso enigmático em seu rosto.

 Que tipo de surpresa? Sofia perguntou genuinamente curiosa. Nos últimos tempos, ela havia se permitido baixar a guarda um pouco mais a cada dia, vendo como Lucas se mostrava consistente e confiável. Ah, na verdade são várias surpresas, ele respondeu entrando no pequeno apartamento. Mas a primeira é só para as meninas. Pensei em buscá-las mais cedo na escola hoje e levá-las para um passeio especial.

 Só elas e eu. Sofia sentiu um breve momento de hesitação, o instinto protetor de mãe que criou duas filhas sozinha por 7 anos, mas o afastou rapidamente. Elas vão adorar. Tem falado sem parar sobre querer passar mais tempo com você. Sei que tem sido uma adaptação para todos nós.

 Lucas comentou seu tom mais sério, especialmente para você, tendo que compartilhar as meninas depois de tanto tempo sozinha com elas. Sofia apreciou a sensibilidade dele. Está sendo mais fácil do que imaginei. Ela admitiu. Vera a felicidade delas. Compensa qualquer ajuste. Lucas a sentiu claramente satisfeito com a resposta. Então, posso buscá-las hoje? Prometo trazê-las de volta para o jantar.

 Claro, Sofia, concordou. Vou ligar para a escola e avisar que você vai buscá-las. Quando Lucas chegou à escola, as gêmeas estavam esperando na secretaria, seus rostinhos se iluminando ao vê-lo. Ainda era novidade para elas ser buscadas pelo pai, poder dizer: “Meu pai vem me pegar hoje, como as outras crianças”.

 “Para onde vamos?”, Clara perguntou imediatamente ao entrarem no carro, sempre direta e curiosa. “É uma surpresa”, Lucas respondeu, ajustando o espelho retrovisor para poder ver os rostos delas no banco de trás. “Ou melhor, várias surpresas.” “Eu adoro surpresas”, Clara exclamou enquanto Bia apenas sorria. Seu entusiasmo mais contido, mas igualmente visível em seus olhos brilhantes.

 “A mamãe vem também?”, Bia perguntou, sempre preocupada em incluir todos. Hoje é um dia especial só para nós três Lucas explicou suavemente. O para comemorarmos sermos oficialmente uma família. As meninas trocaram olhares animados. Desde que Lucas havia assinado os papéis reconhecendo a paternidade, elas carregavam um novo tipo de confiança, uma segurança que vinha de finalmente terem o que tantas outras crianças tinham. Um pai presente.

 Lucas dirigiu por cerca de 20 minutos até chegarem a um grande centro comercial. As gêmeas olharam maravilhadas para o teto alto, com iluminação sofisticada e as vitrines coloridas. Primeira parada. Lucas anunciou, guiando-as para uma loja de brinquedos enorme, dessas que parecem um paraíso infantil, com sessões temáticas e demonstrações interativas.

 Os olhos das gêmeas se arregalaram ao entrarem. Era muito diferente das pequenas lojas de brinquedos de bairro que ocasionalmente visitavam com Sofia, geralmente apenas para olhar ou comprar um presente modesto de aniversário. “Vocês podem escolher o que quiserem”, Lucas disse, sorrindo com a expressão de espanto delas. “Sem limites hoje.

” “Qualquer coisa?”, Clara perguntou incrédula. “Qualquer coisa?”, Lucas confirmou. “Estamos montando um quarto novo para vocês, lembram? Precisamos de brinquedos adequados para ele. As meninas se entreolharam por um momento, como se consultassem uma a outra em sua comunicação silenciosa, e então partiram em direções ligeiramente diferentes.

 Bia para a sessão de jogos educativos e livros, Clara direto para os brinquedos mais chamativos e coloridos. Lucas as seguiu, observando com interesse as escolhas distintas que faziam. Bia selecionava cuidadosamente, examinando cada item antes de decidir se o queria, enquanto Clara acumulava rapidamente uma pilha de coisas que chamavam sua atenção.

 “Acho que não podemos levar tudo isso”, Bia comentou preocupada, olhando para a crescente coleção de Clara. “Hoje podem”, Lucas garantiu. “É um dia especial”. Depois de quase uma hora, as meninas tinham selecionado uma variedade impressionante. Jogos de tabuleiro, livros ilustrados, kits de ciências, bonecas, blocos de construção e uma casa de bonecas grande o suficiente para que pudessem brincar juntas.

 Enquanto os funcionários embalavam tudo, Lucas as conduziu para a próxima parada, uma boutique infantil elegante, com roupas que pareciam saídas de um catálogo. Agora ele disse, precisamos de roupas novas para combinar com os brinquedos novos. As gêmeas pareciam quase intimidadas ao entrar na loja sofisticada. Uma atendente se aproximou, sorrindo gentilmente.

 Podemos ajudar com algo específico hoje? Estamos procurando um guarda-roupa completo para minhas filhas. Lucas respondeu, sentindo um calor especial ao dizer minhas filhas em voz alta. Roupas para todas as ocasiões. A atendente a sentiu profissional, mas visivelmente animada com a perspectiva de uma grande venda.

 Temos coleções lindas para meninas. Gostariam de ver algo mais casual ou roupas para ocasiões especiais. Os dois, Lucas, respondeu, e qualquer coisa que elas gostarem. Mais uma vez, as diferentes personalidades das gêmeas se manifestaram. Bia ia para as peças mais clássicas e práticas, enquanto Clara era atraída por tudo colorido e chamativo.

 A atendente, percebendo suas preferências, começou a trazer opções que combinavam com o estilo de cada uma. Bia experimentou um vestido simples, mas elegante, de algodão azul claro, com pequenos detalhes bordados. Quando saiu do provador, ficou parada na frente do espelho, quase sem reconhecer a própria imagem.

 “Está lindo em você”, Lucas comentou, genuinamente impressionado com o vestido realçava o azul de seus olhos, os olhos dele, como agora sabia. Bia passou as mãos pelo tecido macio, um olhar quase incrédulo em seu rosto. “Eu nunca tive um vestido bonito assim”, ela murmurou, “maais para si mesma que para os outros”. Algo naquele comentário simples e honesto atingiu Lucas profundamente.

 A ideia de que sua filha, sua própria filha, nunca tivera algo tão básico quanto um vestido bonito, fez seu coração apertar. Naquele momento, prometeu a si mesmo que Bia, Clara e Sofia nunca mais sentiriam falta de nada, nem do essencial, nem dos pequenos luxos que tornavam a vida mais doce. Ao final da sessão de compras, as meninas tinham guarda-roupas completamente novos: vestidos, calças, blusas, casacos, sapatos e até mesmo acessórios como laços de cabelo e pequenas joias infantis. Ainda não acabamos”, Lucas anunciou para o espanto das gêmeas já maravilhadas com

tudo que haviam recebido. Um agora vamos escolher a decoração para o novo quarto de vocês. A loja de decoração era um paraíso de cores e estilos. Novamente as preferências distintas das gêmeas se manifestaram. Bia preferindo tons mais suaves e padrões delicados.

 Clara optando por cores vibrantes e temas mais lúdicos. “Como vamos decorar um quarto só com coisas tão diferentes?”, Bia perguntou preocupada ao ver as escolhas contrastantes. Não se preocupem com isso agora Lucas respondeu misteriosamente. Confiem em mim, vai dar certo. Depois de selecionarem cortinas, luminárias, portarretratos, quadros decorativos e diversos acessórios, Lucas finalmente anunciou que era hora de uma pausa.

 levou-as a uma sorveteria elegante dentro do shopping, onde puderam escolher combinações elaboradas de sorvetes e coberturas. Sentados à mesa com taças coloridas à frente, Lucas observava as filhas saboreando o doce, seus rostos iluminados por uma alegria pura que fazia todo o dinheiro gasto parecer insignificante em comparação.

 “Está sendo o melhor dia da minha vida”, Clara declarou entre colheradas, fazendo Lucas sorrir. “O meu também. Ele respondeu honestamente. Havia algo profundamente satisfatório em poder proporcionar alegria às filhas, em vê-las experimentando coisas novas, em ouvir suas risadas. “O que vamos fazer agora?”, Bia perguntou sempre a planejadora.

 Já pensando no próximo passo. Lucas consultou o relógio. Agora temos uma última surpresa. E para essa vamos precisar da mamãe também. Quando voltaram ao apartamento, Lucas pediu que as meninas não contassem ainda sobre todas as compras. Era parte da surpresa final. Sofia notou os olhares conspiratórios entre os três, mas não fez perguntas, feliz em ver a conexão que se fortalecia entre pai e filhas.

 “Tenho algo para mostrar a todos vocês”, Lucas anunciou durante o jantar. “Se estiverem livres amanhã de manhã, gostaria de levá-los a um lugar especial”. Que lugar? Sofia perguntou curiosa com o ar misterioso dele. É uma surpresa Lucas respondeu, piscando para as gêmeas que riram, cúmplices do segredo. Na manhã seguinte, Lucas buscou a família cedo.

 As meninas estavam especialmente agitadas, sabendo que mais surpresas estavam por vir. Sofia, embora tentasse disfarçar, também estava visivelmente curiosa. Lucas dirigiu por cerca de 20 minutos, saindo do centro da cidade em direção a um bairro residencial tranquilo, com ruas arborizadas e casas espaçosas. Finalmente parou em frente a uma casa de dois andares, com um jardim bem cuidado e uma entrada larga. Chegamos, ele anunciou desligando o motor.

 Sofia olhou pela janela, confusa. O que é este lugar? Em vez de responder, Lucas saiu do carro e abriu a porta para ela, enquanto as gêmeas já pulavam animadamente para fora. “Venham”, ele disse, guiando-os pelo caminho de pedras até a porta da frente. Tirou uma chave do bolso e abriu a porta, fazendo um gesto para que entrassem.

 O interior da casa era espaçoso e luminoso, com janelas grandes que deixavam entrar a luz natural. A sala de estar tinha um teto alto, móveis confortáveis e uma lareira de pedra. A cozinha adjacente era ampla, com bancadas de mármore e eletrodomésticos modernos. Tudo estava impecavelmente limpo e decorado com bom gosto, em tons neutros, que criavam uma sensação de calma e acolhimento. Sofia parou no meio da sala.

 olhando ao redor com expressão confusa. Lucas, que lugar é este? Ele respirou fundo, repentinamente nervoso. É uma casa que comprei para nós. Sofia ficou sem palavras, seus olhos se arregalando em choque. Eu queria que você tivesse em um lar de verdade. Lucas continuou, sua voz suave. Um lugar com espaço suficiente para todos, com um quarto para cada uma das meninas, um jardim onde possam brincar, uma cozinha onde possamos fazer refeições juntos. Mas Sofia começou claramente sobrecarregada pela surpresa.

Venham ver o resto Lucas a interrompeu gentilmente, não querendo pressionar por uma resposta imediata. Ele sabia que era um grande passo, uma mudança enorme na vida deles. As gêmeas alheias à tensão entre os adultos já estavam explorando animadamente, abrindo portas e olhando cada canto.

 “Olhem, tem um quarto só para mim”, gritou Clara de algum lugar no andar de cima. “E outro só para mim?” A voz de Bia ecuou igualmente empolgada. Lucas sorriu ao ouvir o entusiasmo delas, então voltou sua atenção para Sofia, que ainda parecia atordoada. “Sei que é uma grande surpresa”, ele disse suavemente. “E quero que saiba que não há pressão.

 A casa é para vocês, independentemente de bem de como decidirmos seguir como família”. Sofia encontrou seus olhos, parecendo finalmente encontrar sua voz. “Você comprou uma casa para nós, Lucas?” assentiu para as meninas terem o espaço que merecem, para você não precisar trabalhar em dois empregos só para pagar o aluguel, para termos um lugar onde construir memórias juntos.

 É demais, Lucas. Sofia sussurrou visivelmente emocionada. Não podemos aceitar algo assim. Podem sim, ele insistiu gentilmente. São minhas filhas, Sofia. Quero dar a elas tudo que não puderam ter nos últimos 7 anos. Antes que Sofia pudesse responder, ouviram passos apressados na escada e as gêmeas apareceram, seus rostos corados de excitação.

“Mamãe, tem um jardim enorme atrás da casa”, Bia exclamou. “E tem uma árvore perfeita para uma casa na árvore.” Clara acrescentou. “Vocês gostaram?”, Lucas perguntou, embora a resposta estivesse claramente estampada em seus rostos radiantes. “É a melhor casa do mundo”, Clara declarou com convicção.

 Bia, sempre mais perceptiva, olhou para a mãe, notando sua expressão emocional. “Não gostou, mamãe?” Sofia rapidamente se recompôs, não querendo diminuir a alegria das filhas. “É linda, querida. Só estou surpresa. Vamos morar aqui? Clara perguntou diretamente, olhando entre os dois adultos.

 Lucas deixou a pergunta para Sofia responder, não querendo pressioná-la. Sofia respirou fundo, olhando ao redor mais uma vez para a casa espaçosa e acolhedora, para o rosto esperançoso de Lucas, para os olhos brilhantes de suas filhas. Todo o seu instinto protetor queria recusar, manter sua independência, não aceitar algo tão grandioso.

 Mas havia também uma nova voz dentro dela, uma que falava de possibilidades, de um futuro onde suas filhas teriam tudo que mereciam, onde ela própria poderia finalmente respirar, sem o peso constante das preocupações financeiras. “Acho que sim”, ela respondeu finalmente, sua voz suave, mas firme. “Se é isso que todos querem”. As gêmeas gritaram de alegria, pulando e se abraçando.

 Lucas sorriu, um alívio visível passando por seu rosto. “Tem mais uma coisa”, ele disse quando a comemoração inicial diminuiu. “Quero mostrar algo especial para vocês, meninas”. Ele as conduziu de volta ao andar de cima, até uma porta fechada que elas ainda não haviam explorado. “Este é um quarto especial”, ele explicou.

 Saberá quando vocês quiserem estar juntas, em vez de em seus quartos separados. Ao abrir a porta, revelou um espaço mágico, um quarto grande decorado, com uma combinação perfeita dos estilos contrastantes que as gêmeas haviam escolhido na loja. De um lado, os tons suaves e os padrões delicados que Bia preferia. Do outro, as cores vibrantes e os elementos lúdicos que Clara amava.

 No centro, uma área comum onde os estilos se misturavam harmoniosamente. Todas as compras do dia anterior, os brinquedos, os acessórios decorativos estavam ali organizados perfeitamente. A casa de bonecas ocupava um lugar de destaque em uma das paredes e uma estante cheia de livros cobria outra. “É o quarto dos nossos sonhos”, Bia, exclamou, correndo para dentro para explorar.

 Duas semanas depois, a mudança estava completa. O pequeno apartamento na rua das orquídeas havia sido trocado pela casa espaçosa no bairro arborizado. Sofia ainda trabalhava, mas apenas em um emprego, com horários que permitiam estar em casa quando as meninas voltavam da escola. Foi nesse novo capítulo de suas vidas que aconteceu o primeiro evento escolar com Lucas, oficialmente como pai, uma feira de ciências onde as gêmeas apresentariam um projeto sobre o ciclo da água que haviam preparado com a ajuda dele. Enquanto as outras crianças

faziam suas apresentações, Lucas permanecia ao lado de Sofia na plateia, os dois trocando olhares de orgulho a cada poucos minutos. Quando chegou a vez das gêmeas, elas se posicionaram confiantes ao lado de seu cartaz colorido. “Nosso projeto é sobre o ciclo da água.” Bia começou, sua voz clara e firme.

 “E nosso pai nos ajudou a construir este modelo”, Clara acrescentou, apontando para a maquete tridimensional que mostrava o processo de evaporação e precipitação. O orgulho no rosto delas ao dizer: “Nosso pai” era evidente para todos. Depois da apresentação, quando receberam aplausos calorosos, correram diretamente para Lucas, que as abraçou com força.

“Vocês foram incríveis”, ele elogiou, genuinamente impressionado com a desenvoltura delas. “Foi graças à sua ajuda,” Bia respondeu, seus braços ainda ao redor do pescoço dele. Enquanto Clara corria para mostrar algo a um colega, Bia permaneceu por um momento mais abraçada ao pai. Ela se inclinou e sussurrou em seu ouvido. Que bom que te encontramos.

 Agora você não precisa mais fingir que é nosso pai. Você é nosso papai para sempre. Lucas sentiu um nó na garganta, incapaz de responder com palavras. Em vez disso, apenas a abraçou mais forte, beijando o topo de sua cabeça. Sofia observava a cena de alguns passos de distância, seu coração finalmente em paz. O caminho até ali não havia sido fácil.

 anos de luta solitária, de medos e dúvidas, seguidos por semanas de adaptação e mudanças. Mas olhando para sua família agora, suas filhas felizes e seguras, o homem que havia reencontrado de forma tão inesperada, ela sabia que estavam exatamente onde deveriam estar. Se essa história tocou o seu coração, não esqueça de se inscrever no canal, ativar o sininho das notificações para não perder nenhum vídeo novo e, claro, deixe o seu like, porque isso ajuda muito o canal a continuar trazendo histórias emocionantes como essa. Muito obrigado pelo apoio de sempre. M.

 

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